NOTAS
O CONCEITO DE ESCLARECIMENTO
1. Voltaire, Lettres philosophiques XII, in OEuvres completes. Paris, Garnier, 1879, vol. XXII, p.118.
2. Bacon, “In praise of knowledge”, in Miscellaneous Tracts upon Human Phylosophy, in The Works of Francis Bacon, ed. Basil Montagu. Londres, 1825, vol. I, p.254s.
3. Cf. Bacon, Novum organum, in Works, op.cit., vol. XIV, p.31.
4. Bacon, “Valerius Terminus: of the interpretation of nature”, in Miscellaneous Tracts, in Works, op.cit. vol. I, p.281.
5. Cf. Hegel, Phänomenologie des Geistes, in Werke, vol. II, p.410s.
6. Xenófanes, Montaigne, Hume, Feuerbach e Salomon Reinach estão de acordo nesse ponto. Quanto a Reinach, cf. Orpheus, trad. de F. Simmons. Londres e Nova York, 1909, p.6s.
7. Bacon, De augmentis scientiarum, in Works, op.cit., vol. VIII, p.152.
8. Les soirées de Saint-Pétersbourg. Siême entretien, in OEuvres completes. Lyon, 1891, vol. IV, p.256.
9. Bacon, Advancement of Learning, in Works, op.cit., vol. II, p.126.
10. Gênese, I, 26.
11. Arquíloco, frag. 87, apud Deussen, Allgemeine Geschichte der Philosophie, vol. II, 1ª seção, Leipzig, 1911, p.18.
12. Sólon, frag. 13, 25s., apud ibid., p.20.
13. Cf. p.ex. Robert H. Lowie, An Introduction to Cultural Anthropology. Nova York, 1940, p.344s.
14. Cf. Freud, Totem und Tabu, in Gesammelte Werke, vol. IX, p.106s.
15. Ibid., p.110.
16. Hegel, Phänomenologie des Geistes, in Werke, op.cit., p.424.
17. Cf. W. Kirfel, Geschichte Indiens, in Propyläenweltgeschichte, vol. III, p.261s., e G. Glotz, Histoire grècque, vol. I, in Histoire ancienne. Paris, 1938, p.137s.
18. G. Glotz, ibid., p.140.
19. Cf. Kurt Eckermann, Jahrbuch der Religionsgeschichte und Mythologie. Halle, 1845, vol. I, p.241, e O. Kern, Die Religion der Griechen. Berlim, 1926, vol. I. p.181s.
20. Hubert e Mauss descrevem da seguinte maneira o conteúdo ideacional da “simpatia”, da mimese: “L’un est le tout, tout est dans l’un, la nature triomphe de la nature.” (“O uno é o todo, tudo está no uno, a natureza triunfa sobre a natureza.”) H. Hubert e M. Mauss, Théorie générale de la magie, in L’Année Sociologique, 1902-3, p.100.
21. Cf. Westermack, Ursprung der Moralbegriffe. Leipzig, 1913, vol. I, p.402.
22. Cf. Platão, o décimo Livro da República.
23. Erster Entwurf eines Systems der Naturphilosophie. Fünfter Hauptabschnitt, in Werke, tomo I, vol. II, p.623.
24. Ibid., p.626.
25. Cf. E. Durkheim, De quelques formes primitives de classification, L’Année Sociologique, vol. IV, 1903, p.66s.
26. G. Vico, Die Neue Wissenschaft über die gemeinschaftliche Natur der Völker (trad. alemã de Auerbach). Munique, 1924, p.397.
27. “Nossas ideias vagas de acaso e de quintessência são pálidos remanescentes dessa noção muito mais rica”, Hubert e Mauss, Théorie générale de la magie, in L’Année Sociologique, op.cit., p.118.
28. Cf. Tönnies, Philosophische Terminologie, in Psychologisch-Soziologische Ansicht. Lei-pzig, 1908, p.31.
29. Hegel. Phänomenologie des Geistes, in Werke, op.cit., p.65.
30. E. Husserl, Die Krisis der europäischen Wissenschaften und die transzendentale Phänomenologie, in Philosophia. Belgrado, 1936, p.95s.
31. Cf. Schopenhauer, Parerga und Paralipomena, vol. II, §356, in Werke, ed. Deussen, vol. V, p.671.
32. “O esforço para se conservar a si mesmo é o primeiro e único fundamento da virtude”, Ethica, pars IV. Propos. XXII. Coroll.
