Capítulo 2

SUBSTANTIVO

2.1 DEFINIÇÃO

É a classe de palavra variável com a qual se denomina os seres em geral.

Aqui, a palavra “ser” precisa ser entendida não só como aquilo que possui uma existência concreta (pedra, homem, carro, lua), mas também como aquilo que possui uma existência imaginária (Saci, fada, Minotauro), abstrata (fé, alegria, tristeza), ou mesmo de comprovação discutível (anjo, alma, inferno).

Por isso, classificam-se como substantivos as coisas, os sentimentos, as qualidades, as ações, os estados considerados em si mesmos.

Observe os primeiros exemplos:

beleza

cobre

pureza

morte

água

revolução

vida

árvore

átomo

vingança

sonho

eletricidade

casamento

Terra

caderno

vento

símbolo

uva

2.2 CARACTERIZAÇÃO DO SUBSTANTIVO

Nem sempre é fácil para um estudante da língua portuguesa identificar com segurança um substantivo. Por isso, para fazê-lo, convém observar duas características fundamentais:

1. O substantivo é uma classe de palavras que geralmente vem acompanhada de outras palavras, as quais a determinam. Daí dizermos que um substantivo frequentemente se encontra acompanhado de determinantes. Funcionam como determinantes “os artigos, os adjetivos, os pronomes adjetivos e os numerais”. Logo, quase todas as palavras na língua portuguesa podem ser usadas como substantivos.

Veja:

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2. O substantivo é a classe morfológica que “privativamente” exerce as funções sintáticas de: sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, agente da passiva, aposto e vocativo. Logo, palavras que exercem tais funções serão substantivos ou substantivadas.

Observe:

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Observações importantes:

a) Não confunda um substantivo com uma palavra substantivada. Enquanto esta se encontra exercendo uma função típica do substantivo, aquele é o próprio substantivo por natureza. A palavra “nobre” é um adjetivo por natureza. No entanto, ao dizermos “Os nobres sempre dominaram o mundo”, temos um adjetivo substantivado, ou seja, uma palavra substantivada, pois ela exerce a função de sujeito e está acompanhada de um determinante.

b) Não se esqueça de que alguns substantivos também podem exercer o papel de “adjetivo” pelo processo de derivação imprópria ou conversão, estudado no capítulo sobre a formação das palavras. Veja:

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c) O substantivo, como a maioria das classes morfológicas, pode ser expresso por meio de uma oração, denominada de “oração substantiva”. Já que o substantivo exerce funções como “sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal”, a oração substantiva exercerá também – obviamente – uma dessas funções. Observe:

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Observação:

Para aprofundar este último ponto, estude, em sintaxe, as orações substantivas.

d) Convém salientar também que é um substantivo o núcleo de boa parte das locuções adjetivas, adverbiais, prepositivas e conjuntivas. Por isso, o substantivo é uma das classes gramaticais mais importantes. Veja:

à espera de = núcleo de uma locução prepositiva

casaco de couro = núcleo de uma locução adjetiva

a fim de que = núcleo de uma locução conjuntiva

à tarde = núcleo de uma locução adverbial

2.3 CLASSIFICAÇÃO DO SUBSTANTIVO

Os substantivos podem ser classificados em: concretos, abstratos, próprios, comuns, simples, compostos, primitivos, derivados e coletivos.

1. Concretos e abstratos: Os primeiros indicam os seres que possuem existência própria independente dos demais seres, não importando se são reais ou imaginários. Já os segundos indicam os seres que dependem da existência de outros seres para existirem. Estes últimos indicam qualidades, ações ou estados.

mesa – faca – lápis – apontador – lua – terra – mar – lampião – fada = são exemplos de substantivos concretos

pânico – medo – tristeza – bondade – sonho – conhecimento – saudade = são exemplos de substantivos abstratos

2. Próprios e comuns: Os próprios designam um ser específico, determinado entre os outros de sua espécie. Já os comuns designam os seres de uma espécie de forma genérica.

rua – casa – flor – carro – aliança – cidade – rio = são substantivos comuns

Pedro – Brasil – Nova Iorque – São Francisco – Jesus Cristo = são substantivos próprios

3. Simples e compostos: São simples os substantivos formados por um só elemento, um só radical. Já os compostos são constituídos por mais de um radical ou elemento formador.

terra – fruta – cavalo – pau = são substantivos simples

terra-cozida – fruta-pão – cavalo-vapor – pau-brasil = são substantivos compostos

4. Primitivos e derivados: Os primitivos são aqueles substantivos que não resultam de nenhuma outra palavra preexistente. Já os derivados, como o próprio nome já o denuncia, são os substantivos oriundos de outras palavras, ditas primitivas.

terra – pedra – mar – luz – folha = são substantivos primitivos

terraplanagem – pedreira – maremoto – luzeiro – folhagem = são substantivos derivados

5. Coletivos: São os substantivos que, no singular, indicam uma coleção, um agrupamento, um conjunto de seres da mesma espécie. Observe abaixo uma tabela com os principais coletivos:

academia

de literatos, de artistas, de sábios etc.

acervo

de bens patrimoniais, de obras de arte etc.

