O Crisóstomo dizia que talvez para os campos as pessoas fossem mais atrasadas, porque ali ao pé da água já se via de tudo e os maricas não tinham novidade nem ofereciam alguma ameaça. Os maricas eram como gente mais colorida a alegrar os passeios. O povo podia rir-se mas não queria fazer grande caso. Só era necessário isso, não lhes fazer caso. A Isaura, que mudara o mundo com o seu entusiasmo, disse que não concordava. Disse que o Antonino era o melhor ser humano de todos porque chorava e se magoava com as coisas e disse que era essencial aprender a prestar-lhe atenção. O Crisóstomo, no friso do sofá, sorriu e o Antonino chorou. A Matilde, ao menos a Matilde, precisava de entender isso também. Que levasse a vida pela cria mas pacificasse o seu coração com o filho adulto, o filho que já lhe crescera.

Quando o Crisóstomo teve a ideia de fazer um jantar, a Isaura pensou nos palácios dos filmes, nos banquetes dos convidados aperaltados e com lustres pendentes como cascatas imensas de diamantes. Olhou a casa do pescador e achou que poderiam fazer algo exactamente igual. A mesa, esticada com a mesa da cozinha também, as cadeiras intercaladas com os bancos, as travessas com tostas e doce de abóbora para fazer vista, e depois podiam grelhar peixes frescos e cozer batatas e até matar um dos bons bichos de que cuidava no seu terreno. A casa do pescador, aos olhos da Isaura mudada e no mundo novo em que vivia, estendia-se como rendada pela espuma do mar e era o melhor palácio, um palácio feito pela felicidade com os lustres pendurados na electricidade do coração.

E ela disse: amanhã. Ficamos a conhecer melhor a cria, oferecemos-lhe o boneco dos botões e misturamos as famílias a ver como se faz festa. O Antonino lembrou: e o velho Gemúndio. E ela disse: que venha também. O Crisóstomo abraçou o boneco do sorriso de botões e sorriu também, beijou a Isaura e pensou que era uma boa ideia. Abraçou o boneco, e o Antonino perguntou: posso misturar-me na vossa família. A Isaura disse que sim, fazendo um esforço genuíno para ser uma boa pessoa. Tão genuíno foi que a Isaura abraçou o Antonino. Ele chorou.

O Camilo, contudo, disse que não. Compreendia talvez que o Antonino seria inofensivo, apenas repulsivo e não propriamente um predador, mas misturado com o Crisóstomo e com a Isaura tornava-se uma qualquer ameaça. O Crisóstomo nunca poderia bater no rapaz pequeno. Não o podia defraudar nos cuidados e no amor que lhe tinha, mas o olhar triste disse-lhe o quanto desaprovava o que dissera. O Camilo saiu. Ficou envergonhado. Era, afinal, mais criança do que devia ser. Foi contar conchinhas e pensar nos cães para domesticar. Pensou em jogar à bola. Pensou em nadar. Mas, por mais que pensasse, só corava, porque voltava ao momento em que o pai o encarara tão infeliz. Corado, perdia a vontade de fazer o que quer que fosse.

Naquele dia, a Isaura foi sentar-se e pôr flores na campa da Maria. Não rezaria, mas pensou em como haviam vivido as duas perdidas uma da outra e em como talvez fosse fácil ter sido tudo melhor. Parecia fácil agora corrigir cada erro do passado, sobretudo para não permitir que cada erro contagiasse o resto, destruindo cada instante e cada gesto sem retorno. Sob a terra, a Maria estaria já sem enfeite e sem vaidade, sem disfarce para coisa nenhuma. No silêncio, naquele silêncio, a Isaura pensava que talvez se definisse a vida. Tudo era antes do silêncio. Tudo era pressa e urgência. Tomou a Mininha, ali tão agarrada à sua mão, e disse-lhe: não estás sozinha, pequena, tens a mãe Matilde e a tia Isaura, tens o tio Antonino e o tio Crisóstomo, e ainda levas com o primo Camilo que te pode ajudar na escola. Estavam já as famílias misturadas como podiam. A cria quis ir à campa da Rosinha, lá se teve a chorar como se pela primeira vez soubesse da notícia e assim lhe sentiu a falta inteira. Depois, um muito de tempo depois, acalmou e pensou que já podia sair dali, podia sofrer fora dali.

