Capítulo 6

SINTAXE DE REGÊNCIA

Conversando: Ufa!! Creio que você já venceu a etapa da concordância. Se ainda não estudou o assunto “concordância”, não se preocupe: pode estudar “regência” sem problemas, pois os assuntos não são interdependentes.

Teremos pela frente mais uma longa missão – entender as relações de dependência estabelecidas entre o verbo e o seu complemento e o nome e o seu complemento. Precisaremos compreender bem não só o aspecto sintático (função sintática), mas também o aspecto semântico (sentido), os quais envolvem as relações regenciais. Não se afobe! Dizem por aí, com frequência, ser o assunto de regência um dos mais difíceis da gramática. Discordo! Não confunda dificuldade com extensão – o nosso assunto é realmente longo, mas não é difícil. No entanto, para entender bem “regência verbal e nominal”, você precisará de alguns outros conhecimentos: saber empregar bem os pronomes pessoais oblíquos, saber utilizar os pronomes relativos e, acima de tudo, conhecer “de cor e salteado” o assunto “transitividade verbal”. Talvez por necessitar de outros assuntos, a regência tenha ganhado a fama de ser difícil. Portanto, uma sugestão: antes de continuar lendo o conteúdo abaixo, sugiro que revise os assuntos mencionados acima, se existirem dúvidas. E, então, mãos à obra! E não se esqueça de que a vitória é dos que persistem. Vamos lá!

6.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Inicialmente observe atentamente os exemplos abaixo:

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Observe que alguns complementos são regidos por preposição e outros não. Nos dois últimos exemplos, houve mudança no sentido do verbo. Portanto, é este o objetivo da regência: estudar as relações de dependência estabelecidas entre um verbo ou um nome e os seus respectivos complementos.

6.2 REGÊNCIA VERBAL

Inicialmente vejamos outros exemplos para que possamos chegar a uma conclusão:

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Observando o comportamento dos verbos em suas transitividades, chegamos a uma conclusão: a regência verbal depende do contexto em que o verbo se encontra.

Uma das perguntas frequentes que recebo em aula é: “Professor, como vou distinguir uma regência da outra? Como saberei se o verbo estará em tal ou qual sentido?” A resposta está na conclusão acima: o contexto. Será o contexto que denunciará o sentido e consequentemente a regência que o verbo adotará.

Estude agora mais algumas informações importantes para facilitar o entendimento sobre este assunto.

a) Lembre-se de que os verbos transitivos diretos exigem um complemento sem auxílio de uma preposição obrigatória e de que o objeto direto é frequentemente representado pelos pronomes oblíquos “o, a, os, as”. Tais pronomes assumirão as formas “lo, la, los, las”, caso o verbo termine em “r, s, z”, letras estas que serão suprimidas. Por outro lado, se o verbo terminar em ditongo nasal, os oblíquos assumirão as formas “no, na, nos, nas”. Veja:

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b) Lembre-se também de que os pronomes oblíquos “me, te, se, nos, vos” podem exercer tanto a função de objeto direto quanto de objeto indireto. A função sintática deles dependerá da transitividade do verbo.

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c) Não se esqueça de que os pronomes oblíquos “lhe, lhes”, quando completam o sentido de um verbo, sempre serão objetos indiretos de verbos transitivos indiretos ou de verbos transitivos diretos e indiretos. O objeto indireto pode ser substituído não só pelos pronomes “lhe, lhes”, mas também pelas formas tônicas “a ele, a ela, a eles, a elas”.

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Observação:

No dia a dia, muitos são os erros em virtude do emprego inadequado dos oblíquos “lhe, lhes”. Fique atento para não cometê-los. Veja:

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d) Cuidado!! À exceção de alguns verbos como “obedecer, desobedecer”, a voz passiva só existe com “verbos transitivos diretos” e “verbos transitivos diretos e indiretos”. Observe:

Todas as tentações que o cargo propiciava foram resistidas por meu pai. (Construção errada)

O verbo “resistir” é transitivo indireto, não admite a voz passiva

O jogo está sendo assistido por mais de um milhão de telespectadores. (Construção errada)

O verbo “assistir” é transitivo indireto, não admite a voz passiva.

Correções:

Meu pai resistiu a todas as tentações que o cargo propiciava. (Voz ativa)

Mais de um milhão de telespectadores estão assistindo ao jogo. (Voz ativa)

e) Lembre-se de que o fato de um verbo ser transitivo direto não impede que os nomes cognatos (de mesma raiz) exijam preposição. Portanto, fique atento e não confunda:

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f) Em outras situações, é comum o nome cognato (de mesma raiz) apresentar regência idêntica à do verbo. Observe:

VERBO

NOME COGNATO

ir a

ida a

chegar a

chegada a

crer em

crente/crença em

depender de

dependência de

intervir em

intervenção em

cooperar com

cooperação com

coexistir com

coexistência com

inserir em

inserido/inserção em

g) Muitos verbos possuem formas pronominais (conjugadas com o auxílio de um pronome oblíquo) e não pronominais. Cumpre salientar que a forma pronominal, em muitas situações, exige um complemento com preposição. Observe:

VERBO NÃO PRONOMINAL

VERBO PRONOMINAL

aconselhar

aconselhar-se com

alegrar

alegrar-se com

aproveitar

aproveitar-se de

armar

armar-se de

carregar

carregar-se de

cercar

cercar-se de

comunicar

comunicar-se com

defender

defender-se de, contra

esquecer

esquecer-se de

lembrar

lembrar-se de

limitar

limitar-se a

recordar

recordar-se de

6.2.1 REGÊNCIA DE ALGUNS VERBOS – CASOS ESPECIAIS

Em seguida você encontrará uma lista, em ordem alfabética, dos mais comuns verbos utilizados na língua portuguesa com suas respectivas particularidades. Procure estudá-los aos poucos. Prossigamos!!

1. Abraçar

Possui as seguintes regências:

a) É verbo transitivo direto no sentido de “cingir, apertar com os braços”.

A mãe abraçou o filho pequeno por alguns minutos.

Quando encontrou o amigo, abraçou-o fortemente.

b) É verbo transitivo direto no sentido de “adotar, seguir, escolher”.

O advogado abraçou a causa com fervor.

Os povos bárbaros abraçaram o cristianismo.

Observação:

A forma verbal “abraçar-se” é pronominal transitiva indireta e admite as preposições “a, em, com, contra”.

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2. Agradar

a) É transitivo direto na acepção de “acariciar, acarinhar, fazer carinho”.

Com as mãos calosas, a mãe agradava o filho.

Enquanto conversava, a menina agradava o seu cãozinho.

b) É transitivo indireto, exigindo a preposição “a”, na acepção de “satisfazer, contentar, fazer agrado a”.

Parece que os bares da cidade não agradaram aos turistas.

As palavras dele não lhe agradaram?

“Agradava-lhe também muito a vizinhança, aquela doce quietação de subúrbio adormecido ao sol.” (Eça de Queiroz)

3. Agradecer

a) É transitivo direto quando possui objeto direto de “coisa”. Caso o objeto direto seja representado por “pessoa”, este verbo será transitivo indireto exigindo a preposição “a”.

Agradeci imensamente aos amigos por causa da atenção que me deram.

Nós agradecemos os presentes aos presentes à festa.