álbum

de fotografias, de selos

alcateia

de lobos

antologia

de trechos literários

armada

de navios de guerra

arquipélago

de ilhas

assembleia

de pessoas reunidas

associação

de pessoas reunidas sob o mesmo estatuto

atilho

de espigas de milho

atlas

de mapas

bagagem

de objetos de viagem

baixela

de utensílios de mesa

banca

de examinadores

bandeira

de garimpeiros, de exploradores

bando

de crianças, de aves, de ciganos etc.

baralho

de cartas

batalhão

de soldados

bateria

de peças de artilharia, de utensílios de cozinha

biblioteca

de livros

boiada

de bois

brigada

de pessoas voltas para a execução de um serviço

cabido

de cônegos de uma catedral

cacaria

de cacos

cacho

de uvas, de bananas etc.

cáfila

de camelos

câmara

de deputados

cambada

de vadios, de malvados etc.

capoeira

de aves, de mato

caravana

de viajantes, de peregrinos, de mercadorias etc.

cardume

de peixes

cartuchame

de cartuchos

catálogo

de livros, de plantas, de objetos para a venda etc.

choldra

de malfeitores, de desordeiros, de pessoas ordinárias etc.

chusma

de gente, de criados, de papéis

clientela

de clientes

código

de leis reunidas

coleção

de livros, de poesias, de selos etc.

coletânea

de objetos reunidos

coligação

de pessoas, de organizações

colmeia

de cortiços de abelhas

comboio

de meios de transporte, de animais etc

conciliábulo

de feiticeiros

concílio

de bispos, de prelados, de pastores

conclave

de cardeais

confederação

de estados

confraria

de pessoas religiosas reunidas

congregação

de professores, de membros de uma determinada religião

congresso

de sábios, de diplomatas, de deputados

conselho

de ministros, de professores

constelação

de estrelas

cordilheira

de montanhas

corja

de canalhas, de vadios, de malfeitores

coro

de pessoas reunidas para cantar

discoteca

de discos

doutrina

de conhecimentos

elenco

de atores, de artistas

enxoval

de roupas e adornos

esquadra

de navios

fato

de cabras

fauna

de animais de uma região

feixe

de lenha, de capim, de varas

fornada

de pães, de tijolos etc.

frotas

de navios, de ônibus etc.

galeria

de quadros, de estátuas

grei

de fiéis reunidos

grêmio

de intelectuais, de artistas etc.

irmandade

de membros de associações religiosas

júri

de jurados

legião

de soldados, de anjos, de demônios

lustro

de cinco anos

maço

de papéis, de cartas, de cigarros

manada

de bois, de elefantes etc.

maquinaria

de máquinas

matilha

de cães

miríade

de insetos

molho

de chaves, de capim

ninhada

de filhotes de aves

nuvem

de gafanhotos, de mosquitos etc.

orquestra

de músicos

parlamento

de casas legislativas

patrulha

de soldados em ronda

penca

de bananas, de uvas, de laranjas

petrecho

de armamentos

pilha

de livros, de moedas, de pratos

pinacoteca

de quadros, de telas

piquete

de grevistas

plêiade

de grupo de homens sábios, célebres

prole

de filhos de um casal

quadrilha

de ladrões, de bandidos

ralé

de pessoas ordinárias

ramalhete

de flores

rancho

de soldados, de trabalhadores, de gente

rebanho

de ovelhas, de cabras

renque

de coisas ou pessoas na mesma linha

repertório

de peças teatrais, de músicas

resma

de papel (quinhentas folhas)

réstia

de cebola, de alho

revoada

de aves

rol ou ror

de pessoas, de testemunhas

seleta

de trechos literários escolhidos

sínodo

de párocos, de religiosos reunidos

súcia

de velhacos, de patifes

tripulação

de tripulantes de um navio, de um avião

tropel

de cavaleiros

tropilha

de cavalos

trouxa

de roupas

turma

de estudantes, de trabalhadores etc.

vara

de porcos

viveiro

de aves, de plantas

Algumas observações sobre os substantivos coletivos:

a) É importante frisar que os substantivos coletivos podem ser específicos (determinados) ou genéricos (indeterminados). Dizer, por exemplo, “ramalhete de flores”, “cardume de peixes”, “esquadra de navios” consiste numa redundância, pois os coletivos aqui usados se referem – especificamente – a “flores, peixes e navios”, respectivamente. Por outro lado, não se comete redundância quando se criam especificações para coletivos do tipo “grupo, bando, congresso, coleção”, uma vez que estes podem ser utilizados para indicar mais de um ser. Por isso, os primeiros são denominados de específicos e os segundos de genéricos. Veja:

O grupo de estudantes deixou a sala.

Um grupo de deputados inspecionará a obra.

Um bando de aves sobrevoa a cidade.

Um bando de ladrões assaltou um banco hoje pela manhã.

A coleção de selos foi furtada.

A coleção de poesias do Mário impressiona a todos.

Observação:

Nestes exemplos, os substantivos “grupo, bando e coleção” requereram especificações por se tratar de coletivos inespecíficos ou genéricos.

b) Quando se trata de coletivos genéricos ou inespecíficos, a concordância do verbo pode-se dar tanto com o núcleo do termo quanto com a sua especificação.

Uma equipe de jogadores os trabalhos de seleção dos melhores atletas da escola.

c) Os substantivos “parte, metade, maioria, minoria”, que designam fração de um todo, são denominados de “coletivos partitivos”; distinguem-se, portanto, dos outros denominados de “coletivos gerais”.

d) Há coletivos que são denominados de numéricos, pois representam quantidades numéricas exatas. Exemplos:

par conjunto com dois elementos

lustro período de cinco anos

novênio período de nove anos

sextilha estrofe de seis versos

tríade grupo de três pessoas

septênio período de sete anos

semana período de sete dias

dúzia conjunto de doze elementos

milhar conjunto de mil coisas

semestre período de seis meses

trezena período de treze dias

trindade reunião de três pessoas

quinquídio período de cinco dias

quindênio período de quinze dias

cento conjunto com cem elementos

terceto estrofe de três versos / reunião de três pessoas

e) Muitos coletivos são formados pelo processo de sufixação. Eis abaixo os sufixos mais comuns para a formação de coletivos.

-ada boiada, manada, brigada

-alha parentalha, clericalha

-ama dinheirama, boiama

-aria livraria, artilharia

-eiro formigueiro, abelheiro

-agem folhagem, carruagem

-al cabedal, bananal

-ame cordame, enxame

-dade cristandade, diversidade

-edo arvoredo, vinhedo

2.4 FLEXÕES DOS SUBSTANTIVOS

Como palavras variáveis que são, os substantivos se flexionam em: gênero, número e grau.

