Capítulo 3

ADJETIVO

3.1 DEFINIÇÃO

É a classe de palavras variáveis que alteram a noção do substantivo atribuindo-lhe qualidades, características, aspectos gerais ou específicos, estados, modos de ser. Resumidamente, o adjetivo é a classe que nomeia as qualidades e os estados atribuídos ao substantivo.

Observe os primeiros exemplos:

mulher desprestigiada

navio quebrado

porta aberta

casinhas brancas e amarelas

Observe os termos grifados acima. Todos são adjetivos, pois apresentam qualidades e estados dos seres a que se referem.

3.2 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE OS ADJETIVOS

1. Como se referem a substantivos, os adjetivos – embora alguns sejam invariáveis – concordam em gênero e número com o substantivo.

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2. O adjetivo também pode aparecer na função de substantivo e vice­-versa. Veja:

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3. Muito frequentemente, o adjetivo aparece sob a forma de uma locução, formada, em geral, pela junção de uma preposição mais um substantivo, referindo-se – obviamente – a um substantivo. É o que se denomina de “locução adjetiva”. Observe:

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Observações:

a) Nem sempre é possível transformar uma locução adjetiva em um adjetivo simples. Veja alguns exemplos em que essa transformação não é possível:

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b) Em raros casos, a locução adjetiva é formada por uma preposição mais um advérbio. Vale ressaltar que as locuções adjetivas equivalem a adjetivos e sempre irão se referir a substantivos. Esta, aliás, é a principal característica dos adjetivos.

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4. É imperioso dizer que o adjetivo também pode ser expresso por meio de uma oração, assim como ocorre com o substantivo: é a denominada “oração adjetiva”, isto é, uma oração que funciona como um adjetivo. Veja abaixo:

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Observação:

A principal característica das orações adjetivas é o fato de elas virem introduzidas por um pronome relativo, por isso são também chamadas de “orações relativas”.

5. É importante não se esquecer de que os adjetivos funcionam como determinantes para o substantivo. Logo, a presença de uma oração adjetiva, por exemplo, exigirá, por se tratar de um determinante, o acento grave nas palavras que pedem determinação para que haja o fenômeno da crase. Observe:

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Observação:

Procure correlacionar este conhecimento com o assunto sobre o emprego do acento grave em sintaxe.

6. Frequentemente, os particípios verbais exercem a função de um adjetivo – são os chamados adjetivos de base participial. Em vários casos, tais particípios representam orações adjetivas reduzidas. Observe:

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3.3 FORMAÇÃO DOS ADJETIVOS

Quanto à formação, os adjetivos podem ser:

a) simples feio, branco, palmarense etc.

b) compostos castanho-claro, luso-brasileira, surdo-mudo etc.

c) primitivos belo, feio, bonito, amarelo etc.

d) derivados decoroso, famoso, bonachão etc.

3.3.1 ADJETIVOS PÁTRIOS

Há inúmeros adjetivos que se referem a países, regiões, continentes, estados, povos, raças. Estes adjetivos são denominados de “pátrios ou gentílicos”. Vejamos alguns:

Pátrios brasileiros (Estados e cidades)

Alagoas

alagoano

Acre

acriano ou acreano

Água Preta

água-pretense

Amazonas

amazonense

Bahia

baiano

Belém

belenense

Belo Horizonte

belo-horizontino

Brasília

brasiliense

Catende

catendense

Ceará

cearense

Curitiba

curitibano

Espírito Santo

espírito-santense ou capixaba

Fortaleza

fortalezense

Goiânia

goianiense

Goiás

goiano

João Pessoa

pessoense

Juiz de Fora

juiz-forense

Manaus

manauense

Maranhão

maranhense

Mato Grosso

mato-grossense

Mato Grosso do Sul

mato-grossense-do-sul

Minas Gerais

mineiro

Natal

natalense

Palmares

palmarense

Pará

paraense

Paraíba

paraibano

Paraná

paranaense

Pernambuco

pernambucano

Piauí

piauiense

Porto Alegre

porto-alegrense

Recife

recifense

Ribeirão Preto

ribero-pretano

Rio de Janeiro (cidade)

carioca

Rio de Janeiro (Estado)