O diretor da empresa agradeceu o auxílio que recebeu naquela hora difícil.

Observação:

Seguem essa mesma regência os verbos “pagar” e “perdoar”, estudados mais à frente.

4. Ajudar

a) Com o sentido essencial de “auxiliar, prestar ajuda” é transitivo direto:

Joana sempre procurou ajudar os mais próximos da família.

Marcos, não se preocupe, todos vieram ajudá-lo.

b) Se ao verbo “ajudar” seguir-se um infinitivo transitivo precedido da preposição “a”, regerá o verbo ajudar um objeto direto ou objeto indireto indiferentemente.

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c) Se, porém, ao verbo “ajudar” seguir-se um infinitivo intransitivo, só poderá o verbo ajudar reger objeto direto.

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5. Aspirar

Apresenta as seguintes regências:

a) É um verbo transitivo direto na acepção de “respirar, sorver ar, inalar.”

Na sala, aspirava a poeira dos carpetes imundos.

O perfume que aspiro traz-me boas recordações.

No período junino, é bom não aspirar a fumaça das fogueiras.

b) É um verbo transitivo indireto exigindo a preposição “a” na acepção de “desejar, pretender, almejar”. Apesar de transitivo indireto, este verbo rejeita os pronomes “lhe, lhes” para o objeto indireto; aceita apenas as formas tônicas analíticas “a ele, a ela, a eles, a elas”.

Em sua jornada, sempre aspirou ao cargo de gerente da empresa.

= “... sempre aspirou a ele...”.

A oportunidade à qual ele aspirava finalmente chegou.

Jamais aspirei a estas honrarias. = “Jamais aspirei a elas”.

6. Assistir

Apresenta quatro regências distintas:

a) É verbo transitivo indireto na acepção de “ver, presenciar, estar atento a”. O objeto indireto deve vir encabeçado pela preposição “a”. À semelhança do verbo “aspirar” no sentido de “desejar”, rejeita os oblíquos “lhe, lhes” para o objeto indireto; aceita apenas as formas “a ele, a ela, a eles, a elas”.

Nunca mais assisti a um bom jogo de futebol. = Nunca mais assisti a ele.

A missa a que ela assistiu foi rezada pelo Pe. Paulo Campos.

Ontem assistimos à inauguração da quadra de esportes.

Observações:

Este verbo, na linguagem coloquial, é quase sempre usado sem a preposição.

Ontem eu assisti o jogo.

Eles irão assistir os comícios em uma cidade vizinha.

Mais uma vez não se esqueça de que este verbo, para a linguagem formal – aquela exigida, por exemplo, para os concursos, as comunicações formais –, é transitivo indireto; não aceita a voz passiva e o objeto indireto de terceira pessoa deverá vir sob a forma dos pronomes “a ele, a ela, a eles, a elas”. Veja:

A aula será à tarde. Foi ótima a alteração, pois eu vou poder assisti-la. (Construção errada)

Corrija-se para...

A aula será à tarde. Foi ótima a alteração, pois eu vou poder assistir a ela.

O jogo está sendo assistido por vários espectadores. (Construção errada. Não admite voz passiva)

Corrija-se para...

Vários espectadores estão assistindo ao jogo.

Vale ressaltar também que os verbos “VER, OLHAR, ESPIAR, ESPREITAR, ENXERGAR, OBSERVAR” são transitivos diretos.

Ontem eu passei a tarde inteira lhe observando. (Construção errada)

Corrija-se para...

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b) No sentido de “ajudar, prestar assistência, auxiliar, socorrer” é indistintamente verbo transitivo direto ou verbo transitivo indireto. Como transitivo indireto exige a preposição “a”.

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c) Na acepção de “caber, pertencer direito ou obrigação” é um verbo transitivo indireto e exige a preposição “a”.

Ao dono do estabelecimento não assiste o direito de reclamar dos clientes mais exigentes.

Este é um direito que assiste a todos os consumidores. = Este é um direito que lhes assiste.

A eles não devem assistir estas novas cláusulas.

d) No sentido de “morar, residir” (regência pouco usual), é um verbo intransitivo. Exige o acompanhamento de um adjunto adverbial encabeçado pela preposição “em”.

Hoje já não mais assisto no bairro da Boa Vista.

A cidade em que ele assiste fica a poucos quilômetros da capital.

7. Atender

Possui as seguintes regências:

a) Com o sentido de “dar ou prestar atenção, ser atencioso, cuidar, servir” é indistintamente transitivo direto ou transitivo indireto. Neste último caso, exige a preposição “a”.

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b) Quando significa “atentar, concentrar a atenção”, é um verbo transitivo indireto e exige as preposições “a”, “em” ou “para”.

Faleceu porque não atendeu aos sintomas iniciais da doença.

Ele sempre atendia para os conselhos dos mais velhos.

Observação:

Se o complemento desse verbo for um pronome oblíquo átono, obrigatoriamente assumirá a regência transitiva direta.

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8. Chamar

Apresenta as seguintes regências:

a) No sentido de “mandar vir, convocar” é um verbo transitivo direto.

O diretor chamou os empregados para uma reunião de urgência.

Os meninos, chamei-os, mas até agora não vieram.

b) No sentido de “invocar, clamar”, é um verbo transitivo indireto. O objeto indireto requer a preposição “por”.

Nas horas difíceis, ele costuma chamar por Nossa Senhora das Dores.

Naquele momento, chamei por Ele, e o Senhor Jesus me ouviu.

Observação:

Alguns autores consideram a preposição “por” como um recurso de ênfase para o objeto direto que, nesse caso, seria preposicionado. Não nos parece a melhor análise, uma vez que o sentido do verbo é diferente da primeira regência (mandar vir, convocar).

c) Já na acepção de “cognominar, apelidar, alcunhar, qualificar, tachar”, será, indistintamente, verbo transitivo direto ou verbo transitivo indireto. Vem sempre acompanhado de um predicativo do objeto que poderá ou não ser encabeçado por uma preposição. Observe as possibilidades de construção a partir de uma informação dada:

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Na reunião, chamaram-no (de) incompetente.

ou

Na reunião, chamaram-lhe (de) incompetente.

Observação:

Esta é a única regência na Língua Portuguesa (verbo “chamar” na acepção de “cognominar, apelidar, tachar”) que admite um predicativo para um objeto indireto.

9. Chegar / Ir / Dirigir-se

Esses verbos possuem regências idênticas:

No sentido de “atingir um determinado lugar, deslocar-se para” são, no padrão formal da língua, verbos intransitivos. Exigem a presença de um adjunto adverbial de lugar introduzido, obrigatoriamente, pela preposição “a”.

Os três rapazes chegaram a casa totalmente exaustos.

O aeroporto a que ele chegou estava com vários voos atrasados.

Aonde devo me dirigir para obter informações?

Todos devem ir à festa do amigo hoje à noite.

Observações:

Na linguagem coloquial, os verbos “chegar” e “ir” são usados com a preposição “em”. Ressalte-se que esta construção não se amolda à linguagem padrão, formal.

Parece que ele foi no banheiro.

Corrija-se para...

Parece que ele foi ao banheiro.

Quando chegar em casa, tomarei um banho.

Corrija-se para...

Quando eu chegar a casa, tomarei um banho.

