Nova Iorque
12 de março de 2014
Henry Strauss regressa à loja.
Bea voltou a instalar-se na cadeira de couro gasta, com o livro de arte reluzente, aberto no colo.
— Onde foste?
Ele olha para trás, pela porta aberta, e franze o sobrolho. — A lado nenhum.
Bea encolhe os ombros, folheando as páginas, um manual de arte neoclássica que não faz tenções de comprar.
Isto não é uma biblioteca. Henry suspira, regressando para junto da caixa registadora.
— Desculpa — diz à rapariga perto do balcão. — Onde íamos nós?
Ela morde o lábio. O seu nome é Emily, acha.
— Eu ia perguntar-te se querias ir tomar um copo.
Ele ri-se, de forma um pouco nervosa — um hábito que começa a pensar que nunca perderá. É bonita, é mesmo, mas há um brilho problemático nos seus olhos, uma luz leitosa familiar, e sente-se aliviado por não ter de mentir sobre os seus planos para essa noite.
— Fica para outra vez — diz ela com um sorriso.
— Fica para outra vez — repete ele, vendo a rapariga pegar no livro e sair. Bea pigarreia mal a porta se fecha.
— Que é? — pergunta ele sem se virar.
— Podias ter ficado com o número dela.
— Temos planos — diz ele, batendo com os bilhetes em cima do balcão.
Ouve o ranger suave do couro quando se levanta da cadeira.
— Sabes — diz ela, pondo-lhe um braço à volta dos ombros — que o melhor de tudo, nos planos, é podermos mudá-los também para outros dias.
Ele vira-se, com as mãos a subirem-lhe até à cintura, e agora estão entrelaçados como miúdos nas convulsões de baile da escola, com os membros a descreverem círculos amplos, como redes ou correntes.
— Beatrice Helen — ralha ele.
— Henry Samuel.
Ficam ali, no meio da loja, duas pessoas com 20 e poucos anos num abraço pré-adolescente. E, talvez outrora, Bea se tivesse inclinado um pouco mais, feito um discurso sobre descobrir alguém (novo), sobre merecer ser feliz (de novo). Mas têm um acordo: ela não menciona Tabitha, e Henry não menciona a Professora. Toda a gente tem as suas perdas, as suas cicatrizes de guerra.
— Desculpe — diz um senhor idoso, parecendo lamentar genuinamente a interrupção. Tem um livro na mão, e Henry sorri e quebra o feitiço, voltando a passar para o outro lado do balcão para o registar. Bea retira o bilhete de cima da mesa e diz que vai ter com ele ao espetáculo, e Henry acena com a cabeça. O velho vai à sua vida, e o resto da tarde decorre por entre uma névoa tranquila de estranhos agradáveis.
Vira o letreiro às cinco para as seis e realiza os movimentos de fechar a loja. A livraria não é sua, mas poderia perfeitamente ser. Passaram-se semanas desde a última vez que viu a verdadeira proprietária, Meredith, que está a passar os seus anos dourados a viajar pelo mundo à custa do seguro de vida do falecido esposo. Uma mulher de outono a comprazer-se numa segunda primavera.
Henry despeja uma mão-cheia de comida na tacinha vermelha atrás do balcão, para Book, o velho gato da livraria, e, um instante depois, uma cabeça ruiva espreita por cima dos livros baratos da secção de poesia. O gato gosta de se enfiar atrás de uma pilha de livros e de dormir dias a fio, com a sua presença a ser marcada apenas pelo comedouro vazio ou pelo som de sobressalto ocasional de um cliente, quando este se cruza com dois olhos amarelos fixos, ao fundo das prateleiras.
Book é único que está na livraria há mais tempo do que Henry.