fluminense

Rio Grande do Norte

norte-rio-grandense, rio-grandense­-do-norte ou potiguar

Rio Grande do Sul

rio-grandense-do-sul ou gaúcho

Rondônia

rondoniano ou rondoniense

Roraima

roraimense

Salvador/BA

salvadorense ou soteropolitano

Santa Catarina

catarinense ou barriga-verde

São Paulo (cidade)

paulistano

São Paulo (Estado)

paulista

Sergipe

sergipano ou sergipense

Tocantins

tocantinense

Três Corações

tricordiano

Pátrios estrangeiros

Belém (Jordânia)

belemita

Boston/EUA

bostoniano

Caracas

caraquenho

Congo

congolês

El Salvador

salvadorenho

Estados Unidos

estadunidense, norte-americano ou ianque

Flandres

flamengo

Gália

galo ou gaulês

Galiza

galego

Japão

japonês ou nipônico

Jerusalém

hierosolimita ou hierosolimitano

Lima

Limenho

Lisboa

lisboeta ou lisbonense

Madagascar

malgaxe ou madasgacarense

Madri

madrileno ou madrilense

Manchúria

manchu

Moscou

moscovita

Nova Zelândia

neozelandês

Parma

parmesão

Patagônia

patagão

Porto

portuense

Suíça

suíço

Viana

vianense, vianês

Observação:

Muitas vezes se utiliza mais de um adjetivo pátrio para se referir a um mesmo substantivo. Neste caso, usam-se as formas latinizadas e reduzidas de tais adjetivos. Observe abaixo:

Adjetivo

Adjetivo correspondente – forma latina reduzida

inglês

anglo-

austríaco

austro-

europeu

euro-

francês

franco-

grego

greco-

espanhol

hispano-

indiano

indo-

italiano

ítalo-

galego

galaico-

português

luso-

japonês

nipo-

chinês

sino-

alemão

teuto- ou germano-

dinamarquês

dano-

finlandês

fino-

belga

belgo-

Portanto, se quisermos dizer que um acordo foi efetuado entre China, Japão e Portugal, por exemplo, diremos:

acordo sino-nipo-lusitano

3.3.2 ADJETIVOS ERUDITOS

São adjetivos que significam “relativo a”, “semelhante a”, “próprio de”. Possuem, na maioria dos casos, uma locução adjetiva correspondente. Vejamos alguns:

Adjetivo erudito

Locução adjetiva correspondente (relativo a...)