No emprego diário, usa-se o verbo “ir”, indistintamente, com as preposições “a” ou “para”. Para o padrão formal da língua, entretanto, “ir a” deve ser usado quando se denota a ideia de “lá não se demorar, de não estabelecer lá a residência”. Já a regência “ir para” indica a intenção de “permanência definitiva, de estabelecer-se a residência no local”.

Assemelham-se aos verbos acima os verbos que indicam estaticidade, já que requerem a presença de adjuntos adverbiais. Entretanto, enquanto os verbos de movimento (chegar, ir, dirigir-se) pedem a preposição “a”, os verbos estáticos (morar, residir, habitar, viver etc.) exigem geralmente a preposição “em”. Observe:

Nunca mais chegou ninguém a esta cidade. (chegar a...)

Ele reside em uma velha casa. (residir em...)

10. Custar

Apresenta as seguintes regências:

a) No sentido de “ter preço, valor ou custo” é geralmente um verbo intransitivo. É frequente que, nesta regência, ele venha acompanhado de um adjunto adverbial de preço ou de valor.

A casa custou vinte mil reais.

Este candelabro custou muito.

b) É um verbo transitivo direto e indireto na acepção de “trazer como consequência, acarretar” é um verbo transitivo direto e indireto.

A imprudência custou-lhe lágrimas amargas.

As vitórias custaram ao time meses e meses de treinamento.

c) Já no sentido de “ser custoso, ser difícil” é um verbo transitivo indireto. O sujeito deste verbo, para o padrão formal da língua, será uma oração subordinada subjetiva, reduzida de infinitivo que poderá ou não vir precedida de uma preposição. O objeto indireto requer a preposição “a”. Observe atentamente os exemplos:

Os antigos custaram a aceitar que o homem foi à lua. (Construção errada)

Corrija-se para...

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11. Ensinar

Apresenta as seguintes regências:

a) No sentido de “educar, adestrar”, é verbo transitivo direto.

No colégio, ele sempre ensinou as crianças pequenas.

Quando os ensinava, fazia o que sabia de melhor.

b) No sentido de “dar instrução a, transmitir conhecimento a”, é um verbo transitivo direto e indireto; o objeto direto deverá ser “de coisa” e objeto indireto “de pessoa”. Este virá precedido pela preposição “a”.

Sempre ensinou tudo o que sabia aos seus pupilos.

Nas horas livres, ensinava-lhes composições clássicas.

“O Vasques ensinava-lhe as declinações latinas, sobretudo a cartilha...” (Eça de Queiroz)

Observação:

Quando a coisa ensinada vem expressa por meio de um infinitivo precedido da preposição “a”, admitem-se as seguintes construções:

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12. Esquecer / Lembrar

a) Os verbos “esquecer” e “lembrar” são transitivos diretos na acepção de “sair da lembrança ou vir à lembrança” respectivamente. Nessa acepção, também podem aparecer como transitivos indiretos pronominais (esquecer-se, lembrar-se). O objeto indireto será precedido da preposição “de”.

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Observação:

Quando transitivos indiretos pronominais, o pronome que acompanha o verbo não possui função sintática. Ele é parte integrante do verbo e acompanha o verbo em todas as conjugações.

Jamais nos esquecemos dos conselhos dados por nosso pai.

Acho que, quando vós vos lembrardes das ideias, já estaremos longe daqui.

b) No sentido de “cair no esquecimento” ou “vir à lembrança” estes verbos apresentam uma regência culta, literária e pouco usual. O que é objeto direto e indireto nos exemplos acima passa a ser o sujeito. Os verbos “esquecer” e “lembrar” serão usados como transitivos indiretos.

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Ufa!! Chegamos praticamente à metade de nossa lista de verbos. Sugiro que pare um pouco. Descanse alguns minutos (alguns minutos, viu?!?!) e retorne para sua jornada. Vamos lá... mais uma vez!

13. Haver

É, sem dúvida, um dos verbos mais interessantes da língua portuguesa. Várias são as suas regências. Vejamos:

a) O verbo “HAVER” no sentido de “existir, acontecer, ocorrer, realizar-se” é transitivo direto. Não possui sujeito, devendo ficar na terceira pessoa do singular.

Houve muitos aventureiros naquela cidade. (Existiram muitos aventureiros...)

Quando tragédias, muitos setores da sociedade se mobilizam. (Quando acontecem tragédias...)

Tem havido muitas invasões a prédios públicos abandonados nos últimos tempos. (Locução verbal perceba que o verbo auxiliar também se torna impessoal).

Não pode haver honestos em terra de corruptos.

Vai haver muitos inscritos para o Congresso de Direito de Família.

Por ser noite, não deveria haver tantas crianças presentes no evento.

b) o verbo HAVER no sentido de “passar-se, ter decorrido (tempo)”, é um verbo transitivo direto. Nesta acepção ele também é impessoal, ou seja, não possui sujeito e deve, por convenção, ficar na terceira pessoa do singular.

Havia duas décadas que não ocorria aquele fenômeno.

Há três horas que eu a espero.

c) O verbo HAVER é um verbo transitivo direto e indireto quando empregado no sentido de OBTER, CONSEGUIR.

Os rapazes houveram da direção a autorização para o uso da quadra de esportes. (Leia-se: Os rapazes obtiveram / conseguiram da direção a autorização.)

De quem houveram esses advogados aquelas terras? (Leia-se: Os advogados obtiveram / conseguiram aquelas terras de quem?)

Observe que o verbo HAVER, no caso acima e nos demais casos abaixo, flexiona-se normalmente para concordar com o seu sujeito.

d) O verbo HAVER empregado no sentido de “CONSIDERAR, JULGAR” é um verbo transitivo direto.

A justiça não houve por verdadeira a confissão do réu. (Leia-se: A justiça não considerou...)

Os professores haviam-no como o melhor da turma. (Leia-se: Os professores julgavam-no...)

e) O verbo HAVER-SE (pronominal) no sentido de “PORTAR-SE, PROCEDER, COMPORTAR-SE, SAIR-SE BEM OU MAL” é intransitivo. Pede acompanhamento de um adjunto adverbial de modo.

Os candidatos não se houveram bem na prova. (Leia-se: Os candidatos não se saíram bem...)

A filha do prefeito sempre se havia de modo inconveniente nas festas de que participava. (Leia-se: A filha do prefeito sempre se comportava de modo inconveniente...)

f) O verbo HAVER é também transitivo direto no sentido de “TER, POSSUIR”.

Hajamos paz e o mundo certamente melhorará. (Leia-se: Tenhamos paz e...)

Se houvesses mais coragem, agirias de outra forma. (Leia-se: Se tivesses mais coragem...)

g) O verbo HAVER-SE (Pronominal) no sentido de “AJUSTAR CONTAS, ENTENDER-SE, ARRANJAR-SE” apresenta transitividade indireta – exige a preposição “com”:

Parece que ele já se houve com todos os credores. (Leia-se: Parece que ele já ajustou contas com...)

Será complicado se tu não te houveres com aqueles que magoaste. (Leia-se: ...se tu não te entenderes...)

h) O verbo HAVER-SE (Pronominal) no sentido de “DEPARAR-SE, LIDAR, TRATAR” é transitivo indireto. Exige a preposição “com”.

