O fim da linha, Maio de 1941
Vivien fez o resto da viagem a pé. O comboio viera apinhado de soldados e londrinos de ar exausto — não havia lugares sentados, mas um passageiro oferecera-lhe o seu. Havia vantagens, constatou ela, em estar com aspecto de quem tinha acabado de ser resgatada de um local atingido por uma bomba. Havia um jovem sentado à sua frente, uma mala no colo e um frasco bem seguro entre as mãos. Continha, imagine-se só, um peixinho dourado, e de cada vez que o comboio abrandava, ou ganhava velocidade, ou parava com um solavanco num desvio à espera de um alerta, a água agitava-se dentro do frasco, e ele levantava-o para se certificar de que o peixe não entrava em pânico. Os peixes entravam em pânico? Vivien estava certa de que não, embora a ideia de estar encurralada dentro de um frasco de vidro fizesse qualquer coisa dentro dela contrair-se a tal ponto que ficava sem poder respirar.
Quando não estava atento ao peixe, o rapaz entretinha-se a observar Vivien, os seus grandes olhos azuis sombrios a avaliar-lhe as mazelas, o casaco branco e grosso apesar de a Primavera já estar no fim. Ela sorriu-lhe ligeiramente quando os olhares de ambos se cruzaram, ao fim de cerca de uma hora de viagem, e ele fez o mesmo, mas apenas ao de leve. Vivien interrogou-se, por entre os outros pensamentos que lhe inundavam o espírito e se digladiavam pela sua atenção, quem seria o rapaz e porque estaria ele a viajar sozinho em plena guerra, mas coibiu-se de lhe fazer perguntas — estava demasiado nervosa para falar com alguém, com receio de se denunciar.
Havia um autocarro que servia a cidade de meia em meia hora — quando se estavam a aproximar-se da estação, ouvira duas senhoras de idade a gabar-lhe a admirável pontualidade —, mas Vivien decidira ir a pé. Não conseguia libertar-se da sensação de que apenas estando em constante movimento se conseguiria manter a salvo.
Um automóvel abrandou atrás dela e Vivien sentiu cada nervo do seu corpo retesar-se. Perguntou-se se algum dia deixaria de ter medo. Não até Henry morrer, disso tinha a certeza, pois só então seria completamente livre. O motorista era um homem trajado com uma farda que ela não reconheceu. Imaginou o aspecto que não deveria ter aos olhos dele: uma mulher com um casaco de Inverno, com a cara num estado lastimável, uma mala na mão, a caminho da cidade, sozinha.
— Boa tarde — cumprimentou-a ele.
Sem virar a cabeça, ela acenou-lhe em resposta. Tinham passado quase vinte e quatro horas, constatou, desde a última vez que falara em voz alta. Era uma superstição disparatada, mas não era capaz de se abstrair da sensação de que, caso abrisse a boca, estaria tudo perdido, que, sem saber bem como, Henry conseguiria ouvi-la, ou, então, um dos seus amigalhaços, e nessa altura viria no encalço dela.
— Vai para a cidade? — indagou o homem ao volante.
Vivien tornou a acenar com a cabeça, mas sabia que mais tarde ou mais cedo teria de lhe responder, quanto mais não fosse para lhe assegurar de que não era uma espia alemã. A última coisa de que precisava era de se ver arrastada para a esquadra da polícia local por algum voluntário arrogante da Defesa Civil, ansioso por desmascarar a invasão.
— Eu posso dar-lhe boleia, se quiser — prontificou-se ele. — O meu nome é Richard Hardgreaves.
— Não. — A sua voz estava rouca da falta de uso. — Obrigada, mas gosto de andar a pé.
Foi a vez dele de acenar com a cabeça. Lançou uma olhadela através do pára-brisas para a direcção em que seguia e depois tornou a voltar-se para Vivien.
— Vai visitar alguém na povoação?
— Vou entrar para um novo emprego — respondeu-lhe ela. — Na pousada Mar Azul.