acético

vinagre

adamantino

diamante

anular

anel

aracnídeo

aranha

argênteo, argentino, argírico

prata

auricular, ótico

ouvidos

axial

eixo

áureo

ouro

bélico

guerra

biliar

bílis

bucal, oral

boca

canino

cão

capilar

cabelo

caprino

cabra

cardíaco

coração

cefálico

cabeça

celular

célula

cervical

pescoço

circense

circo

cítrico

limão, laranja

columbino

pombo

coreógrafo

dança

digital

dedo

discente

aluno

docente

professor

dorsal

costas

eclesiástico

igreja

ecumênico

universo habitado

edênico

éden

eólico

vento

epidérmico ou cutâneo

pele

episcopal

bispo

equídeo, equino, hípico

cavalo

estelar

estrela

fabril

fábrica

felino, felídeo

gato

feroz, ferino

fera

férreo

ferro

filatélico

selos

filial

filho

fluvial, potâmico

rio

fônico, vocal

voz

formicular

formiga

fraterno ou fraternal

irmão

frontal

frente

gástrico

estômago

glacial

gelo

gutural

garganta

hepático

fígado

herbáceo

erva

hibernal

inverno

ictílico, písceo

peixe

ígneo

fogo

insular

ilha

jurídico

direito

lacrimal

lágrima

lácteo

leite

lacustre

lago

lateral

lado

leonino

leão

leporino

lebre

letal, mortífero

morte

lunar

lua

magistral

mestre

marinho, marítimo

mar

materno ou maternal

mãe

matutino, matinal

manhã

meridional, austral

sul

mnemônico

memória

monetário, numismático

moeda

nasal

nariz

naval

navio, navegação

ocular, óptico, oftálmico

olhos

ofídico

cobra

olímpico

Olimpo, olimpíadas

onírico

sonho

outonal

outono

ovino

ovelha

palustre

brejo

paradisíaco

paraíso

pecuário

gado

pecuniário

dinheiro

pesqueiro

pesca

pétreo

pedra

platônico

Platão

plebeu

plebe

plúmbeo

chumbo

pluvial

chuva

postal

correio

pueril, infantil

criança

pulmonar

pulmão

real

rei

renal

rim

rural

campo

sacarino

açúcar

saponáceo

sabão

senil

velho, velhice

setentrional, boreal

norte

sideral

astro

silvestre

selva

símio, simiesco

macaco

sísmico

terremoto

suíno, porcino

porco

sulfúrico

enxofre

terrestre

terra

torácico

tórax

umbilical

umbigo

vascular

vasos sanguíneos

venoso

veia

vespertino

tarde

vínico, vinário

vinho

viril

homem

vital

vida

vítreo, hialino

vidro

3.4 FLEXÕES DOS ADJETIVOS

Assim como os substantivos, os adjetivos se flexionam em gênero, número e grau.

3.4.1 FLEXÕES DE GÊNERO

Como o adjetivo é a palavra que acompanha o substantivo a fim de qualificá-lo, a flexão em que este se encontra contamina a daquele, ou seja, o adjetivo geralmente se flexiona de acordo com o substantivo que ele determina. Observe:

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Quanto ao gênero, os adjetivos se classificam em: uniformes e biformes.

a) São uniformes os adjetivos que apresentam uma única forma tanto para o masculino quanto para o feminino.

lei federal / regulamento federal

questão fácil / assunto fácil

gente alegre / povo alegre

lei inconstitucional / decreto inconstitucional

b) São biformes os que apresentam uma forma para o feminino e outra para o masculino.

mulher bonita / homem bonito

bolo gostoso / torta gostosa

exército inglês / questão inglesa

problema delicado / solução delicada

3.4.1.1 Formação do feminino dos adjetivos biformes

Cumpre a princípio informar que boa parte dos adjetivos se flexiona com base nas regras dos substantivos. Entretanto, salientaremos algumas regras para um melhor estudo. Acompanhe:

a) Os adjetivos terminados em “-eu” (com o “e” fechado) formam o feminino com o acréscimo de “-eia”:

ateu ateia

cananeu cananeia

galileu galileia

europeu europeia

Exceções:

sandeu sandia

judeu judia

b) Os adjetivos terminados em “-ês, -ol, -or, -u” formam o feminino pelo simples acréscimo de “-a”:

nu nua

cru crua

inglês inglesa

encantador encantadora

camponês camponesa

jogador jogadora

espanhol espanhola

c) Os adjetivos terminados em “-ão” formam o feminino ora com o acréscimo de “-ã”, ora com o acréscimo de “-ona”:

vão

chorão chorona

ladrão ladrona ou ladra

comilão comilona

d) São invariáveis os adjetivos terminados em:

-l ( exceto “-ol”) cruel, fiel, útil, amável etc.

-ar, -er regular, exemplar, mau-caráter, esmoler etc.

-z veloz, infeliz, atroz, capaz etc. (Exceção: andaluz andaluza)

-m jovem, ruim, comum, virgem etc. (Exceção: bom boa)

-e forte, inteligente, elegante, leve etc.

-s (exceto “ês”) simples etc.

Observações importantes sobre as flexões de gênero:

a) Alguns adjetivos biformes, quando postos no gênero feminino, passam da vogal (ô) fechada para a vogal (ó) aberta. Observe:

ô – fechada (masculino)

ó – aberta (feminino)

perigoso

perigosa

furioso

furiosa

religioso

religiosa

bondoso

bondosa

mimoso

mimosa

b) Outros adjetivos, entretanto, mantêm a mesma vogal (ô) fechada do masculino no feminino.

ô – fechada (masculino)

ô – fechada (feminino)

fosco

fosca

oco

oca

gordo

gorda

moço

moça

solto

solta

c) O adjetivo “só”, significando “sozinho”, é invariável quanto ao gênero.

Eles ficaram sós.

Elas ficaram sós.

