Isabelle

Fiquei com uma constipação terrível. Sinto que tenho a cabeça recheada com algodão húmido, estou rouca e tenho febre. A temperatura não é alta, mas suficiente para ficar em casa. Eu não quero, mas a mamã ensinou-me que não devemos sair quando estamos doentes. Devemos calçar meias quentes, deitar-nos e descansar.

Por isso, aqui estou. Pedi à Johanna para tirar apontamentos por mim nas aulas a que estou a faltar. Ela não é tão exaustiva como eu, mas pelo menos é melhor que a Susie.

Tocam à campainha. Consulto as horas. São 12h20. Quem poderá ser? Desço da cama e olho de relance para o espelho. Estou um pouco pálida. Não tenho maquilhagem. Passo as mãos pelo cabelo e vou até ao átrio. Quando abro a porta, fico feliz por estar com as minhas leggings de ganga e não com as velhas calças de pijama, mas lamento o enorme blusão com capuz vermelho e a falta de maquilhagem.

O Fredrik está encostado à parede em frente à minha porta com um largo sorriso.

– Como foi que conseguiste entrar sem o código da porta da frente? – Não conseguia arranjar alguma coisa melhor para dizer?

– Saiu uma pessoa e eu entrei. – Passa por mim para o átrio e despe o casaco. – Ouvi dizer que estavas de cama. Vim para cuidar de ti. – Passa-me para as mãos duas embalagens de Ben & Jerry’s.

– Gelado? – digo.

– A minha mãe sempre me disse que o gelado é o melhor remédio. A tua não? – diz.

– Ela prefere os desinfetantes – digo. – E chá.

– O Strawberry Cheesecake é o meu preferido, mas as miúdas adoram chocolate, por isso também trouxe Chocolate Fudge Brownie.

Descalça os sapatos. As suas calças estilo chino assentam-lhe baixo nas ancas e ficam-lhe justas nas pernas. Traz uma t-shirt de padrão floral cor-de-rosa e azul. Consigo perceber que estou com um sorriso apatetado. Ele olha para mim e retribui-me o sorriso. Pouso o gelado na mesa do corredor e aproximo-me dele. Não sei o que aconteceu, mas, de repente, estamos abraçados.

– Ei – murmuro.

– Ei – responde, puxando-me mais para ele. Ponho-me em bicos de pés e encosto a cara ao pescoço dele.

– Posso passar-te o vírus – digo.

– Eu corro o risco – responde, afagando-me a maçã do rosto. – És tão gira quando sorris… com essas covinhas.

– Achas?

– Toda tu és gira.

É o melhor dia da minha vida.

Levo os gelados para a cozinha e pego em duas colheres enquanto o Fredrik dá uma vista de olhos pelo apartamento. Pouso os gelados e as colheres na secretária do meu quarto, tiro umas roupas de uma gaveta e grito a dizer que vou para a casa de banho. Dispo o casaco com capuz, ponho perfume e enfio um sutiã de renda preta. Depois, visto a camisa nova que comprei na sexta-feira com a Johanna. As minhas leggings ficam bem, por isso não as mudo. Antes de sair, ponho um pouco de rímel e vejo-me ao espelho. Viro-me de costas e analiso o traseiro, comprimo os seios e componho-os.

Quando volto para o quarto, o Fredrik está sentado na minha cama, encostado à cabeceira, a comer gelado. Suga a colher e observa-me. A troca de roupa foi uma boa tática.

– Não vais partilhar? – digo e sento-me ao lado dele. Ele estende-me a colher e eu provo. – Hoje não foste às aulas?

– Saí mais cedo – responde. – Tive muitas saudades tuas.

– Vais regressar de tarde?

Ele fita-me demoradamente.

– Tu precisas que alguém cuide de ti.

Sim, sim, sim, preciso de muitos cuidados.

Comemos o gelado, ele dá-mo à boca, debatemos qual é melhor e porquê. Ele tinha razão. Eu prefiro o de chocolate. Encosta a colher gelada à minha barriga despida e solta uma gargalha quando eu grito. Deslizo até ficar quase deitada e ele imita-me. Estou a gostar da tensão entre nós e do olhar dele e da maneira como me provoca.

Pergunta se quero ver um filme e eu digo-lhe para escolher um. Ele liga o meu computador e eu guardo o gelado no congelador. Quando estou na cozinha, faço uma dança de felicidade.

– Acho que também estou a ficar doente – diz quando volto para o quarto.

– Oh, não! A culpa foi minha?

– Provavelmente. Como castigo, tens de cuidar de mim.

Sorri para mim e eu atiro-lhe uma almofada. Agarra-me a mão, arrasta-me para a cama e faz-me cócegas. Eu olho-o nos olhos, esperando que me beije, mas ele apenas fica a olhar para mim, durante muito tempo. Depois, afasta-se. Pousa o computador no tabuleiro ao lado dele em cima da cama. Eu procuro uma posição confortável enquanto ele põe o filme a rodar. Pergunta se eu consigo ver e eu respondo que sim.

Uma comédia romântica. Não estava à espera disso. Deitamo-nos lado a lado em silêncio. Só consigo pensar no quanto está perto de mim. Quero tocá-lo em todo o lado. Sentir o corpo dele encostado ao meu.

A determinada altura da história, as personagens fazem exatamente o que estamos a fazer: sentam-se a ver um filme. O que será que o Fredrik está a pensar? Aproximo-me e pouso a cabeça no braço dele.

O filme continua. As personagens principais fazem sexo.

Aconchego-me mais perto do Fredrik e passo a minha perna por cima das dele, dobro o joelho e passo o pé para cima e para baixo na canela dele. Ele resmunga e pousa a mão na minha perna, mantendo-a imóvel.

