Em primeiro lugar, quero parabenizá-lo por ter chegado até aqui. Espero que você já tenha estudado os outros pontos deste livro, pois o assunto sobre o qual vamos a partir de agora discorrer depende bastante dos conhecimentos anteriores, principalmente do conhecimento sobre sintaxe de oração e de período. Do entendimento com profundidade da oração e dos seus termos, bem como da relação entre as orações, dependerá o sucesso no que diz respeito ao emprego dos sinais de pontuação, uma vez que esta é, na maioria dos casos, uma necessidade sintática. Por isso, convido-o a estudar – se ainda não o fez – aqueles dois assuntos. Adentrar o mundo da pontuação sem dominar os mecanismos básicos da sintaxe é semelhante a tentar resolver um problema de sistema de inequações do segundo grau sem antes ter estudado a resolução de equações do primeiro grau, ou seja, a possibilidade de insucesso é grande. Se já estudou, convido-o então a dar o próximo passo para o seu engrandecimento: vamos juntos entender a aplicação dos diversos sinais que marcam as pausas, a entonação, a mudança semântica e às vezes a melodia do discurso na nossa língua portuguesa.
A princípio é preciso que se estudem as duas principais razões sobre as quais se assenta a pontuação na língua portuguesa. Chamo a essas razões de “bases” da pontuação.
1.ª BASE:
Pontuar é, no mais das vezes, uma necessidade sintática. Isto quer dizer que, para se pontuar bem, deve-se estar atento às funções sintáticas desempenhadas pelos termos e pelas orações, bem como à localização de tais termos e orações no período. Por isso, são inadmissíveis as seguintes pontuações:
a) O ex-presidente da empresa brasileira de correios e telégrafos, viajará na próxima semana.
Regra: Não se separa o sujeito do seu verbo.
b) Por fim, estudou-se o artigo 5.º da Constituição, que confere, aos brasileiros e aos estrangeiros, certos direitos.
Regra: Não se separa por vírgula o verbo do(s) seu(s) objeto(s).
c) A indignação, de muita gente, não transpõe na maioria dos casos o âmbito das conversas privadas.
Regra: Não se separa o nome do(s) seu(s) adjunto(s).
d) O fato que foi revelado nas investigações foi decisivo, para a elucidação do crime.
Regra: Não se separa por vírgula o nome do seu complemento.
Você perceberá que boa parte das regras sempre se refere às funções sintáticas. Daí afirmamos ser a pontuação uma necessidade sintática.
2.ª BASE:
O emprego dos sinais de pontuação pode alterar o sentido e a função sintática de um termo, ou seja, a pontuação, em muitos casos, implicará alterações semânticas e sintáticas. Observe as alterações de sentido e de função sintática entre os pares a seguir:
a) – Ninguém compreende Maria. Maria é uma pessoa difícil de se compreender. O termo “Maria” é o objeto direto.
– Ninguém compreende, Maria. Maria passa a ser a interlocutora com quem se fala. O termo “Maria” é agora o vocativo.
b) – O empregado falará brevemente com o novo diretor. O vocábulo “brevemente” funciona como advérbio de tempo.
– O empregado falará, brevemente, com o novo diretor. O vocábulo “brevemente” funciona como advérbio de modo.
c) – Quero ver o que você vai fazer agora, que o novo gerente é um casca-grossa. A oração iniciada pelo “que” possui sentido explicativo. O vocábulo “agora” é um advérbio de tempo.
– Quero ver o que você vai fazer, agora que o novo gerente é um casca-grossa. A oração iniciada pelo “agora que” possui valor temporal. A locução “agora que” é uma conjunção temporal.
d) Alguém joga uma moeda para cima, pega-a na mão e pergunta:
— É cara ou coroa?
— É coroa, cara.
— Não! Deu cara, coroa!
Observe as alterações semânticas e sintáticas provocadas pelo emprego da vírgula entre os vocábulos “cara” e “coroa”.
e) – De fato, meu amigo não fala de medo. Aqui o amigo não fala sobre o “medo”. “De medo” é objeto indireto.
– De fato, meu amigo não fala, de medo. Aqui o amigo não fala porque está com medo. “De medo” é um adjunto adverbial de causa.
f) – Todos foram até a mamãe. Aqui “todos” chegaram até a mamãe.
– Todos foram, até a mamãe. Aqui “todos” foram, partiram, inclusive “a mamãe”.
g) – “Vota Brasil!” Aqui o “Brasil” – sujeito – faz a ação de votar. Observe que o verbo “votar” se encontra no presente do indicativo.
– “Vota, Brasil!” Aqui o vocábulo “Brasil” passa a exercer a função de “vocativo”. O verbo “votar” se encontra agora na segunda pessoa do imperativo afirmativo.
