Capítulo 3

ACENTUAÇÃO

3.1 ORTOFONIA

Denomina-se de “ortofonia” a parte da Gramática Normativa que trata da correta pronúncia dos vocábulos. Divide-se em “ortoépia ou ortoepia” e “prosódia”.

3.1.1 ORTOÉPIA OU ORTOEPIA

Como divisão da ortofonia, a ortoépia ou ortoepia estuda a correta enunciação dos fonemas (vogais e consoantes) no interior de uma palavra, segundo os padrões da língua culta.

No Brasil, a questão da pronúncia correta ainda é um grande problema, pois não possuímos uma “pronúncia-padrão”, fato que ocasiona alguns ruídos comunicativos no território nacional. Não raro, ouvimos alguém pronunciando “bandeija, beneficiência, carangueijo, advinhar, desinteria, impecilho” dentre outros vocábulos igualmente errados.

Cumpre, por isso, assinalar que a correta pronúncia dos vocábulos em nossa língua depende de:

a) uma clara emissão das vogais;

b) uma nítida e exata articulação das consoantes;

c) uma acertada pronúncia da sílaba tônica do vocábulo.

Por isso, a Gramática Normativa dispõe um capítulo inteiro para o estudo de uma série de vocábulos, buscando orientar o estudante da língua a evitar muitos erros. Abaixo, listamos alguns vocábulos frequentemente usados, que podem trazer dúvida para o usuário da língua pátria.

Alerta! Sugiro que leia a tabela abaixo mais de uma vez. Tente apreender a pronúncia e a escrita corretas desses vocábulos, pois geralmente eles aparecem em provas, notadamente nas provas de nível médio.

CERTO

ERRADO

abóbora

abobra

absoluto

abissoluto

adivinhar

advinhar

admissão

adimissão

advogado

adevogado

aleijar

alejar

anteontem

antiontem

armário

armaro

bandeja

bandeija

barganha

berganha

bebedouro

bebedor

beneficência

beneficiência

bicarbonato

bicabornato

bugiganga

buginganga

bússola

bússula

cabeleireiro

cabelereiro

caranguejo

carangueijo

creolina

criolina

descarrilar

descarrilhar

destilar

distilar

disenteria

desinteria

edifício

edifiço

estoura

estóra

estrangeiro

estrangero

estupro

estrupo

etimologia

etmologia

família

famílha

flagrante

fragante

frear

freiar

frustrado

frustado

garfo

galfo

ignorância

iguinorânça

lagarto

largato

louco

loco

mendigo

mendingo

meritíssimo

meretíssimo

mortadela

mortandela

muçulmano

mulçumano

paciência

paciença

pátio

páteo

pneu

peneu

pouco

poco

problema

poblema

proprietário

propietário

psicologia

pissicologia

reivindicar

reinvindicar

salsicha

salchicha

seja

seje

sequer

siquer

superstição

supertição

supetão

sopetão

umbigo

imbigo

3.1.2 ACENTUAÇÃO GRÁFICA

Indubitavelmente, o ponto mais cobrado pelas bancas de concursos em geral é, sem dúvida, a acentuação gráfica de alguns vocábulos. Antes, porém, de estudarmos as regras que regem a acentuação gráfica, vejamos algumas orientações preliminares...

1) Hoje, com o advento do Novo Acordo Ortográfico (1990), existem em português três acentos gráficos: o agudo ( ´ ), o grave ( ` ) e o circunflexo ( ^ ). O til não é considerado um acento gráfico, senão um sinal de nasalização.

2) É importante não se esquecer de que todos os vocábulos são acentuados em português – é o chamado “acento tônico” (também chamado de “prosódico”), isto é, o acento que é representado pela sílaba mais forte do vocábulo: a sílaba tônica. As demais sílabas são chamadas de atônicas ou, simplesmente, átonas. Observe:

meNIno

caDERno

almoFAda

CaruaRU

afirMAR

3) Em português, a sílaba tônica só recai na última, na penúltima ou na antepenúltima sílaba de um vocábulo. Daí os vocábulos serem classificados em três categorias:

a) oxítonos (ou agudos) são os vocábulos cuja sílaba tônica recai na última, como em: café, timidez, papel, sutil, ruim, Nobel, condor, cateter, refém, amém, mister etc.