2.4.1 FLEXÕES DE GÊNERO

Em primeiro lugar, é importante dizer que o gênero é uma classificação puramente gramatical. Segundo o gênero, os substantivos são agrupados em masculinos e femininos.

Em tese, são masculinos todos os substantivos aos quais se pode antepor o artigo definido masculino “o(s)”. Por outro lado, são femininos todos os que admitem o artigo definido feminino “a(s)”.

São masculinos

São femininos

o cordão – os sapatos – os lençóis – o azeite

a fralda – a sandália – a leoa – a patroa – a câmera

o cidadão – o ator – o imperador – o compadre

a internet – a libélula – a freira – a mãe – a dama

2.4.1.1 Formação do feminino

2.4.1.1.1 Substantivos biformes

A maioria dos substantivos na língua portuguesa apresenta formas distintas para o masculino e para o feminino – são denominados de “BIFORMES”. Para os substantivos desse grupo, o feminino geralmente se forma a partir da(o):

a) Mudança da terminação “-o” por “-a”:

•  filho filha

• aluno aluna

• menino menina

• garoto garota

• aluno aluna

b) Mudança da terminação “-e” por “-a”:

• elefante elefanta

• monge monja

• parente parenta

• mestre mestra

• presidente presidenta

c) Mudança das terminações “-e” e “-a” por “-essa, -esa, -isa”.

• sacerdote sacerdotisa

• diácono diaconisa

• barão baronesa

• abade abadessa

• príncipe princesa

• profeta profetisa

• conde condessa

• prior prioresa

d) Mudança da terminação “-ão” por “-ã, -oa, -ona”.

• alemão alemã

• irmão irmã

• leitão leitoa

• valentão valentona

• chorão chorona

• patrão patroa

• cidadão cidadã

• santarrão santarrona

Exceções:

barão baronesa

sultão sultana

ladrão ladra

cão cadela

e) Mudança da terminação “-eu” por “-eia”:

• europeu europeia

• plebeu plebeia

• ateu ateia

• hebreu hebreia

• pigmeu pigmeia

Observação:

Há substantivos que não seguem esta regra: réu ré; judeu judia; ilhéu ilhoa.

f) Acréscimo da terminação “-a” aos substantivos terminados em “-es, -or, -z, -s, -l”:

• camponês camponesa

• juiz juíza

• cantor cantora

• escritor escritora

• bacharel bacharela

g) Acréscimo da terminação “-triz” a certos substantivos terminados em “-or”:

• embaixador embaixatriz

• imperador imperatriz

• cantor cantatriz

• ator atriz

• genitor genetriz

Observação:

Admitem-se também os femininos “cantora” e “genitora” – bem mais usuais no português contemporâneo – para os substantivos “cantor” e “genitor”, respectivamente.

h) Acréscimo da terminação “-ina” a certos substantivos como:

• herói heroína

• czar czarina

• felá felaína

Observação:

Inúmeros são os procedimentos para a formação do feminino na língua portuguesa, e não há uma regra que consiga abarcar todas as situações. Daí a quantidade exorbitante de substantivos os quais possuem formas totalmente diferentes para indicar o masculino e o feminino. Estes substantivos são denominados de “heterônimos”. Segue abaixo uma lista sucinta de tais substantivos (também denominados de “biformes”, diga-se por conveniência) e seus respectivos femininos.

MASCULINO

FEMININO

caxaréu

baleia

bispo

episcopisa

bode

cabra

boi

vaca

burro

besta, mula

cão

cadela

capitão

capitã

cavaleiro

amazona

cavalheiro

dama

cavalo

égua

compadre

comadre

cônego

canonisa, cônega

confrade

confreira

dom

dona

embaixador

embaixadora (funcionária)

embaixador

embaixatriz (esposa do embaixador)

ermitão

ermitoa

frade

freira

frei

sóror ou soror

galo

galinha

general

generala

genro

nora

homem

mulher

jabuti

jabota

javali

javalina

marajá

marani

pacuçu

paca

padrasto

madrasta

padre

madre

padrinho

madrinha

pai

mãe

pardal

pardoca ou pardaloca

parvo

parva

patriarca

matriarca

perdigão

perdiz

prior

prioresa ou priora

rajá

rani

sandeu

sandia

tritão

sereia

tabaréu

tabaroa

varão

varoa ou virago

veado

veada, cerva

zangão

abelha

2.4.1.1.2 Substantivos uniformes

Um outro grande grupo de substantivos possui apenas uma única forma gráfica para designar tanto o masculino quanto o feminino – são os denominados de UNIFORMES. Dividem-se em:

a) Sobrecomuns – são substantivos que possuem uma única forma para o masculino e para o feminino. Até o artigo que acompanha estes substantivos é comum aos dois gêneros.

o monstro

o defunto

a pessoa

o esqueleto

o cadáver

o ídolo

a vítima

a testemunha

a criança

o cônjuge

o membro

o sujeito

o carrasco

a criatura

b) Comuns de dois gêneros – são substantivos que possuem uma única forma gráfica para os dois gêneros, mas se faz a distinção do masculino e do feminino pela utilização de artigos “o, a, os, as, um, uns, uma, umas”.

o/a cliente

o/a artista

o/a nubente

o/a ouvinte

o/a gerente

o/a acrobata

o/a agente

o/a pedinte

o/a servente

o/a jovem

o/a diplomata

o/a agiota

o/a jornalista

o/a motorista

o/a selvagem

o/a estudante

o/a pajem

o/a homicida

o/a dentista

o/a colega

c) Epicenos – são substantivos relativos a animais que possuem uma única forma para designar o masculino e o feminino. A distinção entre os sexos se dará pelo acréscimo das palavras “macho” e “fêmea”.