— Ah! A pousada da Sr.ª Nicolson. Bom, nesse caso, vemo-nos na cidade, com certeza, Menina...?
— Smitham — disse ela. — Dorothy Smitham.
— Menina Smitham — repetiu ele com um sorriso. — Encantado. — E, dito isto, despediu-se dela com um ligeiro aceno e prosseguiu o seu caminho.
Dorothy esperou que o automóvel desaparecesse para lá da crista de uma colina verdejante e, em seguida, derramou lágrimas de alívio. Falara e não sucedera nada de trágico. Uma conversa com um desconhecido, a quem dera o seu novo nome, e nem por isso o céu lhe desabara em cima, nem a terra se rasgara para a engolir. Com uma respiração prolongada e cautelosa, permitiu-se alimentar a ténue réstia de esperança de que talvez tudo acabasse por correr bem. De que lhe seria concedida uma segunda oportunidade. O ar cheirava a sal e mar e um bando de gaivotas movimentava-se em círculos no céu distante. Dorothy Smitham pegou na mala e seguiu em frente.
*
No final, fora a velhota de Rillington Place quem lhe dera a ideia. Quando Vivien abrira os olhos no meio do prédio bombardeado, rodeada de poeira por todos os lados, e tomara consciência de que, por estranho que pudesse parecer, ainda estava viva, começara a chorar. Ouvia sirenes, assim como as vozes de homens e mulheres bondosos e destemidos que acorriam ao local para apagar as chamas, ajudar os feridos e levar os mortos. Porquê, interrogou-se ela, não se encontraria ela entre eles — porque não lhe daria a vida uma trégua?
Nem sequer estava muito ferida — Vivien tinha prática em avaliar a gravidade dos ferimentos. Caíra-lhe qualquer coisa em cima, uma porta, ao que parecia, mas havia uma brecha e ela conseguiu libertar-se. Sentou-se, estonteada, às escuras. Estava frio, um frio de enregelar, e ela tremia. Não conhecia bem o quarto, mas sentiu uma coisa felpuda debaixo da mão — um casaco! — e puxou-o para o soltar de debaixo da porta. Descobriu uma lanterna no bolso do casaco e, quando apontou o seu fino feixe de luz, constatou que Dolly estava morta. Pior do que morta, fora esmagada por tijolos e reboco do tecto e um grande baú de metal que se despenhara do sótão.
Vivien sentiu náuseas, de choque, de dores e da terrível desilusão de ter falhado na missão a que se propusera; levantou-se a custo. O tecto desaparecera e ela via agora o céu e as estrelas; estava a contemplá-las, com dificuldade em manter o equilíbrio, a perguntar-se quanto tempo faltaria para Henry conseguir dar com ela quando ouviu a velhota a gritar:
— Menina Smitham, a Menina Smitham está viva!
Vivien virou-se na direcção da voz, atordoada, porque sabia que Dolly estava tudo menos viva. Já se preparava para dizer isto mesmo, indicando em vão o corpo de Dolly, mas não conseguiu proferir uma única palavra, apenas um som áspero e superficial, e a velhota continuava a gritar que a Menina Smitham estava viva, enquanto apontava para Vivien, e foi então que ela deu pelo engano da proprietária.
Era uma oportunidade. Apesar das dores de cabeça e da confusão que lhe ia no espírito, Vivien compreendeu de imediato que lhe fora dada uma oportunidade. Aliás, no rescaldo alarmante de uma explosão em cheio, tudo lhe parecia de uma simplicidade notável. Uma nova identidade, uma nova vida, era tão fácil de adquirir como o casaco que encontrara às escuras. Ninguém sairia prejudicado; não restava ninguém a quem prejudicar — Jimmy morrera, ela fizera tudo o que podia pelo Sr. Metcalfe. Dorothy Smitham não tinha família e não havia ninguém para chorar a morte de Vivien — e, assim, ela aproveitou-a. Tirou a aliança de casamento e agachou-se no escuro, enfiando-a no dedo de Dolly. Havia barulho por todo o lado: os gritos das pessoas, o vaivém das ambulâncias, os escombros que ainda se soltavam e depositavam na escuridão fumegante, mas Vivien só ouvia o coração que lhe martelava o peito — não de medo, mas de determinação. A proposta de emprego ainda estava agarrada na outra mão de Dolly e Vivien encheu-se de coragem, pegou na carta da Sr.ª Nicolson e enfiou-a no bolso do casaco branco. Já lá havia outras coisas, um pequeno objecto duro e um livro, constatou ela, quando os dedos lhe tocaram de raspão, mas não se demorou a ver de qual se tratava.