Ele tem trabalhado lá durante os últimos cinco anos, tendo começado quando ainda era estudante de Teologia. De início, era apenas um emprego temporário, uma forma de complementar a bolsa universitária, mas depois os estudos desapareceram, e a loja permaneceu. Henry sabe que provavelmente devia arranjar outro emprego, porque o ordenado é péssimo e tem 21 anos de ensino formal e dispendioso, e, depois, claro que há a voz do seu irmão David, que soa exatamente como a voz do pai, a perguntar-lhe calmamente onde aquele emprego o leva, se é realmente assim que pensa passar o resto da vida. Mas Henry não sabe que mais fazer e não se consegue convencer a sair dali; é a única coisa em que ainda não falhou.
E a verdade é que Henry gosta da loja. Gosta do cheiro dos livros e do seu peso firme, nas prateleiras, da presença de títulos antigos, da chegada de outros novos e do facto de, numa cidade como Nova Iorque, haver sempre leitores. Bea insiste que todas as pessoas que trabalham numa livraria querem ser escritores, mas Henry nunca se imaginou como romancista. Claro que tentou escrever coisas, mas nunca resulta.
Não consegue encontrar as palavras, a história, a voz. Não consegue imaginar o que poderia eventualmente acrescentar a tantas prateleiras.
Henry prefere ser guardador de histórias a contador de histórias.
Apaga as luzes e pega no bilhete e no casaco, dirigindo-se ao espetáculo de Robbie.
Henry não teve tempo para mudar de roupa.
O espetáculo começa às sete, e The Last Word fechou às seis. Seja como for, não tem a certeza da indumentária recomendada para um espetáculo off-offBroadway sobre fadas, na Bowery, por isso continua de calças de ganga escuras e camisola andrajosa. É aquilo a que Bea gosta de chamar «chique bibliotecário», apesar de não trabalhar numa biblioteca, um facto que ela parece não alcançar. Bea, por outro lado, parece dolorosamente na moda, como sempre, envergando um blazer branco com as mangas enroladas até aos cotovelos, argolas de prata finas nos dedos e a brilharem-lhe nas orelhas, rastas largas enroladas numa coroa no alto da cabeça. Henry pergunta-se, enquanto esperam na fila, se as pessoas têm estilo naturalmente ou apenas disciplina para cuidarem de si todos os dias.
Avançam, apresentando os bilhetes à porta.
A peça é uma daquelas misturadas estranhas entre teatro e dança moderna que só existem num lugar como Nova Iorque. De acordo com Robbie, inspira-se vagamente em Sonho de Uma Noite de Verão, depois de suavizada a cadência de Shakespeare e de acentuada a saturação.
Bea dá-lhe uma palmada nas costas.
— Viste como ela olhou para ti?
Ele pestaneja.
— O quê? Quem?
Bea revira os olhos.
— És um caso completamente perdido.
O átrio à sua volta encontra-se numa grande animação, e deambulam por entre a multidão quando outra pessoa agarra o braço de Henry. Uma rapariga, envergando um vestido boémio esfarrapado, com tinta verde a florescer como hera abstrata nas têmporas e nas faces, o que a destaca como uma das atrizes do espetáculo. Viu os mesmos vestígios na pele de Robbie dezenas de vezes nas últimas semanas.
A rapariga traz um pincel e uma taça com tinta dourada.
— Não estás decorado — diz com sinceridade sóbria, e, antes de pensar sequer em impedi-la, salpica-lhe as bochechas com pó dourado, o toque do pincel leve como uma pena. Àquela distância, consegue ver a cintilação suave nos olhos da rapariga.
Henry sobe o queixo.
— Como estou? — pergunta, fingindo um ar de modelo, e, apesar de estar a brincar, a rapariga exibe um sorriso sentido e responde:
— Perfeito.
É percorrido por um arrepio ao ouvir aquela palavra, e, de repente, está noutro lugar, com uma mão a segurar a sua, no escuro, um polegar a aflorar-lhe a face. Mas afasta o pensamento.