3.4.2 FLEXÕES DE NÚMERO

a) Como já dissemos, o adjetivo acompanha o substantivo e com este concorda. Portanto, o adjetivo se flexionará em número de acordo com as regras que se utilizam para a flexão de número dos substantivos.

vestido azul vestidos azuis

questão comum questões comuns

prato espanhol pratos espanhóis

pensamento vão pensamentos vãos

b) Nos adjetivos compostos, só o último elemento se flexiona.

intervenção médico-cirúrgica intervenções médico-cirúrgicas

acordo luso-latino-americano acordos luso-latino-americanos

problema sociopolítico problemas sociopolíticos

tratado franco-brasileiro tratados franco-brasileiros

cabelo castanho-escuro cabelos castanho-escuros

c) São invariáveis os adjetivos compostos formados de “cor + de + substantivo”. Observe:

blusa cor-de-rosa blusas cor-de-rosa

azulejos cor de musgo

suéter cor de café com leite suéteres cor de café com leite

Observação:

Nos exemplos, há a omissão da preposição “de” entre o primeiro substantivo e a palavra “cor”. Logo, também seria gramaticalmente correta a seguinte escrita:

luvas de cor de café

meias de cor de rosa

vestidos de cor de chocolate

Em outras construções, omitem-se as três palavras “de cor de”, fazendo com que o substantivo indicativo da cor modifique diretamente o substantivo cuja cor se quer indicar. Ainda neste caso, o substantivo indicativo da cor permanecerá invariável.

luvas salmão omissão de “de cor de”

cetim rosa omissão de “de cor de”

fita creme omissão de “de cor de”

tecido laranja omissão de “de cor de”

d) São igualmente invariáveis os compostos formados de “adjetivo + substantivo”.

calça amarelo-ouro calças amarelo-ouro

terno verde-oliva ternos verde-oliva

tecido vermelho-sangue tecidos vermelho-sangue

sofá azul-ferrete sofás azul-ferrete

Observações:

a) Excetuam-se das regras acima os adjetivos “surdo-mudo” e “surda-muda”, cujos plurais são, respectivamente, “surdos-mudos” e “surdas-mudas”.

b) A despeito de os dicionaristas registrarem – respaldados, diga-se de passagem, pelo Vocabulário Ortográfico da língua portuguesa – os plurais “azuis-marinhos” e “azuis-celestes”, prefere-se utilizar, no português corrente, estes adjetivos como invariáveis: calças azul-marinho, blusas azul-celeste.

c) Convém lembrar que, quando o adjetivo é empregado em função adverbial (derivação imprópria) – geralmente equivalendo a um advérbio terminado em “-mente” –, permanecerá inflexível, isto é, deverá ser empregado no masculino e na terceira pessoa do singular. Observe abaixo (os termos em negrito são todos “adjetivos adverbializados”):

Vamos falar sério.

Ouvimos músicas puro clássicas.

A seleção venceu fácil o jogo.

Todos aqui amam diferente.

Elas responderam seco.

Todas falam fino.

A justiça rápido se corrompe.

Elas torciam forte.

As portas raro se abriam.

Eles suavam frio.

Jogamos fraco as bolas.

As alunas juraram falso.

Dica importante: É preciso ter-se em mente que a questão de a palavra apresentar esta ou aquela morfologia depende da função (morfológica) exercida na oração. Portanto, é fundamental lembrar que o adjetivo se refere a um substantivo, enquanto o advérbio é um modificador de verbos, adjetivos e advérbios. Portanto, fique atento!

3.4.3 FLEXÕES DE GRAU

As flexões de grau apresentam a intensidade das qualidades atribuídas aos seres. Não se deve, pois, confundir com o grau dos substantivos, já que este tem por função indicar o tamanho dos seres.

Existem dois graus para os adjetivos: o comparativo e o superlativo.

3.4.3.1 O grau comparativo

A principal característica do grau comparativo é a existência de dois seres postos numa relação de confronto. Nesta relação, um dos seres se mostrará “inferior”, “superior” ou “igual” ao outro no que se refere à(s) sua(s) qualidade(s). Daí o grau comparativo poder ser:

1. De inferioridade (menos... que ou do que...)

Os argumentos orais apresentados eram menos consistentes do que a defesa escrita que fizera no início do processo.

O presidente do clube era menos inteligente que seus associados.

2. De igualdade (tão... quanto, quão ou como...)

Todos os cavalos eram tão saudáveis quanto as éguas que tínhamos comprado no mês passado.

Percebemos que as ideias eram tão irresponsáveis quão seus donos.

As poltronas do novo avião eram tão confortáveis como as do ônibus que nos trouxera até Recife.

3. De superioridade (mais... que ou do que...)

O castelo era mais alto que a casa daquele empresário.

Ele era mais inteligente do que esperto.