33. Odisseia, vol. XII, p.191.
34. lbid., p.189-90.
35. Hegel, Phänomenologie des Geistes, in Werke, op.cit., p.146.
36. “The supreme question which confronts our generation today – the question to which all other problems are merely corollaries – is whether technology can be brought under control… No-body can be sure of the formula by which this end can be achieved… We must draw on all the resources to which access can be had…” [“A questão suprema que nossa geração enfrenta atualmente – a questão da qual todos os outros problemas são meros corolários – é se a tecnologia pode ser colocada sob controle… Ninguém tem certeza de saber a fórmula pela qual esse objetivo pode ser alcançado… Temos de nos valer de todos os recursos a que se possa ter acesso…”], The Rockfeller Foundation. A Review for 1943. Nova York, 1944, p.33s.
EXCURSO I
1. Nietzsche, Nachlass, in Werke, vol. XIV, p.206.
2. lbid., vol. XV, p.235.
3. Nietzsche, op.cit., vol. IX, p.289
4. Hölderlin, Patmos, ed. completa da Inselverlag, texto estabelecido por Zinkernagel. Leipzig, s.d., p.230.
5. Esse processo está diretamente documentado no começo do vigésimo canto. Ulisses observa como as servas se esgueiram de noite ao encontro dos pretendentes “e o coração em seu peito ladrava. Assim como a cadela valente anda em redor de seus frágeis cachorrinhos e ladra para o desconhecido, instigando-se para a luta, assim também ladrava o coração em seu peito, enfurecido pela conduta vergonhosa das servas. Batendo no coração, punia-o com as seguintes palavras: ‘Aguenta, coração! Mais duras penas suportaste no dia em que o ciclope monstruoso devorou enfurecido meus bravos amigos. Suportaste sozinho até que, graças a um estratagema, escapaste da caverna onde antevias uma noite horrorosa!’ Assim falou, punindo o coração no peito irado. Logo o coração recobrou a calma e quedou inabalável. Ele, porém, continuava a revolver-se para lá e para cá” (XX, 13/24). O sujeito ainda não está configurado em sua identidade interna. Seus ímpetos, seu ânimo e seu coração excitam-se independentemente dele. “Ladra a kradia [kardía, coração] ou ainda o étor [coração] (as duas palavras são sinônimas, 17.22) e Ulisses bate no peito, logo contra o coração, e interpela-o. Ele sente o coração palpitar, logo esta parte de seu corpo excita-se contra sua vontade. Assim, sua interpelação não é meramente formal (como em Eurípides, que interpela a mão e o pé quando estes devem entrar em ação), mas o coração age de maneira autônoma” (Wilamowitz-Moellendorff, Die Heimkehr des Odysseus. Berlim, 1927, p.189). O ímpeto é equiparado ao animal que o homem subjuga: a comparação da cadela pertence ao mesmo nível de experiência a que remete a imagem dos companheiros metamorfoseados em porcos. O sujeito, ainda dividido e forçado a usar de violência contra a natureza tanto dentro dele quanto fora dele, “pune” o coração exortando-o à paciência e negando-lhe – com o olhar posto no futuro – o presente imediato. Bater no peito tornou-se depois um gesto de triunfo: com esse gesto, o vencedor exprime o fato de que sua vitória é sempre uma vitória sobre sua própria natureza. Esse feito é levado a cabo pela razão autoconservadora. “… a princípio, o narrador ainda estava pensando no coração que batia rebelde; superior a este era a métis [inteligência, discernimento], que é assim claramente apresentada como uma outra força interna: foi ela que salvou Ulisses. Os filósofos posteriores tê-la-iam contraposto enquanto nous [razão, espírito, entendimento] ou logistikón [(poder) capaz de entender, calcular] à parte da alma desprovida de entendimento” (Wilamowitz, op.cit., p.190). Do “eu” – autós – só se fala no verso 24: depois que a razão conseguiu domar o instinto. Se atribuímos à escolha e sequência das palavras um valor demonstrativo, é preciso admitir que Homero só vem a considerar o ego idêntico como o resultado do domínio da natureza intra-humana. Este novo eu estremece dentro de si, uma coisa, o corpo, depois que o coração foi punido nele. De qualquer maneira, a justaposição dos elementos da alma (analisada em detalhe por Wilamowitz), que frequentemente se dirigem uns aos outros, parece confirmar a frouxa e efêmera composição do sujeito, cuja substância consiste unicamente na coordenação desses elementos.
