É a classe de palavras variáveis que alteram a noção do substantivo atribuindo-lhe qualidades, características, aspectos gerais ou específicos, estados, modos de ser. Resumidamente, o adjetivo é a classe que nomeia as qualidades e os estados atribuídos ao substantivo.
Observe os primeiros exemplos:
mulher desprestigiada
navio quebrado
porta aberta
casinhas brancas e amarelas
Observe os termos grifados acima. Todos são adjetivos, pois apresentam qualidades e estados dos seres a que se referem.
1. Como se referem a substantivos, os adjetivos – embora alguns sejam invariáveis – concordam em gênero e número com o substantivo.
2. O adjetivo também pode aparecer na função de substantivo e vice-versa. Veja:
3. Muito frequentemente, o adjetivo aparece sob a forma de uma locução, formada, em geral, pela junção de uma preposição mais um substantivo, referindo-se – obviamente – a um substantivo. É o que se denomina de “locução adjetiva”. Observe:
Observações:
a) Nem sempre é possível transformar uma locução adjetiva em um adjetivo simples. Veja alguns exemplos em que essa transformação não é possível:
b) Em raros casos, a locução adjetiva é formada por uma preposição mais um advérbio. Vale ressaltar que as locuções adjetivas equivalem a adjetivos e sempre irão se referir a substantivos. Esta, aliás, é a principal característica dos adjetivos.
4. É imperioso dizer que o adjetivo também pode ser expresso por meio de uma oração, assim como ocorre com o substantivo: é a denominada “oração adjetiva”, isto é, uma oração que funciona como um adjetivo. Veja abaixo:
Observação:
A principal característica das orações adjetivas é o fato de elas virem introduzidas por um pronome relativo, por isso são também chamadas de “orações relativas”.
5. É importante não se esquecer de que os adjetivos funcionam como determinantes para o substantivo. Logo, a presença de uma oração adjetiva, por exemplo, exigirá, por se tratar de um determinante, o acento grave nas palavras que pedem determinação para que haja o fenômeno da crase. Observe:
Observação:
Procure correlacionar este conhecimento com o assunto sobre o emprego do acento grave em sintaxe.
6. Frequentemente, os particípios verbais exercem a função de um adjetivo – são os chamados adjetivos de base participial. Em vários casos, tais particípios representam orações adjetivas reduzidas. Observe:
Quanto à formação, os adjetivos podem ser:
a) simples feio, branco, palmarense etc.
b) compostos castanho-claro, luso-brasileira, surdo-mudo etc.
c) primitivos belo, feio, bonito, amarelo etc.
d) derivados decoroso, famoso, bonachão etc.
Há inúmeros adjetivos que se referem a países, regiões, continentes, estados, povos, raças. Estes adjetivos são denominados de “pátrios ou gentílicos”. Vejamos alguns:
Pátrios brasileiros (Estados e cidades)
Alagoas |
alagoano |
Acre |
acriano ou acreano |
Água Preta |
água-pretense |
Amazonas |
amazonense |
Bahia |
baiano |
Belém |
belenense |
Belo Horizonte |
belo-horizontino |
Brasília |
brasiliense |
Catende |
catendense |
Ceará |
cearense |
Curitiba |
curitibano |
Espírito Santo |
espírito-santense ou capixaba |
Fortaleza |
fortalezense |
Goiânia |
goianiense |
Goiás |
goiano |
João Pessoa |
pessoense |
Juiz de Fora |
juiz-forense |
Manaus |
manauense |
Maranhão |
maranhense |
Mato Grosso |
mato-grossense |
Mato Grosso do Sul |
mato-grossense-do-sul |
Minas Gerais |
mineiro |
Natal |
natalense |
Palmares |
palmarense |
Pará |
paraense |
Paraíba |
paraibano |
Paraná |
paranaense |
Pernambuco |
pernambucano |
Piauí |
piauiense |
Porto Alegre |
porto-alegrense |
Recife |
recifense |
Ribeirão Preto |
ribero-pretano |
Rio de Janeiro (cidade) |
carioca |
Rio de Janeiro (Estado) |
fluminense |
Rio Grande do Norte |
norte-rio-grandense, rio-grandense-do-norte ou potiguar |
Rio Grande do Sul |
rio-grandense-do-sul ou gaúcho |
Rondônia |
rondoniano ou rondoniense |
Roraima |
roraimense |
Salvador/BA |
salvadorense ou soteropolitano |