Sempre que chegava ao escritório, havia-se com a secretária do presidente. (Leia-se:... lidava com...)

Quando estagiava, havia-se com crianças excepcionais. (Leia-se: Quando estagiava, deparava-se com...)

14. Implicar

Este verbo apresenta as seguintes regências:

a) No sentido de “embirrar, ter implicância com”, é transitivo indireto. O objeto indireto exige a preposição “com”.

Por que implicas tanto com a tua sogra?

A pessoa com quem ele sempre implicou tornou-se seu chefe.

b) Será um verbo transitivo direto e indireto, exigindo a preposição “em” para o objeto indireto, na acepção de “envolver-se, comprometer-se, enredar-se, emaranhar-se”.

A CPI dos bingos implicou o ex-ministro em atividades criminosas.

Implicaram-no em negócios escusos.

c) No sentido de “ocasionar, trazer como consequência, acarretar” consolidou­-se como verbo transitivo direto.

Cuidado, pois suas atitudes podem implicar sua demissão.

Liberdade sempre implicou responsabilidade.

Viver sempre implicará correr riscos.

Observação:

Nesta acepção “ocasionar, trazer como consequência, acarretar”, a evolução trouxe uma regência nova “implicar em”, resultante da influência de verbos mais ou menos sinônimos, como “importar em”, “redundar em”, “reverter em” e “resultar em”. Além do mais, é uma tendência da língua, como já vimos, repetir (uso pleonástico) a preposição cognata do prefixo (assistir a, depender de, empregar em, incidir em, incorrer em). Embora seja combatida por alguns conservadores, esta regência (usando as palavras do professor Rocha Lima) “está ganhando foros de cidade na língua culta”. Logo, hoje são plenamente aceitas, como corretas, as construções abaixo:

Sua forma de jogar implicou em sua dispensa do time.

“... a dicionarização de um neologismo...implicará em nova ortografia para o termo enquadrado em tal caso.” (Caldas Aulete, Dic. Contemp. da Língua Portuguesa)

“Casamento implica em responsabilidade.” (Celso Cunha, Dic. Prático de Regência Verbal)

15. Importar Eis um verbo bastante interessante, porque apresenta várias regências. Vamos estudar as principais:

a) No sentido de “fazer vir (mercadorias), trazer para dentro” é empregado como transitivo direto.

Os noivos importaram óleos e essências naturais para usar durante a lua de mel.

Neste ano, ainda pretende importar inúmeros objetos fabricados na China.

No próximo ano, importaremos mais frutas frescas e menos carne bovina.

b) No sentido de “dar importância, fazer caso” é um verbo pronominal, transitivo indireto (importar-se) e exige comumente a preposição “com” para o seu complemento, embora as preposições “de” ou “em” também possam ser usadas.

“... mas eu não me importo com isso.” (Machado de Assis)

“Lenita, apressada, correu sem se importar com os ramos que lhe açoitavam.” (Júlio Ribeiro)

c) Já no sentido de “ser importante, útil ou necessário, ter importância” é empregado tanto como intransitivo quanto como transitivo indireto com a preposição “a”. Cumpre salientar que, nesse sentido, o sujeito vem geralmente posposto ao verbo; por isso é importante não o confundir com um objeto direto.

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d) No sentido de “acarretar, implicar, resultar, trazer como consequência” pode hoje ser usado tanto como transitivo direto quanto como transitivo indireto com a preposição “em”. Esta última regência foi combatida por muitos puristas da língua, mas hoje se consolidou, conforme se percebe nas palavras do mestre Rui Barbosa: “Esta construção [importar em] na língua viva de hoje se estende ao sentido de acarretar.”

“Sua imprudência importou em descrédito pessoal.” (Celso P. Luft – Dic. Prático de Regência)

“Toda a restrição à publicidade importa, logo, em embaraço de circulação.” (Rui Barbosa)

“Mas essa reconciliação importava a entrada triunfal do Cavaleiro na quieta casa do Barrolo...” (Camilo C. Branco)

e) Com o sentido de “atingir o custo de, redundar” deve ser empregado como transitivo indireto com a preposição “em” para o seu complemento.

A construção da casa importou em vários milhões de dólares.

“O total dos gastos importou em mil reais.” (Dic. Eletrônico Houaiss)

16. Informar (Alertar* / Notificar* / Avisar* / Cientificar* / Anunciar*)

* Seguem a mesma regência do verbo informar.

a) No sentido de “comunicar, dar esclarecimento” é geralmente usado como verbo transitivo direto e indireto. Admite as seguintes construções:

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Nós sempre os informamos sobre os problemas.

ou

Nós sempre lhes informamos os problemas.

Avisaram ao dono do estabelecimento ontem à noite o assalto.

ou

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Notificaram-lhe que a audiência será na próxima semana.

ou

Notificaram-no de que a audiência...

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“Affonso assombrou Villaça anunciando-lhe que decidira vir habitar o Ramalhete!” (Eça de Queiroz)

b) O verbo informar também pode aparecer apenas como transitivo direto na acepção de “dar informações, dar notícias”.

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17. Namorar

a) Para a linguagem formal – mais clássica –, este verbo é transitivo direto na acepção de “cortejar, galantear, requestar”. Na linguagem mais moderna, entretanto, este verbo tem se consolidado como transitivo indireto, exigindo a preposição “com” para o objeto indireto, à semelhança de “casar, noivar”, conforme atestam grandes estudiosos da nossa língua, como os mestres Aurélio Buarque, Antônio Houaiss, Celso Pedro Luft e Antenor Nascentes. Ademais, o substantivo cognato “namoro” admite a preposição “com” para o seu complemento. Por isso, o verbo namorar pode ser usado, modernamente, tanto como transitivo direto quanto como transitivo indireto.

Havia uma moça em nossa cidade que só namorava os (ou “com os”) rapazes de dinheiro.

A filha do prefeito, o Sr. Joaquim dos Santos namorou-a (ou “com ela”) durante muito tempo.

Observação:

O verbo “casar” pode ser usado com as seguintes regências:

a) Intransitivo Maria casou na Europa.

b) Transitivo direto “Casa o filho quando quiseres, e a filha quando puderes.” (Dito popular)

c) Transitivo indireto com a preposição “com” Se eu pudesse, eu casaria com Lúcia.

d) Transitivo direto e indireto (pronominal), exigindo a preposição “com” Ele deve casar-se na próxima semana com Maria Joaquina.

18. Necessitar

No sentido de “ter ou sentir necessidade” é indistintamente transitivo direto ou transitivo indireto. Neste último caso, o objeto indireto virá encabeçado pela preposição “de”.

Ele sempre necessitou da ajuda dos amigos para obter as coisas na vida.

OU

Ele sempre necessitou a ajuda dos amigos para obter as coisas na vida.

A ferramenta de que ele necessitou estava com um primo distante.

OU

A ferramenta que ele precisou estava com um primo distante.

Observação:

No dia a dia, este verbo tem se consolidado com a regência transitiva indireta “NECESSITAR DE”.

19. Obedecer / Desobedecer

Consolidaram-se em nossa Língua Portuguesa como verbos transitivos indiretos. O objeto indireto requer a preposição “a”.

Era um grande escritor, pois as palavras sempre lhe obedeciam.

