Após estudar os termos que completam o significado de verbos (objeto direto e objeto indireto) e de nomes (complemento nominal), bem como do agente da passiva, sua missão agora será estudar e compreender os termos que desempenham uma função secundária, ora de caracterização do substantivo, ora para expressar circunstâncias diversas.
São três os termos acessórios da oração: o adjunto adnominal, o adjunto adverbial e o aposto.
É o termo acessório da oração que tem por finalidade a caracterização ou a determinação de um substantivo.
Observe nos exemplos abaixo as classes morfológicas que funcionam como adjunto adnominal:
Observações importantes:
a) Lembre-se de que alguns pronomes, classificados geralmente como oblíquos, podem exercer a função sintática de adjunto adnominal. Neste caso, passam literalmente à função morfológica de pronomes possessivos. São eles: me, te, lhe, nos, vos, lhes.
Exemplos:
Não confunda o “lhe” na função de possessivo com o “lhe” na função de objeto indireto ou na função de complemento nominal.
“Desventurado, o seu coração de fogo queimou-lhe o viço da existência ao despertar dos sonhos do amor que o tinham embalado.” (A. Herculano)
“Não lhe sei o nome, nem que lho soubera o diria.” (Camilo)
b) Não confunda o adjunto adnominal com o complemento nominal quando formado por locução adjetiva e esta locução se referir a um substantivo. Para evitar tal equívoco, sugerimos alguns critérios:
COMPLEMENTO NOMINAL |
ADJUNTO ADNOMINAL |
Sempre indica o ser passivo (recebedor da ação) |
Sempre indica o ser ativo (agente da ação) |
Tem por base um verbo transitivo |
Não tem por base um verbo transitivo |
Não indica posse |
Sempre indica posse |
Completa geralmente o sentido de um substantivo abstrato. |
Completa geralmente o sentido de um substantivo concreto. |
Acompanhe os exemplos abaixo e perceba as diferenças:
Questione: O diretor interveio ou recebeu a intervenção? Óbvio que ele interveio. Logo é o ser ativo, agente da ação. Ademais, podemos dizer: “A intervenção dele provocou indignação na empresa”. Ora, se é a intervenção dele, o termo “do diretor” indica posse. Portanto, não restam mais dúvidas, o termo é um adjunto adnominal.
Questione: O diretor está elegendo alguém ou está sendo eleito? Ele está sendo eleito. Logo, indica o ser passivo, recebedor da ação. Podemos dizer: “Eleger o novo diretor”. Observe que o substantivo “eleição”, neste caso, possui por base um verbo transitivo direto. Logo, o termo “do novo” diretor é um complemento nominal.
Observe outros exemplos:
Observação:
Perceba que o critério do “ser passivo” (complemento nominal) e do “ser ativo” (adjunto adnominal) praticamente resolve toda a celeuma. Use os outros critérios se ainda restar alguma dúvida.
c) Não confunda também o adjunto adnominal com um predicativo do objeto. Neste último, a qualidade atribuída ao objeto é necessária, essencial, logo, não passível de ser retirada da estrutura oracional; fato que não ocorre com o adjunto adnominal que é termo acessório e, como o próprio nome já sugere, pode ser retirado da oração. Para evitar confusões, adote o seguinte procedimento:
– transforme o objeto direto em um pronome oblíquo;
– perceba se o adjetivo que a ele se refere se mantém de forma lógica dentro da estrutura;
– se ele permanecer, será um predicativo; se não for possível a sua manutenção, é porque é um adjunto adnominal.
Observe:
Resolvi hoje no colégio uma prova difícil. (“Difícil” é um predicativo ou um adjunto do substantivo “prova”?)
Resolvi-a hoje no colégio. (Observe que o adjetivo “difícil” não se manteve, logo é um “adjunto adnominal”).
Achei a prova muito difícil. (“Difícil” é um predicativo ou um adjunto adnominal do substantivo “prova”?)
Achei-a muito difícil. (Observe que o adjetivo “difícil” se manteve, logo é um “predicativo do objeto”).
Todos pegaram na biblioteca o livro recomendado pela professora. (“recomendado” = adjunto adnominal).
Encontraram o livro rasgado. (“rasgado” = predicativo do objeto)
É o termo acessório da oração que, com ou sem preposição, refere-se a um verbo, a um adjetivo ou a um advérbio atribuindo-lhes alguma circunstância. Em sintaxe, o adjunto adverbial é exercido pelos advérbios e pelas locuções adverbiais. Este termo representa o “caso ablativo” do latim.