A Isaura encanou pelo atalho e chegaram à casa na praia. O homem do cerco fora buscar o Gemúndio e a Matilde, por simpatia. E com a simpatia juntava-se ao jantar. Escolhera umas garrafas do seu vinho e envaidecia-se pela alegria de achar que fazia o melhor tinto da terra. Era um tinto de bom sangue da uva, que muita uva não sangra nada, dizia ele. No garrido da garrafa, saltava aos olhos a espessura do líquido, como um néctar superior. A Mininha perguntava: é hoje que bebo.

Entre o reboliço em que ficou a mobília, distribuíram-se os convidados um pouco à vontade mas com cerimónias simples e tantas atenções. Estavam uns mais altos e outros mais baixos, porque os bancos tinham pernas longas e as cadeiras tinham pernas bem mais curtas. Com o mais alto e o mais baixo de cada um, a mesa tão improvisada tinha o popular dos arraiais. Parecia um carrossel de gente em torno das cores alegres dos pratos e das comidas. Faltava que girasse. Tinha de ser uma festa, talvez fosse mesmo uma festa, porque sobre as dores de cada um se celebravam de algum modo as partilhas, a disponibilidade cada vez mais consciente da amizade. Estavam à mesa carregados de passado, mas alguém fora capaz de tornar o presente num momento intenso que nenhum dos convidados quereria perder. Naquele instante, nenhum dos convidados quereria ser outra pessoa. O Crisóstomo pensava nisso, em como acontece a qualquer um, num certo instante, não querer trocar de lugar com rei ou rainha nenhuns de reino nenhum do planeta.

Trouxe os peixes, usou para eles as louças que herdara e que se espantavam de novamente pousarem em mesa de grandes conversas, e disse que entre a Isaura ser dele e do Antonino era importante que fossem todos familiarmente unidos. Farto como estava de ser sozinho, aprendera que a família também se inventava. O Antonino sorriu iluminado. A Isaura deu-lhe a mão e riu muito. A Matilde, que talvez não soubesse que o seu filho era o melhor ser humano do mundo, sentiu que, por tolice ou novidade, ele cabia naquela casa. A Matilde não o saberia dizer, mas sentiu que uma casa onde o seu menino grande pudesse caber haveria de ser uma casa perfeita. Com tanto desespero, pensou subitamente que o mundo poderia ser mais justo para com o seu menino diferente. O mundo poderia ser melhor. Naquela casa, naquele instante, o mundo era também perfeito. O Camilo levantou-se e, não dizendo palavra, sorriu ao Antonino, que ficou tímido. O homem novo do cerco disse-lhe: coma, homem, que você ainda não tocou em nada. O Antonino comeu. O Camilo nunca mais poderia responsabilizar-se por entristecer o pai. O seu pai tão herói, que salvava e amava toda a gente.

O Gemúndio admitiu que precisava de ir ao seu terreno para ver como ia a galinha morta, não fossem os cães terem ido lá escavar para os ossos ou mijar-lhe em cima. Por cautela, acreditava bastante que aquilo da magia tinha verdade e para sossegar queria cuidar do almoço enterrado. A Mininha, que da galinha guardava um certo ódio, disse que, se lhe soubesse o lugar, ela mesma o escavaria para lhe pisar os ossos e lhos mijar. Deitavam todos as mãos à cabeça, que a cria zangada ainda voltava à natureza brava que tinha, a barafustar como gente grande. A Matilde entornou-lhe uma pinga mínima de tinto no copo e disse: é hoje. E o Antonino perguntou: mãe, lembra-se de quando bebi, sozinho, aquela garrafa cheia de vinho doce.