Observações sobre o grau comparativo:

a) O grau comparativo se faz, como se percebeu, de forma analítica. Alguns adjetivos, entretanto, oriundos do latim, apresentam forma sintética para o comparativo. São eles:

Adjetivo

Forma comparativa sintética

bom

melhor

mau

pior

grande

maior

pequeno

menor

alto

superior

baixo

inferior

Observação:

Quando se comparam, no entanto, características de um mesmo ser, usam-se as formas analíticas destes mesmos adjetivos. Veja:

A cara era mais grande do que arejada.

Ele era mais bom do que atencioso.

b) Muitas vezes o grau comparativo se manifesta nos substantivos adjetivados. Observe:

Ele foi mais pai do que professor.

João era mais vereador do que advogado.

c) Nas estruturas comparativas, a conjunção comparativa liga partes da oração de mesma função. Entretanto, em muitos casos, a bem da clareza, o segundo elemento da comparação deve, a despeito de funcionar com objeto direto, vir encabeçado por uma preposição – geralmente a preposição “a” – para evitar ambiguidades.

“A ela, à presumida mulher, aborreço-a quase tanto como ao marido.” (Almeida Garrett)

“Os pés dos gentios hão de logo pulverizá-la como aos meus pés”. (Camilo)

“Acusaram-no de haver beneficiado mais a sua família que ao povo romano.” (Camilo)

d) Quando a conjunção comparativa “como” se refere a um termo que está precedido por uma preposição, deve obrigatoriamente vir acompanhada da mesma preposição.

“Suspensos os pobres Frades com o embargo, pareceu que achariam amparo no Bispo, como em quem fora o primeiro autor de sua vinda”. (Fr. L. de Souza)

“E por esta causa tratamos dele como de filho de Benfica”. (Fr. L. de Souza)

“Acostumei-me a olhar para a morte como para o tempo de meus padecimentos.” (Filinto Elísio)

e) Nas estruturas comparativas, o verbo da oração comparativa geralmente é elipsado em virtude de ser o mesmo verbo da oração principal (subordinante).

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Observação:

Nestes casos, temos orações comparativas com verbos elípticos ou verbos latentes.

f) Lembre-se de que a preposição “DE”, que introduz as comparações de superioridade e de inferioridade, pode ser elipsada, ocultada. Portanto, podemos dizer corretamente:

Ela é mais sábia do que o João. /OU/

Ela é mais sábia que João.

“Os homens que se chamavam meus amantes valiam menos para mim do que um animal.” (José de Alencar)

“Mas nada nos dista mais da mente do que a intransigência intelectual e o dogmatismo político.” (Rui Barbosa)

“Os ministros ficaram cientes da existência de uma influência mais poderosa que a do chefe aparente do Estado.” (Rui Barbosa)

“A imperturbável seriedade de Estela foi um aguilhão mais, não menos cruel que a gentileza de suas formas.” (Machado de Assis)

3.4.3.2 O grau superlativo

Aqui, os adjetivos expressam o grau mais elevado da característica atribuída ao substantivo. Divide-se em:

1. Superlativo absoluto aqui não se estabelece qualquer comparação com outro ser e o adjetivo intensifica ao máximo a característica atribuída ao substantivo. Pode ser efetivado de duas maneiras:

a) De forma analítica (superlativo absoluto analítico) é obtido com o emprego de um advérbio de intensidade anteposto ao adjetivo. Geralmente se empregam os advérbios “muito, mui, bastante, muitíssimo, excessivamente, exageradamente”.

A questão era demasiadamente difícil.

Ele era muito respeitado pelos amigos.

Todos ficaram bastante perplexos.

Eram músicas assaz antigas.

b) De forma sintética (superlativo absoluto sintético) é obtido com o emprego dos sufixos “-íssimo”, “-imo” ou “-érrimo” ao adjetivo.

Ele sempre demonstrou atitudes benevolentíssimas.

Era um objeto sacratíssimo.

O menino era paupérrimo.

Sempre foi amicíssimo do padre da cidade.