Observe:
Por expressarem circunstâncias, os adjuntos adverbiais possuem várias classificações. Destacamos as principais:
a) de lugar No país do carnaval, só samba quem tem dinheiro.
b) de tempo Muitos direitos foram suspensos no tempo da ditadura brasileira.
c) de concessão Apesar das circunstâncias, muitos obtiveram o diploma de bacharel.
d) de assunto Eles só falavam sobre a derrota do time.
e) de causa Deixou o emprego por moléstia grave. Durante a tempestade, muitas árvores caíram com o vento.
f) de afirmação Certamente o presidente da empresa viajará para a Europa.
g) de intensidade Falou muito, por isso ficou bastante rouco.
h) de dúvida Talvez o time ganhe na próxima partida.
i) de modo Deixou às escondidas o local e sorrateiramente entrou no carro que estava aparentemente abandonado.
j) de negação De modo algum nós aceitaremos as novas cláusulas. Não compactuaremos desse momento.
k) de matéria Construiu a porta de ferro. Fechou todos os buracos com areia e cimento.
l) de meio Eles sempre vão de carro à casa dos parentes mais afastados.
m) de finalidade Estudam bastante para a obtenção do certificado.
n) de condição Não conseguirás viajar sem o passaporte.
o) de companhia O Presidente viajará para a Europa com todos os seus ministros.
p) de preço Aquela casa custará para nós cem mil dólares.
q) de conformidade Eles sempre dançam conforme a música.
Observação:
Mais uma vez salientamos que esse é apenas um rol exemplificativo. Sem dúvida, há outras circunstâncias que podem ser expressadas pelos advérbios e pelas locuções adverbiais.
Outras considerações importantes:
a) Não confunda o adjunto adverbial com o agente da passiva quando os termos vierem encabeçados pelas preposições “de, por, pela, pelo, pelas, pelos”. Observe:
Todos estavam oprimidos pela urgência do caso. ( Agente da passiva = A urgência do caso oprimia a todos)
O Ministro estava deixando o caso por negligência própria. ( Adjunto adverbial de causa)
Por uma denúncia anônima, ele foi preso. ( Adjunto adverbial de causa)
Naquele momento, o orador estava sendo ovacionado por todos os presentes à convenção. ( Agente da passiva)
b) Observe que o adjunto adverbial tanto pode ser expresso por um advérbio simples como por uma locução adverbial. As locuções adverbiais são, frequentemente, introduzidas por uma preposição.
Respeite a eles, pois aqueles homem trabalham de sol a sol.
Todos ficaram em cima da casa para observar o fenômeno.
c) Lembre-se de que o adjunto adverbial modifica “verbos, adjetivos ou advérbios” atribuindo a eles circunstâncias diversas, enquanto o adjunto adnominal sempre se refere ao substantivo.
É o termo acessório cuja função é a de esclarecer, explicar, identificar, especificar, resumir um outro termo. O termo a que o aposto se refere sempre será um substantivo ou termo substantivado, uma vez que a função do aposto é típica do substantivo.
Primeiros exemplos:
Existem vários tipos de apostos. São eles:
a) Aposto explicativo: é o mais comum. Como o próprio nome já enuncia, explica, esclarece o termo a que se refere. Vem sempre isolado por vírgula(s).
Exemplos:
b) Aposto resumitivo ou recapitulativo: é aquele que “resume” uma sequência de termos. Geralmente este tipo de aposto resume substantivos que exercem a função de sujeito. O aposto resumitivo é frequentemente exercido por um pronome indefinido.
Exemplos:
c) Aposto especificativo: é aquele que se refere a um substantivo de sentido geral particularizando-o, especificando-o, indicando-lhe a espécie à qual pertence. Esse tipo de aposto dispensa a pontuação.
Exemplos:
Perceba que a base deste tipo de aposto é a especificação, a delimitação. Observe que, entre tantos poetas, a oração especifica que a informação se refere apenas a Carlos Drummond de Andrade.
d) Aposto enumerativo: este tipo cria uma enumeração ou indica uma quantidade do termo a que se refere. Este tipo de aposto faz uso frequente dos dois pontos e, mais raramente, da vírgula e do travessão.
Exemplos:
e) Aposto de oração: é aquele que sintetiza o conteúdo semântico de toda uma oração. Não se deve confundi-lo com o aposto resumitivo. Este resume termos, aquele faz a síntese de toda uma oração ou orações.
Exemplos:
Considerações importantes:
a) Não confunda o aposto especificativo com o adjunto adnominal nem com o complemento nominal. Observe:
O objetivo do termo é especificar uma cidade entre as várias cidades existentes.
Já aqui o termo (formado pela locução adjetiva) indica uma qualidade. “Os moradores paulistas” (ou paulistanos).
Neste último, o termo indica o ser passivo, recebedor da ação.
b) Há um tipo especial de termo, colocado em aparente aposição – entre vírgulas, geralmente –, que recebe o nome de “aposto circunstancial”. Esta classificação é defendida por estudiosos de peso da nossa língua, como os professores Mário Barreto, José Oiticica e Cláudio Brandão. Em nossa análise, corroborando com o professor Adriano da Gama Kury, em seu livro “Novas lições de análise sintática”, preferimos classificar este termo não como aposto circunstancial, mas como “predicativo circunstancial”, por causa do caráter essencialmente qualificador deste termo.
“Os castanheiros, grandes e concentrados, ouviam subir a seiva.” (Eça de Queiroz, apud Adriano G. Kury)
“Lembra-se como, em menino, me tratava?”
Meu pai, quando jovem, era amantíssimo das letras.
É o termo da oração (não entra em nenhuma classificação, uma vez que nem pertence ao sujeito nem ao predicado) cujo objetivo é interpelar, chamar, invocar alguém de forma mais ou menos enfática.