a cobra macho / a cobra fêmea

a pulga macho / a pulga fêmea

a águia macho / a águia fêmea

o tatu macho / o tatu fêmea

o crocodilo macho / o crocodilo fêmea

a borboleta macho / a borboleta fêmea

o jacaré macho / o jacaré fêmea

a minhoca macho / a minhoca fêmea

2.4.1.2 Oposição entre o gênero e o sentido

Muitos substantivos mudam de sentido quando têm seu gênero alterado. Diz-se, então, que houve um gênero aparente, já que a outra forma não representa o sexo oposto, mas uma palavra com um significado totalmente diferente do significado da primeira. Observe:

o língua (o intérprete)

a língua (órgão do corpo humano)

o caixa (funcionário)

a caixa (receptáculo)

o razão (livro mercantil)

a razão (faculdade intelectual)

o guarda (policial)

a guarda (corporação, proteção, cuidado)

o capital (dinheiro)

a capital (cidade sede de governo)

o cisma (separação)

a cisma (dúvida)

o vogal (representante)

a vogal (letra)

o guia (orientador, pessoa que guia)

a guia (documento, correia comprida)

o cura (padre)

a cura (restabelecimento da saúde)

o lotação (veículo)

a lotação (capacidade)

o moral (ânimo, estado de espírito)

a moral (ética, princípios)

o rádio (aparelho)

a rádio (estação, emissora)

o crisma (óleo usado em sacramentos)

a crisma (sacramento da confirmação)

o águia (pessoa esperta)

a águia (ave)

o banana (pessoa mole, palerma)

a banana (fruta)

o cabra (pessoa valente)

a cabra (animal)

o polícia (policial)

a polícia (corporação)

o grama (unidade de peso)

a grama (relva)

o estepe (pneu sobressalente)

a estepe (vegetação)

o nascente (ponto cardeal leste)

a nascente (fonte de água)

2.4.1.3 Mudança de gênero por elipse

Alguns substantivos indicativos de lugares (topônimos) mudam de gênero quando, por metonímia, passam a designar os produtos desses lugares.

Como termos geográficos, esses substantivos são femininos. Ao designar os produtos oriundos de tais lugares, tornam-se nomes comuns masculinos. Um bom exemplo ocorreu com o vocábulo “champagne”, que originalmente designa a região da França produtora de bons vinhos espumantes. Hoje, não há quem nunca tenha tomado “um champanhe”, ou seja, “um vinho champanhe”. Nestes casos, existe, na verdade, a elipse de um substantivo masculino entre o artigo e o substantivo topônimo. Observe outros casos:

Moca (cidade da Arábia) o moca (tipo de café proveniente da cidade de Moca)

Madeira (ilha situada em Portugal) o madeira (vinho proveniente da ilha Madeira)

Borgonha (região situada na França) o borgonha (vinho produzido na região da Borgonha)

Málaga (região situada na Espanha) o málaga (vinho produzido na região de Málaga)

Terra-Nova (ilha situada no Canadá) o terra-nova (cão oriundo da ilha de Terra-Nova)

Holanda (país situado na Europa) o holanda (fino tecido proveniente da Holanda)

Nanquim (cidade da China) o nanquim (pigmento negro para colorir criado na cidade de Nanquim)

Angorá (antiga cidade da Turquia) o angorá (espécie de gato oriundo da cidade de Angorá – hoje “Ancara”)

2.4.1.4 Gênero de alguns substantivos

Há vários substantivos na língua portuguesa que frequentemente suscitam dúvidas quanto ao gênero. Por isso, é bom ficar atento, pois:

a) São masculinos

• o apêndice

• o guaraná

• o alvará

• o herpes

• o aneurisma

• o lança-perfume

• o champanha

• o magazine

• o charque (carne-seca, jabá)

• o matiz

• o clã

• o plasma

• o cônjuge

• o telefonema

• o cós

• o tracoma

• o delta

• o cabo (soldado; rabo, cauda)

• o dó (pena; nota musical)

• o magma

• o eclipse

• o pernoite

• o estratagema

• o praça (soldado)

• o formicida

• o proclama (anúncio)

b) São femininos

• a abusão (engano, erro)

• a fruta-pão

• a dinamite

• a pane

• a acne

• a mascote

• a áspide (serpente)

• a gênese

• a omelete

• a couve-flor

• a omoplata

• a derme

• a agravante (circunstância)

• a echarpe (agasalho, adorno)

• a alface

• a ênfase

• a apendicite

• a comichão

• a aguardente

• a ferrugem

• a cal

• a matinê

• a faringe

• a sentinela

• a libido

• a filoxera (tipo de inseto)

• a entorse

2.4.1.4.1 Substantivos que são masculinos ou femininos indistintamente

São substantivos bastante usuais e que podem ser usados tanto como femininos quanto como masculinos.

o/a sabiá (ave)

o/a xérox

o/a tapa

o/a cataplasma

a/o usucapião

o/a ilhós

o/a suéter

o/a diabete (ou diabetes)

o/a laringe

Observações gerais sobre o gênero dos substantivos:

a) O substantivo “personagem” tanto pode ser usado no feminino “a personagem” quanto no masculino “o personagem”.

b) Os substantivos “modelo” e “manequim”, referindo-se às pessoas que posam em público, têm sido usados na língua contemporânea como substantivos comuns de dois gêneros. A distinção de gênero, portanto, dar-se-á pelo determinante – geralmente o artigo – que acompanha tais palavras. Diz-se, então, “o modelo” para o homem e “a modelo” para a mulher.

c) Alguns substantivos que designam patentes militares como “general, coronel, tenente, sargento, soldado” apresentam as formas femininas “generala, coronela, tenenta, sargenta, soldada”, embora sejam estas bastante preteridas na esfera militar, preferindo-se usar tais substantivos como se fossem comuns de dois gêneros “o/a general, o/a coronel, o/a tenente, o/a sargento, o/a soldado”. As patentes “major e cabo” só existem sob a forma masculina.

d) O substantivo “chefe” apresenta a forma feminina “chefa”. Entretanto, é preferível empregar-se “chefe” como substantivo comum de dois gêneros (o chefe / a chefe) pelo fato de a forma “chefa” trazer consigo certa dose de informalidade.