6. Contra a interpretação materialista de Nietzsche, Klages interpretou a conexão entre o sacrifício e a troca num sentido inteiramente mágico: “A obrigação do sacrifício concerne a cada um, porque a porção que cada um pode arrebatar à vida e ao conjunto de seus bens – o suu cuique originário – só é conseguida num processo contínuo de dar e devolver. Mas não se trata da troca no sentido da troca de bens usual (que, aliás, também recebe sua consagração originária da noção de sacrifício), mas do intercâmbio dos fluidos ou essências pela entrega de sua própria alma à vida de que tudo depende e se alimenta” (Ludwig Klages, Der Geist als Widersacher der Seele, vol. III, 2ª parte, Leipzig, 1932, p.1.409). Contudo, o caráter dual do sacrifício – o mágico autoabandono do indivíduo à coletividade, não importa se para seu bem ou para seu mal, e a autoconservação dessa magia pela técnica – implica uma contradição objetiva que impele justamente ao desenvolvimento do elemento racional no sacrifício. Sob o influxo constante da magia, a racionalidade converte-se enquanto comportamento do sacrificante em astúcia. O próprio Klages, autor de uma entusiástica apologia do mito e do sacrifício, tropeçou com isso e viu-se forçado a fazer uma distinção, mesmo na imagem ideal da era pelásgica, entre a genuína comunicação com a natureza e a mentira, sem conseguir no entanto derivar do próprio pensamento mítico um princípio oposto à aparência da dominação mágica da natureza, porque essa aparência constitui justamente a essência do mito. “Já não é mais simplesmente a fé pagã, já é também superstição pagã quando, por exemplo, o rei-deus tem de jurar, ao subir ao trono, que fará o sol brilhar e o campo cobrir-se de frutos” (Klages, op.cit., p.1.408).
7. Isso se harmoniza com o fato de que os sacrifícios humanos propriamente ditos não ocorrem em Homero. A tendência civilizatória da epopeia manifesta-se na escolha dos acontecimentos relatados. “With one exception… both Iliad and Odyssey are completely expurgated of the abomination of Human Sacrifict” [“Com uma única exceção… tanto a Ilíada quanto a Odisseia estão completamente expurgadas da abominação do Sacrifício Humano”] (Gilbert Murray, The Rise of the Greek Epic. Oxford, 1911, p.150).
8. Dificilmente na mais antiga. “O costume do sacrifício humano … é muito mais difundido entre bárbaros e povos semicivilizados do que entre os verdadeiros selvagens, e é praticamente desconhecido nos estágios inferiores da cultura. Em vários povos observou-se que ele foi se difundindo ao longo do tempo, como, por exemplo, nas Ilhas da Sociedade, na Polinésia, na Índia, entre os Astecas. “Relativamente aos africanos, diz Winwood Read: ‘Quanto mais poderosa a nação, tanto mais importante o sacrifício’” (Eduard Westermarck, Ursprung und Entwicklung der Moralbegriffe. vol. I, Leipzig, 1913, p.363).
9. Entre os povos antropófagos, como os da África Ocidental, não podiam “provar dessa iguaria nem as mulheres nem os adolescentes” (E. Westermarck, op.cit. Leipzig, 1909, vol. II, p.459).