— Menina Smitham? — Um homem de capacete encostara a escada à beira do piso em ruínas e trepara por ela de modo a colocar-se ao nível dos pés dela. — Não se aflija, menina, que nós vamos tirá-la daí. Não tarda, vai ver que fica tudo bem.
Vivien olhou para ele e, por uma vez sem excepção, interrogou-se se poderia ser verdade.
— A minha amiga — disse ela com voz rouca, acendendo a lanterna para indicar o corpo no chão. — Ela está...?
O homem lançou uma olhadela a Dolly, a cabeça esmagada debaixo do baú de metal, os membros estendidos numa posição inconcebível.
— Santo Deus! — exclamou ele. — Eu diria que sim. É capaz de me dar o nome dela? Há alguém que precisemos de contactar?
Vivien assentiu com a cabeça.
— O nome dela é Vivien. Vivien Jenkins, e tem um marido que precisa de ser informado de que ela não irá voltar para casa.
*
Dorothy Smitham passou os restantes anos de guerra a fazer camas e a limpar o que os hóspedes da pousada da Sr.ª Nicolson sujavam. Manteve a cabeça baixa, esforçou-se por não fazer nada capaz de chamar demasiado a atenção, nunca aceitou convites para bailes. Esfregava, lavava e varria e, à noite, quando fechava os olhos para dormir, tentava não ver o olhos de Henry a fitá-la no escuro.
Durante o dia, mantinha os seus próprios olhos bem abertos. A princípio, via-o por toda a parte: a passada familiar altiva de um homem que percorria o cais, as feições maduras e grosseiras de um desconhecido que passava por ela, uma voz que se exaltava na multidão e que a deixava arrepiada. Com o tempo, começou a vê-lo cada vez menos, o que foi para ela um alívio, mas nunca baixou a guarda, porque Dorothy sabia que um dia ele acabaria por encontrá-la — era apenas uma questão de onde e quando — e fazia tenções de estar preparada para o receber.
Enviou um único postal. Ao fim de seis meses, mais coisa menos coisa, na pousada Mar Azul, escolheu a imagem mais bonita que encontrou — um grande navio de passageiros, do género que as pessoas apanhavam para viajar de um extremo do mundo ao outro — e escreveu no verso: «O tempo aqui está magnífico. Estamos todos bem. Por favor, destrua depois de ler», e endereçou-o à sua queria amiga — a sua única amiga —, a Menina Katy Ellis, no Yorkshire.
*
A vida ganhou ritmo. A Sr.ª Nicolson mantinha a rédea curta, o que convinha a Dorothy na perfeição: havia qualquer coisa de profundamente terapêutico em ser obrigada a manter-se dentro de padrões militares de excelência doméstica e a necessidade premente de puxar o lustro aos corrimões das escadas («Sem desperdícios, Dorothy... E estamos em guerra, não sei se sabe?») até ficarem um brinco.
E foi então que num dia de 1944, cerca de um mês após os desembarques do Dia D, estava ela a chegar a casa vinda da mercearia quando se deparou com um homem de farda sentado à mesa da cozinha. Era mais velho, claro, e em pior estado, mas ela reconheceu de imediato o rapaz de ar entusiástico da fotografia que a mãe tinha emoldurada, qual relíquia, em cima da lareira da sala de jantar. Dorothy já lhe esfregara o vidro muitas vezes e conhecia-lhe tão bem o olhar sincero, os contornos das maçãs do rosto, a covinha no queixo, que corou quando o viu ali sentado, como se tivesse andado todos aqueles anos a espreitá-lo pelo buraco da moldura.