Reiterando: O emprego dos sinais de pontuação – notadamente a vírgula – pode provocar alterações do sentido e da função sintática dos termos.
Pontuar é, antes de mais nada, dividir o discurso, separar-lhe as partes quando for necessário. Clara definição para o que vem a ser “pontuar” nos deixou o ilustre mestre Celso Pedro Luft: “Pontuar bem é ter visão clara da estrutura do pensamento e da frase. Pontuar bem é governar as rédeas da frase. Pontuar bem é ter ordem no pensar e na expressão”.
Para que bem se efetue esse domínio, empregam-se os sinais de pontuação os quais se dividem em sinais de pausa e sinais de entonação ou melódicos.
1. Sinais de pausa:
a) a vírgula ( , );
b) o ponto ( . );
c) o ponto e vírgula ( ; ).
2. Sinais de entonação ou melódicos:
a) os dois-pontos ( : );
b) o ponto de exclamação ( ! );
c) o ponto de interrogação ( ? );
d) as reticências ( ... );
e) as aspas ( “ ” );
f) os parênteses ( ( ) );
g) os colchetes ( [ ] );
h) o travessão ( – ).
Observações:
Outros sinais podem, em alguns contextos, ser empregados para a marcação de melodia e entonação (recursos expressivos), como o hífen, o parágrafo, o destaque de letras e palavras (emprego do negrito, por exemplo).
Abaixo passaremos a estudar detidamente todos os sinais de pontuação. Será um desafio para você. Procure entender a função de cada um. Alertamos, porém, que a melhor maneira para aprender a pontuar bem é ainda por meio das boas leituras. Procure, portanto, aliar o conteúdo abaixo à leitura de bons autores, que certamente o resultado será bastante satisfatório.
Para estudar o emprego da vírgula, primeiro é preciso entender que ela pode ser usada tanto para isolar termos dentro das orações quanto para separar orações dentro de um período composto. Por isso, dividimos seu emprego em:
Emprega-se a vírgula:
a) Para separar termos coordenados assindéticos (sem ligação por conectivo), de mesma função sintática, que formam, muitas vezes, enumerações.
Deparamo-nos em nossa viagem com uma paisagem paradisíaca na qual se viam o sol, algumas nuvens, o mar ao longe, alguns coqueiros e duas casas numa restinga.
“Havia sermonários latinos, um Marco Marullo, três retóricas, muitas teologias morais, um Euclides, comentários de versões literais de Tito Livio e Virgílio.” (Camilo Castelo Branco)
A vida, o infinito, o sol, o mar, tudo é um louvor a Deus.
Observações:
Quando o último elemento de uma série enumerativa vier precedido da conjunção “e”, a vírgula é dispensada. Neste caso, diz-se que se fez uma “enumeração fechada”, pois o último elemento, introduzido pelo conectivo aditivo “e”, finaliza o pensamento, o que não permite inferir que haja outros elementos não mencionados.
Na festa, todos saltavam, riam, cantavam e dançavam freneticamente.
Não se deve empregar a vírgula antes das conjunções “e, ou, nem” quando estas ligarem palavras ou mesmo orações de pequena extensão.
“Todo ele era atenção e interrogação.” (Machado de Assis)
Nem um nem outro lhe deve ficar obrigado.” (A. Herculano)
“Com ela ou sem ela, tenho por certa a nossa ida.” (Machado de Assis)
Emprega-se a vírgula antes do “e” quando este vier repetido antes de cada um dos elementos (polissíndeto).
“Tua irmã é carinhosa, e doce, e meiga, e casta, e consoladora.” (Eça de Queiroz)
b) Para isolar vocativos.
“Mas olha, meu Telmo, torno a dizer-to: eu não sei como hei de fazer para te dar conselhos.” (A. Garrett)
Que foi, Madalena, há algum problema na comida?
“De maneira, cristãos, que temos hoje a maior tentação: queira Deus que tenhamos também a maior vitória.” (Pe. Antonio Vieira)
c) Para separar adjuntos adverbiais locucionais deslocados dentro da estrutura oracional.
“A morte de Afonso VI, quase no fim da primeira década do século XII, deu origem a acontecimentos ainda mais graves do que os por ele previstos...” (A. Herculano)
“Desde as quatro horas da tarde, no calor e silêncio do domingo de junho, o Fidalgo da Torre (...) trabalhava.” (Eça de Queiroz)
“Depois das grandes dores e das lágrimas torrenciais, forma-se também no coração do homem um húmus poderoso...” (José de Alencar)
“Diante dessa varanda, na claridade forte, pousava a mesa ... .” (Eça de Queiroz)
Observações essenciais:
Os adjuntos adverbiais formados por um só vocábulo – e mesmo os adjuntos adverbiais locucionais, de pequena extensão – dispensam a vírgula, salvo se se quiser conferir-lhes ênfase.