Nunca desobedeça às regras impostas por seus superiores.

A pessoa a quem mais ele obedecia era a sua avó.

Observação:

Embora transitivos indiretos, esses verbos admitem a voz passiva em virtude de seus antigos regimes transitivos diretos.

Ele era obedecido por todos na empresa.

20. Pagar / Perdoar

Esses verbos possuem uma regência bastante interessante:

a) São transitivos diretos quando o objeto direto é representado por “coisa”.

b) São transitivos indiretos, exigindo a preposição “a” para o objeto indireto, quando este é representado por “pessoa”.

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c) Também podem ser usados como transitivos diretos e indiretos.

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Observações:

a) Cuidado com esses verbos quando estiverem associados a um “SE”. Observe:

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b) O verbo “perdoar” admite a voz passiva.

Eles foram perdoados pelo presidente da empresa.

21. Precisar

Este verbo apresenta duas regências:

a) No sentido de “ter precisão, carecer”, tanto pode ser transitivo direto (regência pouco usual) quanto transitivo indireto com a preposição “de”.

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b) É um verbo transitivo direto na acepção de “marcar com precisão, estipular tempo”.

Os noivos ainda não precisaram a data do casamento.

O Banco Central ainda não precisou o montante de dinheiro roubado pelos ladrões.

22. Preferir

Apresenta as seguintes regências:

a) Na acepção de “dar preferência ou primazia a, gostar mais de, escolher ou querer antes” é transitivo direto e indireto, exige a preposição “a”. Neste sentido, não admite a presença dos termos intensificadores “ mais... (do) que...”, por exemplo, já que a própria semântica do verbo, por si só, já indica essa intensificação.

Aos domingos, Sr. João preferia ficar em casa a ir ao shopping com a família.

Ele sempre prefere laranja a maçã para o café da manhã.

OU

Ele sempre prefere a laranja à maçã...

Quando se trata de estudo, prefiro o dia à noite para fazer qualquer curso.

Eu prefiro que critiquem a que se mantenham calados, inertes e indiferentes.

Observação:

As construções abaixo são consideradas erradas pela gramática normativa, embora sejam bastante usuais na linguagem cotidiana.

Prefiro antes comer frutas a beber suco.

Preferia muito mais estudar do que trabalhar.

Ele prefere mil vezes arroz com feijão do que macarronada.

Ele deve preferir correr do que nadar nos finais de semana.

b) Esse verbo também pode ser usado unicamente como transitivo direto também na acepção de “optar, escolher”.

Entre arroz e macarrão, já disse que prefiro macarrão.

Ele prefere que todos fiquem até o final da festa.

23. Proceder

Apresenta as seguintes regências:

a) É um verbo intransitivo no sentido de “ter fundamento, mostrar-se verdadeiro”.

Todas as acusações dela não procediam.

Como o boato não procedesse, ele foi desconsiderado por todos.

b) É intransitivo na acepção de “comportar-se, portar-se, conduzir-se”. Sempre virá acompanhado de um adjunto adverbial de modo.

A filha do prefeito não procedeu bem na festa.

Sr. Joaquim sempre procede com honestidade.

c) É também intransitivo no sentido de “originar-se, provir, derivar”. É sempre acompanhado de um adjunto adverbial de lugar.

De onde o amigo procede?

A língua portuguesa procede do latim.

d) É um verbo transitivo indireto, exigindo a preposição “a”, quando empregado no sentido de “dar início, principiar, começar, realizar.”

O TRE procedeu aos trabalhos de apuração dos votos às 17h.

O inquérito policial a que ele procedeu perfez 500 páginas.

A professora procedeu à chamada dos alunos às 14h.

Cuidado com esta última regência do verbo proceder. Observe:

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24. Querer

Apresenta duas regências bastante comuns:

a) No sentido de “ter, possuir, desejar, pretender” é empregado como transitivo direto.

Ele sempre quis um carro do ano e finalmente conseguiu.

Manoel sempre queria uma oportunidade a mais, mas não lhe davam.

Os patrões sempre a queriam de bom humor.

b) É um verbo transitivo indireto, exigindo a preposição “a”, no sentido de “amar, gostar de, ter afeto”.

Ele tinha uma filha a quem muito queria.

Eu muito lhe quero, minha mãe.

Eu quero muito bem àquela moça.

25. Responder

Destacam-se as seguintes regências:

a) É transitivo direto e indireto no sentido de responder alguma coisa a alguém:

Ao ser questionado, respondeu-lhes que aceitaria o contrato sem problemas.

O professor certamente responderá aos alunos as eventuais dúvidas.

“Quando perguntei por que motivo ninguém o via há um mês, respondeu-me que estava passando por uma transformação.” (Machado de Assis)

b) É transitivo indireto no sentido de dar a resposta, de responder a uma carta, a uma pergunta, a um questionário etc. Neste caso, exigirá a preposição “a”.

Responde a todas as perguntas por mais difíceis que sejam.

Fez-me uma série de perguntas a que não sei responder.

“Começou São Domingos a levantar as questões, e o demônio ponto por ponto a responder a elas.” (Pe. Antônio Vieira)

26. Simpatizar / Antipatizar

Esses verbos apresentam regências idênticas.

São verbos transitivos indiretos e exigem preposição “com”, significando “ter ou sentir simpatia, agradar-se”. Não são pronominais. Veja:

Durante muito tempo, ele não simpatizou com o seu chefe.

A pessoa com quem ele antipatizava foi transferida para outra empresa.

Se eu simpatizasse com todos os alunos, seria uma professora mais alegre, mais verdadeira.

Observação:

As construções abaixo são inadmissíveis para o padrão formal, porque tais verbos não são pronominais.

Ele não se simpatizou com os colegas. (Errado)

Eu me antipatizei logo com ela. (Errado)

27. Suceder

É um verbo pouco usado, que possui duas regências distintas:

a) É intransitivo no sentido de “ocorrer, acontecer, realizar-se”.

Durante a festa, sucedeu uma tremenda tromba d’água.

Sucedeu que o novo governo não baixou os juros como era esperado.

b) É um verbo transitivo indireto na acepção de “seguir-se, sobrevir”. Exige a preposição “a” para o objeto indireto.

João sucedeu a Paulo na direção da empresa.

Ao labor sucede o descanso.

O dia sucede à noite.

28. Visar

É um verbo que apresenta várias regências. Veja:

a) É transitivo direto no sentido de “mirar, olhar para”.

Vise bem o alvo antes de atirar.

A caça, visei-a com toda a minha precisão.

b) É também um verbo transitivo direto no sentido de “rubricar, pôr o visto”.

No banco, o gerente costumava não visar os cheques de terceiros.

A diretora visou os diplomas de todos os formandos.

c) Já no sentido de “desejar, pretender, ter em vista” é largamente usado como transitivo indireto, exigindo a preposição “a”. Como transitivo indireto, rejeita os pronomes “lhe, lhes” para o objeto indireto. Aceita apenas as formas analíticas tônicas “a ele, a ela, a eles, a elas”. Entretanto, nesse sentido (“desejar, pretender, ter em vista”) também pode ser empregado como transitivo direto, embora poucas referências se façam a esta última regência.