2.4.2 FLEXÕES DE NÚMERO

O número é capacidade que possuem alguns nomes de indicar um ou mais seres ou coisas. Como o gênero, a flexão de número é uma categoria gramatical. Em português, existem dois números gramaticais: o singular e o plural. O primeiro indica um ser ou um grupo de seres (flor, soldado, avião, ramalhete, exército, esquadrilha); já o segundo, indica mais de um ser ou grupo de seres (flores, soldados, aviões, ramalhetes, exércitos etc.).

2.4.2.1 Regras para a formação do plural dos substantivos

1. Em geral, os substantivos formam o plural com o acréscimo da desinência “-s” ao singular. Isso frequentemente ocorre com os substantivos terminados em vogal ou em ditongo:

casa casas

prédio prédios

braço braços

mãe mães

rei reis

janela janelas

menino meninos

gramática gramáticas

porta portas

pai pais

pés

livro livros

escola escolas

estrada estradas

herói heróis

2. Os substantivos terminados em “-ão” fazem o plural de três maneiras:

a) Alguns simplesmente seguem a regra geral e acrescentam “-s” ao “-ão”:

mão mãos

chão chãos

pagão pagãos

órgão órgãos

cristão cristãos

irmão irmãos

desvão desvãos

sótão sótãos

grão grãos

vão vãos

bênção bênçãos

cidadão cidadãos

b) Outros trocam o “-ão” por “-ães”:

escrivão escrivães

capitão capitães

capelão capelães

pão pães

alemão alemães

afegão afegães

cão cães

tabelião tabeliães

c) Um grande grupo troca o “-ão” por “-ões”:

leão leões

caixão caixões

canhão canhões

fração frações

gavião gaviões

limão limões

mamão mamões

nação nações

coração corações

anão anões

balão balões

botão botões

opinião opiniões

canção canções

folião foliões

Observações:

a) Essas diversas variações para o plural ocorrem em virtude da etimologia das palavras.

b) Alguns substantivos terminados em “-ão” apresentam mais de uma forma para o plural. Observe abaixo:

aldeão adeãos e aldeões

ancião anciãos, anciães e anciões

guardião guardiães e guardiões

verão verãos e verões

cirurgião cirurgiões e cirurgiães

anão anãos e anões

castelão castelãos e castelões

sultão sultães e sultões

vilão vilãos, vilões e vilães

vulcão vulcãos e vulcões

3. Os substantivos terminados em “-r, e -z” formam o plural com o acréscimo da terminação “-es”, uma vez que a língua não aceita as terminações “-rs e -zs”.

flor flores

gravidez gravidezes

giz gizes

colher colheres

faquir faquires

cateter cateteres

juiz juízes

arroz arrozes

andar andares

dólar dólares

colar colares

ureter ureteres

amor amores

mulher mulheres

raiz raízes

clamor clamores

cruz cruzes

Observação:

Os substantivos “caráter”, “júnior” e “sênior” fazem os plurais “caracteres”, “juniores” e “seniores”, respectivamente, com deslocamento do acento tônico.

4. Os substantivos terminados em “-n” fazem o plural tanto com o acréscimo de “-es” quanto com o acréscimo de “-s”.

próton prótones ou prótons

hífen hífenes ou hifens

líquen líquenes ou liquens

nêutron nêutrones ou nêutrons

abdômen abdômenes ou abdômens

elétron elétrones ou elétrons

Observação:

Os substantivos “pólen” e “cânon” fazem os plurais “polens” e “cânones”, respectivamente.

5. Os substantivos terminados em “-al, -el, -ol e -ul” trocam o “l” por “is”. Observe:

anel anéis

anzol anzóis

pastel pastéis

farol faróis

metal metais

laranjal laranjais

paul pauis

tribunal tribunais

canal canais

Observações:

a) Nos substantivos “cônsul” e “mal”, a consoante “l” permaneceu intervocálica no plural, daí as formas “cônsules” e “males” para os respectivos plurais.

b) O substantivo “mel” faz os plurais “meles” ou “méis”, assim como “mol” faz os plurais “mols” ou “moles”.

6. Os substantivos terminados em “-il” formam o plural de acordo com duas regras:

a) Se for oxítono, trocará o “-il” por “is”:

anil anis

perfil perfis

fuzil fuzis

funil funis

quadril quadris

canil canis

barril barris

cantil cantis

b) Se for paroxítono, trocará o “-il” por “-eis”:

fóssil fósseis

têxtil têxteis

réptil répteis

míssil mísseis

projétil projéteis

tâmil tâmeis

Observação:

Em virtude da dupla prosódia dos substantivos “réptil – reptil” e “projétil – projetil”, admitem-se os respectivos plurais “répteis – reptis” e “projéteis – projetis”.