Nota: Na fala o vocativo é pronunciado com entonação enfática. Na escrita é sempre marcado pela presença de algum sinal de pontuação que o isole dentro da estrutura oracional. Geralmente esse papel de isolar o vocativo é exercido pela vírgula.
Consideração importante:
Não se esqueça de que a pontuação é fundamental para a identificação do vocativo, além, é claro, do objetivo do termo que é, como já vimos, chamar, interpelar. A ausência, o esquecimento, ou mesmo a retirada proposital da pontuação pode alterar completamente a função sintática do termo. Veja:
1. (Univ. Fed. de Ouro Preto-MG) Dos termos destacados, só não é predicativo do sujeito:
a) “Os outros fingiam acreditar, desconfiados.”
b) “Manarairema esperou impaciente.”
c) “... enquanto os homens andavam ativos...”
d) “Se eles são soberbos, nós também...”
e) “Ninguém almoçou direito, receando...”
2. (U. Cuiabá-MT)
“Dois pais conversam sobre o futuro dos filhos:
– O que seu filho vai ser quando terminar o primeiro grau? – pergunta um deles.
– Pelo jeito, acho que vai ser um velho de barbas brancas... – responde o outro”.
Um, analisando-se morfológica e sintaticamente, é, respectivamente:
a) artigo indefinido e adjunto adnominal / artigo indefinido e adjunto adnominal.
b) pronome adjetivo e objeto direto / artigo indefinido e objeto direto.
c) pronome substantivo indefinido e sujeito / artigo indefinido e adjunto adnominal.
d) pronome adjetivo definido e adjunto adnominal / numeral cardinal e sujeito.
e) pronome adjetivo definido e adjunto adnominal / numeral cardinal e objeto direto.
3. (UM-SP) “Apesar de vistosa, a construção acelerada daquele edifício deixou-nos insatisfeitos novamente”.
Os termos em destaque no período são, respectivamente:
a) adjunto adnominal, objeto indireto, adjunto adverbial.
b) complemento nominal, objeto direto, adjunto adverbial.
c) adjunto adnominal, objeto direto, predicativo do objeto.
d) complemento nominal, objeto direto, predicativo do objeto.
e) adjunto adnominal, objeto indireto, adjunto adnominal.
4. (UFSC) Observe os períodos abaixo e assinale a alternativa em que lhe é adjunto adnominal.
a) “... anuncio-lhe: Filho, amanhã vai comigo.
b) O peixe caiu-lhe na rede.
c) Ao traidor, não lhe perdoaremos jamais.
d) Comuniquei-lhe o fato ontem pela manhã.
e) Sim, alguém lhe propôs emprego.
5. (Fuvest-SP) Nos enunciados abaixo, há adjuntos adnominais e apenas um complemento nominal. Assinale a alternativa que contém o complemento nominal.
a) faturamento das empresas.
b) ciclo de graves crises.
c) energia desta nação.
d) história do mundo.
e) distribuição de poderes e renda.
6. (Fuvest-SP) Assinalar a oração que começa com um adjunto adverbial de tempo.
a) Com certeza havia um erro no papel do branco.
b) No dia seguinte Fabiano voltou à cidade.
c) Na porta, (...) enganchou as rosetas das esporas...
d) Não deviam tratá-lo assim.
e) O que havia era safadeza.
7. (ESPM-SP) “Fogão Continental 2001 Grand Prix II: nossa homenagem ao bom gosto da mulher brasileira.” As expressões destacadas são, respectivamente:
a) sujeito, complemento nominal.
b) complemento nominal, sujeito.
c) adjunto adnominal, objeto direto.
d) complemento nominal, complemento nominal.
e) complemento nominal, adjunto adnominal.
8. (Faap-SP)
“Sete anos de pastor Jacó servia Labão, pai de Raquel, serrana bela”.
Identifique a análise errada.
a) sete anos – adjunto adverbial.
b) de pastor – adjunto adnominal.
c) Jacó – sujeito.
d) pai de Raquel – aposto de Labão.
e) serrana bela – aposto de Raquel.
9. (PUC-SP) “Só pessoas sem visão não admitem que, neste setor, existe oferta considerada condizente com a procura”.
Assinale a alternativa em que se apresenta corretamente a função sintática dos termos em destaque, respeitando-se a ordem em que elas ocorrem no período.
a) adjunto adnominal, objeto direto, complemento nominal.
b) adjunto adverbial, objeto direto, adjunto adnominal.
c) adjunto adnominal, sujeito, complemento nominal.
d) adjunto adverbial, sujeito, complemento nominal.
e) adjunto adnominal, objeto direto, adjunto adnominal.
10. (UEL-PR) “Ainda que surgissem poucos recursos para o projeto, todos mostravam-se satisfeitos com a boa vontade do chefe”.
As palavras em destaque no período exercem, respectivamente, a função sintática de:
a) objeto direto, complemento nominal.
b) sujeito, objeto indireto.
c) objeto direto, adjunto adnominal.
d) objeto direto, objeto indireto.
e) sujeito, adjunto adnominal.
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