Santa Catarina |
catarinense ou barriga-verde |
São Paulo (cidade) |
paulistano |
São Paulo (Estado) |
paulista |
Sergipe |
sergipano ou sergipense |
Tocantins |
tocantinense |
Três Corações |
tricordiano |
Pátrios estrangeiros
Belém (Jordânia) |
belemita |
Boston/EUA |
bostoniano |
Caracas |
caraquenho |
Congo |
congolês |
El Salvador |
salvadorenho |
Estados Unidos |
estadunidense, norte-americano ou ianque |
Flandres |
flamengo |
Gália |
galo ou gaulês |
Galiza |
galego |
Japão |
japonês ou nipônico |
Jerusalém |
hierosolimita ou hierosolimitano |
Lima |
Limenho |
Lisboa |
lisboeta ou lisbonense |
Madagascar |
malgaxe ou madasgacarense |
Madri |
madrileno ou madrilense |
Manchúria |
manchu |
Moscou |
moscovita |
Nova Zelândia |
neozelandês |
Parma |
parmesão |
Patagônia |
patagão |
Porto |
portuense |
Suíça |
suíço |
Viana |
vianense, vianês |
Observação:
Muitas vezes se utiliza mais de um adjetivo pátrio para se referir a um mesmo substantivo. Neste caso, usam-se as formas latinizadas e reduzidas de tais adjetivos. Observe abaixo:
Portanto, se quisermos dizer que um acordo foi efetuado entre China, Japão e Portugal, por exemplo, diremos:
acordo sino-nipo-lusitano
São adjetivos que significam “relativo a”, “semelhante a”, “próprio de”. Possuem, na maioria dos casos, uma locução adjetiva correspondente. Vejamos alguns:
Adjetivo erudito |
Locução adjetiva correspondente (relativo a...) |
acético |
vinagre |
adamantino |
diamante |
anular |
anel |
aracnídeo |
aranha |
argênteo, argentino, argírico |
prata |
auricular, ótico |
ouvidos |
axial |
eixo |
áureo |
ouro |
bélico |
guerra |
biliar |
bílis |
bucal, oral |
boca |
canino |
cão |
capilar |
cabelo |
caprino |
cabra |
cardíaco |
coração |
cefálico |
cabeça |
celular |
célula |
cervical |
pescoço |
circense |
circo |
cítrico |
limão, laranja |
columbino |
pombo |
coreógrafo |
dança |
digital |
dedo |
discente |
aluno |
docente |
professor |
dorsal |
costas |
eclesiástico |
igreja |
ecumênico |
universo habitado |
edênico |
éden |
eólico |
vento |
epidérmico ou cutâneo |
pele |
episcopal |
bispo |
equídeo, equino, hípico |
cavalo |
estelar |
estrela |
fabril |
fábrica |
felino, felídeo |
gato |
feroz, ferino |
fera |
férreo |
ferro |
filatélico |
selos |
filial |
filho |
fluvial, potâmico |
rio |
fônico, vocal |
voz |
formicular |
formiga |
fraterno ou fraternal |
irmão |
frontal |
frente |
gástrico |
estômago |
glacial |
gelo |
gutural |
garganta |
hepático |
fígado |
herbáceo |
erva |
hibernal |
inverno |
ictílico, písceo |
peixe |
ígneo |
fogo |
insular |
ilha |
jurídico |
direito |
lacrimal |
lágrima |
lácteo |
leite |
lacustre |
lago |
lateral |
lado |
leonino |
leão |
leporino |
lebre |
letal, mortífero |
morte |
lunar |
lua |
magistral |
mestre |
marinho, marítimo |
mar |
materno ou maternal |
mãe |
matutino, matinal |
manhã |
meridional, austral |
sul |
mnemônico |
memória |
monetário, numismático |
moeda |
nasal |
nariz |
naval |
navio, navegação |
ocular, óptico, oftálmico |
olhos |
ofídico |
cobra |
olímpico |
Olimpo, olimpíadas |
onírico |
sonho |
outonal |
outono |
ovino |
ovelha |
palustre |
brejo |
paradisíaco |
paraíso |
pecuário |
gado |
pecuniário |
dinheiro |
pesqueiro |
pesca |
pétreo |
pedra |
platônico |
Platão |
plebeu |
plebe |
plúmbeo |
chumbo |
pluvial |
chuva |
postal |
correio |
pueril, infantil |
criança |
pulmonar |
pulmão |
real |
rei |
renal |
rim |
rural |
campo |
sacarino |
açúcar |
saponáceo |
sabão |
senil |
velho, velhice |
setentrional, boreal |
norte |
sideral |
astro |
silvestre |
selva |
símio, simiesco |
macaco |
sísmico |
terremoto |
suíno, porcino |
porco |
sulfúrico |
enxofre |
terrestre |
terra |
torácico |
tórax |
umbilical |
umbigo |
vascular |
vasos sanguíneos |
venoso |
veia |
vespertino |
tarde |
vínico, vinário |
vinho |
viril |
homem |
vital |
vida |
vítreo, hialino |
vidro |
Assim como os substantivos, os adjetivos se flexionam em gênero, número e grau.
