É a categoria gramatical invariável que tem por função ligar entre si duas palavras, subordinando uma à outra, para introduzir determinadas circunstâncias ou indicar posse, referência, origem, atribuição, causa, efeito etc. Portanto, a preposição é a palavra invariável de caráter essencialmente relacional.
Observe:
Perceba que a principal “missão” das preposições é, de fato, subordinar um vocábulo ao outro. As palavras ligadas pela preposição chamam-se “termos” dela. O primeiro (subordinante ou regente) é chamado de “antecedente” e o segundo (subordinado ou regido) é chamado de “consequente”.
Veja agora estes outros exemplos:
Observando as orações acima, percebe-se claramente que a preposição também subordina “orações” a certos vocábulos. Vê-se, portanto, que a preposição, à semelhança da conjunção, também subordina orações.
De fato, o emprego da preposição se dá geralmente por questões de regência – subordinação de um termo a outro. Nem sempre, porém, isso ocorre. Em muitos casos, emprega-se a preposição para que ela estabeleça, junto ao núcleo do termo, um determinado valor. É o caso que se dá, por exemplo, com as locuções adverbiais. Perceba que a maioria delas é introduzida por um nexo prepositivo, que não foi oriundo de uma relação regencial. Quando se diz, por exemplo, “João chegou à noite”, a preposição “a”, que introduz a locução adverbial de tempo “à noite”, estabelece com o substantivo “noite” uma noção de tempo. A preposição, nesse caso, não foi requisitada pelo verbo da estrutura, uma vez que ele é intransitivo. Foi usada tão somente para estipular / introduzir a relação de tempo.
Observe outros valores estipulados por nexos prepositivos não regenciais:
No português, as preposições são classificadas em “essenciais” (palavras que só desempenham o papel estritamente de preposição) e “acidentais” (palavras de outra classe gramatical que eventualmente se usam como preposições).
a) São essenciais:
a |
de |
perante |
ante |
desde |
por |
após |
em |
sem |
até |
entre |
sob |
com |
para |
sobre |
contra |
trás |
b) São acidentais:
conforme (= de acordo com) |
fora, afora |
consoante (= de acordo com) |
exceto |
segundo (= de acordo com) |
mediante (= por meio de) |
como (= na qualidade de) |
menos |
durante |
tirante |
salvo |
salvante |
Em muitos casos, a função prepositiva é exercida por um conjunto de vocábulos que é finalizado por uma preposição. Neste caso, está-se diante das chamadas “locuções prepositivas”. Geralmente, tais locuções apresentam como núcleo um substantivo ou um advérbio.
Abaixo há um sucinto rol das principais locuções prepositivas.
abaixo de |
atrás de |
em frente de |
||
acerca de |
através de |
em lugar de |
||
acima de |
de acordo com |
em redor de |
||
a fim de |
debaixo de |
em torno de |
||
além de |
defronte de |
em vez de |
||
à maneira de |
dentro de |
fora de |
||
antes de |
de per |
junto a |
||
até a |
depois de |
não obstante |
||
ao lado de |
devido a |
no caso de |
||
ao invés de |
diante de |
para com |
||
ao redor de |
embaixo de |
perto de |
||
a par de |
em cima de |
por causa de |
||
apesar de |
em face de |
por detrás de |
||
a respeito de |
em frente a |
por trás de |
Observe alguns exemplos:
“Maldito seja aquele vendeiro de todos os diabos! Fazer-me um cortiço debaixo das janelas!...” (Aluísio Azevedo)
“Duas vacas, guardadas por uma rapariga, apareceram então pelo caminho lodoso que do outro lado do rio, defronte da alameda, corre junto de um silvado.” (Eça de Queiroz)
“O olhar fascinado perturbava-se no desequilíbrio das camadas desigualmente aquecidas, parecendo varar através de um prisma desmedido e intáctil.” (Euclides da Cunha)
“Esta protelação, inexplicável, esta reserva acerca de um programa feito, acabado, dependente apenas de uma formalidade elementar.” (Rui Barbosa)
“A cabocla foi sentar-se à mesa redonda que estava no centro da sala, virada para as duas. Pôs os cabelos e os retratos defronte de si.” (Machado de Assis)
Observe o exemplo abaixo:
Ele foi um daqueles que sempre lutou pela pátria.