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Observação:

Quando o complemento do verbo “visar” é formado por uma oração reduzida de infinitivo é frequente a supressão da preposição. Veja:

O contra-ataque visava derrubar as primeiras linhas do exército inimigo.

Sempre visei alcançar objetivos difíceis para a maioria do povo.

Observação final em relação à regência verbal: Lembre-se de que há uma série de verbos na língua portuguesa que podem ser usados indistintamente como transitivos diretos ou transitivos indiretos sem que isso traga alterações de sentido. Abaixo listamos alguns desses verbos:

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Outros exemplos:

“... aquele ente atrofiado pela cobiça e que parecia ter abdicado dos seus privilégios e sentimentos de homem...” (Aluísio Azevedo)

“A República sonhadora do Pacífico abandona, de improviso, os compromissos oriundos da sua existência autônoma e, abdicando a própria altitude política, volve, às recuadas, aos tempos em que ainda não existia.” (Euclides da Cunha)

“Subiu rápido a encosta de onde Roderico atendia aos sucessos da batalha.” (A. Herculano)

“Levou a carta do Coronel Carvalho ao deputado, que o atendeu muito bem.” (Lima Barreto)

“Mas o fato é que aí estava, que não dormia, e que, pela primeira vez, nos sessenta e sete anos de sua palrada existência, consentiu em estar em cena como pessoa muda.” (A. Garret)

“Sofia não consentiu que ela as trouxesse.” (Machado de Assis)

“Ó tu, que à mocidade sonhadora

Do pálido poeta deste flores...

Se vivi... foi por ti! e de esperança

De na vida gozar de teus amores.” (A. de Azevedo)

“... muito pálida, muito séria, com uma crueldade a reluzir-lhe nos olhos, gozando uma alegria de desforra em fustigar aquela carne gorda.” (Eça de Queiroz)

“Outra ocasião deparou com o retrato da cuja. – “Sim senhor: uma mulher esplêndida! O Luís tinha gosto para mulheres...” (A. Caminha)

“Além dos serventes de repartições, contínuos de escritórios, podemos deparar velhas fabricantes de rendas de bilros, compradores de garrafas vazias...” (Lima Barreto)

“Enquanto deliberava o parlamento, e era possível conquistar o poder sem compromissos, e presidir as eleições gerais sem indisposições, ninguém lhe devassou o sigilo.” (Rui Barbosa)

“... outro preside, em 1850, ao festim oferecido aos comissários da exposição de 1851, ou à iniciação dos trabalhos de edificação da Galeria Nacional em Edimburgo...” (Rui Barbosa)

“... era também agradecer o restabelecimento de minha mãe, e, visto que digo tudo, fazê-lo renunciar ao pagamento da minha promessa.” (Machado de Assis)

“... os grandes desprezando as riquezas e vaidades do Mundo; os reis renunciando os ceptros e as coroas;...” (Pe. António Vieira)

“Bentinho há de satisfazer os desejos de sua mãe e depois a igreja brasileira tem altos destinos.” (Machado de Assis)

“Entretanto vamos satisfazer ao leitor, que há de talvez ter curiosidade de saber onde se meteu o pequeno.” (Manuel A. de Almeida)

Ufa!! Misericórdia!! Chegamos ao final do assunto “Regência Verbal”. Cansativo, não!!?? Mantenha a calma! E não desanime, pois ainda vamos estudar a regência de alguns nomes. Não se desespere! Lembre-se de que o conhecimento vem aos poucos, mas sempre chega para os persistentes. Leia a relação abaixo mais de uma vez e parta para a resolução dos exercícios. Prossigamos!

6.3 REGÊNCIA NOMINAL

A regência nominal estuda as relações de dependência estabelecidas entre os nomes e os seus complementos. O termo que completa um nome é, por isso, denominado de “complemento nominal”.

A complementação de um nome é sempre intermediada por uma preposição. Alguns nomes chegam a aceitar mais de uma preposição, como se verá.

Segue uma lista de substantivos e adjetivos com as respectivas regências:

Acessível a

difícil de

medo a, de

Acostumado a, com

digno de

misericordioso com, para como

Adaptado a

entendido em

natural de

Afável a, com, para com

equivalente a

necessário a

Aflito com, por

erudito em

negligente em

Agradável a

escasso de

nocivo a

Alheio a, de

essencial a

nocivo a

Alienado de

estranho a

ojeriza a, por, contra

Alusão a

fácil de

paralelo a

Amante de

falha de, em

parco em, de

Ambicioso de

falta de

passível de

Analogia com, entre

favorável a

perito em

Análogo a

fiel a

permissivo a

Ansioso de, para, por

firme em

perpendicular a

Apto a, para

generoso com

pertinaz em

Atento a, em

grato a

possível de

Aversão a, para, por

hábil em

possuído de

Ávido de, por

habituado a

posterior a

Benéfico a

horror a

preferível a

Capaz de, para

hostil a

prejudicial a

Certo de

idêntico a

prestes a, para

Compatível com

imbuído em, de

propenso a, para

Compreensível a

impossível de

propício a

Comum a, de

impróprio para

próximo a, de

Constante de, em

imune a, de

relacionado com

Constituído de, por, com

incompatível com

residente em

Contemporâneo a, de

inconsequente com

responsável por

Contíguo a

indeciso em

rico de, em

Contrário a

independente de, em

seguro de, em

Cuidadoso com

indiferente a

semelhante a

Curioso de, a

indigno de

sensível a

Desatento a

inepto para

sito em, entre

Descontente com

inerente a

suspeito de, a

Desejoso de

inexorável a

transversal a

Desfavorável a

leal a

útil a, para

Devoto a, de

lento em

versado em

Diferente de

liberal com

vizinho a, de, com

6.4 O EMPREGO DOS PRONOMES RELATIVOS E AS REGÊNCIAS VERBAL E NOMINAL

Um dos tópicos que mais assustam o estudante da Língua Portuguesa é o emprego dos pronomes relativos. Como se sabe, o pronome relativo substitui um termo da oração, evitando, assim, a repetição enfadonha de vocábulos. No entanto, um problema surge: dependendo da regência do verbo ou do nome com que se esteja trabalhando, o pronome relativo que encabeça a oração adjetiva virá precedido ou não de uma preposição. Logo, estruturas como...

Os filmes a cujas estreias ele se referiu ontem foram indicados para o Oscar.

O médico em quem ele mais confia viajou para Europa.

A ponte sob a qual corriam águas poluídas era pênsil.

Trouxe as frutas de que ele mais gosta.

...causam espanto e muitas vezes indignação a muitos estudantes do português.

Desconhecem, muitas vezes, nossos “aventureiros” do conhecimento que essas construções esdrúxulas nasceram justamente em virtude de uma regência verbal ou nominal.

Sugiro que você releia e correlacione este assunto com as funções sintáticas dos pronomes relativos.

Antes de darmos mais um passo, relacionarei abaixo os usos dos pronomes relativos. Leia atentamente antes de prosseguir neste ponto.

1. Que É denominado de “relativo universal”, porque se refere tanto a coisas quanto a pessoas. Seus equivalentes variáveis são “a qual, o qual, as quais, os quais”. O relativo “que” só deve ser substituído por outro relativo em casos específicos.