Como o adjetivo é a palavra que acompanha o substantivo a fim de qualificá-lo, a flexão em que este se encontra contamina a daquele, ou seja, o adjetivo geralmente se flexiona de acordo com o substantivo que ele determina. Observe:
Quanto ao gênero, os adjetivos se classificam em: uniformes e biformes.
a) São uniformes os adjetivos que apresentam uma única forma tanto para o masculino quanto para o feminino.
lei federal / regulamento federal
questão fácil / assunto fácil
gente alegre / povo alegre
lei inconstitucional / decreto inconstitucional
b) São biformes os que apresentam uma forma para o feminino e outra para o masculino.
mulher bonita / homem bonito bolo gostoso / torta gostosa |
exército inglês / questão inglesa problema delicado / solução delicada |
Cumpre a princípio informar que boa parte dos adjetivos se flexiona com base nas regras dos substantivos. Entretanto, salientaremos algumas regras para um melhor estudo. Acompanhe:
a) Os adjetivos terminados em “-eu” (com o “e” fechado) formam o feminino com o acréscimo de “-eia”:
ateu ateia cananeu cananeia |
galileu galileia europeu europeia |
Exceções: |
|
sandeu sandia |
judeu judia |
b) Os adjetivos terminados em “-ês, -ol, -or, -u” formam o feminino pelo simples acréscimo de “-a”:
nu nua |
cru crua |
inglês inglesa |
encantador encantadora camponês camponesa |
jogador jogadora espanhol espanhola |
c) Os adjetivos terminados em “-ão” formam o feminino ora com o acréscimo de “-ã”, ora com o acréscimo de “-ona”:
vão vã chorão chorona |
ladrão ladrona ou ladra comilão comilona |
d) São invariáveis os adjetivos terminados em:
-l ( exceto “-ol”) cruel, fiel, útil, amável etc.
-ar, -er regular, exemplar, mau-caráter, esmoler etc.
-z veloz, infeliz, atroz, capaz etc. (Exceção: andaluz andaluza)
-m jovem, ruim, comum, virgem etc. (Exceção: bom boa)
-e forte, inteligente, elegante, leve etc.
-s (exceto “ês”) simples etc.
Observações importantes sobre as flexões de gênero:
a) Alguns adjetivos biformes, quando postos no gênero feminino, passam da vogal (ô) fechada para a vogal (ó) aberta. Observe:
ô – fechada (masculino) |
ó – aberta (feminino) |
perigoso |
perigosa |
furioso |
furiosa |
religioso |
religiosa |
bondoso |
bondosa |
mimoso |
mimosa |
b) Outros adjetivos, entretanto, mantêm a mesma vogal (ô) fechada do masculino no feminino.
ô – fechada (masculino) |
ô – fechada (feminino) |
fosco |
fosca |
oco |
oca |
gordo |
gorda |
moço |
moça |
solto |
solta |
c) O adjetivo “só”, significando “sozinho”, é invariável quanto ao gênero.