Considerações importantes sobre a formação do superlativo absoluto sintético:

a) Os adjetivos terminados em vogal átona perdem essa vogal ao receber o sufixo do superlativo:

alto altíssimo

agudo agudíssimo

belo belíssimo

justo justíssimo

macio maciíssimo

quente quentíssimo

Observação:

Alguns adjetivos sofrem alterações gráficas quando recebem o sufixo do superlativo. Veja:

antigo antiquíssimo

largo larguíssimo

fraco fraquíssimo

rouco rouquíssimo

pouco pouquíssimo

rico riquíssimo

b) Os adjetivos terminados em “-vel” fazem o superlativo com o acréscimo de “-bilíssimo”:

amável amabilíssimo

notável notabilíssimo

visível visibilíssimo

louvável louvabilíssimo

móvel mobilíssimo

horrível horribilíssimo

c) Os adjetivos terminados em “-z” fazem o superlativo sintético com o acréscimo de “-císsimo”, ou melhor, trocam o “z” por “c” e recebem o sufixo “íssimo”:

audaz audacíssimo

feliz felicíssimo

veloz velocíssimo

eficaz eficacíssimo

falaz falacíssimo

contumaz contumacíssimo

d) A maioria dos adjetivos terminados em “-il” forma o superlativo com o acréscimo de “-imo”:

dócil docílimo

difícil dificílimo

frágil fragílimo

fácil facílimo

grácil gracílimo

ágil agílimo

hábil habílimo

senil senílimo

e) Muitas vezes a formação do superlativo sintético atende a questões etimológicas. Assim, os adjetivos que no latim terminavam em “-er” recebem o sufixo “-imo”:

magro (latim, macer) macérrimo

pobre (latim, pauper) paupérrimo

áspero (latim, asper) aspérrimo

negro (latim, niger) nigérrimo

f) Como já dissemos, muitos adjetivos formam o superlativo a partir do superlativo latino. Por isso, há uma série de adjetivos que apresentam uma forma mais erudita e uma forma mais popular, mais usual nos dias atuais. Observe:

Adjetivo

Forma superlativa erudita

Forma superlativa popular

ágil

agílimo

agilíssimo

doce

dulcíssimo

docíssimo

humilde

humílimo

humildíssimo

magro

macérrimo

magríssimo

pobre

paupérrimo

pobríssimo

simples

simplicíssimo

simplíssimo

soberbo

superbíssimo

soberbíssimo

g) No linguajar coloquial, é comum o uso do sufixo “-ésimo”, típico da formação de numerais ordinais, para a formação do superlativo. Esta prática, no entanto, não é agasalhada pelo padrão culto da língua. Portanto, formas como “importantésimo, finésima, gostosésima”, bastante comuns no falar coloquial, devem ser substituídas pelas suas respectivas formas cultas para o superlativo: “importantíssimo, finíssimo, gostosíssimo”.

h) Muitas vezes o grau superlativo sintético é obtido com o emprego de alguns prefixos que intensificam o adjetivo. Logo, formações como “superinteligente”, “hiperdesenvolvido”, “ultrafino” representam também o superlativo de tais palavras.

Segue abaixo uma lista sucinta dos principais e mais usuais superlativos portugueses:

Adjetivo

Superlativo
absoluto sintético

acre

acérrimo

agudo

acutíssimo

amargo

amaríssimo

amigo

amicíssimo

antigo

antiquíssimo

áspero

aspérrimo

bélico

belicíssimo

benéfico

beneficentíssimo

benévolo

benevolentíssimo

célebre

celebérrimo

cristão

cristianíssimo

cruel

crudelíssimo

doce

dulcíssimo

fiel

fidelíssimo

frio

frigidíssimo

geral

generalíssimo

humilde

humílimo

inimigo

inimicíssimo

magnífico

magnificentíssimo

magro

macérrimo ou magríssimo

maléfico

maleficentíssimo

malévolo

malevolentíssimo

mísero

misérrimo

negro

nigérrimo

nobre

nobilíssimo

pessoal

personalíssimo

pobre

paupérrimo ou pobríssimo

provável

probabilíssimo

público

publicíssimo

pudico

pudicíssimo

sábio

sapientíssimo

sagrado

sacratíssimo

salubre

salubérrimo

são

saníssimo

sério

seriíssimo

simpático

simpaticíssimo

simples

simplicíssimo

soberbo

superbíssimo

2. Superlativo relativo aqui o adjetivo atribuído ao substantivo é intensificado para mais ou para menos e posto numa relação comparativa com outro ser. Pode ser:

a) Superlativo relativo de superioridade é obtido com o emprego dos elementos “o mais... de... (ou dentre...)”.