Bea deixa que a rapariga lhe pinte uma risca ao longo nariz, uma mancha dourada no queixo, consegue entrar num jogo de sedução durante uns bons trinta segundos, até que as campainhas tilintam pelo átrio, e a fada artística desaparece de novo por entre a multidão, enquanto os dois avançam para a porta da sala de espetáculos.
Henry dá o braço a Bea.
— Não achas que sou perfeito, pois não?
Ela ri-se, num ronco ligeiro.
— Deus, não.
E ele sorri, a contragosto, enquanto outro ator, um homem de pele escura com as faces pintadas de rosa-dourado, lhes entrega um ramo com as folhas demasiado verdes para ser verdadeiro. O seu olhar demora-se em Henry, bondoso e triste e brilhante.
Apresentam os bilhetes a uma senhora — uma mulher idosa, de cabelos brancos, com menos de um metro e cinquenta —, e esta agarra-se ao braço de Henry para se equilibrar enquanto lhes indica a sua fila. Dá-lhe umas palmadinhas no cotovelo quando os deixa, murmurando «Que lindo rapazinho», enquanto percorre o corredor em passos hesitantes.
Henry olha para o número no bilhete, e avançam de lado até aos seus lugares, um grupo de três, quase a meio da fila. Henry senta-se, com Bea de um dos lados, o lugar vazio do outro. O lugar reservado para Tabitha, porque, como é evidente, compraram os bilhetes há meses, quando ainda estavam juntos, quando tudo era um plural em vez de um singular.
Uma dor incómoda enche o peito de Henry, e este deseja ter dado dez dólares por uma bebida.
As luzes apagam-se, e a cortina sobe num reino de luzes fluorescentes e aço pintado a spray, e Robbie está no meio de tudo, recostado num trono, numa pose de puro rei maléfico.
O cabelo ondula numa vaga elevada, com fios de roxo e dourado a esculpirem as linhas do seu rosto em algo espantoso e estranho. E, quando sorri, é fácil lembrar como Henry se apaixonou, quando tinham 19 anos, um emaranhado de luxúria e solidão e sonhos remotos. E, quando Robbie fala, a sua voz é de cristal, refletindo-se pela sala de espetáculos.
— Esta — diz — é uma história de deuses.
O palco enche-se de atores, a música começa, e, por algum tempo, é fácil. Por algum tempo, o mundo desaba, e tudo aquieta à sua volta, e Henry desaparece.
Mais para o fim da peça, há uma cena que se fixará na mente de Henry, exposta como luz numa película.
Robbie, o rei da Bowery, ergue-se do seu trono enquanto a chuva cai numa cortina única, pelo palco, e, embora, instantes antes, este estivesse apinhado de gente, agora, subitamente, apenas Robbie se encontra ali. Este estende o braço, com a mão a aflorar a cortina de chuva, e esta afasta-se em torno dos seus dedos, do seu pulso, do seu braço, enquanto Robbie avança, centímetro a centímetro, até que todo o seu corpo se encontre por baixo da vaga.
Inclina a cabeça para trás, com a chuva a lavar ouro e purpurinas da pele, a alisar a onda perfeita de caracóis contra o seu crânio, a apagar todos os vestígios de magia, a devolvê-lo, de príncipe arrogante e lânguido, a rapaz; mortal, vulnerável, só.
As luzes apagam-se, e, por um longo momento, o único som na sala é o da chuva, a esbater-se de parede sólida até ao ritmo regular de um aguaceiro e, depois, ao matraquear suave de gotas sobre o palco.
E depois, finalmente, nada.
As luzes acendem-se, o elenco ocupa o palco, e toda a gente aplaude.
Bea aclama com entusiasmo e olha para Henry, com a alegria a escoar-se-lhe do rosto.
— O que se passa? — pergunta. — Pareces prestes a desmaiar.
Engole em seco, abana a cabeça.
Tem a mão a latejar e, quando olha para baixo, viu que cravou as unhas na cicatriz ao longo da palma, desenhando uma linha fresca de sangue.
— Henry?
— Estou bem — diz, limpando a mão ao assento de veludo. — Foi só... Foi bom.