10. Wilamowitz coloca o nous em “nítida oposição” ao logos (Glaube der Hellenen. vol. I, Berlim, 1931, p.41s.). O mito é para ele uma “história como a gente se conta a si mesmo”, fábula infantil, inverdade, ou ainda, ao mesmo tempo, a verdade suprema que não é passível de prova, como em Platão. Enquanto Wilamowitz está consciente do caráter ilusório dos mitos, ele equipara-os à poesia. Ou por outra: ele procura-os em primeiro lugar na linguagem significativa que já está em contradição objetiva com sua intenção, contradição essa que ela, enquanto poesia, tenta racionalizar: “O mito é, antes de mais nada, o discurso falado; a palavra não concerne jamais a seu conteúdo” (loc. cit.). Ao hipostasiar esse conceito tardio do mito, que já pressupõe a razão como sua contrapartida explícita, e polemizando implicitamente com Bachofen – que é para ele um modismo de que zomba sem, no entanto, pronunciar seu nome –, ele chega a uma nítida separação da mitologia e da religião (op.cit., p.5), na qual o mito aparece, não como a fase mais antiga, mas justamente como a mais recente: “Estou tentando seguir o vir-a-ser, as transformações e a passagem da fé ao mito” (op.cit., p.1). A obstinada arrogância departamental do helenista impede-lhe o discernimento da dialética do mito, da religião e do esclarecimento. “Não compreendo as línguas às quais se tomaram as palavras tabu e totem, mana e orenda, mas considero um caminho viável ater-me aos gregos e pensar grego sobre coisas gregas” (op.cit., p.10). Como compatibilizar isso, a saber, a opinião expressa sem maiores justificativas e segundo a qual “o germe da divindade platônica já se encontrava no mais antigo helenismo”, com a concepção histórica defendida por Kirchhoff e adotada por Wilamowitz, que vê nos encontros míticos do nostos [retorno, volta à casa, viagem] o núcleo mais antigo do livro da Odisseia? Isso não é esclarecido e o próprio conceito do mito, que é um conceito central, não encontra em Wilamowitz uma articulação filosófica suficiente. Entretanto, sua resistência ao irracionalismo que enaltece o mito e sua insistência na inverdade dos mitos contém um profundo discernimento, que não devemos ignorar. A aversão ao pensamento primitivo e à pré-história destaca com clareza tanto maior a tensão que já havia sempre entre a palavra enganosa e a verdade. O que Wilamowitz censura aos mitos posteriores, o arbítrio da invenção, já devia estar presente nos mais antigos em virtude do pseudos [mentira, inverdade, engano] dos sacrifícios. Esse pseudos tem justamente um parentesco com a divindade platônica que Wilamowitz faz remontar à fase arcaica do espírito helênico.
11. Essa concepção do cristianismo como religião sacrificial pagã é essencialmente a base do livro de Werner Hegemann: Geretteter Christus. Potsdam, 1928.
12. Assim, por exemplo, quando renuncia a matar imediatamente Polifemo (IX, 302); quando suporta os maus-tratos de Antinoo para não se trair (XVII, 460s.). Cf. além disso o episódio com os ventos (X, 50s.) e a profecia de Tirésias na primeira nekyia [sacrifício aos mortos] (XI, 105s.), que põe a volta à casa na dependência de sua capacidade de domar o coração. Todavia, a renúncia de Ulisses ainda não tem um caráter definitivo, mas apenas de adiamento: as vinganças que ele se proíbe, no mais das vezes ele as perpetra depois de uma maneira ainda mais perfeita: o sofredor é o paciente. Até certo ponto, seu comportamento manifesta abertamente, como uma finalidade espontânea, o que depois se esconde na renúncia total e imperativa, para só então tomar uma força irresistível, a força da subjugação universal da natureza. Transposta para o sujeito, emancipada do conteúdo mítico dado, essa subjugação torna-se “objetiva”, dotada da autonomia de uma coisa em face de toda finalidade particular do homem; ela se torna uma lei racional universal. Já na paciência de Ulisses, e de maneira muito nítida após a matança dos pretendentes, a vingança se transforma num procedimento jurídico: é justamente a satisfação finita da ânsia mítica que se torna o instrumento objetivo da dominação. O direito é a vingança abdicante. Mas, ao se formar com base em algo que está fora dela: a nostalgia da pátria, essa paciência judicial adquire traços humanos e até mesmo, quase, os da confiança, que transcendem a vingança diferida. Depois, na sociedade burguesa plenamente desenvolvida, as duas coisas são cobradas: com a ideia da vingança, a nostalgia também sucumbe ao tabu, o que significa justamente a entronização da vingança, mediada como vingança do eu contra si mesmo.
13. Max Weber. Wirtschaftsgeschichte. Munique e Leipzig, 1924, p.3.
14. Victor Bérard ressaltou com particular ênfase (mas não, é verdade, sem alguma construção apócrifa) o elemento semítico da Odisseia. Cf. o capítulo: “Les Phéniciens et l’Odyssée” em sua Résurrection d’Homère. Paris, 1930, p.111s.