b) paroxítonos são os vocábulos cuja sílaba tônica recai na penúltima, como em: amizade, beleza, austero, cível, exegese, rubrica, látex, decano, circuito, barbárie, fluido, tulipa, seniores, juniores etc.

c) proparoxítonos são os vocábulos cuja sílaba tônica recai na antepenúltima, como em: lâmpada, ágape, álibi, pântano, ômega, êxodo, aríete, arquétipo, ínterim, horóscopo, êmbolo,

Observação:

Em português, o conhecimento sobre a sílaba tônica do vocábulo é imprescindível para que não se cometam erros no momento de se acentuar graficamente o vocábulo quando for necessário.

Dica: Sugiro que, antes de entrar no assunto abaixo, faça uma revisão teórica sobre os encontros vocálicos: ditongos, tritongos e hiatos. Essas definições serão bastante importantes.

3.1.3 REGRAS PARA A ACENTUAÇÃO GRÁFICA

Em primeiro lugar, cumpre observar que o objetivo da acentuação gráfica é permitir que todas as palavras sejam lidas corretamente e se evitem os erros de prosódia, denominados de “silabada”.

Como já dissemos, é fundamental, em primeiro lugar, identificar a sílaba tônica dos vocábulos. A partir daí, parte-se para a busca da necessidade ou não de se acentuar o vocábulo graficamente.

Vamos às regras sobre a acentuação gráfica na língua portuguesa.

3.1.3.1 Monossílabos

Regra Em português, acentuam-se com acento agudo os monossílabos finalizados em “a, e” e “o” abertos e, com acento circunflexo os monossílabos finalizados em “e, o” fechados, seguidos ou não de “s”.

a) A(S) chá, Brás, pá, gás, más, trás, fás, zás, má.

b) E(S) lê, crê, rês, fé, pés, dê, mês, três, rés, lés.

c) O(S) dó, nó, vó, pó, pôs, cós, vós, nós.

3.1.3.2 Oxítonos

1.ª regra Em português, acentuam-se com acento agudo os vocábulos oxítonos que terminam em “a, e, o” abertos, e com acento circunflexo os vocábulos que terminam em “e, o” fechados, seguidos ou não de “s”.

a) A(S) maracujá, cajá, vatapá, maracá, babá, Amapá, Macapá, Itamaracá, agá, alvará.

b) E(S) rapé, chulé, recém, café, jacaré, dendê, cortês, português, freguês, através, convés.

c) O(S) cocoricó, trisavô, caritó, cipó, complô, propôs, judô, bisavó, cotó, mocotó, bangalô.

2.ª regra Em português, acentuam-se com acento agudo o “e” da terminação “em” ou “ens” dos vocábulos oxítonos compostos de mais de uma sílaba.

amém

alguém

reféns

também

vintém

desdém

armazém

aquém

Jerusalém

parabéns

Belém

harém

ninguém

Santarém

Observação:

Perceba que os monossílabos e os vocábulos paroxítonos terminados em “em” e “ens” não são acentuados.

cem

vem

tem

trem

cantem

dizem

fazem

3ª regra Em português, acentuam-se com acento agudo os vocábulos oxítonos terminados nos ditongos abertos “éi, ói, éu”.

a) ÉI anéis, coronéis, papéis, fiéis, bacharéis

b) ÓI anzóis, herói, caubói, dodói, remói

c) ÉU chapéu, escarcéu, fogaréu, troféu,

Observação: Da mesma forma, acentuam-se os monossílabos terminados nesses ditongos: réis, sóis, rói, dói, céu, réu, véu.

Outras considerações sobre a acentuação dos oxítonos:

a) Perceba que os oxítonos terminados em “z, r, l, i, u” não são acentuados.

capaz

funil

abacaxi

timidez

caracol

Caruaru

feliz

cordial

repus

cuscuz

caju

Cariri

amar

bambu

vapor

suor

bisturi

coronel

b) Com base na regra de acentuação dos oxítonos, acentuam-se as formas verbais oxítonas terminadas em “a, e, o”. Observe:

repor + o repô-lo

amaria + a amá-la-ia

dizer + os dizê-los

julgarão + os julgá-los-ão

compor + os compô-los

comprar + os comprá-los

c) Por outro lado, as formas verbais oxítonas terminadas em “i, u” não são acentuadas. Observe:

partir + o parti-lo

vendi-o

compus + o compu-lo

cumpri-lo

d) Com o advento do Novo Acordo Ortográfico de 1990, não mais se acentuam os ditongos “ei, oi” dos vocábulos paroxítonos. Para ficar bem esclarecido: esses ditongos não serão acentuados quando estiverem na penúltima sílaba.