– Não pareces muito doente – murmuro. Puxo os joelhos para cima, mais e mais, sentindo o que me pareceu ver quando olhei para baixo agora mesmo. Um chumaço rijo por baixo das calças dele. Ele mexe-se e olha para mim.

– Então, tu achas que eu sou gira? – provoco-o.

– Pões-me doido – diz o Fredrik baixinho. – Cada segundo ao teu lado sem te tocar é uma tortura.

– Então toca. – Passo a língua pelos lábios, vejo os seus olhos estreitarem-se.

– Não estás doente?

– Não tanto assim – respondo e ponho-me quase toda em cima dele.

Prendo o cabelo atrás da orelha. Sinto as mãos dele deslizar pela minha cintura. Passo lentamente a língua pelos lábios dele, testando. Depois beijo-o. E ele beija-me.

Curtimos. A língua dele na minha boca, a minha na dele. Apaixonadamente, depois lentamente, depois outra vez com impaciência. As mãos dele estão no meu cabelo, no meu corpo, à volta do meu traseiro. Recuo com a cara a arder. Ele é tão sexy ali deitado a olhar para mim. Feliz consigo mesmo. Desejo-o. Quero-o.

Deito-me sobre o braço dele, entrelaço os dedos nos dele e suspiro. Feliz. Ele ri. Pego no telemóvel e tiro uma série de selfies a nós os dois. Em algumas estamos deitados lado a lado, numa ele morde-me a orelha e rimos, noutra estamos a beijar-nos, e em algumas estamos a fazer caretas.

– Não tenho direito a um crédito extra por ter trazido gelado? – murmura com os lábios encostados ao meu cabelo enquanto eu vejo as fotografias.

– É claro. Hashtag melhor namorado do mundo. Talvez. – Sustenho a respiração enquanto espero a resposta dele.

– É uma pena a minha namorada ter comido o gelado todo sozinha.

– Não comi nada!

Ele ri quando o belisco e afasta o meu cabelo antes de me beijar.

Curtimos outra vez. As nossas línguas, os nossos lábios, divertimo-nos durante imenso tempo. Saber que há mais para vir quase me faz explodir de excitação. Felicidade.

E o meu coração bate mais forte. Sinto o sangue pulsar no meu sexo. Pouso a mão na barriga dele, depois sinto-lhe a ereção. Sinto-o ficar ainda maior. Esfrego-o com os dedos, aperto-o. Ele engole em seco, sussurra o meu nome.

O meu telefone toca. Levanto a cabeça e o Fredrik faz uma cara feia. Dou uma risadinha e beijo-o. Quando o telefone volta a tocar, ignoro-o. Murmuro que não é importante. Ele puxa-me para cima dele. As suas mãos no meu traseiro. Exerço pressão contra ele, esfrego-me nele e aprecio a sensação de ele estar duro. Murmuro-lhe ao ouvido que o desejo.

Ele envolve-me com as pernas e põe-se por cima de mim. Ri quando batemos no tabuleiro. Senta-se, fecha o computador e pousa o tabuleiro no chão. Olho para o corpo dele quando se senta em cima de mim com uma perna de cada lado. Sorri, despe a t-shirt e deita-se outra vez por cima de mim. Beija-me mais apaixonadamente agora, acaricia-me os seios. Está entre as minhas coxas. Esfregamo-nos um no outro.

O telefone toca outra vez.

Levanto a cabeça e digo um palavrão. Raramente praguejo, e parece-me uma estupidez quando o faço. O Fredrik tenta puxar-me de volta para a cama. Antes de cair novamente nos braços dele, ponho o telemóvel em modo silencioso.

– Onde é que íamos? – murmura, acariciando-me os seios por baixo da camisa.

Desabotoo-lhe as calças, enfio a mão na roupa interior dele e sinto-o. Está rijo, mas também é bastante macio. Os meus dedos cingem-no, é quente e agradável, e eu pergunto-me ao que saberá. Tenho vontade de lambê-lo, mas não me atrevo. Toco-o, esfrego para cima e para baixo. A respiração do Fredrik fica mais rápida, sinto-o crescer ainda mais. Como é grande!

Ele despe-me a camisa. Passo as pernas à volta dele. Os meus seios vêem-se através do sutiã e passo as mãos por eles, vejo-o a olhar para os meus mamilos hirtos. Ele desce-me as calças e toca-me. Acaricia-me. Puxo-me um pouco para o lado para ele chegar melhor e sinto os dedos dele dentro das minhas cuecas. Solto um gemido, movo as ancas de maneira a libertar-me das calças. O Fredrik tenta ajudar, até que um de nós deita o telemóvel ao chão e ouvimo-lo vibrar.

– Quem é que está sempre a telefonar? – Tem a voz roufenha e impaciente.

– Vou desligar. – Inclino-me sobre a beira da cama e vejo imensas chamadas perdidas e as primeiras linhas de uma mensagem de texto no ecrã.

Todo o calor do meu corpo se extingue. Sento-me em cima do Fredrik com o telefone na mão e introduzo o código. Ele levanta-se um pouco. Sinto-o a beijar-me o pescoço, os dedos dele nos meus mamilos.

– Foda-se – murmuro ao ler as mensagens.

– O que foi? – diz o Fredrik. Beija-me o ombro e puxa para baixo as alças do sutiã. Eu fecho os olhos com força e deixo-o continuar algum tempo. Estou prestes a chorar de frustração e desilusão.

– Fredrik, tens de ir embora – digo, afastando-o. – Tens de ir já.