Iremos hoje ao shopping.
Todos em princípio discordam do que ele disse.
Amanhã de manhã chegarão o Presidente da República e toda a sua comitiva.
“Logo pela primeira vez o caso intrigou a vizinhança.” (Lima Barreto)
“Esta atitude de resto convém ao bacharel... .” (Eça de Queiroz)
Os adjuntos adverbiais terminados no sufixo “-mente” seguem a regra de pontuação dos adjuntos adverbiais simples: ou não se põe nenhuma vírgula, ou se isola o advérbio com vírgula(s) para conferir-lhe ênfase ou alterar-lhe a semântica.
“É verdade que a guitarra vinha decentemente embrulhada em papel, mas o vestuário não lhe escondia inteiramente as formas.” (Lima Barreto)
“... uma flor consolaria aquela deserdada; mas na disposição dos seres, infelizmente, a Substância que lá devia ser rosa é aqui na Baixa homem de Estado...” (Eça de Queiroz)
“Realmente, era graciosa e viva nos gestos, olhos cálidos, boca fina e interrogativa.” (Machado de Assis)
d) Para isolar apostos explicativos.
“Vós fostes o aio e amigo de meu senhor... de meu primeiro marido, o Senhor D. João de Portugal...” (A. Garrett)
“O Dr. Camargo, médico e velho amigo da casa, foi ter com Estácio.” (Machado de Assis)
Recife, cidade cortada por rios, é conhecida como a Veneza brasileira.
Salomão, filho de Davi, foi um rei sábio.
e) Para isolar o nome do lugar quando seguido de data.
Palmares, 2 de fevereiro de 2004.
f) Para isolar alguns termos sintáticos – geralmente complementos verbais – postos no início do período (anástrofe), com o intuito de conferir-lhes ênfase, desde que sejam retomados de forma pleonástica por pronome oblíquo.
As ideias do nosso presidente, já não mais as defendo.
Aos amigos do alheio, difícil é perdoar-lhes os prejuízos que causam.
g) Para isolar o predicativo do sujeito deslocado dentro da estrutura oracional quando o verbo não é de ligação.
Triste com a notícia, o rapaz deixou a sala em silêncio.
O governo, contente com a redução da inflação, interveio junto ao Banco Central para que este diminua a taxa Selic.
O professor, desesperado, deixou a sala.
h) Para indicar uma elipse (ocultação), geralmente, de um verbo.
O Brasil sempre exportou carnes; a Argentina, sapatos e couro; a Venezuela, petróleo. (Elipse do verbo “exportar”)
“A moral legisla para o homem; o direito, para o cidadão.” (Tomás Ribeiro apud Artur de A. Tôrres)
Marcos estuda francês, e João, inglês.
i) Para separar expressões explicativas, conclusivas e retificativas, interpostas na oração, como “isto é, a saber, ou seja, por exemplo, ou melhor, outrossim, com efeito, assim, então, por assim dizer, além disso, ademais etc.”.
“Quaresma fez o “Tangolomango”, isto é, vestiu uma velha sobrecasaca do general...” (Lima Barreto)
“Esta singularidade era um símbolo da união, ou melhor, da comunhão que o dono da casa queria que houvesse durante a ceia...” (José de Alencar)
“O calor úmido das paragens amazonenses, por exemplo, deprime e exaure.” (Euclides da Cunha)
j) Para separar os elementos paralelos nas frases proverbiais.
O velho a estirar, o diabo a enrugar.
Dinheiro na mão, amigos no portão.
a) Para separar orações coordenadas assindéticas.
“Entregou a espingarda a sinhá Vitória, pôs o filho no cangote, levantou-se, agarrou os bracinhos...” (Graciliano Ramos)
“Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se.” (Graciliano Ramos)
“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.” (Fernando Pessoa)
“E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou.” (C. Drummond)
b) Emprega-se a vírgula para separar as orações coordenadas sindéticas, exceto as introduzidas pelo conectivo aditivo “e”.
“... as duas janelas estavam cerradas, mas sentia-se fora o sol faiscar nas vidraças...” (Eça de Queiroz)
“Não freqüentava botequins, nem fazia noitadas.” (Eça de Queiroz)
“... ora tinha trabalho que me obrigava a fechar o gabinete, ora saía ao domingo para ir passear pela cidade e arrabaldes o meu mal secreto.” (Machado de Assis)
“Note que é só para fazer mal, porque ele é tão religioso como este lampião.” (Machado de Assis)
Não estudas regularmente, logo és um mau aluno.
Observações:
A vírgula é de rigor antes do “e” aditivo quando vem repetido antes de cada oração (polissíndeto), quando o “e” possui valor adversativo, ou quando a oração introduzida pelo “e” apresenta sujeito diverso da oração assindética anteposta.