Veja que os dois termos em negrito aparecem com preposições:
daqueles de + aqueles
pela per (preposição arcaica) + a
Num período, pode uma preposição unir-se a outra palavra, passando a constituir com ela um só vocábulo. Nessa ligação, se a preposição permanece com todos os seus fonemas, diz-se que há “combinação”; se houver perda de fonema para algum dos componentes, diz-se que há “contração”.
Listaremos abaixo alguns casos comuns de combinação e de contração:
a) Combinação da preposição “a” com os artigos definidos ou os pronomes demonstrativos “o, os” ao, aos
b) Contração da preposição “a” com os artigos definidos ou os pronomes demonstrativos “a, as” à, às (crase)
c) Contração da preposição “de” com artigos, certos pronomes e certos advérbios:
de + o, a, os, as do, da, dos, das
de + um, uma, outro, outra dum, duma, doutro, doutra etc.
de + ele, ela, esse, aquele, aquilo, isto, isso (e suas flexões) dele, dela, desse, daquele, disto etc.
de + aqui, aí, ali, onde, antes daqui, daí, donde, dantes etc.
d) Contração da preposição “em” com artigos e certos pronomes:
em + o, a, os, as no, na, nos, nas
em + um, uma, outro, este, esse, aquele (e suas flexões) num, numa, noutro, neste, naquele etc.
e) Contração da antiga preposição “per” (hoje substituída pela sua sinônima “por”) com os artigos “o, a, os, as” pelo, pela, pelos, pelas
Observação:
Quando rege infinitivos, a preposição não deve se contrair com artigos, advérbios e pronomes (orações reduzidas). Ademais, como geralmente os infinitivos apresentam sujeito próprio, é inadmissível que haja o preposicionamento do sujeito deste infinitivo.
Sem dúvida, um dos pontos que suscita dúvida diz respeito à repetição da preposição. Em muitas estruturas em que aparece mais de um termo subordinado a um outro termo por meio de uma preposição, a repetição da preposição deve levar em conta as seguintes orientações:
a) Diante de termos subordinados em que o determinante só ocorre perante o primeiro, é de praxe a preposição só aparecer no primeiro termo subordinado.
“Tratou logo de aprestar a armada, que achou desbaratada pelas viagens e guerras de seu antecessor.” (J. Freire apud Cláudio Brandão)
“Pudera chamar abelhas aos holandeses pela arte e bom governo.” (Pe. Antônio Vieira)
“As aves, dando repouso às asas fatigadas do contínuo voejar pelos pomares, prados e balsedos vizinhos, começavam a preludiar seus cantos vespertinos.” (Bernardo Guimarães)
Observação:
É possível, nestes casos, a repetição tanto da preposição quanto do determinante a fim de individualizar e ressaltar cada termo subordinado.
“Cristo, nosso Salvador, é o verdadeiro Deus dos exércitos e das vitórias.” (Pe. Antônio Vieira)
“Maria é a divindade da inocência, da fraqueza e do infortúnio.” (Camilo C. Branco)
“Deus me livre de debater matéria tantas vezes disputadas, tantas vezes exaurida pelos que sabem a ciência do mundo e pelos que sabem a ciência do céu!” (A. Herculano)
b) É frequente omitir-se a preposição antes do segundo e dos outros termos subordinados quando estes vêm desacompanhados de determinantes.
“Vós ensinais-me a defender a honra com vida, santidade, exemplo e sofrimento.” (Tomé de Jesus apud Cláudio Brandão)
“... e lágrimas de ternura e religião rebentam de todos os olhos.” (Camilo C. Branco)
Observação:
A repetição da preposição, entretanto, far-se-á necessária se se desejar pôr em relevo (ênfase) cada um dos termos subordinados.
“Com espanto e ao mesmo tempo com alegria, percebi que se exprimia em romano rústico, o qual, daí a pouco, vi que o moço árabe falava como se fosse a própria linguagem.” (A. Herculano)
“E que sobre mirrados, sobre afogados, sobre comidos, ainda se vejam pisados e perseguidos dos homens...” (Pe. Antônio Vieira)
“Todas as consciências, todos os caracteres, todas as alavancas morais das grandes causas farão, em torno de S. Ex.ª, um círculo de força, de inteligência, de probidade, de patriotismo, de desinteresse, de concentração intensa, perseverante, intransigente, a que nada resistirá.” (Rui Barbosa)
c) Quando os termos subordinados se encontram precedidos por determinantes, é comum exprimir-se a preposição apenas diante do primeiro termo subordinado, omitindo-a para dos demais.