O Crisóstomo foi buscar o boneco do sorriso de botões e mostrou-o à cara grande da Mininha. Cara grande que mais cresceu nos olhos, estupefacta com um brinquedo do tamanho dela. É um boneco, disse ela, como se levasse tempo a entender o óbvio. O Crisóstomo respondeu: é para ti. Tens de adoptá-lo, dar-lhe um nome e fazê-lo muito feliz. A Isaura, por oposição radical com o que pensara antes, achava fundamental dar um nome ao boneco e incentivou a cria a fazê-lo. E como vai ser, como se vai chamar. E a cria dizia nomes de gato ou de cão e era um disparate e todos se riam, porque o boneco não era para ser um animal doméstico, era para ser como um amigo, talvez como um filho grande. Tu não queres ter filhos quando cresceres, alguém perguntou. Sim. Quero ter filhos, muitos, para ficarem uns com os outros quando eu morrer. Para não ficarem sozinhos.

Ia chamar-se Pintas ou Faísca, talvez Bolinha ou Pedro, mas a cria decidiu por fim que se chamaria Irmão. Não era nome de gente, mas repetiu as palavras até uma ser nome: Pintas, Bolinhas, Irmão, Irmão, Sorriso, Serapico, Irmão. O Irmão sorriu mesmamente e de coração pertenceu-se à rapariga como uma coisa boa. A Mininha, desabituada de ser alguém, resplandeceu de uma estranha completude. Um misto de tristeza de não poder correr à mãe para lhe mostrar que vitória era aquela, e de alegria por ser plenamente criança, com sete anos, e ter direito a mais do que levar batatas e subir cebolas ao barracão. A cria voltou toda à infância, ao menos naquele momento, ao menos no momento em que não quereria ser outra pessoa qualquer.

A festa assim continuou para acabar já bem tarde. O palácio, todo de renda e fantasia, ficara intenso dentro de cada um que, tão cedo, não perderia o brilho encantado de tão importante partilha, de tão importante modo de amizade.

Estendido o Crisóstomo sobre a cama, via nele a Isaura uma beleza indescritível. A imensidão, pensava, a imensidão de um homem, como hábil alastrando por todas as evidências, todas as manifestações, todos os instintos dela. Cada ínfimo segundo tornava-se um efeito da existência dele, cada ínfimo gesto tinha por moldura a existência dele, cada ímpeto era sempre a direcção do caminho para chegar a ele. Despiu a camisa de noite, e o peito caía-lhe pequeno à luz quente. A mão dele desenhava-lhe os contornos a fazer-lhe uma carícia suave. Pensara nunca ser capaz de se mostrar a um homem. Pensara que havia perdido para sempre os atributos mais imprescindíveis das mulheres, mas ajeitava-se agora cada vez melhor no corpo que tinha. Talvez por dentro a força fosse tão grande que impusesse ao exterior uma coragem qualquer ou já um sinal de que valiam a pena todos os riscos. Como um acto num extremo suicida e no outro absolutamente libertador. O Crisóstomo, que ganhava amor pelas pessoas por grandeza, nem chegaria nunca a entender as hesitações iniciais da Isaura. Acariciava-lhe o peito, sentia que chegara ao melhor tempo da sua vida e sorria. Depois confessou que ia ter saudades do boneco de pano e do seu sorriso de botões vermelhos. Dizia-o porque lhe parecia que teria saudades de si mesmo, de si naquele instante passado em que tivera como insuportável a solidão. Lembrava-se de ficar por ali sentado, até a discutir com o boneco se ia fazer chuva ou sol, e de rir-se de ser tolo e de confiar que, algures no decurso da brincadeira, a brincadeira daria lugar a algo real e maravilhoso. Confiava por instinto que confiar era já a resposta. Era muito especial que pudesse enternecer-se consigo mesmo. Com o que fora tão recentemente, como se, pelo outro lado das coisas, também lamentasse deixar-se de mão e mudar. Mas não era uma tristeza, era exactamente uma saudade de ter sofrido o que sofrera, o necessário para lhe ensinar a usufruir mais tarde, agora, a felicidade. Achava ele que se devia nutrir carinho por um sofrimento sobre o qual se soube construir a felicidade.