15. Odisseia, vol. IX, p.92s.
16. Ibid., vol. XXIII, p.311.
17. Ibid., vol. IX, p.94s.
18. Jacob Burckhardt. Griechische Kulturgeschichte, vol. III. Stuttgart, s.d., p.95.
19. Odisseia, vol. IX, p.98s.
20. Na mitologia indiana, Lótus é a deusa da terra (cf. Heinrich Zimmer. Maja. Stutt-gart e Berlim, 1936, p.105s.). Se há uma conexão com a tradição mítica em que se baseia o velho nostos homérico, convém caracterizar também o encontro com os lotófagos como uma etapa no confronto com as potências ctônicas.
21. Odisseia, vol. IX, p.105.
22. Ver n.12. (N.T.)
23. Segundo Wilamowitz, os ciclopes são “na verdade animais” (Glaube der Hellenen. vol. I, p.14).
24. Odisseia, vol. IX, p.106.
25. lbid., p.107s.
26. lbid., p.112s.
27. Cf. Ibid., p.403s.
28. Ibid., p.428.
29. lbid., p.273s.
30. lbid., p.278.
31. Cf. Ibid., p.355s.
32. “Finalmente a habitual puerilidade do demente poderia ser considerada à luz de um humor natimorto” (Klages, Der Geist als Widersacher der Seele, op.cit., p.1.469).
33. Odisseia, loc. cit., p.347s.
34. lbid., vol. X, p.296-7.
35. Cf. Ibid., p.138s. Cf. também F.C. Bauer, Symbolik und Mythologie. Stuttgart. 1824. vol. I, p.47.
36. Cf. Baudelaire, Le vin du solitaire, Les fleurs du mal.
37. Cf. J.A.K. Thompson, Studies in the Odyssey. Oxford, 1914, p.153.
38. Odisseia, loc. cit., p.212s.
39. Murray trata das “sexual expurgations” a que foram submetidos os poemas homéricos no curso da redação (cf. The Rise of the Greek Epic, op.cit., p.141s.).
40. “Os porcos são os animais sacrificiais de Deméter em geral”. (Wilamo-witz-Moellendorff. Der Glaube der Hellenen. vol. II, p.53).
41. Cf. Freud, Das Unbehagen in der Kultur, in Gesammelte Werke, vol. XIV. Frankfurt am Main, 4ª ed., 1968, p.459, nota.
42. Uma das notas de Wilamowitz remete surpreendentemente à conexão entre o conceito de “fungar” e o conceito do noos [nous, cf. n.5], isto é, da razão autônoma: “Schwyzer ligou de maneira muito convincente noos com bufar e fungar” (Wilamowitz-Moellendorff, Die Heimkehr des Odysseus, p.191). Wilamowitz contesta, é verdade, que o parentesco etimológico dê alguma contribuição para o significado.
43. Odisseia, vol. X, p.434.
44. A consciência da irresistibilidade exprimiu-se mais tarde no culto de Afrodite Peithon [a persuasiva] “cuja magia não tolera nenhuma recusa” (Wilamowitz-Moellendorff, Der Glaube der Hellenen. vol. II, p.152).
45. Odisseia, vol. X, p.329.
46. Ibid., p.333s.
47. Ibid., p.395s.
48. lbid., p.398s.
49. Cf. Bauer, Symbolik und Mythologie, op.cit., p.49.
50. Odisseia, vol. XXIII, p.93s.
51. Goethe. Wilhelm Meisters Lehrjahre. Jubiläumsausgabe. Stuttgart e Berlim. vol. I, Cap.16, p.70.
52. Odisseia, vol. XXIII, p.210s.
53. Cf. Thomson, Studies in The Odyssey, op.cit., p.28.
54. “Ao vê-la, meus olhos marejaram e lamentei de todo coração. Contudo, proibi a ela também, embora cheio de íntima melancolia, que se aproximasse do sangue antes que eu interrogasse Tirésias” (Odisseia, vol. XI, p.87s.).
55. “Vejo aí a alma de minha defunta mãe, mas ela se mantém muda junto à poça de sangue e não se atreve a olhar para o próprio filho nem a proferir qualquer palavra. Diz, senhor, o que fazer, para que ela me reconheça como filho” (ibid., p.141s.).
