No sábado, antes da abertura dos mercados, os jornais chegaram às bancas e aos assinantes com mensagens de otimismo dos mais importantes empresários e financistas do país. Charles Schwab, por exemplo, chairman da Bethlehem Steel, amigo de Henry Ford e consulente de Evangeline Adams, disse que não via motivos para que a prosperidade dos Estados Unidos não continuasse indefinidamente, declaração essa que recebeu o apoio integral de James Farrell, presidente da U. S. Steel, maior concorrente da Bethlehem.
Por sua vez, Alfred Sloan, chairman da General Motors, declarou que a violenta queda da Quinta-Feira Negra fora até saudável, diagnóstico este que não foi bem aceito nem pelos acionistas da GM, que tinham visto seus patrimônios encolherem sensivelmente, nem pelo segundo homem da empresa, Charles Stewart Mott, que, preocupadíssimo com a possibilidade do agravamento da crise, se transferira com armas e bagagens para seu escritório na sede da companhia, em Detroit, onde dormia por apenas umas poucas horas em uma cama de campanha.
Já Walter Teagle, presidente da Standard Oil, aconselhou os acionistas da companhia a não se desfazerem de seus papéis, pois, segundo ele, não houvera nenhuma mudança nos fundamentos da indústria petrolífera. Samuel Vauclain, da Baldwin Locomotive, acreditava que “a América continuava nos trilhos, no horário, e a todo vapor e velocidade”.
“Não há na situação econômica do país nada que justifique qualquer nervosismo”, foi o diagnóstico de Eugene M. Stevens, presidente do Continental Illinois Bank.
Instado a enviar uma palavra de ânimo aos investidores, o presidente Herbert Hoover, raposa matreira, tergiversou:
“As atividades fundamentais do país, isto é, a produção e a distribuição de mercadorias, estão apoiadas em bases sólidas e prósperas.” E mais não disse.
Quem destoou do coro foi o governador do estado de Nova York, Franklin Delano Roosevelt, que criticou acidamente a “febre de especulações”.
Embora, nos últimos tempos, tenha alertado sobre a possibilidade de uma grande queda da Bolsa, desta vez Amadeo Peter Giannini julgou por bem dar uma palavra de conforto aos clientes e acionistas de seu grupo financeiro. O que não impediu que Doc Giannini e Elisha Walker, tão logo desembarcassem no aeroporto de Newark, procedentes da Califórnia, fossem direto para a sede nova-iorquina do Bank of America, onde passaram a ajustar, para baixo, as estimativas dos preços das ações para efeito de garantias de empréstimos de margem. O mesmo faziam os demais banqueiros, todos temendo uma inadimplência generalizada dos especuladores.
Repetindo a performance da véspera, o pregão de sábado, dia 26 de outubro, oscilou pouco. Os preços dos papéis caíram ligeiramente. Não houve pânico, mas também não houve entusiasmo. A exceção ficou por conta de John Jakob Raskob, o homem do Empire State, que se destacou na ponta compradora.
O superintendente da Bolsa, William Crawford, aproveitou-se da calmaria — o volume geral de negócios ficou ligeiramente acima de 2 milhões — para fazer uma revisão geral no sistema de ticker. A última coisa que Crawford queria na vida era que a fita voltasse a se atrasar.
Mal sabia ele.