“Você era a mais bonita das cabrochas dessa ala.” (Chico Buarque)

Ele sempre foi o mais inteligente dentre todos os alunos de sua escola.

Castilho foi o mais perfeito dos escritores portugueses do século XIX.

b) Superlativo relativo de inferioridade é obtido com o emprego dos elementos “o menos... de... (ou dentre...)”.

Os rapazes observados pelo detetive eram os menos informados de todos os que ele já investigou.

Aquela menina deveria ser a menos sábia dentre seus coleguinhas da sala por causa do problema neurológico.

Consideram-na a menos linda das candidatas ao concurso de beleza.

3.5 QUESTÕES DE CONCURSOS PÚBLICOS

1. (MM) Assinale a alternativa que contém uma correlação incorreta entre o adjetivo e a locução correspondente:

a) água de chuva – pluvial

b) pele de marfim – ebúrnea

c) representante dos alunos – docente

d) agilidade de gato – felina

e) copo de prata – argênteo

2. (ALERJ/FESP) A frase que contém um adjetivo é:

a) A necessidade fez isto do homem.

b) Todos lutam para ter a liberdade.

c) A televisão nos mostra o mundo.

d) Ele usa um topete escandaloso.

e) Gostaria de ficar com você.

3. (TRT-RJ) A forma do superlativo está incorreta na frase da seguinte alternativa:

a) Comíamos tão pouco que ficamos magríssimos.

b) Todos o consideravam sapientíssimo.

c) Era um leitor compulsivo, voracíssimo.

d) Depois da publicação do romance ficou celebérrimo.

e) Após o golpe, tornou-se um ditador cruelíssimo.

4. (TRT-PR) “O uniforme verde-oliva era mais bonito do que o verde-claro.”

Passando a oração para o plural, temos:

a) Os uniformes verdes-olivas eram mais bonitos do que os verdes-claros.

b) Os uniformes verdes-oliva eram mais bonitos do que os verdes-claros.

c) Os uniformes verde-olivas eram mais bonitos do que os verde-claros.

d) Os uniformes verde-oliva eram mais bonitos do que os verde-claros.

e) Os uniformes verde-oliva eram mais bonitos do que os verde-claro.

5. (TRT-PR) “Em algumas regiões o vocabulário é mínimo...”

A forma mínimo corresponde ao:

a) superlativo absoluto sintético

b) superlativo relativo de superioridade

c) superlativo relativo de inferioridade

d) superlativo absoluto analítico

e) comparativo de inferioridade

6. (TJ-SP) Em qual dos itens há um superlativo relativo?

a) Foi um gesto de péssimas consequências.

b) Aquele professor é ótimo.

c) O dia amanheceu extremamente frio.

d) Ele fez a descoberta mais notável do século!

e) Ele foi muito infeliz naquele lance!

7. (TRF-RJ) Os acordos _____ dispensam interpretações de natureza _____.

a) lusos-brasileiros – filosófico-científica

b) lusos-brasileiro – filosófica-científicas

c) luso-brasileiros – filosófico-científica

d) lusos brasileiros – filosófica-científica

e) luso-brasileiros – filosófica-científicas

8. (CEFET-PR) Em que caso a palavra destacada não tem valor de adjetivo?

a) Um branco, velho, pedia esmolas.

b) Um velho, branco, pedia esmolas.

c) Era um dia cinzento.

d) O sabão usado desbotou o verde da camisa.

e) Os viajantes dormiam tranquilos.

9. (UFF-RJ) Das frases abaixo, apenas uma apresenta adjetivo no comparativo de superioridade. Assinale-a.

a) A palmeira é a mais alta árvore deste lugar.

b) Guardei as melhores recordações daquele dia.

c) A Lua é menor do que a Terra.

d) Ele é o maior aluno de sua turma.

e) O mais alegre dentre os colegas era Ricardo.

10. (ITA-SP) O plural de terno azul-claro, terno verde-mar é, respectivamente:

a) ternos azuis-claros, ternos verdes-mares

b) ternos azuis-claros, ternos verde-mares

c) ternos azul-claro, ternos verde-mar

d) ternos azul-claros, ternos verde-mar

e) ternos azuis-claro, ternos verde-mar

GABARITO

1 – C

2 – D

3 – E

4 – D

5 – A

6 – D

7 – C

8 – D

9 – D

10 – D

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