Levanta-se e segue Bea até à saída.
A multidão reduz-se até ser fundamentalmente constituída por amigos e família, à espera de que os atores voltem a aparecer. Mas Henry sente os olhos, a atenção desviar-se como uma corrente. Para onde quer que olhe, encontra um rosto amigável, um sorriso caloroso, e por vezes mais.
Finalmente, Robbie aparece de rompante no átrio e lança os braços em volta de ambos.
— Os meus fãs extremosos! — diz, numa entoação cantarolada de ator.
Henry ri-se, num ronco, e Bea entrega-lhe uma rosa de chocolate, uma velha piada privada desde que Robbie um dia se queixara por ter de escolher entre chocolates e flores, e Bea lembrara que era Dia de São Valentim e que, para os espetáculos, as flores eram típicas. Mas Robbie disse que não eram típicas, perguntando, além disso, como faria se tivesse fome.
— Estiveste maravilhoso — diz Henry, e é verdade. Robbie é maravilhoso, sempre foi maravilhoso. A combinação de dança, música e teatro significaria arranjar trabalho em Nova Iorque. Ainda se encontra a algumas ruas da Broadway, mas Henry não tem dúvidas de que há de lá chegar.
Passa a mão pelo cabelo de Robbie.
Quando está seco, é da cor de açúcar caramelizado, um tom brônzeo algures entre o castanho e o vermelho, dependendo da luz. Mas agora ainda está molhado da cena final e, por um segundo, Robbie concentra-se no toque, apoiando o peso da cabeça na mão de Henry. O peito aperta-se, e tem de se lembrar de que o seu coração não é real, já não.
Henry dá palmadinhas nas costas do amigo, e Robbie endireita-se, como que ressuscitado, renovado. Ergue a rosa no ar, como um testemunho, e anuncia:
— E agora, vamos à festa!
Henry costumava pensar que as after-parties eram apenas para os últimos espetáculos, uma forma de o elenco se despedir, mas, entretanto, aprendeu que, para a malta do teatro, cada representação é um pretexto para celebrar. Para descer das nuvens ou, no caso do grupo de Robbie, para prolongar essa sensação.
É quase meia-noite, e estão apinhados num terceiro andar sem elevador do SoHo, com as luzes apagadas e a playlist de alguém a tocar através de duas colunas de sons sem fios. O elenco desloca-se pelo centro como uma veia, de rostos ainda pintados, mas já sem os fatos, presos entre as suas personagens de palco e os seus eus fora de cena.
Henry bebe uma cerveja morna e esfrega o polegar pela cicatriz da mão, naquilo que se está a transformar rapidamente num hábito.
Por algum tempo, tinha Bea para lhe fazer companhia.
Bea, que prefere claramente jantares festivos a festas de teatro, marcadores e lugares sentados a copos de plástico e deixas gritadas sobre aparelhagens de som. Uma companheira queixosa, encolhida num canto com Henry, a estudar a tapeçaria de atores, como se estivessem num dos seus livros de história de arte. Mas depois outro duende da Bowery arrastou-a consigo, e Henry gritou-lhe traidora nas costas, apesar de ficar contente por ver Bea de novo feliz.
Entretanto, Robbie dança no meio da sala, sempre o centro da festa.
Gesticula na direção de Henry para que se junte a ele, mas Henry abana a cabeça, ignorando a atração, o arrastar fácil da gravidade, os braços abertos, à espera, no fim da queda. No seu pior momento, formaram um casal perfeito, com divergências meramente gravitacionais. Robbie, que sempre conseguiu manter-se de pé, enquanto Henry se despenhava.
— Olá, jeitoso.
Henry vira-se, olhando por cima da bebida, e vê uma das personagens principais do espetáculo, uma rapariga espantosa com uns lábios vermelho-ferrugem e uma coroa de lírios brancos, com as purpurinas douradas das faces estampadas de modo a parecerem um grafiti. Olha para ele com um desejo tão aberto que se deveria sentir desejado, deveria sentir algo mais do que triste, só, perdido.