ideia

alcateia

diarreia

colmeia

heroico

claraboia

paranoico

boia

loio

jiboia

estreia

dicroico

assembleia

europeia

geleia

3.1.3.3 Paroxítonos

Os vocábulos paroxítonos são acentuados de acordo com as seguintes regras:

1.ª regra Em português, acentuam-se os vocábulos paroxítonos terminados em “ã, ãs, ão, ãos”.

ímã

órfãs

órgão

órfãos

dólmã

ímãs

2.ª regra Em português, acentua-se – com acento agudo quando aberta e com acento circunflexo quando fechada – a sílaba tônica dos vocábulos paroxítonos terminados em “i, is, us”.

beribéri

íris

bônus

miosótis

ônus

tênis

lápis

oásis

táxi

ânus

biquíni

Vênus

júri

vírus

Observação:

Os prefixos paroxítonos terminados em “i” não são acentuados. Observe: semi-histórico, anti-higiênico.

3.ª regra Em português, acentuam-se os vocábulos paroxítonos terminados em “l, n, r, x, ps”. Usa-se o acento agudo para “a, e, o” abertos e o acento circunflexo para “e, o” fechados.

túnel

fênix

bíceps

âmbar

alúmen

vômer

tríceps

difícil

córtex

afável

próton

cônsul

éter

açúcar

íon

pólen

aljôfar

hífen

látex

flúor

âmbar

caráter

cóccix

tórax

cânon

fênix

vulnerável

fórceps

Observação:

Tenha muito cuidado com a acentuação das palavras “item, itens, hífen e hifens” – estes vocábulos são muito cobrados em provas de concursos. Observe que somente “hífen” recebe acento por ser uma paroxítona terminada em “n”. As demais não são acentuadas porque não há regra que autorize a acentuação das paroxítonas terminadas em “ens” nem das paroxítonas terminadas em “em”.

4.ª regra Em português, acentuam-se os vocábulos paroxítonos terminados em “um, uns”.

álbum

lábrum

médium

árum

álbuns

cécum

médiuns

factótum

fórum

nátrum

fóruns

5.ª regra Em português, acentuam-se com agudo ou circunflexo se a sílaba for aberta ou fechada respectivamente, os vocábulos paroxítonos terminados em ditongos orais.

ágeis

imóveis

amêndoa

Antônio

jóquei

variáveis

superfície

óleo

pusésseis

pênseis

páscoa

ginásio

túneis

férteis

petróleo

história

régua

Ásia

água

tênue

vácuo

3.1.3.4 Proparoxítonas

Regra Em português, acentuam-se todos os vocábulos proparoxítonos. Com acento agudo, as vogais “a, e, o” abertas. Com acento circunflexo, as vogais fechadas “e, o” e as vogais “a, e, o”, quando seguidas de “m” ou “n”.

Como exemplo, transcrevemos abaixo uma parte da famosa música do ilustre compositor Chico Buarque, “Construção”. Observe que o último vocábulo de cada verso é formado por uma palavra proparoxítona.

“Amou daquela vez como se fosse a última

Beijou sua mulher como se fosse a última

E cada filho seu como se fosse o único

E atravessou a rua com seu passo tímido

Subiu a construção como se fosse máquina

Ergueu no patamar quatro paredes sólidas

Tijolo com tijolo num desenho mágico

Seus olhos embotados de cimento e lágrima

Sentou pra descansar como se fosse sábado

Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe

Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago

Dançou e gargalhou como se ouvisse música

E tropeçou no céu como se fosse um bêbado

E flutuou no ar como se fosse um pássaro

E se acabou no chão feito um pacote flácido

Agonizou no meio do passeio público

Morreu na contramão atrapalhando o tráfego.”