56. “Não posso deixar de considerar todo o livro 11, com exceção de algumas passagens… como um fragmento do velho nostos, que foi apenas deslocado; seria assim a parte mais antiga do poema” (Kirchhoff, Die homerische Odyssee. Berlim, 1879, p.226). – “Whatever else is original in the myth of Odysseus, the Visit to Death is” [“se alguma coisa é original no mito de Ulisses, a Visita à Morte é uma delas”] (Thomson, Studies in The Odyssey, op.cit., p.95).
57. Odisseia, vol. XI, p.122s.
58. Ele era originariamente o “esposo da Terra” (cf. Wilamowitz, Der Glaube der Hellenen, vol. I, p.112s.) e só mais tarde tornou-se o deus do mar. A profecia de Tirésias pode aludir à sua essência dual. É concebível que sua reconciliação por meio de um sacrifício terreno, longe do mar, se baseie na restauração simbólica de sua potência ctônica. Essa restauração exprime possivelmente a substituição da pirataria pela agricultura: os cultos de Possêidon e Deméter se confundiram (cf. Thomson, Studies in The Odyssey, op.cit., p.96 n.).
59. Irmãos Grimm, Kinder und Hausmärchen, Leipzig, s.d., p.208. Há temas intimamente aparentados a esse que remontam à Antiguidade, ligados aliás a Deméter. Quando esta chegou a Elêusis, “em busca de sua filha raptada”, encontrou “acolhida junto de Dysau-les e sua mulher Baubo, mas recusou-se em sua profunda tristeza a tocar em comida ou bebida. Então sua hospedeira Baubo fez com que ela risse, levantando de repente a roupa e descobrindo o corpo” (Freud, Gesammelte Werke, vol. X. p.399. Cf. Salomon Reinach, Cultes, Mythes et Religions. Paris. 191., vol. IV, p.115s.).
60. Hölderlin, Der Herbst, op.cit., p.1066.
61. Odisseia, vol. XXII, p.473.
62. Wilamowitz é de opinião que a punição “foi narrada prazerosamente pelo poeta” (Die Heimkehr des Odysseus, p.67). Mas, como o autoritário filólogo se entusiasma com a metáfora da armadilha de pássaros porque “descreve de maneira precisa e… muito moderna como ficam a balouçar os cadáveres das escravas enforcadas” (loc. cit., cf., também p.76), o prazer em grande parte parece ser dele próprio. Os escritos de Wilamowitz se incluem entre os documentos mais enfáticos da mescla bem alemã de barbárie e cultura, que está na base do moderno filo-helenismo.
63. Gilbert Murray chama a atenção para a intenção consoladora do verso. Segundo sua teoria, a censura civilizatória expurgou de Homero as cenas de tortura. Restaram a morte de Melântio e das escravas (The Rise of the Greek Epic, op.cit., p.146).
EXCURSO II
1. Kant, Beantwortung der Frage: Was ist Aufklärung?, in Kants Werke. Akademie-Ausgabe. vol. VIII, p.35.
2. Kritik der reinen Vernunft, op.cit., vol. III (2ª ed.), p.427.
3. Idem.
4. lbid., p.435s.
5. Ibid., p.428.
6. lbid., p.429.
7. Ibid., vol. IV (1ª ed.), p.93.
8. Kritik der Urteilskraft, op.cit., vol. V, p.185.
9. Idem.
10. Metaphysische Anfänge der Tugendlehre, op.cit., vol. VI, p.449.
11. [Como se fosse uma questão de linhas, planos ou volumes.] Spinoza. Ethica, parte III. Prefácio.
12. Kritik der reinen Vernunft, op.cit., vol. III (2ª ed.), p.109.
13. Histoire de Juliette, vol. V. Holanda, 1797, p.319s.
14. lbid., p.322s.
15. lbid., p.324.
16. Kritik der praktischen Vernunft, vol. V, op.cit., p.31, 47, 55 entre outras.
17. Nouveaux Essais sur J’Entendement Humain, ed. Erdmann, Livro I, cap. II., §9. Berlim, 1840, p.215.
18. Cf. a introdução de Heinrich Mann à edição da Inselverlag.
19. Metaphysische Anfänge der Tugendlehre, vol. VI, op.cit., p.408.
20. Juliette, vol. IV, op.cit., p.58.
21. Ibid., p.60s.
22. [“O arrependimento não é uma virtude, ou não se origina da razão, mas quem se arrepende do que fez é duas vezes miserável ou impotente.”] Spinoza, Ethica, parte IV, prop. LIV, p.368.