2. Quem É denominado de “relativo personativo”, pois só se refere a pessoas. Sempre virá precedido de uma preposição.

3. Onde É denominado de “relativo locativo”, pois só é utilizado para retomar e substituir termos que contenham a noção de “lugar”. Equivale a “em que” e variações (na qual, no qual, nas quais, nos quais).

4. O qual, a qual, os quais, as quais São os relativos que possuem as variações em gênero e número correspondentes ao pronome relativo “que”. Esses relativos devem obrigatoriamente substituir o “que” quando este provocar ambiguidade, for precedido por uma preposição com mais de uma sílaba ou for eufonicamente melhor.

5. Cujo, cuja, cujos, cujas São relativos utilizados para substituir termos que expressam noção de posse. Equivalem a “do qual, da qual, dos quais, das quais, seu, sua, seus, suas, dele, dela, deles, delas). Eles retomam um termo antecedente, mas concordam em gênero e número com o substantivo consequente (ou posposto). Não admitem a posposição de artigo e sempre exercem a função sintática de adjunto adnominal.

6. Quanto, quanta, quantos, quantas Estas palavras só serão consideradas pronomes relativos quando vierem antecedidas por um dos seguintes pronomes indefinidos “tudo, todo (a), todos (as)”:

Continuemos...

Vamos, para facilitar o entendimento, iniciar o nosso estudo construindo períodos compostos por subordinação a partir de dois períodos simples. Não podemos nos esquecer, entretanto, de que se algum nome, verbo ou termo da oração adjetiva (introduzida pelo pronome relativo) exigir preposição, esta será deslocada para preceder o pronome relativo. Veja:

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Perceba que o pronome relativo entra no lugar do termo que ele substitui. O artigo não interessa para os pronomes relativos.

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Observe que todo o termo “na cidade” foi absorvido pelo pronome relativo “onde”. Nessa frase, também estariam corretas as formas “em que” ou “na qual”.

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Observe que o relativo “cujas” substitui toda a relação de posse “do livro”. A relação de posse está presa ao substantivo “páginas” que vem antecedido apenas por um artigo, o qual é dispensado pelo relativo.

Observe:

Não se esqueça de que os relativos “cujo, cuja, cujos, cujas” não admitem a posposição de um artigo.

Comprei um livro cujas as páginas são todas amarelas. (Errado)

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Perceba que neste exemplo a preposição “de” obrigatoriamente antecederá o pronome relativo porque ela faz parte da regência do verbo “gostar”.

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A preposição do verbo “depender” acompanhará o pronome relativo.

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A preposição “contra”, solicitada pelo verbo “votar” antecede o pronome relativo.

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Não se pode esquecer de que a preposição que é solicitada pela regência de um verbo ou de um nome não pode ser retirada da estrutura oracional. Nos casos acima, a preposição precederá o pronome relativo.

Observe agora alguns erros – e suas devidas correções – em construções com os pronomes relativos:

a) A atleta norte-americana, cujo nome o autor não se lembrou, acabou sofrendo um ataque cardíaco.

O verbo “lembrar-se” exige a preposição “de”.

A atleta norte-americana, de cujo nome o autor não se lembrou,....

b) A revelação proporcionou-lhe reflexões profundas através das quais compôs uma argumentação interessante.

Observe que ele compôs uma argumentação “com” as reflexões.

A revelação proporcionou-lhe reflexões profundas com as quais compôs uma argumentação interessante.

c) As notícias de que ele fez referências transtornaram aquela pequena cidadezinha do interior.

Perceba que quem “faz referências” sempre as faz “a” alguém.

As notícias a que ele fez referências....

d) As peças teatrais que ele ontem assistiu transformaram-lhe o modo de pensar.

O verbo “assistir” exige a preposição “a” neste sentido.

As peças teatrais a que (ou “às quais”) ele ontem assistiu....

e) Para Hans Kelsen, de onde se citam vários exemplos, a norma jurídica é o objeto de estudo do Direito.

O antecedente do pronome relativo “onde” não é um “lugar”, mas um nome personativo. Só se emprega o “onde” relativo em referência a lugar.

Para Hans Kelsen, de quem (ou “do qual”) se citam vários exemplos,....

f) Não falta aos juristas, a quem contamos para a proposição de leis, conhecimento técnico.

O pronome relativo está bem empregado, porém a conjunção que o antecede é inadequada, uma vez que o verbo “contar” exige, neste contexto, a preposição “com”.

Não falta aos jurista, com quem contamos para a proposição de leis,....

g) A desonestidade e o egoísmo são defeitos de cujos nenhum contraventor se envergonha.

Emprego inadequado do relativo “cujos”, já que não há na estrutura uma relação de “posse”. A preposição está correta, pois é solicitada pelo verbo “envergonhar-se”.

A desonestidade e o egoísmo são defeitos de que (ou “dos quais”) nenhum....

h) As fogueiras de que todos testemunhamos nos noticiários da TV constituem um sinal a quem ninguém pode ser insensível.

Duas orações adjetivas com problemas em suas construções. Na primeira, inexiste a preposição “de” antecedendo o relativo “que”, porquanto o verbo “testemunhar” é transitivo direto. Na segunda, emprega-se inadequadamente o relativo “quem” sem antecedente personativo.

As fogueiras que (ou “as quais”) todos testemunhamos nos noticiários da TV constituem um sinal a que (ou “ao qual”) ninguém pode ser insensível.

6.5 QUESTÕES DE CONCURSOS PÚBLICOS

REGÊNCIAS VERBAL E NOMINAL

1. (FCC) A frase em que a regência está totalmente de acordo com o padrão culto é:

a) Esperavam encontrar todos os documentos que os estudiosos se apoiaram para descrever a viagem de Colombo.

b) Estavam cientes de que teriam muito a fazer para conseguir os registros de que dependiam.

c) Encontraram-se referências à coerção que marinheiros mais experientes faziam contra os mais novos que trabalhassem mais arduamente.

d) Foram informados que esboços da inóspita região circundada com imensas pedras podiam ser consultados.

e) Havia registro de uma insatisfação em que os insurretos às atitudes arbitrárias de um navegante foram impedidos de lhe inquirir.

2. (FCC) Desde que passou a gozar de um prestígio absoluto, o fator velocidade impôs-se como parâmetro das ações humanas, sobrepondo-se a qualquer outro critério.

Substituem de modo adequado as expressões sublinhadas, respectivamente e sem prejuízo para o sentido da frase acima:

a) desfrutar de um – investiu como – destituindo a

b) a alçar-se num – investiu-se a um – preterindo

c) firmar-se como – determinou-se como – corroborando a

d) favorecer-se de um – consagrou-se a um – eximindo-se de

e) desfrutar de um – firmou-se como – sobrepujando

3. (FCC) A crescente demanda por produtos agropecuários ...

Reproduz-se o mesmo tipo de regência que organiza o segmento assinalado acima no trecho também grifado em:

a) Produzir mais a custos menores ...

b) Nos últimos dez anos ...

c) Tal desempenho foi considerado inviável ou impossível ...

d) Havendo limitada disponibilidade de recursos ...

e) O setor agropecuário era estático ...

