Londres, 2011
Laurel dirigira-se de imediato a Campden Grove; não sabia explicar ao certo porquê, apenas que estava convicta de que era isso que tinha a fazer. Lá bem no fundo, supunha que esperava bater à porta e descobrir que a pessoa que enviara o cartão de agradecimento à mãe ainda estava viva e morava lá. Na altura, parecera-lhe lógico; agora, porém, parada no átrio do número 7 — actualmente um edifício de apartamentos para alugueres de curta duração a turistas —, com o cheiro a desodorizante do ambiente de limão e a viajantes cansados a chegar-lhe às narinas, sentiu-se um tanto ou quanto ridícula. A senhora que estava na recepção, um espaço diminuto e atravancado, tornou a afastar o telefone do ouvido e a olhar para ela a fim de lhe perguntar se estava tudo bem, e Laurel assegurou-lhe que sim. Voltou concentrar o olhar na carpete suja e a enredar-se nos seus pensamentos.
Laurel não estava bem, nem por sombras; na verdade, estava deveras consternada. Sentira-se tão exultante na noite da véspera quando a mãe lhe falara a respeito de Henry Jenkins, acerca do homem que ele fora. Tudo fizera sentido e Laurel ficara com a certeza de que tinham chegado ao fim; que finalmente compreendia o que se passara naquele dia. Fora então que reparara no carimbo no selo e o seu coração tivera um sobressalto; estava segura de que era importante — mais do que isso, a descoberta tocara-lhe de uma forma pessoal, como se ela, Laurel, fosse a única pessoa capaz de desatar aquele derradeiro nó. Agora, porém, ali estava ela, enfiada naquele alojamento de três estrelas, em busca de uma agulha num palheiro, sem sítio algum onde procurar, sem nada que procurar e ninguém com quem falar que tivesse vivido durante a guerra. Qual era o significado daquele cartão? Quem fora que o enviara? Teria isso alguma importância? Laurel começava a pensar que não.
Acenou à recepcionista, que lhe murmurou «Adeus» sem largar o auscultador do telefone, e foi lá para fora. Acendeu um cigarro e pôs-se a fumá-lo, irritadiça. Ficara de ir buscar Daphne a Heathrow mais tarde; pelo menos, assim, não dava a viagem por completamente perdida. Lançou uma olhadela às horas. Ainda tinha uma larga espera à sua frente. O tempo estava ameno e agradável, o céu azul e límpido, estriado apenas pelos rastos perfeitos dos aviões a jacto de gente bem-sucedida — Laurel calculou que o melhor a fazer seria comprar uma sanduíche e ir dar um passeio pelo parque em volta do Serpentine. Ao puxar uma fumaça do cigarro, recordou-se da última vez que estivera em Campden Grove. O dia em que estivera à porta do número 25 e vira o rapazinho.
Laurel dirigiu o olhar para a casa. A casa de Vivien e Henry: o local onde ele lhe infligira maus-tratos em segredo; o local onde Vivien os suportara. De uma forma curiosa, depois de tudo o que lera nos diários de Katy Ellis, Laurel sabia mais da vida naquela casa do que da que se achava nesse momento atrás dela. Acabou de fumar o cigarro, a pensar, e inclinou-se para deitar a beata no cinzeiro da entrada dos apartamentos. Quando se tornou a endireitar, já tomara uma decisão.
*
Bateu à porta do número 25 de Campden Grove e aguardou. As decorações do Halloween já tinham desaparecido da janela e, no seu lugar, viam-se agora pendurados recortes coloridos de mãos infantis — em, pelo menos, quatro tamanhos diferentes. Era bom. Era bom que lá houvesse agora uma família a morar. Que as terríveis recordações do passado estivessem a ser substituídas por novas recordações. Ouvia barulhos no interior — não havia dúvida de que havia gente em casa —, contudo, como ninguém veio atender, tornou a bater. Deu meia-volta no patamar de ladrilho e dirigiu o olhar em frente, para o número 7, a tentar imaginar a mãe em nova, criada de uma senhora distinta, a subir aquelas escadas.