7. Os substantivos terminados em “-m” trocam esta letra por “-ns”. Veja:

fim fins

bombom bombons

jejum jejuns

jardim jardins

som sons

bebum bebuns

vintém vinténs

refém reféns

amém améns

8. Os substantivos terminados em “-s” fazem o plural segundo duas regras:

a) Os monossílabos e os oxítonos recebem “-es”:

gás gases

deus deuses

português portugueses

rês reses

revés reveses

cós coses

mês meses

burguês burgueses

chinês chineses

b) Os paroxítonos e os proparoxítonos terminados em “-s” são invariáveis:

o pires os pires

o tênis os tênis

o oásis os oásis

o ônibus os ônibus

o vírus os vírus

o alferes os alferes

o lápis os lápis

o ourives os ourives

o ônus os ônus

9. Os substantivos terminados em “-x” são invariáveis.

o tórax os tórax

uma xérox duas xérox

o ônix os ônix

o látex os látex

a fênix as fênix

Observação:

Alguns substantivos monossilábicos terminados em “-x”, entretanto, admitem também, para a formação do plural, o acréscimo da terminação “-es”. É o caso de:

o fax os fax ou faxes

o flox os flox ou floxes

o sax os sax ou saxes

o fox os fox ou foxes

2.4.2.1.1 Particularidades sobre o plural dos substantivos

1. Alguns substantivos mudam o timbre da vogal tônica de (ô – fechado) para (ó – aberto) quando postos no plural. É o que se denomina de plural metafônico ou plural com metafonia. Veja alguns exemplos:

(ô) – fechado no singular

(ó) – aberto no plural

caroço

caroços

coro

coros

despojo

despojos

destroço

destroços

foro

foros

fosso

fossos

imposto

impostos

jogo

jogos

miolo

miolos

olho

olhos

osso

ossos

ovo

ovos

poço

poços

posto

postos

povo

povos

reforço

reforços

socorro

socorros

tijolo

tijolos

torto

tortos

troço

troços

Outros substantivos, porém, permanecem com o (ô) fechado quando vão para o plural. Veja:

(ô) – fechado no singular

(ô) – fechado no plural

abono

abonos

bolo

bolos

bolso

bolsos

cachorro

cachorros

coco

cocos

dono

donos

dorso

dorsos

encosto

encostos

esposo

esposos

gozo

gozos

lobo

lobos

logro

logros

morro

morros

piolho

piolhos

polvo

polvos

repolho

repolhos

rosto

rostos

sogro

sogros

toldo

toldos

2. Alguns substantivos, quando postos no plural, sofrem alteração semântica, ou seja, mudam o sentido. Observe:

bem (virtude) ≠ bens (capital, posses)

ar (atmosfera) ≠ ares (aparência, condições do clima)

gênero (conjunto) ≠ gêneros (alimentos)

féria (remuneração) ≠ férias (descanso)

lua (satélite) ≠ luas (semanas)

honra (dignidade) ≠ honras (homenagens, título)

vergonha (humilhação) ≠ vergonhas (órgãos sexuais)

amor (sentimento) ≠ amores (relações amorosas)

3. Há substantivos que só existem na forma “plural”. Veja alguns exemplos:

as fezes

as cãs

as cócegas

os parabéns

as cercanias

os Alpes

as calendas

os óculos

as exéquias

as núpcias

os pêsames

os víveres

as condolências

os arredores

os Andes

as alvíssaras

os anais

as olheiras

os Pirineus

as Belas Artes

4. Os nomes de pessoas, os numerais e as letras do alfabeto fazem, geralmente, o plural com o acréscimo do morfema “-s” – obviamente quando se prestam a esta regra. Veja:

Ele jamais passará na prova dos noves.

Lá, na festa, encontrarás os Antônios, os Andrés, os Joões, os Junqueiras e tantos outros mais.

Jamais escreverás corretamente se não conheceres bem os “as”, os “bês”, os “cês” que compõem as palavras.

Observação:

Os numerais terminados em “-s” e em “-z” são invariáveis. Ex.: dois, dez, três, seis etc.

5. Em geral os substantivos apresentam tanto o feminino quanto o masculino. Este é o princípio básico. Entretanto, alguns substantivos são, na prática, usados, em quase todos os seus empregos, no singular, embora apresentem flexão de plural como a maioria dos substantivos. Isso ocorre particularmente com:

a) substantivos que designam metais: ouro, prata, ferro, mercúrio, alumínio, cobre.

b) substantivos que designam produtos animais e vegetais: leite, mel, açúcar, lã, vinho, arroz.

c) substantivos que designam artes e ciências: Budismo, Cristianismo, Lógica, Socialismo, Aritmética.

d) alguns substantivos abstratos que exprimem virtude ou vício: preguiça, caridade, confiança, leviandade, liberdade.

2.4.2.2 Plural dos substantivos compostos

Os substantivos compostos apresentam um vasto conjunto de regras especiais para a formação de seus plurais. Vários substantivos fogem das orientações abaixo e apresentam uma forma própria, particular para o seu plural. Por isso, apresentaremos a seguir as regras mais comuns para a flexão de número de tais nomes compostos.

1.ª regra: Substantivos compostos formados por palavras variáveis quanto ao número ambas as palavras devem ir para o plural. As palavras que formam o composto devem, portanto, ser analisadas se, isoladamente, são suscetíveis de ir para o plural.

couve-flor (substantivo + substantivo) couves-flores

terça-feira (numeral + substantivo) terças-feiras

amor-perfeito (substantivo + adjetivo) amores-perfeitos

salvo-conduto (adjetivo + substantivo) salvos-condutos

ponta-direita (substantivo + adjetivo) pontas-direitas

chave-mestra (substantivo + substantivo) chaves-mestras

guarda-noturno (substantivo + adjetivo) guardas-noturnos

má-língua (adjetivo + substantivo) más-línguas

capitão-mor (substantivo + adjetivo) capitães-mores

pai-nosso (substantivo + pronome) pais-nossos

cirurgião-dentista (substantivo + adjetivo) cirurgiões-dentistas

2.ª regra: Substantivos compostos formados por palavra invariável mais uma palavra variável só o segundo elemento deverá ir para o plural.

abaixo-assinado (advérbio + particípio na função de adjetivo) abaixo­-assinados

quebra-mar (verbo + substantivo) quebra-mares

ave-maria (interjeição + substantivo) ave-marias

vice-cônsul (prefixo + substantivo) vice-cônsules

infraestrutura (prefixo + substantivo) infraestruturas

beija-flor (verbo + substantivo) beija-flores

salve-rainha (interjeição + substantivo) salve-rainhas

ultrassom (prefixo + substantivo) ultrassons

3.ª regra: Substantivos compostos unidos por preposição só o primeiro elemento varia.