4. (FCC) Está correta a forma de ambos os elementos sublinhados na frase:

a) Ela não nos disse por que razão tornou-se uma otimista; e se ela tornar ao seu pessimismo, será que nos explicará por quê ?

b) A razão porque muitos se tornam pessimistas está no mundo violento de hoje; por quê outra razão haveriam de se desenganar?

c) “Por que sim”: eis como respondem os mais impacientes, quando lhes perguntamos porque, de repente, se tornaram otimistas.

d) Sem mais nem porquê, ele passou a ver o mundo com outros olhos, dizendo que isso aconteceu por que encontrara a verdade na religião.

e) Não sei o por quê do seu pessimismo; porque você não me explica?

5. (FCC) O New York Times publicou uma galeria de rostos e nomes, expôs rostos e nomes ao longo de vários números, evocou esses rostos e nomes para que o público não olvidasse esses nomes e rostos.

Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo- se os elementos sublinhados, na ordem dada, por:

a) expôs a eles - evocou-lhes - lhes olvidasse

b) expô-los - evocou a eles - olvidasse-os.

c) expôs-lhes - evocou-os - os olvidasse

d) expôs eles - evocou-lhes - olvidasse eles

e) expô-los - evocou-os - os olvidasse

6. (FGV) Assinale a alternativa em que a regência verbal não siga o padrão culto de linguagem.

a) A inscrição no concurso implica a aceitação das normas do edital.

b) Todos os servidores devem obedecer às leis que os regem.

c) Preferiu a poltrona à cadeira.

d) Eu avisei-lhes da necessidade de se revisar o documento.

e) Eles anuíram à decisão.

7. (FCC) Está correto o emprego do elemento sublinhado na frase:

a) Há em nosso mundo paisagens belas, em cujas faz bem pousar os olhos.

b) São belas paisagens, cuja sedução nos leva a contemplá-las.

c) Há paisagens aonde nosso olhar se demora prazerosamente.

d) São belezas de um tempo onde o homem não tinha tanta pressa.

e) A reação de que toda beleza nos impõe é a calma da contemplação.

8. (FCC – Metrô/SP – Supervisor de Linha) Ao final do ano vêm as frustrações e, já que não podemos evitar as frustrações, descarregamos essas frustrações nas costas dos outros, atribuindo aos outros a responsabilidade por nossa decepção.

Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os elementos sublinhados, respectivamente, por:

a) podemos evitar-lhe − descarregamos elas − atribuindo-lhes

b) as podemos evitar − as descarregamos − atribuindo-os

c) as podemos evitar − descarregamo-las − atribuindo-lhes

d) podemos evitá-las − descarregamos-lhes − lhes atribuindo

e) podemos as evitar − as descarregamos − lhes atribuindo

9. (FCC) Está correto o emprego de ambas as expressões sublinhadas em:

a) As áreas aonde os homens se concentravam exibiam edifícios em cujos não havia arejamento.

b) Em cortiços de cimento, a que faltavam espaço e arejamento, comprimiam-se milhões de indivíduos para quem a natureza parecia representar uma ameaça.

c) Esse texto, de cujo o autor era também poeta, promove um típico exercício de imaginação em que muitos autores de ficção são tentados.

d) Os mistérios porque somos atraídos na ficção costumam impressionar os leitores em cujos também não falta a liberdade da imaginação.

e) Os espaços urbanos pelos quais se espanta o imaginário narrador seriam testemunho de uma civilização à qual eram frouxos os laços com a natureza.

10. (FCC) Considere as seguintes frases:

I. É muito restritivo o aspecto da “razoabilidade” dos sonhos, de que o autor do texto analisa no segundo parágrafo.

II. Talvez um dos “dragões” a que se deva dar combate em nossos dias seja o império dos interesses materiais.

III. Os sonhos em cuja perseguição efetivamente nos lançamos podem transformar-se em conquistas objetivas.

Está correto o emprego do elemento sublinhado APENAS em

a) I.

b) II.

c) III.

d) II e III.

e) I e III.

11. (FCC) Devaneios, quem não tem devaneios? Têm devaneios as crianças e os jovens, dão aos devaneios menos crédito os adultos, mas é impossível abolir os devaneios completamente.

Evitam-se as indesejáveis repetições da frase acima substituindo- se os elementos sublinhados, na ordem dada, por:

a) os tem - Têm-lhes - dão-lhes - abolir-lhes

b) tem eles - Têm-nos - dão-lhes - abolir-lhes

c) os tem - Têm eles - dão-nos - aboli-los

d) tem a eles - Os têm - dão a eles - abolir a eles

e) os tem - Têm-nos - dão-lhes - aboli-los

12. (FCC) Se há iniciativa e astúcia na ação do homem injusto, não há iniciativa e astúcia no bom cidadão que, apesar de indignado, não confere à iniciativa e à astúcia o mesmo valor que o mau reconhece na iniciativa e na astúcia.

Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os segmentos sublinhados por, respectivamente,

a) há elas - não as confere - reconhece nelas.

b) as há - não lhes confere - nelas reconhece.

c) as há - não confere-lhes - as reconhece.

d) há as mesmas - não lhes confere - reconhece-lhes.

e) há estas - não as confere - nelas reconhece.

13. (FCC) Está correto o emprego do elemento sublinhado na frase:

a) A relação significativa cuja se demonstrou na pesquisa se dá entre o comportamento violento e a audiência à TV.

b) A insubordinação básica em que se refere o autor do texto derivaria da insatisfação dos nossos recalcados desejos.

c) A invenção moderna mais astuciosa, de cujos efeitos trata o autor do texto, teria sido não a do cinema, mas a da TV.

d) O hábito do zapping, com cujo nos acostumamos, é um dos responsáveis pela abertura rápida de janelas sobre o nosso devaneio.

e) A conclusão de que nossa sala é uma jaula, com que chegou o autor do texto, não deixa de ser bastante provocadora e radical.

14. (FGV) Em Você se lembra do rosto dela naquele instante?, obedeceu-se às regras de regência verbal.

Assinale a alternativa em que isso não tenha ocorrido.

a) Prefiro questões de gramática do que de interpretação.

b) Aspiraram à vaga de piloto da companhia aérea.

c) Os médicos assistiram o paciente.

d) Perdoamos-lhes as dívidas.

e) Pagaram-lhe bem.

15. (FCC) Está correto o emprego de ambos os elementos sublinhados na frase:

a) Essa tendência obsessiva, cujo o preço é alto, consome muito dinheiro, além de inspirar um tipo de comportamento que o ridículo é frequente.

b) Essa obsessão é uma prática a que ninguém deveria se orgulhar, embora haja cada vez mais gente que dela se submeta.

c) É a frase de uma época onde os valores tendiam ao equilíbrio e à permanência, ao contrário da nossa, onde tudo é transitório.

d) Custam caro esses produtos e serviços, de cujos dependem os que vivem obcecados ao compromisso de atingirem a perfeição da forma física.

e) O quadro em que o valor da atividade intelectual se encontra em declínio é o mesmo em cujos estreitos limites impera a exaltação absoluta do corpo.

GABARITO

1 – B

2 – E

3 – D

4 – A

5 – E

6 – D

7 – B

8 – C

9 – B

10 – D

11 – E

12 – B

13 – C

14 – A

15 – E

Acesse o portal de material complementar do GEN – o GEN-io – para ter acesso a diversas questões de concurso público sobre este assunto:
<http://gen-io.grupogen.com.br>.