Deve nutrir-se carinho por um sofrimento sobre o qual se soube construir a felicidade, repetiu muito seguro. Apenas isso. Nunca cultivar a dor, mas lembrá-la com respeito, por ter sido indutora de uma melhoria, por melhorar quem se é. Se assim for, não é necessário voltar atrás. A aprendizagem estará feita e o caminho livre para que a dor não se repita. Estava a crescer. O pescador crescia para ser um homem tremendo.

A Isaura gostava de estar assim bonita. Dizia ao Crisóstomo que ensaiara com os bichos e que dava certo até para as hortaliças crescerem melhor e as buganvílias saberem despencar das paredes da casa. Ele jurava que haveria de a levar no barco para ver se os peixes também viriam mais à rede, contentes por apreciar de perto a beleza da donzela.

Assim se fizera da casa do Crisóstomo um palácio. E, sorrateiramente, no coração do reticente Camilo também um lustre se ia pendurando e acendendo. Ao deitar-se, naquela noite, pensou que a família era um organismo todo complexo e variado. Era feita de tudo. Se era feita de tudo, o Antonino não seria coisa nenhuma de tão rara ou disparatada, seria antes o Antonino, a fazer a parte do Antonino no colectivo. Pensou que a ideia da Isaura de verem a casa como um palácio era de uma beleza humana que se impunha sobre a matéria, como uma ideia para cura de colesterol e melhoria de tectos. Se assim fossem todas as ideias, seriam todas as pessoas como príncipes e reis e viveriam agigantados pelas emoções. As emoções dão tamanhos. Porque, se intensificadas, passam as pessoas nos caminhos mais estreitos como se alassem de plumas e perfumes e pasmassem com elas até as pedras do chão.

Acendendo o seu próprio lustre, o Camilo foi dizer ao pai que pediria desculpa ao Antonino, quando viu de relance o peito feminino da Isaura. As mulheres, delirou ele a noite inteira, são inventadas para a beleza. Ai as mulheres. Depois acordava e pensava que dizia ai isto e ai aquilo nos delírios todos. Olhava para os seus livros e sabia que nenhum tinha a intensidade do que vira. Vira o peito da mulher do seu pai. Vira o peito nu de uma mulher. Não conseguia voltar a ser o mesmo ou a dormir da mesma maneira.

Nas primeiras noites confusas, cheio de fantasmas e codificações para ruídos e silêncios, o Camilo assim entrava pelo quarto do Crisóstomo, a fazer-se de forte mas padecendo, como um miúdo por natureza, triste e a encontrar novas referências para tanta coisa em que acreditava. A porta estava sempre aberta. O rapaz pequeno entrava, começava por dizer que talvez estivesse um pouco assustado, ou estava triste, ou tinha fome. Muitas vezes dizia que tinha fome só para ter companhia. Levantava-se o novo pai, iam os dois para a cozinha pensar em pão e leite e coisas mais gulosas e rápidas para uma fome de surpresa. E o Camilo acalmava, explanando sobre as teorias do velho Alfredo acerca de estar a Carminda nas canalizações e nas correntes de ar. Era uma ideia tão ridícula, pensada àquela distância, o modo como o Alfredo fazia caber a falecida mulher no patético da casa, no estragado da casa já a fazer-se ruína por baixo de tanto soalho e por cima de tanto tecto.