“Essa noite, nas salas de Manuel, só se conversou sobre as boas qualidades e os bons precedentes do estimado cura do Rosário.” (Aluísio Azevedo)
“... suave é o refúgio dessa consolação oferecida pelos fastos de uma época heróica aos que padecem e esperam contra a aridez e a corrupção de nossos dias.” (Rui Barbosa)
“Entre os esplendores e as harmonias dessa inocente, querida e confortadora solenidade, recolhamo-nos uns instantes à obscuridade silenciosa de nosso senso íntimo.” (Rui Barbosa)
Observação:
Nestes casos, pode-se também repetir a preposição caso se queira dar mais ênfase a cada um dos termos subordinados.
“As quatro filhas do Teixeira Azevedo, magrinhas, com os cabelos muito riçados, as olheiras pisadas, passavam a sua tarde de dia santo, olhando para a rua, para o ar, para as janelas vizinhas.” (Eça de Queiroz)
“Olha para si, para as chinelas (umas chinelas de Túnis, que lhe deu recente amigo, Cristiano Palha), para a casa, para o jardim, para a enseada, para os morros e para o céu.” (Machado de Assis)
d) Em sequências formadas de infinitivos, é comum exprimir-se a preposição apenas diante do primeiro infinitivo.
“... foi a Santo Agostinho, como iria a Santo Ambrósio ou a Santo Hilário, e escreveu uma carta enigmática, para confundi-lo, até voltar e rir-se do logro.” (Machado de Assis)
“Preparou-se para passar os Pireneus e invadir a França.” (F. Castilho)
“Depois de gritar, chorar, maldizer, blasfemar, ameaçar, rasgar, quebrar, destruir, Vidinha parou um instante, concentrou-se, meditou, e depois, como tomando uma grande resolução.” (Manuel A. de Almeida)
Observação:
A repetição da preposição antes de cada infinitivo é possível quando se deseja obter ênfase.
“Para soerguer o peso desse véu, para lhe arredar a ponta, não será demais o concurso de uma boa vontade...” (Rui Barbosa)
“... estava olhando da alta torre Tarpeia, recreando-se em ver abrasar aqueles nobres e antigos edifícios, e em ouvir os tristes clamores...” (H. Pinto apud Cláudio Brandão)
e) A repetição da preposição diante de cada termo subordinado deverá ser feita sempre que for necessário conferir maior clareza ao enunciado a fim de se evitar possíveis ambiguidades.
f) Em se tratando de locução prepositiva, apresentam-se as seguintes orientações:
A locução prepositiva aparece apenas no primeiro termo subordinado:
“Naquela época, porém, devido ao álcool e desgostos íntimos, nos quais predominava a loucura irremediável de um irmão, não era mais que uma triste ruína de homem, amnésico, semi-imbecilizado, a ponto de não poder seguir o fio da mais simples conversa.” (Lima Barreto)
“Eu – não tomaria outra, apesar da legislação e prática então vigente, e que não sei se ainda hoje vige.” (A. Garrett)
A locução prepositiva é repetida para cada termo subordinado:
Por causa da chuva e por causa dos prováveis alagamentos, resolveu adiar a reunião que faria com os membros do partido.
“Agora podeis falar diante dele como diante de mim.” (A. Garrett)
A locução prepositiva aparece no primeiro termo subordinado e repete-se a parte final dela para os demais termos subordinados:
“A sua casa tinha agora um pessoal complicado de primeiros, segundos e terceiros caixeiros, além do guarda-livros, do comprador, do despachante e do caixa.” (Aluísio Azevedo)
“De cada vez que Afonso ia à quinta predilecta, em cada árvore nova entalhava as letras iniciais dos dois nomes, que ele imaginava, apesar da distância e dos reveses, atados para sempre com aplauso de Deus.” (Camilo C. Branco)
1. (Fuvest-SP) Ao ligar dois termos de uma oração, a preposição pode expressar, entre outros aspectos, uma relação temporal, espacial ou nocional. Nos versos:
“Amor total e falho... Puro e impuro...