— Bebe comigo.
Os seus olhos azuis brilham enquanto exibe uma pequena bandeja, dois shots com algo pequeno e branco a dissolver-se no fundo. Henry pensa em todas as histórias sobre aceitar comida e bebida das fadas, mesmo quando estende a mão para o corpo. Bebe, e a primeira coisa que sente é a doçura, o ardor suave da tequila, mas depois o mundo começa a desfiar-se um pouco nas extremidades.
Quer sentir-se mais leve, sentir-se mais claro, mas a sala escurece, e sente uma tempestade ganhar terreno.
Tinha 12 anos quando a primeira se aproximou. Não a viu chegar. Um dia, o céu estava azul, no dia seguinte, as nuvens eram baixas e densas e, no outro, o vento levantou-se e a chuva caía a cântaros.
Passar-se-iam anos até Henry aprender a pensar nesses tempos sombrios como tempestades, a acreditar que passariam, se conseguisse simplesmente aguentar-se o tempo suficiente.
Claro que os pais tinham boas intenções, mas diziam-se sempre coisas como Anima-te ou Vai melhorar ou, pior, Não é assim tão mau, o que é fácil de dizer quando nunca se conheceu um dia de chuva. O irmão mais velho de Henry, David, é médico, mas continua sem conseguir perceber. A irmã, Muriel, diz que entende, que todos os artistas sofrem as suas tempestades, até lhe oferecer um comprimido da caixa de rebuçados que guarda na mala. Os seus chapelinhos de chuva cor-de-rosa, como lhes chama, a combinar com a metáfora dele; como se se tratasse apenas de um trocadilho inteligente e não a única forma de Henry os conseguir fazer compreender como é estar dentro da sua cabeça.
É apenas uma tempestade, volta a pensar, mesmo quando se afasta do local e dá uma desculpa qualquer sobre ir lá fora apanhar ar. Na festa está demasiado calor, e quer estar lá fora, quer ir até ao terraço, olhar para cima e ver que não está mau tempo, apenas estrelas, mas, claro, não há estrelas, pelo menos no SoHo.
Percorre metade do caminho até ao patamar e para, lembrando-se do espetáculo, da visão de Robbie à chuva, e estremece, decidindo descer em vez de subir, decidindo ir para casa.
E está quase à porta quando ela lhe agarra a mão. A rapariga com hera a serpentear-lhe pela pele.
A que o pintou de dourado.
— És tu — diz ela.
— És tu — diz ele.
A rapariga estende uma mão e limpa uma mancha dourada do rosto de Henry, e o contacto é como um choque de eletricidade estática, uma centelha de energia no ponto em que pele encontra pele.
— Não vás — diz ela, e ainda está a tentar pensar no que há de dizer a seguir quando ela o puxa para perto e ele a beija, depressa, à procura, e se afasta, quando a ouve ofegar.
— Desculpa — diz ele, uma palavra automática, como por favor, como obrigado, como estou bem.
Mas ela estende o braço e pega numa mão-cheia dos seus caracóis.
— Porquê? — pergunta ela, puxando-lhe a boca de volta à sua.
— Tens a certeza? — murmura ele, apesar de saber o que ela dirá, porque já viu a luz nos seus olhos, as nuvens claras a varrerem-lhe a visão. — É isto que queres?
Ele quer a verdade — mas não há verdade para si, já não, e a rapariga limita-se a sorrir e empurra-o contra a porta mais próxima, encostando-se a ele.
— É — diz — exatamente o que quero.
E logo de seguida estão num dos quartos, com a porta a fechar-se num estalido e a abafar os ruídos da festa, do outro lado da parede, e a boca dela está sobre a dele, e ele agora não lhe consegue ver os olhos no escuro, por isso é fácil acreditar que é real.
E, por algum tempo, Henry desaparece.