A porta atrás dela abriu-se e Laurel deparou-se com a mulher bonita que vira da última vez que ali estivera, com um bebé pendurado ao ombro.
— Oh, meu Deus! — exclamou ela, com os olhos azuis a pestanejar. — É... a senhora.
Laurel estava habituada a que a reconhecessem, mas detectou uma ligeira diferença no tom em que aquela mulher disse aquilo. Sorriu e a mulher corou, limpando a mão às calças de ganga e estendendo-a a Laurel em seguida.
— Desculpe — disse-lhe ela. — Mas que maneiras são as minhas? Eu sou a Karen e este aqui é o Humphrey... — assentou umas palmadinhas no traseiro almofadado e um emaranhado de caracóis louros mexeu-se ligeiramente no ombro dela, um olho azul a olhar para Laurel com timidez — ... e claro que eu sei quem a senhora é. É uma enorme honra conhecê-la, Menina Nicolson.
— Laurel, por favor.
— Laurel. — Karen mordeu ao de leve o lábio inferior, um gesto nervoso de agrado, e, em seguida, abanou a cabeça com ar incrédulo. — O Julian comentou comigo que a tinha visto, mas eu julguei... Ele às vezes... — sorriu. — Deixe lá... Está aqui. O meu marido vai ficar nas suas sete quintas quando a conhecer.
«A senhora é a amiga do papá.» Laurel teve uma sensação inabalável de que havia ali mais do que parecia à primeira vista.
— Sabe, ele nem sequer me avisou de que a Laurel vinha.
Laurel escusou-se a mencionar que não telefonara antecipadamente; ainda não sabia que pretexto usaria para justificar a sua vinda. Ao invés, sorriu.
— Entre, por favor. Eu vou só chamar o Marty ao sótão.
Laurel seguiu Karen para o hall atravancado, contornou o carrinho de bebé em forma de módulo lunar e atravessou um mar de bolas, papagaios de papel e sapatos minúsculos desirmanados até a uma sala de estar amena e soalheira. Havia estantes brancas do chão ao tecto, livros em todo o sítio e mais algum, desenhos infantis na parede lado a lado com fotografias de pessoas felizes e sorridentes. Laurel não tropeçou por um triz num corpo miúdo no chão; era o rapaz que vira da última vez, agora deitado de costas com os joelhos dobrados. Tinha um braço suspenso por cima da cabeça a animar um avião de Lego e estava a fazer ruídos de motor em surdina, completamente perdido na veracidade do voo do seu avião.
— Julian — disse-lhe a mãe. — Juju... vai num instante lá acima, meu amor, e diz ao papá que temos uma visita.
O rapaz olhou então para elas, pestanejando de volta à realidade; viu Laurel e a luz do reconhecimento brilhou-lhe nos olhos. Sem uma única palavra, sem sequer uma pausa vacilante no barulho do motor com que estava entretido, colocou o avião numa nova rota, levantou-se apressadamente e correu pela escada alcatifada acima.
Karen insistiu em pôr a chaleira ao lume, e, assim, Laurel instalou-se num sofá confortável com marcas de caneta de feltro na capa de guingão vermelha e branca e sorriu ao bebé, que estava sentado num tapete no chão, com o pezinho rechonchudo aos pontapés a uma roca.
Uma série de rangidos apressados chegou até ela, vinda das escadas, e um homem alto, atraente num estilo desmazelado, com cabelo castanho para o comprido e óculos de armação preta, surgiu à porta da sala de estar. O filho piloto entrou logo atrás dele. O homem estendeu uma manápula e rasgou um grande sorriso quando viu Laurel, abanando a cabeça muito admirado, como se ela fosse uma aparição que se tivesse materializado em sua casa.
— Santo Deus! — exclamou ele, quando as palmas das mãos de ambos se tocaram, e Laurel provou ser de carne e osso. — Ainda pensei que o Julian estivesse a pregar-me uma partida, mas, afinal, está mesmo aqui.