Preparou-se profundamente para o concurso, e não conseguiu ser aprovado nem na primeira etapa.
O “e” possui valor adversativo.
“Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.” (Fernando Pessoa)
Os sujeitos das orações são diferentes.
“Rita tratou especialmente do coração, e ninguém o faria melhor.” (Machado de Assis)
“Rondo-te, e arquejo, e choro, ó cidadela!” (Olavo Bilac, apud Domingos Paschoal Cegalla)
Boa parte dos conectivos coordenativos admite o deslocamento dentro da oração coordenada de que eles fazem parte. Um bom paradigma nos dão as conjunções coordenativas adversativas (construções possíveis):
As ideias construídas por ele têm fundamento, mas são inaplicáveis à realidade do dia a dia.
Posição mais comum – conectivo introduz a oração coordenada sindética.
A vírgula deve ser aplicada antes do conectivo.
As ideias construídas por ele têm fundamento; entretanto, são inaplicáveis à realidade do dia a dia.
pontuação enfática para o conectivo
As ideias construídas por ele têm fundamento; são inaplicáveis, porém, à realidade do dia a dia.
conectivo deslocado dentro da oração sindética
As ideias construídas por ele têm fundamento; são inaplicáveis à realidade do dia a dia, no entanto.
conectivo deslocado dentro da oração sindética
Quando a oração assindética é de considerável extensão, pode-se finalizá-la com um ponto. Depois inicia-se a oração sindética com conectivo adequado, o qual poderá ou não ser isolado por uma vírgula.
“Quis puxar as de Capitu, mas ainda agora a ação não respondeu à intenção. Contudo, achei-me forte e atrevido.” (Machado de Assis)
“A criação de gado é ali a sorte de trabalho menos impropriada ao homem e à terra. Entretanto não há vislumbrar nas fazendas do sertão a azáfama festiva das estâncias do Sul.” (Euclides da Cunha)
c) Para separar orações subordinadas adjetivas explicativas.
“Aquele olhar profundo, que parecia despedir os fogos surdos de uma labareda oculta, incutia nela um desassossego íntimo.” (José de Alencar)
O homem, que é mortal, julga-se às vezes eterno.
“Eu, que já a achava lindíssima, bradaria que era a mais bela criatura do mundo se o receio me não fizesse discreto.” (Machado de Assis)
“Qualquer príncipe italiano, cujo principado é menos do que a sua capital, tem residências dez vezes mais magníficas do que esse bocó de Sanjon.” (Lima Barreto)
d) Para separar orações subordinadas adverbiais desenvolvidas quando antepostas à oração principal ou intercaladas nela.
“Logo que começou a revolver os papéis, a mão do médico tornou-se mais febril.” (Machado de Assis)
O conselheiro, embora não figurasse em nenhum grande cargo do Estado, ocupava elevado lugar na sociedade. (Machado de Assis)
A audiência foi, conforme atestaram os advogados, bastante positiva para a defesa.
“Como pregava gratuitamente, o vigário de Caldelas era chamado por todos os mordomos e confrarias festeiras.” (Camilo Castelo Branco)
e) Para separar as orações reduzidas (de gerúndio, de infinitivo e de particípio) adverbiais e adjetivas quando antepostas à oração principal ou intercaladas nela.
“Hoje, pensando melhor, acho que servi de alívio.” (Machado de Assis)
Acabada a balada, retiraram-se os convidados.
“Provado o roubo, iremos haver a importância dos dois brilhantes ultimamente comprados ao ourives que no-los vendeu.” (Camilo Castelo Branco)
“A Serra do Grão-Mogol, raiando as lindes da Bahia, é o primeiro espécimen dessas esplêndidas chapadas imitando cordilheiras...” (Euclides da Cunha)
A lagarta, paralisada pelo veneno da vespa, nada poderá fazer para evitar o seu martírio.
f) Para separar orações intercaladas.
“Venha, acudiu ele, venha o grande o homem.” (Machado de Assis)
Cão que ladra, diz o dito popular, não morde.
“Onde é que se viu, diziam eles, um imperador que só tem dois palácios?” (Lima Barreto)
O emprego da vírgula, como já vimos, obedece a critérios bem definidos. Pode ser empregada tanto entre termos de uma oração quanto entre orações. O interessante é notar que boa parte dos casos estudados se refere a estruturas nas quais existem inversões (ordem indireta). Por causa dessas inversões “pontua-se”, emprega-se algum sinal de pontuação para evitar confusões. Logo, a ordem direta, em princípio, dispensa o emprego de sinais de pontuação. Portanto, o estudante da língua-mãe deve estar atento à estrutura do período se quiser empregar bem algum sinal de pontuação. Observe o exemplo abaixo:
O ex-diretor licenciado da empresa brasileira de correios e telégrafos deverá viajar nas próximas duas semanas.
