O reativo x o contemplativo
O comportamento contemplativo combate a forma mais negativa pela qual um homem pode se expressar, definida na Cabala como reatividade.
Exemplos de reatividade sempre foram abundantes no mundo e continuam sendo nos dias de hoje:
Amizades rompidas pelo calor de uma discussão.
Situações trágicas de violência ocasionadas por brigas totalmente desnecessárias.
Casamentos destruídos por insistentes e cansativos combates diários.
A reatividade se baseia em uma lógica muito simples: se alguém xingar você, xingue de volta. Se alguém bater em você, bata de volta. Parece que funciona, que alivia, mas, na verdade, esse tipo de comportamento só joga a pessoa para baixo.
Se você reage por impulso na hora em que é agredido, pode até se sentir um pouco melhor naquele momento, um pouco aliviado. Mas, posteriormente, terá de lidar com as consequências destrutivas de sua ação reativa. E isso vai causar um efeito posterior muito negativo.
Um exemplo característico do comportamento reativo aconteceu na Copa do Mundo de 2006. Havia um jogador brilhante, a minutos do encerramento de uma grande carreira. Um jogador fora de série, com uma técnica apurada, um tipo em extinção nos dias de hoje. Repleto de qualidades profissionais e pessoais, Zinedine Zidane estava à beira de completar uma etapa de realização em sua vida.
Então aconteceu o improvável. Já na prorrogação daquele que era o último jogo de sua carreira, numa final de Copa do Mundo, ele cedeu ao comportamento reativo: como um animal selvagem, agrediu com uma cabeçada um colega de profissão.
Foi o bastante. Um único gesto reativo, totalmente desprovido de Luz, comandado pelo impulso da raiva, fez com que sua carreira se encerrasse com a marca da violência.
Mas nem sempre a reatividade de um indivíduo é medida por seus aspectos exteriores. Muitas vezes ele sente raiva e a guarda dentro de si. Dessa forma, o impulso reativo se volta para dentro. Em vez de ser descarregada no outro, a raiva fica guardada. Mas, como o sentimento é o mesmo e a maneira de encarar a situação é a mesma, o efeito destrutivo acaba por vir. E assim surgem muitas doenças.
Existe, no entanto, uma maneira totalmente diferente de se posicionar diante dos obstáculos: ao se sentir agredido, em vez de reagir movido pelo impulso da raiva, injete Luz na situação e assuma as rédeas do problema. Assim, sua reação deixará de ser guiada pela inclinação negativa e você trocará a sombra pela Luz.
Digamos que sua situação financeira esteja difícil. Você já não sabe mais como reverter o processo para dar conta de suas despesas fixas e, para seu total desespero, recebe uma despesa extra.
Pelo comportamento reativo, a tendência é reclamar muito. Você vai se encher de palavras e pensamentos negativos e, dessa forma, desperdiçará preciosos momentos de sua vida.
Outra opção é agir contemplativamente. Nesse caso, ao receber a conta, procure meditar, orar, trazer um pouco de Luz para aquela questão. Retire-a da perspectiva reduzida do mundo físico. Assim você injeta Luz por trás das cortinas e acessa a verdadeira realidade, onde se localiza a raiz do problema.
Lembre-se que, ao olhar para uma árvore, você enxerga o tronco, os galhos e as folhas. Mas o que realmente sustenta a árvore são suas raízes, e isso você não vê. Não é que elas não existam; você apenas não pode vê-las. É assim que funciona. Ao tornar-se contemplativo, você aprende a incluir uma nova etapa no processo. No intervalo entre o estímulo e a reação, você insere uma respiração, uma meditação, uma oração, enfim, uma ferramenta do mundo não aparente, que vai fazer a reconexão com a Luz.
Tendo ou não um caminho espiritual, você pode estar certo de que os obstáculos estarão sempre presentes. Eles fazem parte da nossa vida. Ao superá-los, nos tornamos seres melhores. Foi por isso que Jacob se tornou Israel.