Eles ficaram sós. |
Elas ficaram sós. |
a) Como já dissemos, o adjetivo acompanha o substantivo e com este concorda. Portanto, o adjetivo se flexionará em número de acordo com as regras que se utilizam para a flexão de número dos substantivos.
vestido azul vestidos azuis questão comum questões comuns |
prato espanhol pratos espanhóis pensamento vão pensamentos vãos |
b) Nos adjetivos compostos, só o último elemento se flexiona.
intervenção médico-cirúrgica intervenções médico-cirúrgicas
acordo luso-latino-americano acordos luso-latino-americanos
problema sociopolítico problemas sociopolíticos
tratado franco-brasileiro tratados franco-brasileiros
cabelo castanho-escuro cabelos castanho-escuros
c) São invariáveis os adjetivos compostos formados de “cor + de + substantivo”. Observe:
blusa cor-de-rosa blusas cor-de-rosa |
azulejos cor de musgo |
suéter cor de café com leite suéteres cor de café com leite |
Observação:
Nos exemplos, há a omissão da preposição “de” entre o primeiro substantivo e a palavra “cor”. Logo, também seria gramaticalmente correta a seguinte escrita:
luvas de cor de café meias de cor de rosa |
vestidos de cor de chocolate |
Em outras construções, omitem-se as três palavras “de cor de”, fazendo com que o substantivo indicativo da cor modifique diretamente o substantivo cuja cor se quer indicar. Ainda neste caso, o substantivo indicativo da cor permanecerá invariável.
luvas salmão omissão de “de cor de”
cetim rosa omissão de “de cor de”
fita creme omissão de “de cor de”
tecido laranja omissão de “de cor de”
d) São igualmente invariáveis os compostos formados de “adjetivo + substantivo”.
calça amarelo-ouro calças amarelo-ouro
terno verde-oliva ternos verde-oliva
tecido vermelho-sangue tecidos vermelho-sangue
sofá azul-ferrete sofás azul-ferrete
Observações:
a) Excetuam-se das regras acima os adjetivos “surdo-mudo” e “surda-muda”, cujos plurais são, respectivamente, “surdos-mudos” e “surdas-mudas”.
b) A despeito de os dicionaristas registrarem – respaldados, diga-se de passagem, pelo Vocabulário Ortográfico da língua portuguesa – os plurais “azuis-marinhos” e “azuis-celestes”, prefere-se utilizar, no português corrente, estes adjetivos como invariáveis: calças azul-marinho, blusas azul-celeste.
c) Convém lembrar que, quando o adjetivo é empregado em função adverbial (derivação imprópria) – geralmente equivalendo a um advérbio terminado em “-mente” –, permanecerá inflexível, isto é, deverá ser empregado no masculino e na terceira pessoa do singular. Observe abaixo (os termos em negrito são todos “adjetivos adverbializados”):
Vamos falar sério. Ouvimos músicas puro clássicas. A seleção venceu fácil o jogo. Todos aqui amam diferente. Elas responderam seco. Todas falam fino. |
A justiça rápido se corrompe. Elas torciam forte. As portas raro se abriam. Eles suavam frio. Jogamos fraco as bolas. As alunas juraram falso. |
Dica importante: É preciso ter-se em mente que a questão de a palavra apresentar esta ou aquela morfologia depende da função (morfológica) exercida na oração. Portanto, é fundamental lembrar que o adjetivo se refere a um substantivo, enquanto o advérbio é um modificador de verbos, adjetivos e advérbios. Portanto, fique atento!
As flexões de grau apresentam a intensidade das qualidades atribuídas aos seres. Não se deve, pois, confundir com o grau dos substantivos, já que este tem por função indicar o tamanho dos seres.
Existem dois graus para os adjetivos: o comparativo e o superlativo.
A principal característica do grau comparativo é a existência de dois seres postos numa relação de confronto. Nesta relação, um dos seres se mostrará “inferior”, “superior” ou “igual” ao outro no que se refere à(s) sua(s) qualidade(s). Daí o grau comparativo poder ser:
1. De inferioridade (menos... que ou do que...)
Os argumentos orais apresentados eram menos consistentes do que a defesa escrita que fizera no início do processo.
O presidente do clube era menos inteligente que seus associados.
2. De igualdade (tão... quanto, quão ou como...)
Todos os cavalos eram tão saudáveis quanto as éguas que tínhamos comprado no mês passado.
Percebemos que as ideias eram tão irresponsáveis quão seus donos.
As poltronas do novo avião eram tão confortáveis como as do ônibus que nos trouxera até Recife.
3. De superioridade (mais... que ou do que...)
O castelo era mais alto que a casa daquele empresário.
Ele era mais inteligente do que esperto.