O período dispensa qualquer sinal de pontuação, porquanto se encontra na ordem direta.
Ademais, não se deve empregar a vírgula:
a) Entre o sujeito e o seu verbo quando juntos, ainda que um preceda ao outro.
A indignação de muitos estudantes, não transpõe o âmbito das conversas privadas.
Não é fácil, manter-se o equilíbrio entre o direito e o dever.
O fato de ter cultivado tantos amigos e granjeado o respeito de todos, é prova suficiente de que ele teve uma vida digna.
Fica claro, que deve ser pago ao reclamante o valor referente às horas suplementares.
b) Entre o verbo e o(s) seu(s) complemento(s) quando juntos, ainda que um preceda ao outro.
O artigo 273 do CPC garante, ao autor, a antecipação dos efeitos da tutela.
Deverão ser entregues ao auditor, todas as cópias, devidamente autenticadas.
São vultosos os prejuízos causados pelos sonegadores e pelos corruptos ao povo brasileiro, com os quais, se indigna o motorista.
Esclarece o reclamante, que a empresa jamais efetuou qualquer depósito em sua conta vinculada.
c) Entre o nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e o seu complemento quando estão juntos.
Ele sempre exerceu uma forte influência, na investigação dos casos de corrupção no Brasil.
Não havia mais dúvidas, de que a vida dele era uma questão de dias.
Os homens têm-se tornado insensíveis, à dor alheira.
d) Entre o nome (substantivo) e o seu adjunto adnominal.
A casa e todos os bens, de nossos avós, foram doados para abrigos de idosos.
Ficou durante um bom tempo impressionado com o nome, do marido dela.
e) Entre o nome e a oração subordinada adjetiva restritiva.
Observação:
Quando a oração adjetiva restritiva é de certa extensão, é lícito empregar a vírgula ao final dela.
“As famílias que se estabeleceram naquelas encostas meridionais das longas serranias chamadas pelos antigos Montes Marianos, conservaram por mais tempo os hábitos erradios dos povos pastores.” (M. Said Ali – Gramática Secundária da Língua Portuguesa)
f) Entre a oração principal e a oração subordinada substantiva, salvo a oração subordinada substantiva apositiva.
Mostrou-se bastante ansioso, por que o problema logo fosse resolvido.
O deputado secretamente nos disse, que o Brasil certamente passará por uma crise financeira em breve.
Nosso maior problema fora, que ele não admitia ser cuidado por ninguém.
Observação:
Se a oração subordinada substantiva vier anteposta à oração principal, a vírgula é de rigor.
Que ele é o presidente, já se sabia; que ele não tem competência, já se sabia também.
Quando ocorrerá o evento, não se disse.
É o principal sinal de pontuação empregado para finalizar as proposições declarativas, simples ou compostas, de sentido completo.
“Os pés do que entrara apenas faziam um rumor sumido no chão de mármore. Vinha descalço. A sua aljarabia ou túnica era de lá grosseiramente tecida, o cinto uma corda de esparto.” (A. Herculano)
“Estava Ângela na janela da sua casa na “rua do Bispo”, quando o marido surdiu da esquina da “Praça nova”. Reconheceu-o logo pela corpulência redonda.” (Camilo Castelo Branco)
O ponto final também é empregado para:
a) Encerrar a oração adversativa assindética de certa extensão, principalmente quando a oração sindética posposta é aditiva ou adversativa e traz uma ideia nova, um pensamento novo em relação à oração assindética.
“– Quando era mais jovem, em criança, era natural, ele podia passar por criado. Mas você está ficando moço e ele vai tomando confiança.” (Machado de Assis)
“O mistério que havia entre ambos ninguém o podia entender. E, todavia, a explicação era bem simples: estava no caráter extremamente religioso do califa, na sua velhice e no seu passado de príncipe absoluto.” (A. Herculano)
b) Indicar a abreviatura de uma palavra. Neste caso, recebe o nome de “ponto abreviativo”.
pág. ou p. prof. (professor) |
Cel. (Coronel) Dr. (doutor) |
r. (rua) |
O ponto e vírgula representa uma pausa maior que a vírgula e menor que o ponto final. Não há regras bem delimitadas para o seu emprego. É comum empregar:
a) Para separar os incisos de leis, decretos, portarias etc.
Art. 3.º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II – garantir o desenvolvimento nacional;
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
b) Para separar orações coordenadas de sentidos opostos.
A irmã odeia esportes; o irmão ama tudo que exige movimento.
“O egoísmo vê na revolução um fato que destrói; o gênio contempla na revolução uma idéia que edifica.” (Coelho Neto apud Jorge Miguel)
João é um trabalhador; Pedro é um vadio.
c) Para separar orações coordenadas de considerável extensão, principalmente quando em qualquer destas proposições já existe pausa mais fraca assinalada por vírgula.