23. [“O povo mete medo, a não ser que tenha medo.”] Ibid., Schol.
24. Metaphysische Anfänge der Tugendlehre, vol. VI, op.cit., p.408.
25. Ibid., p.409.
26. Juliette, vol. II, op.cit., p.114.
27. Ibid., vol. III, p.282.
28. Nietzsche, Umwertung aller Werte, in Werke, vol. VIII, Kröner, p.213.
29. Juliette, vol. IV, op.cit., p.204.
30. E. Dühren apontou esse parentesco em suas Neuen Forschungen. Berlim, 1904, p.453s.
31. Nietzsche, Umwertung aller Werte, in Werke, vol. VIII, op.cit., p.218.
32. Juliette, op.cit., vol. I, p.315s.
33. Genealogie der Moral, op.cit., vol. VII, p.321s.
34. [“Ousar tudo doravante sem medo.”] Juliette, op.cit., vol. I, p.300.
35. Histoire de Justine, vol. IV,. Holanda, 1797, p.4. Também citado em Dühren, Neuen Forschungen, op.cit., p.452.
36. Genealogie der Moral, vol. VII, op.cit., p.326s.
37. Justine, vol. IV, op.cit., p.7.
38. Nachlass, vol. XI, op.cit., p.214.
39. Genealogie der Moral, vol. VII, op.cit., p.433.
40. Juliette, vol. I, op.cit., p.208s.
41. Ibid., p.211s.
42. Jenseits von Gut und Base, vol. III, op.cit., p.100.
43. Nachlass, vol. XII, op.cit., p.108.
44. Juliette, vol. I, op.cit., p.313.
45. [“Embora pareça ser uma espécie de piedade.”] Ethica, parte IV, apêndice, Cap.
46. Ibid., prop. L. Schol.
47. lbid., prop. L.