Nesses tempos, era assim que passavam as noites, e ao Crisóstomo cortava-lhe o coração pensar no medo, no exercício de dor que teriam sido os vinte dias em que o rapaz pequeno se agachara sozinho na casa velha. A comer migalhas e latas de atum mais umas poucas frutas tocadas, o Camilo estivera vinte dias à procura de anular a realidade, talvez convencido de que o avô voltaria num ruído qualquer que ele pudesse entender e lhe dissesse afinal o que fazer em seguida. O Crisóstomo abraçava o Camilo, beijava-lhe a testa e dizia-lhe: nunca tenhas vergonha de sentir medo ao pé de mim. Ao pé de mim, podes sentir tudo o que sentires, podes dizer-me o que souberes e quiseres, e pedir-me o que precisares. Se tiveres vergonha, fazes de mim um pai horrível e matas-me um bocadinho.

Se tiveres vergonha, fazes de mim um pai horrível e matas-me um bocadinho.

Ao falar ao pai acerca do peito da Isaura, o Camilo disse que achava as mulheres bonitas. E que mais, perguntou o Crisóstomo. Mais nada, respondeu o Camilo. Que uma coisa assim bonita não tem muita pergunta nem muita resposta, é bonita e serve para ser assim. O Crisóstomo brincou com ele, garantiu-lhe que se continuasse com aquelas ideias, haveria de arranjar uma rapariga só para ele. O Camilo sorriu. O amor, aos quinze anos, era todo uma pequena vergonha. Queria só dizer ao pai que pediria desculpa ao Antonino. O tio Antonino, dizia. Depois esqueceu-se completamente do assunto e pensou nas raparigas. No peito das raparigas. No gesto da mão quando suave acaricia o peito de uma rapariga como se o desenhasse. O Camilo vira isso. Nunca mais o esqueceria. Acordado ou a dormir, nunca mais o esqueceria.

O Crisóstomo voltou ao quarto, desenvergonhou a Isaura e disse-lhe que o Camilo gostava do tio Antonino. A Isaura respirou, sorriu, depois disse que, em certo sentido, sentia orgulho por ter casado com o Antonino. Era forma de homenagem à sua sensibilidade. O modo como se punha a chorar com qualquer réstia de atenção ou carinho. Um homem que agradecia assim qualquer pouca atenção ou carinho era um achado de humanidade. O Crisóstomo apagou a luz. Ficaram depois ambos sem dormir um tempo, intensificados, alterados pelo amor. E ela silenciou a culpa de ter abandonado a própria mãe. E ele glorificou a vida sem perceber o quanto seguia sendo um homem ingénuo. Eram, tanto quanto possível, os felizes. Porque a felicidade não se substituía ao resto, a felicidade acumulava-se. Era do acumulado do que se fez que se podia alcançá-la. O Crisóstomo a chegar tão perto, a Isaura ainda tão longe. Mas, um e outro, melhores por se juntarem. Acumulavam-se.

O Camilo voltou a acender a luz e viu o quarto. Viu simplesmente o seu quarto e reparou em como era atento cada pormenor, com aquilo de que necessitava, com as suas coisas tão guardadas. Tinha os livros do avô Alfredo e a sua fotografia com a avó Carminda e estava tudo guardado ali como uma memória viva, como se a sua cabeça tivesse o tamanho do quarto e já passasse mesmo o tamanho do quarto, porque havia muito que lhe pertencia pela casa fora. E até já o estar o mar ali lhe dizia respeito, porque começava a saber tudo das traineiras e do que fazia o Crisóstomo e parecia-lhe que a vida era aprender, saber sempre mais e mudar para aceitar sempre mais. O rapaz pequeno percebeu que, depois de um ano, era dali. Ganhara raízes. O corpo deitava-lhe domínios pela cama abaixo, pelas paredes acima, até para lá da porta. Apagou a luz para sorrir com o tamanho sempre infinito da escuridão. Também ele tinha um tamanho cada vez mais infinito. E não caía. Sentia que se levantava.