Observações sobre o grau comparativo:
a) O grau comparativo se faz, como se percebeu, de forma analítica. Alguns adjetivos, entretanto, oriundos do latim, apresentam forma sintética para o comparativo. São eles:
Adjetivo |
Forma comparativa sintética |
bom |
melhor |
mau |
pior |
grande |
maior |
pequeno |
menor |
alto |
superior |
baixo |
inferior |
Observação:
Quando se comparam, no entanto, características de um mesmo ser, usam-se as formas analíticas destes mesmos adjetivos. Veja:
A cara era mais grande do que arejada.
Ele era mais bom do que atencioso.
b) Muitas vezes o grau comparativo se manifesta nos substantivos adjetivados. Observe:
Ele foi mais pai do que professor.
João era mais vereador do que advogado.
c) Nas estruturas comparativas, a conjunção comparativa liga partes da oração de mesma função. Entretanto, em muitos casos, a bem da clareza, o segundo elemento da comparação deve, a despeito de funcionar com objeto direto, vir encabeçado por uma preposição – geralmente a preposição “a” – para evitar ambiguidades.
“A ela, à presumida mulher, aborreço-a quase tanto como ao marido.” (Almeida Garrett)
“Os pés dos gentios hão de logo pulverizá-la como aos meus pés”. (Camilo)
“Acusaram-no de haver beneficiado mais a sua família que ao povo romano.” (Camilo)
d) Quando a conjunção comparativa “como” se refere a um termo que está precedido por uma preposição, deve obrigatoriamente vir acompanhada da mesma preposição.
“Suspensos os pobres Frades com o embargo, pareceu que achariam amparo no Bispo, como em quem fora o primeiro autor de sua vinda”. (Fr. L. de Souza)
“E por esta causa tratamos dele como de filho de Benfica”. (Fr. L. de Souza)
“Acostumei-me a olhar para a morte como para o tempo de meus padecimentos.” (Filinto Elísio)
e) Nas estruturas comparativas, o verbo da oração comparativa geralmente é elipsado em virtude de ser o mesmo verbo da oração principal (subordinante).
Observação:
Nestes casos, temos orações comparativas com verbos elípticos ou verbos latentes.
f) Lembre-se de que a preposição “DE”, que introduz as comparações de superioridade e de inferioridade, pode ser elipsada, ocultada. Portanto, podemos dizer corretamente:
Ela é mais sábia do que o João. /OU/
Ela é mais sábia que João.
“Os homens que se chamavam meus amantes valiam menos para mim do que um animal.” (José de Alencar)
“Mas nada nos dista mais da mente do que a intransigência intelectual e o dogmatismo político.” (Rui Barbosa)
“Os ministros ficaram cientes da existência de uma influência mais poderosa que a do chefe aparente do Estado.” (Rui Barbosa)
“A imperturbável seriedade de Estela foi um aguilhão mais, não menos cruel que a gentileza de suas formas.” (Machado de Assis)
Aqui, os adjetivos expressam o grau mais elevado da característica atribuída ao substantivo. Divide-se em:
1. Superlativo absoluto aqui não se estabelece qualquer comparação com outro ser e o adjetivo intensifica ao máximo a característica atribuída ao substantivo. Pode ser efetivado de duas maneiras:
a) De forma analítica (superlativo absoluto analítico) é obtido com o emprego de um advérbio de intensidade anteposto ao adjetivo. Geralmente se empregam os advérbios “muito, mui, bastante, muitíssimo, excessivamente, exageradamente”.
A questão era demasiadamente difícil. Ele era muito respeitado pelos amigos. |
Todos ficaram bastante perplexos. Eram músicas assaz antigas. |
b) De forma sintética (superlativo absoluto sintético) é obtido com o emprego dos sufixos “-íssimo”, “-imo” ou “-érrimo” ao adjetivo.
Ele sempre demonstrou atitudes benevolentíssimas.
Era um objeto sacratíssimo.
O menino era paupérrimo.
Sempre foi amicíssimo do padre da cidade.