Amor de velho adolescente...”
a preposição de estabelece uma relação nocional.
Essa mesma relação ocorre em:
a) “Este fundo de hotel é um fim de mundo.”
b) “A quem sonha de dia e sonha de noite, sabendo todo sonho vão.”
c) “Depois fui pirata mouro, flagelo da Tripolitânia.”
d) “Chegarei de madrugada, quando cantar a seriema.”
e) “Só os roçados da morte compensam aqui cultivar.”
2. (Cesgranrio-RJ) Assinale a opção em que a preposição com traduz uma relação de instrumento.
a) “Teria sorte nos outros lugares, com gente estranha.”
b) “Com o meu avô cada vez mais perto do fim, o Santa Rosa seria um inferno.”
c) “Não fumava, e nenhum livro com força de me prender.”
d) “Trancava-me no quarto fugindo do aperreio, matando-as com jornais.”
e) “Andavam por cima do papel estendido com outras já pregadas no breu.”
3. (Unimep-SP) “Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa.” Os vocábulos destacados são, respectivamente;
a) pronome pessoal oblíquo, preposição, artigo.
b) artigo, preposição, pronome pessoal oblíquo.
c) artigo, pronome demonstrativo, pronome pessoal oblíquo.
d) artigo, preposição, pronome demonstrativo.
e) preposição, pronome demonstrativo, pronome pessoal oblíquo.
4. (Cesgranrio-RJ) Assinale a opção cuja lacuna não pode ser preenchida pela preposição entre parênteses.
a) uma companheira desta, ... cuja figura os mais velhos se comoviam. (com)
b) uma companheira desta, ... cuja figura já nos referimos anteriormente. (a)
c) uma companheira desta, ... cuja figura havia uma ar de grande dama decadente. (em)
d) uma companheira desta, ... cuja figura andara todo o regimento apaixonado. (por)
e) uma companheira desta, ... cuja figura as crianças se assustavam. (de)
5. (UFU-MG) “... foram intimados a comparecer...”, “... não a fizeram...”, “... a sua oração...”. As três ocorrências de a são, respectivamente:
a) preposição, pronome, preposição.
b) artigo, artigo, preposição.
c) pronome, artigo, preposição.
d) preposição, pronome, artigo.
e) artigo, pronome, pronome.
6. (PUC-SP)
“... a folha de um livro retoma.”
“como sob o vento a árvore que o doa.”
“e nada finge vento em folha de árvore.”
As expressões destacadas são introduzidas por preposições. Tais preposições são usadas, nesses versos, com a ideia de:
a) origem, lugar, especificação.
b) especificação, agente causador, lugar.
c) instrumento, especificação, lugar.
d) agente causador, especificação, lugar.
e) lugar, instrumento, origem.
7. (UM-SP) Indique a oração que apresenta locução prepositiva.
a) Havia objetos valiosos sobre a pequena mesa de mármore.
b) À medida que os inimigos se aproximavam, as tropas inglesas recuavam.
c) Seguiu a carreira militar devido à influência do pai.
d) Agiu de caso pensado, quando se afastou de você.
e) De repente, riscou e reescreveu o texto.
8. (Cesgranrio-RJ) Assinale a opção que completa corretamente as lacunas da seguinte frase:
“O controle biológico de pragas, ... o texto faz referência, é certamente o mais eficiente e adequado recurso ... os lavradores dispõem para proteger a lavoura sem prejudicar o solo.”
a) do qual, com que
b) de que, que
c) que, o qual
d) ao qual, cujos
e) a que, de que
9. (UFV-MG) Assinale a opção cuja sequência completa corretamente as frases abaixo.
A lei ... se referiu já foi revogada.
Os problemas ... se lembraram eram muito grandes.
O cargo ... aspiras é muito importante.
O filme ... gostou foi premiado.
O jogo ... assistimos foi movimentado.
a) que, que, que, que, que
b) a que, de que, que, que, a que
c) que, de que, que, de que, que
d) a que, de que, a que, de que, a que
e) a que, que, que, que, a que
10. (Osec-SP) Assinale a frase que não está correta.
a) Entre mim e ti tudo acabou.
b) Já lhe disse que entre nós nada é bom.
c) Entre ela e nós existe de tudo.
d) Entre eu e você deve haver respeito.
e) Não é possível haver dúvidas entre eles.
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