— Estou mesmo aqui.
— Eu sou o Martin — apresentou-se ele. — Pode tratar-me por Marty. E perdoe-me a minha incredulidade, só que... eu dou aulas de teatro no Queen Mary College, está a ver, e a senhora foi o tema da minha tese de doutoramento.
— A sério? — «A senhora é a amiga do papá.» Bom, o enigma estava explicado.
— Interpretações Contemporâneas das Tragédias de Shakespeare. É muito menos árida do que possa parecer pelo título.
— Imagino que sim.
— E agora... ei-la aqui. — Sorriu-lhe, franziu ligeiramente o sobrolho e, em seguida, tornou a sorrir. Riu-se, uma bela gargalhada. — Desculpe. É que é uma coincidência tão extraordinária.
— Falaste à Menina Nicolson... Laurel... — Karen corou ao entrar na sala — ... no avô? — Fez deslizar um tabuleiro com o serviço de chá para cima de uma mesa de centro, desbravando uma floresta de materiais de desenho infantis e sentou-se ao lado do marido no sofá. Sem sequer uma olhadela enviesada, estendeu uma bolacha a uma menina de caracóis castanhos que pressentira a chegada de guloseimas e aparecera vinda do nada.
— O meu avô — explicou-lhe Marty. — Foi ele quem me entusiasmou pelo meu trabalho. Eu sou fã, mas ele é religioso. Nunca perdeu uma única das suas peças.
Laurel sorriu, satisfeita, mas a fazer por disfarçar; estava encantada com aquela família e a sua casa deliciosamente desarrumada.
— Alguma deverá com certeza ter perdido.
— Nunca.
— Conta à Laurel aquilo do pé dele — sugeriu-lhe Karen, esfregando afectuosamente o braço do marido.
Marty riu-se.
— Houve um ano em que o meu avô partiu um pé e obrigou o médico a dar-lhe alta do hospital mais cedo para poder assistir a Como lhe Aprouver. Ele costumava levar-me com ele quando eu ainda era tão pequeno que precisava de três almofadas só para conseguir ver a cadeira à minha frente.
— Parece-me um homem de excelente gosto. — Laurel estava a namoriscar não apenas com Marty mas com a família toda; sentia o seu valor reconhecido. Ainda bem que Iris não estava ali para assistir.
— Era, sem dúvida — disse Marty com um sorriso. — Eu gostava muito dele. Já faleceu vai para dez anos, mas não passa um único dia em que eu não sinta a falta dele. — Ajeitou os óculos de armação preta na cana do nariz e disse: — Mas já chega de falar a nosso respeito. Desculpe... A culpa foi da minha surpresa ao vê-la... Ainda nem sequer lhe perguntámos o motivo da sua visita. Imagino que não terá sido para ouvir falar no meu avô.
— Na verdade, trata-se de uma história bastante comprida — adiantou-lhe Laurel, pegando na chávena de chá que lhe era oferecida e misturando-lhe um pouco de leite. — Tenho andado a investigar a história da minha família, em particular do lado materno, e acontece que em tempos ela... — Laurel hesitou — ... foi amiga das pessoas que moravam nesta casa.
— E quando terá sido isso, saberá por acaso?
— No final da década de 1930, nos primeiros anos da guerra.
Um nervo repuxou a sobrancelha de Marty.
— Mas que extraordinário!
— Como é que se chamava a amiga da sua mãe? — perguntou-lhe Karen.
— Vivien — respondeu-lhe Laurel. — Vivien Jenkins.
Marty e Karen trocaram um olhar e Laurel olhou para um e depois para o outro.
— Eu disse alguma coisa estranha? — indagou.
— Não, estranha não, só que... — Marty sorriu, olhando para as mãos à medida que organizava os seus pensamentos — ... esse nome é muito conhecido aqui.
— A sério? — O coração de Laurel começara a entrar em alvoroço. Eles eram descendentes de Vivien, isso era óbvio. Uma criança cuja existência Laurel desconhecia, um sobrinho...