pé de moleque pés de moleque

mula sem cabeça mulas sem cabeça

pimenta-do-reino pimentas-do-reino

amigo da onça amigos da onça

joão-de-barro joões-de-barro

pôr do sol pores do sol

pau a pique paus a pique

ama de leite amas de leite

4.ª regra: Substantivos compostos em que o segundo elemento delimita o primeiro só o primeiro elemento varia.

navio-escola navios-escola

banana-maçã bananas-maçã

caneta-tinteiro canetas-tinteiro

erva-mate ervas-mate

salário-família salários-família

peixe-boi peixes-boi

pau-brasil paus-brasil

pombo-correio pombos-correio

escola-modelo escolas-modelo

Observação:

Por se tratar de substantivos compostos formados por palavras variáveis, admite-se também que os compostos acima variem ambos os elementos. Portanto:

navio-escola navios-escola ou navios-escolas

peixe-boi peixes-boi ou peixes-bois

pau-brasil paus-brasil ou paus-brasis

fruta-pão frutas-pão ou frutas-pães

5.ª regra: Substantivos compostos formados por palavras repetidas ou palavras onomatopaicas (reprodução de sons das coisas, dos animais) só o segundo elemento se flexiona.

reco-reco reco-recos

ruge-ruge ruge-ruges

corre-corre corre-corres

pife-pafe pife-pafes

quero-quero quero-queros

pisca-pisca pisca-piscas

tico-tico tico-ticos

bem-me-quer bem-me-queres

bem-te-vi bem-te-vis

pega-pega pega-pegas

Observações:

a) Quando as palavras repetidas forem verbos, também é lícita a flexão dos dois elementos.

pisca-pisca pisca-piscas ou piscas-piscas

pega-pega pega-pegas ou pegas-pegas

corre-corre corre-corres ou corres-corres

b) São invariáveis os substantivos compostos formados por verbos de sentidos opostos, embora alguns dicionaristas mais modernos insistam em flexionar o último elemento.

o leva e traz os leva e traz

o vai-volta os vai-volta

o perde-ganha os perde-ganha

6.ª regra: Substantivos compostos em que o primeiro elemento for uma das formas “grão, grã, ex-, dom, são e bel só o segundo elemento se flexiona.

grão-duque grão-duques

grã-cruz grã-cruzes

dom-basiliano dom-basilianos

ex-voto ex-votos

grão-mestre grão-mestres

bel-prazer bel-prazeres

são-bento são-bentos

são-bernardo são-bernardos

7.ª regra: São substantivos compostos invariáveis:

o louva-a-deus os louva-a-deus (invariável)

o saca-rolhas os saca-rolhas (invariável)

o arco-íris os arco-íris (invariável)

o maria vai com as outras os maria vai com as outras (invariável)

2.4.3 FLEXÕES DE GRAU

Como sabemos, o substantivo é uma classe gramatical que designa os seres em geral. Os seres designados podem se apresentar em tamanhos diversos. À propriedade dos substantivos de indicar a dimensão dos seres dá-se o nome de “flexão de grau”. Em português, há duas flexões de grau: o aumentativo e o diminutivo. Essas flexões tanto podem ser obtidas com a utilização de sufixos (forma sintética) quanto com a utilização de adjetivos (forma analítica). Estudaremos primeiramente a formação do grau com a utilização de sufixos e prefixos.

1. Grau aumentativo: o substantivo se apresenta em tamanho aumentado. Geralmente são utilizados os sufixos “-ão, -arão, -arrão, -zarrão, -eirão, -alhão, -gão”. Ex.:

buraco buracão

vaga vagalhão

pezão

amigo amigão

casa casarão

homem homenzarrão

capa capeirão

lamaçal lamarão

nariz narigão

chapéu chapeirão

bobo bobalhão

dedo dedão

Há, entretanto, inúmeros substantivos que usam sufixos especiais para a formação do grau aumentativo. Abaixo apresentaremos alguns desses substantivos:

Sufixos

Exemplos

-aça

barcaça, barbaça

-alha

fornalha, muralha

-eirão

vozeirão, boqueirão

-ázio

copázio, balázio

-ona

barrigona, pernona

-orra

cabeçorra, beiçorra

-uça

vinhuça, dentuça

-anha

bocanha, campanha

-eira

fogueira, canseira

2. Grau diminutivo: o substantivo se apresenta em tamanho reduzido, diminuto. Para a formação deste grau, sinteticamente, utilizam-se também uma série de sufixos. Os mais usuais são:

Sufixos

Exemplos

-ebre

casebre

-acho

riacho, populacho

-culo

ossículo, corpúsculo

-eco

livreco, boteco

-ete

filete, filmete

-inho

filhinho, galinho

-ita

pedrita, cabrita

-ito

cãozito

-isco

chuvisco, ladrisco

-ola

sacola, rapazola

-ico

burrico, cuvico

-ica

pelica, fraldica

-ilha

presilha, flotilha

-ejo

lugarejo, papelejo

-im

espadim, pistolim

-ulo

glóbulo, nódulo

-eto

folheto, jardineto

-eta

caixeta, abeta

-ote

velhote, caixote

Observações:

a) Tanto o grau aumentativo quanto o diminutivo apresentam uma forma analítica, feita geralmente com o auxílio dos adjetivos “grande, enorme, imenso e adjetivos semelhantes” e “pequeno, minúsculo e adjetivos semelhantes” respectivamente.

b) Nem sempre o aumentativo e o diminutivo mostram o aumento e a diminuição de um ser. A utilização dos sufixos próprios para o aumentativo e para o diminutivo também pode indicar “desprezo, desproporção, pejoração, grosseria”. Observe:

Era considerada pela cidade como uma mulherzinha. (= mulher ordinária)

Os silvas eram uma gentalha. (= gente de classe social baixa)

Era um professorzinho! (= professor qualquer, sem qualificação)

Aquele padreco era um grande santarrão. (= padre sem valor; falso devoto)

c) Muitos diminutivos são usados para indicar “afetividade, aproximação, carinho”. É o caso de “amorzinho, paizinho, amiguinha, coleguinha”.

d) O grau aumentativo também é obtido pela repetição do substantivo colocando-lhe no meio a preposição “de”. É um processo muito usado na Bíblia. Veja:

Rei dos reis

Mestre dos mestres

Senhor dos senhores

Santo dos santos

d) Alguns aumentativos e diminutivos são obtidos com o emprego de prefixos. É o que se observa em “minifúndio, maxicasaco, supermercado, minissaia”.

e) Alguns substantivos, pela evolução da língua, perderam o sentido gradual e assumiram valores semânticos autônomos. É o que se verifica, por exemplo, na palavra “portão” que não mais é o aumentativo de “porta”, mas sim um tipo de entrada. Fato idêntico ocorreu com os vocábulos: cartilha, cartão, caldeirão, colchão.

f) No trato familiar, geralmente eivado de bastante afetividade, muitos diminutivos e aumentativos são criados a partir de nomes personativos. Tais criações são denominados de “hipocorísticos”. Observe alguns:

Antônio = Toninho

Fátima = Fatinha

José = Zezinho

Carlos = Cacá

Maria = Mariinha

Alexandre = Xandão

Paulo = Paulão

Josefa = Zefinha

2.4.3.1 Plural dos substantivos diminutivos

Para a formação do plural dos substantivos diminutivos deve-se obedecer às seguintes orientações:

1.º coloca-se o substantivo, sem os sufixos do diminutivo, no plural coração faz corações

2.º retira-se o “-s” do plural deste substantivo corações – “s” fica coraçõe

3.º acrescenta-se o sufixo do diminutivo coraçõe + zinho fica coraçõezinho

4.º acrescenta-se o fonema “-s” que foi retirado coraçõezinho + s fica finalmente “coraçõezinhos”

Outros exemplos:

pãozinho pãezinhos

barzinho barezinhos

farolzinho faroizinhos

paizinho paizinhos

papelzinho papeizinhos

florzinha florezinhas

amorzinho amorezinhos

carretelzinho carreteizinhos

2.5 QUESTÕES DE CONCURSOS PÚBLICOS

1. (MM) A alternativa em que há erro no sentido dos substantivos é:

a) o grama = unidade de medida; a grama = relva

b) o rádio = aparelho receptor; a rádio = estação transmissora

c) o guia = documento; a guia = pessoa que guia

d) o cisma = separação; a cisma = desconfiança

e) o moral = ânimo; a moral = ética

2. (TER-MT) O termo que faz o plural como cidadão é:

a) limão

b) órgão

c) guardião

d) espertalhão

e) balão

3. (ESAF-CJF) Assinale a opção em que há substantivos que se referem, respectivamente, a ação e sentimento:

a) homem, passos

b) passado, medo

c) diferença, raízes

d) inteligência, criação

e) trabalho, tristeza

4. (TRT-RJ) Há erro, quanto à flexão do substantivo composto, em:

a) Essa medida irá beneficiar as donas de casas.

b) Os surdos-mudos irão participar da olimpíada dos deficientes.

c) Todas as manhãs os beija-flores apareciam no jardim.

d) No Brasil muitos vice-presidentes assumem a presidência da República.

e) Não podemos tolerar os disse me disse neste assunto.

5. (TRT-RJ) Escolha a alternativa cujos gêneros, pela ordem, correspondem aos seguintes vocábulos: alface, grama (peso), e telefonema.

a) masculino – feminino – masculino – feminino

b) feminino – feminino – masculino – feminino

c) masculino – feminino – masculino – masculino

d) feminino – masculino – masculino – masculino

e) feminino – feminino – masculino – masculino

6. (TCE-RJ) A opção em que as duas palavras formam o plural da mesma maneira é:

a) substituição / nação

b) administração / pão

c) ficção / alemão

d) demonstração / capitão

e) talão / cristão

7. (TEC-RJ) Assinale a opção em que o plural das palavras destacadas é feito da mesma forma;

a) O escrivão desacatou aquele cidadão.

b) O salário-família será pago na sexta-feira.

c) O freguês antigo tinha uma aparência simples.

d) O funcionário encarregado de vistoria era dócil e gentil.

e) Naquele mundo pagão, havia apenas um cristão.

8. (Mackenzie-SP) Em qual das alternativas todas as palavras pertencem ao gênero masculino?

a) dinamite, agiota, trema, cal

b) dilema, perdiz, tribo, axioma

c) eclipse, telefonema, dó, aroma

d) estratagema, bílis, omoplata, gengibre

e) sistema, guaraná, rês, anátema

9. (UFBA) Ficou com _______ quando soube que ______ caixa do banco entregara aos ladrões todo o dinheiro _______ clã.

a) o moral abalado – o – do

b) a moral abalada – o – da

c) o moral abalado – a – da

d) a moral abalado – a – do

e) a moral abalada – a – da

10. (ITA-SP) Examinar a frase abaixo, dando atenção aos vocábulos destacados:

“A estação emissora procurava encorajar o ânimo daqueles que lutavam contra a tropa inimiga.”

A sequência dos sinônimos das palavras destacadas na sentença acima é, pela ordem:

a) o rádio, a moral, a corja

b) a rádio, a moral, a horda

c) a rádio, o moral, a hoste

d) o rádio, o moral, a hoste

e) As alternativas acima não são corretas.

GABARITO

1 – C

2 – B

3 – E

4 – A

5 – D

6 – A

7 – E

8 – C

9 – A

10 – C

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