(Chico Buarque)

3.1.3.5 Acentuação dos hiatos

Antes de mais nada, é preciso saber qual a razão dos hiatos. Observe abaixo:

DITONGO

HIATO

doido

doído

cai

caí

sai

saí

contribui

contribuí

sábia

sabiá

bau

baú

saia

saía

ai

Perceba que, na primeira coluna, juntamos as três letras e as pronunciamos em uma única emissão sonora (doi-, cai, sai, -bui, -bia, baú). Já na segunda coluna, pela existência do acento, pronunciamos essas mesmas sílabas em duas emissões sonoras. Percebemos, portanto, que o hiato evita que formemos o ditongo. Daí a principal razão dos hiatos: evitar processos de ditongação, ou seja, evitar que se pronuncie o conjunto das letras de uma única vez, mas separadamente.

Seguindo a regra acima, recebem acento agudo as vogais “i” e “u” tônicas dos vocábulos, seguidas ou não de “s”, quando formam hiato com a vogal anterior. Observe:

faísca

acaraúba

caraíba

macaíra

saída

caís

Luísa

sanduíche

graúdo

saúde

areísco

ciúme

maleína

heroína

país

Luís

amiúde

raízes

abaçaí

aziúme

deífico

piracuí

juízo

peúga

racaída

baú

absenteísmo

babuíno

egoísta

saúva

viúvo

saía

miúdo

baía

açaí

balaústre

jaú

jataí

cafeína

timbaúba

paraíso

Esaú

Observações sobre os hiatos:

a) Não se coloca o acento agudo no “i” e no “u” quando, precedidos de vogal que com eles não forma ditongo, são seguidos de “l, m, n, r, z” que não iniciam sílabas.

contribuinte

Abigail

juiz

constituinte

paul

cairmos

retribuirdes

ruir

ruim

demiurgo

b) Igualmente não se coloca o acento agudo no “i” e no “u” tônicos dos hiatos quando forem seguidos de “nh”.

rainha

campainha

ladainha

abecoinha

tainha

ventoinha

c) Em muitas formas verbais, o “i” e o “u” figuram em hiato com a vogal anterior. Portanto, devem receber acento agudo. Observe:

eu atraí

eu saí

eu contribuí

tu atraíste

tu saíste

tu contribuíste

eu caí

eu saúdo

eu possuí

tu caíste

tu saúdas

tu possuíste

d) Os encontros vocálicos “iu” e “ui”, quando precedidos de vogal, sempre formarão ditongos. Essas bases não são acentuadas. Veja:

atraiu

saiu

contribuiu

derruiu

pauis

caiu

constituiu

embaiu

destruiu

restituiu

e) Levam, porém, acento agudo as vogais tônicas “i” e “u” quando, precedidas de ditongo, formam hiato com a sílaba anterior, como se vê em “Piauí, teiú, teiús, tuiuiú, tuiuiús”.

f) Em virtude do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, firmado em 1990, não mais recebem o acento circunflexo os hiatos tônicos “ee” e “oo”. Portanto, assim devem ser escritos:

voo

perdoo

coo

deem

abotoo

caçoo

enjoo

amaldiçoo

creem

abençoo

veem

arrazoo

leem

doo

3.1.3.6 Acentos diferenciais

Com o advento do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, firmado em 1990, desapareceu a maioria dos acentos diferenciais. Permanecem, entretanto, os seguintes acentos diferenciais:

1) “Pôde” (3.ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo) para distinguir da correspondente forma do presente do indicativo “pode”.

2) “Pôr” (forma verbal infinita) para distinguir da forma homógrafa “por” (preposição).

3) Facultativamente, pode-se grafar “fôrma” (substantivo) ou “forma” (substantivo, 3.ª pessoa do singular do presente do indicativo ou 2.ª pessoa do singular do imperativo afirmativo).

4) Facultativamente, pode-se grafar “dêmos” (1.ª pessoa do plural do presente do subjuntivo) para se distinguir da correspondente forma do pretérito perfeito do indicativo “demos”.

Observação:

Logo, os antigos acentos diferenciais, como “pára, pélo, pólo, pêra”, por exemplo, não mais existem. Escreveremos, portanto, corretamente:

Ela não para verbo para pensar.

Eu pelo verbo o pelo pelo simples fato de sentir prazer.