— É o Stephen — disse-lhe ela.
— Sou. — Ele apressou-se a levantar para a ajudar com o saco de papel da mercearia.
— Eu sou a Dorothy Smitham. Trabalho para a sua mãe. Ela sabe que aqui está?
— Não — respondeu ele. — A porta lateral estava aberta e eu aproveitei para entrar.
— Ela está lá em cima. Deixe estar que eu vou...
— Não... — Ele disse isto precipitadamente, o rosto contraído num sorriso envergonhado. — Isto é, é muito amável da sua parte, Menina Smitham, e eu não quero que fique com má impressão minha. Adoro a minha mãe... afinal, devo-lhe a vida... mas, se não se importar, prefiro ficar aqui uns momentos sentado a desfrutar da paz e do sossego, antes que o meu verdadeiro serviço militar comece...
Dorothy riu-se e a sensação apanhou-a de surpresa. Apercebeu-se de que era a primeira vez que se ria desde que chegara de Londres. Muitos anos mais tarde, quando os filhos lhes pediam que lhes contasse (outra vez!) a história de como se tinham apaixonado, Stephen e Dorothy Nicolson falavam-lhes da noite em que tinham ido até à beira do cais em ruínas e começado lá a dançar. Stephen levara o velho gramofone e tinham posto música a tocar, esquivando-se aos buracos nas tábuas de madeira ao som de «By the Light of the Silvery Moon». Depois, Dorothy escorregara e caíra ao tentar equilibrar-se em cima do parapeito (pausa para conselho paternal: «Nunca devem tentar equilibrar-se em parapeitos altos, queridos»), e Stephen, sem sequer descalçar os sapatos, atirara-se à água para a ir salvar — «E foi assim que eu pesquei a vossa mãe», costumava ele dizer, e de todas as vezes os filhos desatavam na risota, ao imaginar a mãe a ser puxada por uma cana de pesca — e depois os dois tinham-se sentado na areia, porque era Verão e a noite estava amena, e tinham comido amêijoas de um copo de papel e passado horas na conversa, até que o Sol irrompera rosado no horizonte e tinham regressado ao Mar Azul, certos, sem precisarem de trocar uma única palavra, de que estavam apaixonados um pelo outro. Era uma das histórias preferidas dos filhos, a imagem que lhes dava dos pais a caminhar pelo cais, encharcados até aos ossos, a mãe como um espírito livre, o pai como um herói — mas, lá no fundo, Dorothy sabia que, sob um certo aspecto, se tratava de uma fantasia. Apaixonara-se pelo marido muito antes disso. Apaixonara-se por ele naquele dia em fora dar com ele na cozinha e ele a pusera a rir.
A lista dos atributos de Stephen, tivesse ela alguma vez sido convidada a escrevê-la, teria sido muito longa. Era corajoso e protector, era divertido; era paciente com a mãe, mesmo sendo ela o género de mulher cuja conversa mais amigável destilava ácido suficiente para fazer descascar a tinta das paredes. Tinha umas mãos fortes e fazia coisas habilidosas com elas: era capaz de consertar praticamente tudo, e sabia desenhar (embora não tão bem quanto gostaria). Era atraente e tinha uma maneira de olhar para ela que deixava a pele de Dorothy a arder de desejo; era um sonhador, mas não ao ponto de se perder nas suas fantasias. Apreciava música e tocava clarinete, canções de jazz que Dorothy adorava, mas que punham os nervos da mãe em franja. Às vezes, enquanto Dorothy ficava sentada de pernas cruzadas no assento da janela do quarto dele a vê-lo tocar, a Sr.ª Nicolson levava a vassoura para o piso de baixo e punha-se a bater com a ponta do cabo no tecto, o que fazia Stephen tocar ainda mais alto e mais ao estilo jazz, e Dorothy ria-se tanto que tinha de tapar a boca com as mãos. Transmitia-lhe segurança.