A porta ficava à direita da grande coluna de entrada do templo budista; a sala do mestre localizava-se depois dessa porta.
Nada se comparava ao devaneio sentido naquele momento da sessão de psicoterapia; e contava-me tudo sem restrições.
À véspera do grande evento, o jovem pianista entregou-se, em seu quarto, ao silêncio e à meditação; e passou as últimas 24 horas em total solidão.
O governo, depois do confronto com os manifestantes, resolveu negociar; mas os termos da negociação ainda serão analisados pela Procuradoria Regional do Trabalho.
Os dois-pontos representam geralmente uma pausa repentina, instantânea, um pouco mais intensa que a vírgula, indicando, na maioria dos casos, uma estrutura incompleta. São empregados para:
a) Separar o verbo de dizer (dicendi) do discurso direto (fala) da personagem.
E a filha, cingindo-lhe ao pescoço, exclamara:
– E quando vamos? (Camilo Castelo Branco)
“O romano Aécio teve, porém, piedade de Átila e aos filhos de Teodorico disse: – Ide-vos, porque o império está salvo.” (A. Herculano)
b) Enunciar uma enumeração.
Frequentemente lia os clássicos portugueses: Camões, Camilo, Herculano e Quental.
Durante a aula, anote as seguintes coisas: principais pontos, as principais definições e as principais aplicações.
c) Separar expressões que explicam ou completam o que foi dito anteriormente.
“Mal, porém, o marido lhe dava as costas, voltava-lhe a fraqueza: vinham-lhe as lágrimas, tornavam as agonias.” (Lima Barreto)
“Olhe que ambas elas têm nomes inspiradores: uma é Berta, a outra é Laura.” (Camilo, apud Arthur de A. Torres)
“Hoje, a cobiça assentou-se no lugar da eqüidade: o juiz vende a consciência no mercado dos poderosos, como as mulheres de Babilônia vendiam a pudicícia nas praças públicas aos que passavam, diante da luz do dia.” (Camilo Castelo Branco)
“A morte não extingue: transforma; não aniquila: renova; não divorcia: aproxima.” (Rui Barbosa, apud Jorge Miguel)
d) Indicar uma citação, alheia ou própria.
Pensamos como Pitágoras: “Educai as crianças e não será preciso castigar os homens”.
“Disse comigo: ‘Que importa ao mundo a vida de um pobre truão’”? (A. Herculano)
Às margens do Ipiranga, bradou D. Pedro I: “Independência ou morte!”.
e) Marcar a supressão de uma conjunção (conectivo).
Penso hoje que a vocação dele era, de fato, o serviço público: sentia-se suficientemente recompensado pela responsabilidade que lhe cabia.
Supressão de conjunção causal (porque, já que, visto que etc.)
“Tereza não ouviu o remate da brutal apóstrofe: tinha fugido aturdida e envergonhada.” (Camilo Castelo Branco)
Supressão de conjunção causal (porque, já que, visto que etc.)
É o sinal de pontuação empregado depois de interjeições, palavras ou frases com o intuito de expressar admiração, espanto, surpresa, afeto, cólera, ou seja, estados emotivos.
“Espanta discrição tamanha na índole de Simão Botelho, e na presumível ignorância de Teresa em coisas materiais da vida, como são um patrimônio!” (Camilo Castelo Branco – Amor de perdição)
“— O lacaio ficou-se de uma vez! disse o vestido roxo com um movimento de impaciência.
— É verdade! respondeu distraidamente a companheira.” (José de Alencar)
“Ah! quem pode saber de que outras vidas veio?...
Quantas vezes, fitando a Via-Láctea, creio
Todo o mistério ver aberto ao meu olhar!” (Olavo Bilac)
Observação:
Às vezes, aparecem juntos o ponto de exclamação e o ponto de interrogação, imprimindo à frase tanto um caráter exclamativo quanto um caráter interrogativo.
“É a história. E história assim poderá ouvi-la a olhos enxutos a mulher, a criatura mais bem formada das branduras da piedade, a que por vezes traz consigo do céu um reflexo da divina misericórdia?!” (Camilo Castelo Branco)
“Como queres que eu vá, triste e sozinho,
Casando a treva e o frio de meu peito
Ao frio e à treva que há pelo caminho?!” (Olavo Bilac)
É o sinal de pontuação usado depois de palavras e frases interrogativas.
“Não haveria castigo que me tirasse semelhante remorso da consciência, fosse de que modo fosse, perpetrado o assassinato. Que acha você?
— Eu também; mas você sabe o que dizem esses políticos que sobem às alturas com dezenas de assassinatos nas costas?” (Lima Barreto)
“Não foi preciso romper o sobrescrito, porque vinha aberta.
— É de meu pai... disse Amâncio.