Considerações importantes sobre a formação do superlativo absoluto sintético:
a) Os adjetivos terminados em vogal átona perdem essa vogal ao receber o sufixo do superlativo:
alto altíssimo agudo agudíssimo |
belo belíssimo justo justíssimo |
macio maciíssimo quente quentíssimo |
Observação:
Alguns adjetivos sofrem alterações gráficas quando recebem o sufixo do superlativo. Veja:
antigo antiquíssimo largo larguíssimo |
fraco fraquíssimo rouco rouquíssimo |
pouco pouquíssimo rico riquíssimo |
b) Os adjetivos terminados em “-vel” fazem o superlativo com o acréscimo de “-bilíssimo”:
amável amabilíssimo notável notabilíssimo visível visibilíssimo |
louvável louvabilíssimo móvel mobilíssimo horrível horribilíssimo |
c) Os adjetivos terminados em “-z” fazem o superlativo sintético com o acréscimo de “-císsimo”, ou melhor, trocam o “z” por “c” e recebem o sufixo “íssimo”:
audaz audacíssimo feliz felicíssimo veloz velocíssimo |
eficaz eficacíssimo falaz falacíssimo contumaz contumacíssimo |
d) A maioria dos adjetivos terminados em “-il” forma o superlativo com o acréscimo de “-imo”:
dócil docílimo difícil dificílimo frágil fragílimo |
fácil facílimo grácil gracílimo ágil agílimo |
hábil habílimo senil senílimo |
e) Muitas vezes a formação do superlativo sintético atende a questões etimológicas. Assim, os adjetivos que no latim terminavam em “-er” recebem o sufixo “-imo”:
magro (latim, macer) macérrimo
pobre (latim, pauper) paupérrimo
áspero (latim, asper) aspérrimo
negro (latim, niger) nigérrimo
f) Como já dissemos, muitos adjetivos formam o superlativo a partir do superlativo latino. Por isso, há uma série de adjetivos que apresentam uma forma mais erudita e uma forma mais popular, mais usual nos dias atuais. Observe:
Adjetivo |
Forma superlativa erudita |
Forma superlativa popular |
ágil |
agílimo |
agilíssimo |
doce |
dulcíssimo |
docíssimo |
humilde |
humílimo |
humildíssimo |
magro |
macérrimo |
magríssimo |
pobre |
paupérrimo |
pobríssimo |
simples |
simplicíssimo |
simplíssimo |
soberbo |
superbíssimo |
soberbíssimo |
g) No linguajar coloquial, é comum o uso do sufixo “-ésimo”, típico da formação de numerais ordinais, para a formação do superlativo. Esta prática, no entanto, não é agasalhada pelo padrão culto da língua. Portanto, formas como “importantésimo, finésima, gostosésima”, bastante comuns no falar coloquial, devem ser substituídas pelas suas respectivas formas cultas para o superlativo: “importantíssimo, finíssimo, gostosíssimo”.
h) Muitas vezes o grau superlativo sintético é obtido com o emprego de alguns prefixos que intensificam o adjetivo. Logo, formações como “superinteligente”, “hiperdesenvolvido”, “ultrafino” representam também o superlativo de tais palavras.
Segue abaixo uma lista sucinta dos principais e mais usuais superlativos portugueses:
Adjetivo |
Superlativo |
acre |
acérrimo |
agudo |
acutíssimo |
amargo |
amaríssimo |
amigo |
amicíssimo |
antigo |
antiquíssimo |
áspero |
aspérrimo |
bélico |
belicíssimo |
benéfico |
beneficentíssimo |
benévolo |
benevolentíssimo |
célebre |
celebérrimo |
cristão |
cristianíssimo |
cruel |
crudelíssimo |
doce |
dulcíssimo |
fiel |
fidelíssimo |
frio |
frigidíssimo |
geral |
generalíssimo |
humilde |
humílimo |
inimigo |
inimicíssimo |
magnífico |
magnificentíssimo |
magro |
macérrimo ou magríssimo |
maléfico |
maleficentíssimo |
malévolo |
malevolentíssimo |
mísero |
misérrimo |
negro |
nigérrimo |
nobre |
nobilíssimo |
pessoal |
personalíssimo |
pobre |
paupérrimo ou pobríssimo |
provável |
probabilíssimo |
público |
publicíssimo |
pudico |
pudicíssimo |
sábio |
sapientíssimo |
sagrado |
sacratíssimo |
salubre |
salubérrimo |
são |
saníssimo |
sério |
seriíssimo |
simpático |
simpaticíssimo |
simples |
simplicíssimo |
soberbo |
superbíssimo |
2. Superlativo relativo aqui o adjetivo atribuído ao substantivo é intensificado para mais ou para menos e posto numa relação comparativa com outro ser. Pode ser:
a) Superlativo relativo de superioridade é obtido com o emprego dos elementos “o mais... de... (ou dentre...)”.