3.1.3.7 Regra especial – verbos “ter”, “vir” e seus derivados

Há uma regra para a acentuação gráfica que merece atenção à parte. Diz respeito à acentuação dos verbos “ter”, “vir” e seus derivados. Tais verbos obedecem às seguintes regras:

1.ª regra Acentua-se, com acento circunflexo, a 3.ª pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos “ter” e “vir”. Observe:

PRESENTE DO INDICATIVO

VERBOS “TER” e “VIR”

eu

tenho / venho

tu

tens / vens

ele

tem / vem

nós

temos / vimos

vós

tendes / vindes

eles

têm / vêm

2.ª regra Acentua-se, com acento agudo, a 3.ª pessoa do singular e com circunflexo a 3.ª pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos derivados de “ter” e “vir”, como “abster, ater-se, reter, deter, conter, entreter, manter, advir, convir, intervir, provir, desavir, sobrevir” etc.

Observe abaixo a conjugação de dois verbos derivados de “ter” e “vir”.

PRESENTE DO INDICATIVO

VERBOS “CONTER” e “PROVIR”

eu

contenho / provenho

tu

contens / provens

ele

contém / provém

nós

contemos / provimos

vós

contendes / provindes

eles

contêm / provêm

Dica: Fique muito atento a essas duas últimas regras. Elas são muito cobradas, em concursos públicos, nas questões de concordância verbal. Portanto, a dica é “ficar ligado” no sujeito da oração, especialmente quando este sujeito for oracional, o que exigirá a concordância do verbo na 3.ª pessoa do singular.

Veja agora alguns exemplos (sublinhamos o núcleo do sujeito e destacamos o verbo):

Todas as provas levantadas pela defesa contêm aspectos inconstitucionais.

A polícia sempre intervém nas manifestações populares.

De lugares abstratos certamente não provêm ideias sobre a vida e a existência.

“O curso do espírito reformista no país acelera-se atualmente; e convém acelerá-lo.” (Rui Barbosa)

“Porque a questão, com a complexidade imanente aos fatos concretos, se atém, de preferência, a razões secundárias...” (Euclides da Cunha)

“Todos os críticos se atêm a essa questão de metrificação.” (Lima Barreto)

3.1.3.8 Considerações gerais sobre a acentuação dos vocábulos

1) Com o Novo Acordo Ortográfico, assinado em 1990, o trema deixa de existir sobre os grupos “GUE, GUI, QUE, QUI”. Portanto, os vocábulos que apresentam tais ditongos devem ser escritos sem o trema. Observe:

linguiça

arguição

bilíngue

aquífero

cinquenta

aquicultura

consequência

quinquenal

tranquilo

quinquênio

saguim

equilátero

frequência

áqueo

seriguela

aguentar

equidade

delinquência

Observação:

O trema apenas se conserva em palavras estrangeiras e em palavras derivadas de nomes estrangeiros, como “hübneriano, Hübner, mülleriano, Müller”.

2) Os verbos “arguir” e “redarguir” dispensam o acento agudo na vogal tônica “u” nas formas rizotônicas. Já os verbos do tipo “aguar, apaniguar, apaziguar, apropinquar, averiguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir” e afins podem ter ou não as vogais “a” ou “i”, presentes nas formas rizotônicas, acentuadas.

arguo, arguis, argui, arguem; argua, arguas, argua, arguam.

eu averiguo/averíguo; tu averiguas/averíguas; ele averigua/averígua.

3) Nos advérbios terminados em “-mente”, derivados de adjetivos com acento agudo ou circunflexo, estes acentos são suprimidos. Observe:

ávido avidamente

hábil habilmente

lúcido lucidamente

débil debilmente

espontâneo espontaneamente

fácil facilmente

somente

ingênuo ingenuamente

único unicamente

4) Nas palavras derivadas que contêm sufixos iniciados por “z” e cujas formas de base apresentam vogal tônica com acento agudo ou circunflexo, estes acentos serão suprimidos. Observe:

anéis aneizinhos

bebê bebezinho, bebezito

herói heroizito

avô avozinho

bênção bençãozinha

avó avozinha

café cafezada

lâmpada lampadazita

pêssego pessegozito

3.2 QUESTÕES DE CONCURSOS PÚBLICOS

1. (ESAF) Assinale a opção que corresponde a erro gramatical ou de grafia de palavra.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, realizada pelo IBGE, revelou que(1) a renda das famílias parou de cair em 2004, interrompendo uma trajetória(2) de queda que acontecia desde 1997, e que houve(3) diminuição do grau de concentração da renda do trabalho. Enquanto a metade da população ocupada que(4) recebe os menores rendimentos teve ganho real de 3,2%, a outra metade, que tem rendimentos maiores, teve perda de 0,6%. Os resultados da PNAD mostraram, também, que o Brasil melhorou em ítens(5) como número de trabalhadores ocupados, participação das mulheres no mercado de trabalho, indicadores da área de educação e melhoria das condições de vida.