— Ah! é do velho Vasconcelos?... Como vai ele?” (Aluísio Azevedo)
“Lembras-te? Um dia me disseste:
“Tudo acabou!” E eu exclamei:
“Se vais partir, por que vieste?” (Olavo Bilac)
Observação:
Nas interrogativas indiretas, o ponto de interrogação é dispensado.
“Perguntou ao arreeiro se conhecia alguma casa em Viseu onde ele pudesse estar escondido uma noite ou duas, sem receio de ser denunciado.” (Camilo Castelo Branco)
“Não ficaram estes contentes e procuraram indagar quem era o dono da casa.” (Lima Barreto)
É o sinal de pontuação empregado para indicar a supressão de um pensamento, de uma ideia. O emprego das reticências – chamadas também de “pontos de reticência” – procura aproximar ao máximo o leitor do estado de espírito do falante.
“No seu tempo, dizia o cônego, o pároco era um rapaz franzino, acanhado, cheio de espinhas carnais... “ (Eça de Queiroz)
“— Vamos, Eugênio. São horas... vamos apartar os bezerros e tocar as vacas para a outra banda.” (Bernardo Guimarães)
“E os senhores, a serem cá de Lisboa, hão de dizer que sim. Mas nós...” (A. Garret)
Observação:
Às vezes as reticências aparecem combinadas com o ponto de exclamação ou com o ponto de interrogação.
“És filho de teu pai!... Não importa.” (A. Herculano)
“Para que tornar-lhe a morte mais aflitiva pela certeza...?” (Machado de Assis)
As aspas são sinais de pontuação geralmente empregados nas citações ou transcrições para distingui-las da parte restante do discurso. As aspas, portanto, indicarão o início e o fim do discurso alheio.
Depois de se conservar algum tempo em silêncio, exclamou:
“Se os mensageiros dos levantados não chegarem até o anoitecer, não falemos mais nisso.” (A. Herculano)
A maçã parecia um creme! Até a mana Josefa disse: “Está tão boa que parece que foi cozida em água benta!” (Eça de Queiroz)
Supôs-se naquele tempo um desgraçado, um caipora, quando a verdade era que “mais vale quem Deus ajuda, do que quem cedo madruga”. (Machado de Assis)
O Times dizia o ano passado: “Desorganizado está o partido cujo acordo reduz-se a reconhecer o princípio negativo de que a função da oposição consiste em opor-se”. (Rui Barbosa)
Além desse emprego mais frequente das aspas, elas são também usadas para:
a) Enfatizar um termo, uma palavra ou uma expressão dentro da estrutura oracional.
Os pais sorriam-se cheios de satisfação da ingenuidade do “mestrinho”, como daí em diante o chamavam, e não lhe levavam a mal as suas longas e quotidianas ausências. (Bernardo Guimarães)
Aprendeu a “artinha” musical na terra do seu nascimento, nos arredores de Diamantina, em cujas festas de igreja a sua flauta brilhara, e era tido por muitos como o primeiro flautista do lugar. (Lima Barreto)
Margarida já está ficando uma senhora, e você não pode tratar “a ela” agora como no tempo em que brincavam juntos o “esconde-esconde”. (Bernardo Guimarães)
b) Salientar palavras de outras línguas – estrangeirismos – usadas dentro de um período.
“Diex le volt!” E, barão entre os barões primeiros
Foste, através da Europa, ao Sepulcro ameaçado. (Olavo Bilac)
Tenho que lá estar
E acreditem, o cansaço antecipado é tão grande
Que, se o “Sud Express” soubesse, descarrilava... (Fernando Pessoa)
Deu-lhe dinheiro para voltar, um chapéu de cortiça, umas perneiras, um cachimbo e uma lata de fumo “Navy Cut”; ... (Lima Barreto)
c) Isolar o discurso de um personagem em textos narrativos. Geralmente isso ocorre quando se trata de discursos únicos, de pouca extensão.
São retratos que valem por originais. O de minha mãe, estendendo a flor ao marido, parece dizer: “Sou toda sua, meu guapo cavalheiro!” (Machado de Assis)
Não pude ouvir as palavras que tio Cosme entrou a dizer. Prima Justina exortava: “Prima Glória! Prima Glória!”. José Dias desculpava-se: “Se soubesse, não teria falado, mas falei pela veneração, pela estima, pelo afeto, para cumprir um dever amargo, um dever amaríssimo...” (Machado de Assis)
d) Salientar gírias, arcaísmos e formas populares que fogem do nível da fala usada pelo autor do texto.