— Trata-se de uma história bastante peculiar, na verdade, uma daquelas que entraram na lenda da família.
Laurel assentiu com a cabeça em grande expectativa, desejosa de que ele continuasse enquanto bebia um gole de chá.
— O meu bisavô Bertie herdou esta casa, está a ver, durante a Segunda Guerra Mundial. Ao que consta, ele era uma pessoa doente e muito pobre; trabalhara toda a vida, mas os tempos eram difíceis... afinal de contas, o país estava em guerra... e morava num apartamento acanhado próximo de Stepney, onde uma vizinha idosa tratava dele, quando um dia, sem que nada o fizesse esperar, recebeu a visita de um advogado todo elegante a informá-lo de que ele herdara esta casa.
— Não estou a perceber — admitiu Laurel.
— Nem ele, na altura — disse Marty. — Mas o advogado foi muito claro quanto ao assunto. Uma mulher chamada Vivien Jenkins, de quem o meu bisavô nunca ouvira falar, fizera dele o único beneficiário do seu testamento.
— Ele não a conhecia?
— Nunca na vida tinha ouvido falar nela.
— Mas isso é muito estranho.
— Sou da mesma opinião. E, a princípio, ele recusou-se a pôr aqui os pés. Sofria de demência; não gostava de mudanças; pode imaginar o choque que não foi para ele... E, como tal, continuou onde estava e a casa ficou vazia, até que o filho, o meu avô, voltou da guerra e conseguiu convencer o velhote de que não era uma vigarice.
— Então, o seu avô conhecia a Vivien?
— Sim, mas nunca falara dela. Era uma pessoa bastante aberta, o meu avô, mas havia certos assuntos sobre os quais nunca se pronunciava. A Vivien era um deles; o outro era a guerra.
— Creio que não é um caso raro — opinou Laurel. — Tendo em conta todos os horrores por que aqueles pobres homens passaram.
— Sim. — O rosto dele abateu-se num esgar de tristeza. — Mas, no caso do meu avô, foi mais do que isso.
— Ai sim?
— Ele foi obrigado a alistar-se quando estava na prisão.
— Ah, agora compreendo.
— Ele foi bastante parco quanto aos pormenores, mas eu fiz as minhas indagações. — Marty afivelou um ar um tanto ou quanto envergonhado e baixou a voz ao prosseguir: — Encontrei um cadastro da polícia que dizia que, numa noite de 1941, o meu avô foi pescado do Tamisa, quase morto de pancada.
— Por quem?
— Não sei ao certo, mas foi enquanto estava no hospital que a polícia o foi buscar. Tinham enfiado na cabeça que ele estava envolvido numa tentativa de chantagem qualquer e levaram-no para ser interrogado. Um mal-entendido, ele sempre jurou a pés juntos e, se conhecesse o meu avô, sabia que ele não mentia, mas os polícias não acreditaram nele. De acordo com o cadastro, quando o encontraram, ele trazia um cheque ao portador, mas recusava-se a dizer quem lho tinha dado. Enfiaram-no na prisão; como não tinha dinheiro para pagar a um advogado, claro, e como a polícia não tinha provas para o manter preso, alistaram-no. É curioso, mas ele costumava dizer que eles lhe salvaram a vida.
— Salvaram-lhe a vida? Mas como?!
— Não faço ideia, também nunca consegui perceber isso. Talvez fosse uma piada... Era um brincalhão, o meu avô. Mandaram-no para França em 1942.
— E ele nunca tinha estado no exército?
— Não, ele assistia aos combates... esteve em Dunkirk, a propósito... mas não andava armado. Levava uma máquina fotográfica. Era fotógrafo de guerra. Venha comigo que eu mostro-lhe algumas das fotografias dele.
*
— Meu Deus! — exclamou Laurel, enquanto examinava as fotografias a preto e branco que revestiam a parede. — O seu avô chamava-se James Metcalfe.
