O Deserto

O segundo nível de realidade é chamado de DESERTO. Como o próprio nome indica, é um espaço ocupado pelo vazio. Diferentemente do Egito, onde existem muitas pirâmides e estátuas, no Deserto não há lugar para o excesso. Ninguém sobrevive no Deserto carregando muita coisa.

Nesse nível de realidade intermediária é possível, mesmo que por curtos momentos, sair do estado de visão estreita. Mas não é fácil avançar para o Deserto. Pense bem: no Egito você não tinha esperanças de ser livre, mas também corria menos riscos. Você falava mal de tudo o tempo todo, mas também não tinha ideia do que esse comportamento trazia para a sua vida.

No Deserto é diferente: lá, mesmo praticando a maledicência, você já tem a consciência de que ela é apenas fruto do que existe dentro de você. E é muito difícil olhar para dentro de si mesmo. Entretanto, é nesse caminho desconhecido e sem garantias que reside a esperança de se encontrar a plena liberdade.

Por isso Moisés precisou guiar o seu povo durante 40 anos. O estudo geográfico da região mostra que alguns meses seriam suficientes para cumprir essa trajetória. Mas a Bíblia não quer descrever um deslocamento físico, e sim, na verdade, uma mudança de consciência.

Por ser um grande mestre, Moisés guiou o seu povo por esse lugar inóspito. Juntos passaram por ataques vindos do exterior, privações, falta de comida, doenças e muitos outros momentos difíceis. Mas foi nesse mesmo caminho que Moisés recebeu o Livro Sagrado.

Perceba que tanto o Egito quanto o Deserto estão também dentro de cada um de nós. E, conforme nos aplicamos no caminho do despertar, passamos a enxergar a imensa responsabilidade que temos diante de nossas escolhas. É nesse momento difícil que trocamos o Egito pelo Deserto.

A Bíblia mostra que foi necessário um grande milagre para se dar essa troca de dimensão. Assim o milagre foi descrito:

“E moveu-se um anjo de Deus, que andava junto àquele povo, e moveu-se a coluna de nuvem defronte deles... e estendeu Moisés sua mão sobre o mar e foram divididas as águas.”

ÊXODO 14.19-21

No momento em que Moisés estava prestes a realizar um dos maiores milagres da história da humanidade, o texto descreve colunas de nuvens à sua frente. Há um grande código por trás dessa informação.

Para decifrarmos esse código, precisamos recorrer à língua hebraica, original do texto bíblico. Nesse idioma, a palavra nuvem é formada pelas letras hebraicas Ayin (r) e Beit (a ). Como as letras hebraicas possuem valor numérico (cada letra equivale a um número), a tradução esqueceu que essas letras também representam o número 72.

Eis o código: não se tratava de colunas de nuvens no céu, mas, na verdade, de colunas de 72. Ou seja, o que Moisés usou foi a poderosa meditação dos “72 Nomes de Deus”, que, nas mãos de um grande mestre como ele, poderia mesmo atingir a dimensão do milagre.

Depois de Moisés, outros grandes mestres da humanidade, muito conhecidos ainda hoje, tiveram acesso a essa meditação e também realizaram fenômenos. E os códigos dessa passagem são muitos.

Ainda nesse trecho, a tradução original não indica tampouco que foi aberto um mar geográfico, muito menos o mar Vermelho. O que se abriu foi uma perspectiva de realidade mais ampla e menos vulnerável aos limites aparentes do mundo físico.