(Trechos adaptados de Em Questão, Subsecretaria de
Comunicação Institucional da Secretaria-Geral da Presidência
da República, n. 379, Brasília, 30 de novembro de 2005)

a) 1

b) 2

c) 3

d) 4

e) 5

2. (FJPF) As palavras argúcia, é e carajá, presentes no texto, acentuam-se graficamente em face das mesmas regras que justificam o acento em:

a) fichário, dá-lhe, cipó;

b) pelúcia, têm, cajá;

c) vivência, saí, cá;

d) útil, café, marajá.

3. (CESGRANRIO) O par de palavras que NÃO deve ser acentuado, segundo o registro culto e formal da língua, é

a) interim – polen.

b) itens – pudico.

c) juizes – prototipo.

d) economico – refem.

e) heroi – biceps.

4. (CESGRANRIO) A ausência do sinal gráfico de acentuação cria outro sentido para a palavra:

a) trânsito.

b) características.

c) inevitável.

d) infrutíferas.

e) anônimas.

5. (Unifesp) Existem várias palavras que recebem acento gráfico, de acordo com suas regras específicas. Indique a alternativa em que todas as palavras são acentuadas graficamente, segundo a mesma regra.

a) estômago, colégio, fábrica, lâmpada, inflexível.

b) Virgílio, fúria, carícias, matéria, colégio.

c) trópicos, lábios, fúria, máquinas, elétricas.

d) sério, cérebro, Virgílio, sábio, lógico.

e) Ésquilo, carícia, Virgílio, átomos, êmbolo.

6. (PUCCAMP) O texto apresenta diversas palavras em que se pode notar a presença do acento gráfico. Em algumas delas, a ausência do acento provocaria mudança de sentido.

Assinale a alternativa em que todas as palavras mudariam de sentido, caso estivessem sem acento.

a) sóbrio, história, está

b) vários, vítimas, matá-los

c) é, já, país

d) é, está, país

e) têm, matá-los, sóbrio

7. (UFRS). Considere as seguintes afirmações sobre acentuação gráfica no texto.

I – A palavra “teórica” recebe acento gráfico pela mesma regra que preceitua o uso do acento em “lúgubre”.

II – Se fosse retirado o acento das palavras “só”, “é” e “média”, esta alteração provocaria o aparecimento de outras palavras da Língua Portuguesa.

III – A palavra “herói” é acentuada pela mesma regra de “autoritários”.

Quais estão corretas?:

a) Apenas I

b) Apenas II

c) Apenas I e III

d) Apenas II e III

e) I, II e III

8. (FGV) Assinale a alternativa correta quanto à acentuação e à grafia de palavras.

a) Temas comuns, como a construção social do mercado, permitem entrevêr as possibilidades de uma saudável relação entre Sociologia e Economia, que não pode se paralizar em virtude de algumas diferenças.

b) Em um de seus estudos mais célebres, Mark Granovetter vêm demonstrar que as pessoas se ligam às outras por laços fortes e laços fracos. Por isso, é imprecindível que as pessoas consigam entender essas ligações.

c) Alguns temas revigoraram o debate entre a Sociologia e a Economia, sendo responsáveis por compôr um novo cenário. O diálogo deve basear-se nos pontos positivos e comuns e não nas excessões.

d) A falta de dialogo entre Sociologia e Economia perdurou pôr quase três séculos, mas é um quadro que parece estar mudando, sobretudo em função de fragrantes pontos em comum entre as disciplinas.

e) Em meados dos anos 1970, parece que uma leve brisa intervém na falta de comunicação entre sociólogos e economistas, que não mais hesitam em pôr em discussão assuntos inerentes às duas disciplinas.

GABARITO

1 – E

2 – A

3 – B

4 – A

5 – B

6 – D

7 – A

8 – E