Marty sorriu cheio de orgulho.
— Nem mais. — Endireitou a moldura de uma fotografia.
— Eu estou a reconhecer estas. Vi-as numa exposição no Victoria & Albert, há cerca de uma década.
— Isso foi logo a seguir à morte dele.
— O trabalho dele é incrível. Sabe, quando eu era miúda, a minha mãe tinha uma das fotografias dele na parede, uma pequena... Aliás, ainda tem. Costumava dizer-nos que a ajudava a lembrar-se da família; do que lhes aconteceu. Morreram todos no bombardeamento aéreo a Coventry.
— Lamento saber isso — afirmou Marty. — Deve ter sido terrível. Nem consigo imaginar tal coisa.
— As fotografias do seu avô ajudam a dar uma ideia. — Laurel observou cada imagem por sua vez. Eram de facto excepcionais; pessoas cujas casas haviam sido destruídas durante os bombardeamentos, soldados nos campos de batalha. Havia uma de uma menina com uma indumentária estranha, sapatos de sapateado e calças grandes de mais para ela. — Gosto desta aqui — disse ela.
— Essa é a minha tia Nella — disse Marty, sorridente. — Bom, nós tratávamo-la por tia, embora ela não fosse da família. Era uma órfã de guerra, a fotografia foi tirada na noite em que a família dela morreu. O meu avô manteve-se sempre em contacto com ela e, quando regressou da guerra, ele pôs-se à procura dela e descobriu que fora adoptada por uma família. A amizade dos dois durou até ao fim da vida.
— Que coisa tão bonita!
— Ele era assim, uma pessoa muito leal. Sabe, antes de se casar com a minha avó, foi à procura de uma antiga namorada só para ter a certeza de que ela estava bem. Nada o teria impedido de se casar com a minha avó, claro... eles estavam apaixonadíssimos um pelo outro... mas ele disse que era uma coisa que não podia deixar de fazer. Os dois tinham-se separado durante a guerra e, após o regresso, ele só a vira uma vez e, ainda assim, de longe. Ela estava na praia com o marido, e o meu avô não os quis incomodar.
Laurel ouvia ao mesmo tempo que assentia com a cabeça, quando, subitamente, as peças se ajustaram como num caleidoscópio: Vivien Jenkins deixara a casa à família de James Metcalfe. James Metcalfe, com o seu velho pai doente... Bom, só podia ser Jimmy, não era? Tinha de ser. O Jimmy da mãe e o homem por quem Vivien se apaixonara, contra quem Katy a prevenira, receosa do que Henry seria capaz, caso descobrisse. O que significava que a mãe fora a mulher cujo paradeiro Jimmy procurara antes de se casar. Laurel sentiu as forças a faltarem-lhe, e não apenas porque era à mãe que Marty se referia; havia qualquer coisa a puxar pela sua própria memória.
— O que foi? — perguntou-lhe Karen, apreensiva. — Parece que viu um fantasma.
— E-eu a-acabei — balbuciou Laurel. — Eu acabei de ter uma ideia do que poderia ter acontecido ao seu avô, Marty. Eu acho que sei a razão por que ele foi agredido; quem foi que o deixou às portas da morte.
— Ai sim?
Ela confirmou com um aceno de cabeça, sem saber por onde começar. Havia tanto que dizer.
— Vamos voltar para a sala — sugeriu Karen. — Vou fazer mais chá. — Arrepiou-se, toda entusiasmada. — Ah, pode ser tolice minha, admito, mas não acham que é maravilhoso solucionar um mistério?
Estavam a preparar-se para sair do escritório quando Laurel reparou numa fotografia que lhe cortou a respiração.
— É tão bonita, não é? — comentou Marty, sorrindo ao dar conta da direcção do olhar dela.
Laurel assentiu com a cabeça e já tinha na ponta da língua «É a minha mãe», quando Marty lhe disse:
— É ela, é a Vivien Jenkins. A mulher que deixou esta casa ao Bertie.