SIMÃO BACAMARTE
APESAR DE TUDO
DEIXA A EUROPA
Entram Rei e Simão.
Simão Majestade, é impossível.
Rei Mas, Simão, você não pode, não pode me deixar assim! Espanha e Portugal ao desamparo! Quem vai cuidar dos negócios da monarquia? Aceite ao menos a universidade. Fique de reitor em Coimbra!
Simão Sinto, Majestade, mas não posso. A ciência é meu emprego, único, e o meu universo é Itaguahy, no nosso queridíssimo — (ouvem-se barulhos horripilantes, e Simão em homenagem à censura e à ditadura de 1964 muda a peça para outro país) — na nossa querida Suíça.
Fanfarras. Sai o rei em desespero, a mão na testa. Quando acaba de sair, Simão corre até o espelho e ensaia várias poses. Ouve-se batucada e começa um samba. Simão experimenta o passo diante do espelho, em seguida sai de passista entre os bonecos, em que bate de passagem. Bate mais e mais brutalmente, até perder o ritmo e chegar à pancadaria. Guincha, berra, monta nos bonecos e acaba sentado no chão, exausto de bater. Para o samba. Pausa. Simão levanta e vai até o espelho para rearranjar a figura. Recomeça o samba. Simão sai no passo, com respeitabilidade.