48. Juliette, vol. II, op.cit., p.125.
49. Idem.
50. Nietzsche contra Wagner, in Werke, vol. VIII, op.cit., p.204.
51. Juliette, vol. I, op.cit., p.313.
52. Ibid., vol. II, p.126.
53. Beobachtungen über das Gefühl des Schönen und Erhabenen, vol. II, op.cit., p.215s.
54. Idem.
55. Nachlass, vol. XI, op.cit., p.227s.
56. Also Sprach Zarathustra, vol. VI, op.cit., p.248.
57. Genealogie der Moral, vol. VII, op.cit., p.421.
58. Juliette, vol. III, op.cit., p.78s.
59. Ibid., vol. IV, p.126s.
60. Théorie de la Fête, Nouvelle Revue Française, jan 1940, p.49.
61. Cf. Caillois, op.cit.
62. Ibid., p.58s.
63. Nachlass, vol. XII, op.cit., p.364.
64. Juliette, vol. II, op.cit., p.81s.
65. Ibid., vol. III, p.172s.
66. Ibid., vol. III, p.176s.
67. Edição particular Helpey, p.267.
68. Juliette, loc. cit.
69. Ibid., p.178s.
70. Ibid., p.188-99.
71. Juliette, vol. IV, op.cit., p.261.
72. Ibid., vol. II, p.273.
73. Juliette, vol. IV, op.cit., p.379.
74. Aline et Valcour, vol. I. Bruxelas, 1883, p.58.
75. Ibid., p.57.
76. Victor Hugo, vol. VIII, L’Homme qui rit, cap.7.
77. Juliette, vol. IV,op.cit., p.199.
78. Cf. Les 120 Journées de Sodome, vol. II. Paris, 1935, p.308.
79. Der Fall Wagner, vol. VIII, op.cit., p.10.
80. R. Briffault, The Mothers, vol. I. Nova York, 1927, p.119.
81. Nachlass, vol. XI, op.cit., p.216.
82. Ibid., vol. XIV, p.273. XVI.
83. Grundlegung zur Metaphysik der Sitten, vol. IV, op.cit., p.432.
84. Die Fröhliche Wissenschaft, vol. V, op.cit., p.275. Cf. Genealogie der Moral, vol. VII, op.cit., p.267-71.
85. Die Fröhliche Wissenschaft, loc. cit.
86. Cf. Nietzsche, Nachlass, vol. XI, op.cit., p.216.
87. Cf. Le Play, Les Ouvriers Européens, vol. I. Paris, 1879, esp. p.133s.
88. Juliette, vol. IV, op.cit., p.303s.
89. Les 120 Journées de Sodome, vol. I, op.cit., p.72.
90. Cf. Juliette, vol. II, op.cit., p.234, nota.
91. La Philosophie dans le Boudoir, op.cit., p.185.
92. Cf. Demócrito, Diels Fragment 278, vol. II. Berlim, 1912, p.117s.
93. La Philosophie dans le Boudoir, op.cit., p.242.
94. S. Reinach, “La prohibition de l’inceste et le sentiment de la pudeur”, in Cultes. Mythes et Religions, vol. I. Paris, 1905, p.157.
95. La Philosophie dans le Boudoir, op.cit., p.238.
96. Ibid., p.238-49.
97. Idem.
98. Juliette, vol. IV, op.cit., p.240-4.
99. [“Guardem suas fronteiras e fiquem em casa.”] La Philosophie dans le Boudoir, op.cit., p.263.
100. Aline et Valcour, vol. II, op.cit., p.181s.
101. Juliette, vol. V, op.cit., p.232.
102. Die Fröhliche Wissenschaft, vol. V, op.cit., p.205.
A INDÚSTRIA CULTURAL
1. Nietzsche. Unzeilgemässe Betrachtungen, in Werke (Grossoktavausgabe), vol. I, Leip-zig, 1917, p.187.
2. A. de Tocqueville, De la Démocratie en Amérique, vol. II. Paris, 1864, p.151.
3. Frank Wedekind, Gesammelte Werke, in vol. IX, Munique, 1921, p.426.
4. Nietzsche, Götzendämmerung, in Werke, vol. VIII, p.136.
5. Expressão própria do discurso ideológico nacional-socialista.
ELEMENTOS DO ANTISSEMITISMO
1. Cf. Freud, Das Unheimliche, in Gesammelte Werke, vol. XII, p.254, 259, entre outras.
2. Kant, Kritik der reinen Vemunft (2ª edição), in Werke, vol. III, p.180s.
3. Freud, Totem und Tabu, in Gesammelte Werke, vol. IX, p.91.
NOTAS E ESBOÇOS
1. Paul Deussen, Sechzig Upanishad’s des Veda. Leipzig, 1905, p.524.
2. Capítulo II, v.17-19.
3. Sobretudo Brihadâranyaka-Upanislrad 3.5.1 e 4.4.22. Deussen, Sechzig Upanishad’s des Veda, op.cit., p.436s. e 479s.
4. Ibid., p.436.
5. Marcos, cap.I, vers. 6.
6. Vorlesungen über die Geschichte der Philosophie, vol. II, in Werke, vol. XIV, p.159s.
7. Ibid., p.168.
8. Cf. Deussen, Sechzig Upanishad’s des Veda, op.cit., p.373.
9. Cf. Eduard Meyer. Ursprung und Anfänge des Christentums, vol. I. Stuttgart e Berlim, 1921, p.90.
10. Diógenes Laércio, vol. IV, p.15.
11. Cf. República, 372; Político, 267s. e Eduard Zeller, Die Philosophie der Griechen. Leipzig, 1922, 2ª parte, cap.I, p.325s., nota.
12. Cf. Deussen, Das System des Vedanta. Leipzig, 1906, 2ª ed., p.63s.
13. Hermann Oldenberg. Buddha. Stuttgart e Berlim, 1914, p.174s.
14. Cf. ibid., p.386.
15. Ibid., p.393s.
16. Cf. ibid., p.184s. e 424s.
17. Leibniz. La Monadologie, ed. Erdmann. Berlim, 1840, §7, p.705.
18. Cf. ibid., §51, p.709.
19. Cf. R. Caillois, Le Mythe et l’homme. Paris, 1938, p.125s.
20. Wilhelm Nestle (org.), Die Nachsokratiker, vol. I. Iena, 1923, 72a, p.195.
21. Éclaircissement sur les Sacrifices, in Oeuvres, vol. V. Lyon, 1892, p.322s.
22. Nietzsche, Die fröhliche Wissenschaft, in Werke, vol. V, p.133.
23. Faust, 1ª parte, v.4.068.
24. Cf. Karl Landauer, Intelligenz und Dummheit, in Das Psychoanalytische Volksbuch. Berna, 1939, p.172.