No primeiro lugar da lista, porém, aquilo que ela mais estimava acima de tudo o resto, era a sua força de carácter. Stephen Nicolson tinha a força das suas convicções: nunca se deixava vergar aos caprichos do amor e Dorothy apreciava isso; havia um certo risco, acreditava ela, no amor que levava as pessoas a agir de forma atípica.
E, para além disso, tinha um grande respeito pelos segredos alheios.
— Tu não falas muito sobre o teu passado — observara ele certa noite, quando estavam os dois sentados na areia.
— Pois não.
O silêncio prolongou-se entre ambos sob a forma de um ponto de interrogação, mas ela não adiantou mais nada.
— E porquê?
Dorothy soltou um suspiro, mas este foi apanhado pela brisa marítima nocturna e levado dali em surdina. Sabia que a mãe lhe andara a segredar ao ouvido; mentiras horríveis acerca do seu passado, destinadas a convencê-lo de que seria melhor para ele esperar mais um tempo, sair com outras mulheres, pensar em assentar com uma boa rapariga da terra, alguém que não tivesse «hábitos de Londres» entranhados. Tal como sabia que Stephen respondera à mãe que gostava de mistérios, que se soubéssemos tudo o que havia a saber a respeito de uma pessoa antes de atravessarmos a rua para a cumprimentar, a vida seria muito monótona. Dorothy disse-lhe:
— Pela mesma razão, suspeito eu, que tu não falas muito sobre a guerra.
Stephen pegou-lhe na mão e beijou-lha.
— Parece-me fazer todo o sentido.
Dorothy sabia que um dia lhe haveria de contar o que se passara, mas tinha de avançar com cautela. Stephen era o género de homem que haveria de ir direito a Londres para ajustar contas com Henry. E Dorothy não queria perder mais ninguém às mãos de Henry Jenkins.
— Tu és um bom homem, Stephen Nicolson.
Ele abanava a cabeça; ela sentia-lhe a testa movimentar-se contra a dela.
— Não — insistia. — Sou só um homem.
Dorothy não o contrariou, mas pegou-lhe na mão e encostou a face delicadamente no ombro dele, no escuro. Já conhecera outros homens antes, tanto bons como maus, e Stephen Nicolson era um bom homem. O melhor de todos eles. Fazia-lhe lembrar outro homem que em tempos conhecera.
*
Dorothy pensava em Jimmy, naturalmente, da mesma maneira que continuava a pensar nos irmãos e nos pais. Ele fora residir com eles naquela casa de madeira subtropical, sendo bem recebido pelos Longmeyer da sua imaginação. Não lhe era difícil imaginá-lo lá, para além do véu; Jimmy sempre lhe recordara os homens da sua família. A sua amizade fora uma luz na escuridão, dera-lhe esperança e, quem sabe, se tivessem tido oportunidade para se conhecerem com mais tempo e mais a fundo, não se teria consolidado no tipo de amor que ela encontrava em Stephen. Mas Jimmy pertencia a Vivien e Vivien morrera.
Certa vez, tivera a impressão de o ver. Foi uns anos depois do casamento, e ela e Stephen estavam a passear de mãos dadas à beira-mar quando ele se inclinou para a beijar no pescoço. Dorothy riu-se e esquivou-se-lhe, adiantando-se a ele e espreitando por cima dos ombros para lhe dizer qualquer coisa provocadora. E fora então que reparara num vulto na praia, muito ao longe, a observá-los. Susteve a respiração ao reconhecê-lo, à medida que Stephen a apanhava e a pegava ao colo. Mas era apenas a sua imaginação a pregar-lhe partidas, pois, quando se tornou a virar para ele, já tinha desaparecido.