“Você era a mais bonita das cabrochas dessa ala.” (Chico Buarque)
Ele sempre foi o mais inteligente dentre todos os alunos de sua escola.
Castilho foi o mais perfeito dos escritores portugueses do século XIX.
b) Superlativo relativo de inferioridade é obtido com o emprego dos elementos “o menos... de... (ou dentre...)”.
Os rapazes observados pelo detetive eram os menos informados de todos os que ele já investigou.
Aquela menina deveria ser a menos sábia dentre seus coleguinhas da sala por causa do problema neurológico.
Consideram-na a menos linda das candidatas ao concurso de beleza.
1. (MM) Assinale a alternativa que contém uma correlação incorreta entre o adjetivo e a locução correspondente:
a) água de chuva – pluvial
b) pele de marfim – ebúrnea
c) representante dos alunos – docente
d) agilidade de gato – felina
e) copo de prata – argênteo
2. (ALERJ/FESP) A frase que contém um adjetivo é:
a) A necessidade fez isto do homem.
b) Todos lutam para ter a liberdade.
c) A televisão nos mostra o mundo.
d) Ele usa um topete escandaloso.
e) Gostaria de ficar com você.
3. (TRT-RJ) A forma do superlativo está incorreta na frase da seguinte alternativa:
a) Comíamos tão pouco que ficamos magríssimos.
b) Todos o consideravam sapientíssimo.
c) Era um leitor compulsivo, voracíssimo.
d) Depois da publicação do romance ficou celebérrimo.
e) Após o golpe, tornou-se um ditador cruelíssimo.
4. (TRT-PR) “O uniforme verde-oliva era mais bonito do que o verde-claro.”
Passando a oração para o plural, temos:
a) Os uniformes verdes-olivas eram mais bonitos do que os verdes-claros.
b) Os uniformes verdes-oliva eram mais bonitos do que os verdes-claros.
c) Os uniformes verde-olivas eram mais bonitos do que os verde-claros.
d) Os uniformes verde-oliva eram mais bonitos do que os verde-claros.
e) Os uniformes verde-oliva eram mais bonitos do que os verde-claro.
5. (TRT-PR) “Em algumas regiões o vocabulário é mínimo...”
A forma mínimo corresponde ao:
a) superlativo absoluto sintético
b) superlativo relativo de superioridade
c) superlativo relativo de inferioridade
d) superlativo absoluto analítico
e) comparativo de inferioridade
6. (TJ-SP) Em qual dos itens há um superlativo relativo?
a) Foi um gesto de péssimas consequências.
b) Aquele professor é ótimo.
c) O dia amanheceu extremamente frio.
d) Ele fez a descoberta mais notável do século!
e) Ele foi muito infeliz naquele lance!
7. (TRF-RJ) Os acordos _____ dispensam interpretações de natureza _____.
a) lusos-brasileiros – filosófico-científica
b) lusos-brasileiro – filosófica-científicas
c) luso-brasileiros – filosófico-científica
d) lusos brasileiros – filosófica-científica
e) luso-brasileiros – filosófica-científicas
8. (CEFET-PR) Em que caso a palavra destacada não tem valor de adjetivo?
a) Um branco, velho, pedia esmolas.
b) Um velho, branco, pedia esmolas.
c) Era um dia cinzento.
d) O sabão usado desbotou o verde da camisa.
e) Os viajantes dormiam tranquilos.
9. (UFF-RJ) Das frases abaixo, apenas uma apresenta adjetivo no comparativo de superioridade. Assinale-a.
a) A palmeira é a mais alta árvore deste lugar.
b) Guardei as melhores recordações daquele dia.
c) A Lua é menor do que a Terra.
d) Ele é o maior aluno de sua turma.
e) O mais alegre dentre os colegas era Ricardo.
10. (ITA-SP) O plural de terno azul-claro, terno verde-mar é, respectivamente:
a) ternos azuis-claros, ternos verdes-mares
b) ternos azuis-claros, ternos verde-mares
c) ternos azul-claro, ternos verde-mar
d) ternos azul-claros, ternos verde-mar
e) ternos azuis-claro, ternos verde-mar
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