Toda a província o aterrava: via-se lá obscuro, jogando a manilha na Assembleia, morrendo de caquexia. Por isso não “arredava pé”; e esperava, com a tenacidade do plebeu sôfrego, uma clientela rica, uma cadeira na escola, um cupê para as visitas, uma mulher loura com dote. (Eça de Queiroz)
Passam as “chuvas do caju” em outubro, rápidas, em chuvisqueiros prestes delidos nos ares ardentes, sem deixarem traços; ... (Euclides da Cunha)
e) Indicar – algumas vezes de forma irônica – o emprego de palavras em sentido diverso do que lhe é habitual.
Cruzamos a povoação em todos os sentidos, procurando rastrear algum vestígio. Confrontar algum sítio onde pudéssemos colocar, pela mais atrevida suposição que fosse, a tenda do nosso Alfageme com as suas espadas bem “corrigidas”, as suas armaduras luzentes e bem postas. (A. Garret)
Um desses “oficiais” defensores da legalidade era o Capitão Virgulino Ferreira, o Lampião. (Raquel de Queiroz)
Observação:
Quando se quer enfatizar um termo ou expressão que já se encontra entre aspas, devem ser usadas as aspas simples ( ‘ ’ ).
Uma manhã, depois de um grande silêncio de Basílio, recebeu da Bahia uma longa carta, que começava: “Tenho pensado muito e entendo que devemos considerar a nossa inclinação como uma ‘criancice’...” (Eça de Queiroz)
Os parênteses são frequentemente usados na escrita para isolar termos, palavras, expressões e orações intercalados na estrutura oracional e muitas vezes deslocados dentro dela. Por isso, são empregados para:
a) Isolar – à semelhança do emprego da vírgula e do travessão – termos, notas e orações acessórios, intercalados no período.
“A entrada ao que me dizem (eu nunca entrei a barra) é um panorama grandioso, rival das Constantinoplas e das Nápoles.” (Eça de Queiroz)
“Se eu morrer – e ainda bem! – antes desse dia (dia, talvez, inevitável!), deixarei dito a Mafalda que seja sempre o que tua mãe e eu fomos para ti: o coração devotado sem condições.” (Camilo Castelo Branco)
“Posto que nascido na roça (donde vim com dous anos) e apesar dos costumes do tempo, eu não sabia montar, e tinha medo ao cavalo.” (Machado de Assis)
“Um criado (o espanhol) acendeu o gás. Os outros convivas seguiram o primeiro, escolheram charutos e os que ainda não conheciam o gabinete admiraram os móveis bem-feitos e bem dispostos.” (Machado de Assis)
b) Isolar palavras e expressões de valor explicativo dentro do período à semelhança do emprego da vírgula e do travessão.
“Chegamos ao lnn (estalagem), triste casa solitária no meio dos campos à borda da estrada.” (A. Garret)
“Olha para si, para as chinelas (umas chinelas de Túnis, que lhe deu recente amigo, Cristiano Palha), para a asa, para o jardim, para a enseada, para os morros e para o céu; e tudo, desde as chinelas até o céu, tudo entra na mesma sensação de propriedade.” (Machado de Assis)
c) Isolar – à semelhança da vírgula e do travessão – a oração adjetiva explicativa:
“Se os homens (que, em geral, são maus os homens todos)
Te insultarem a crença, e a cobrirem de apodos,
Que dirás, que farás contra essa gente inculta?” (Olavo Bilac)
“O vaqueiro separa escrupulosamente a grande maioria de novas cabeças pertencentes ao patrão (nas quais imprime o sinal da fazenda) das poucas, um quarto, que lhe couberam por sorte.” (Euclides da Cunha)
d) Indicar o comportamento da(s) personagem(ns) em textos narrativos ou peças escritas para o teatro.
“Não tem outro defeito; é uma alma lavada, e amiga da sua amiga. Verdade, que, às vezes... (aqui a prelada ergueu-se a escutar nos dormitórios, e fechou por dentro a porta); ...” (Camilo Castelo Branco)
“Ágata (caindo de joelhos aos pés de Júlio)
“— Mas mata-me! Mata-me, por piedade! Antes a morte, que ver, com esses desprezos, o coração rasgado fibra a fibra!” (Eça de Queiroz)
e) Isolar orações subordinadas reduzidas e desenvolvidas intercaladas.
“Quando eu referi a Escobar aquela opinião de minha mãe (sem lhe contar as outras naturalmente) vi que o prazer dele foi extraordinário.” (Machado de Assis)
“— De resto, segundo ele, a fêmea era um ente subalterno; o homem deveria aproximar-se dela em certas épocas do ano (como fazem os animais, que compreendem estas coisas melhor que nós), fecundá-la, e afastar-se com tédio.” (Eça de Queiroz)
“O único expediente regular (para revogar uma lei que não se acha de acordo com as necessidades de uma nação) é o remédio que pode provir do Poder Legislativo.” (Rui Barbosa)
f) Isolar o advérbio latino “sic”, que significa “assim”, usado quando se quer atestar a fidelidade de um texto transcrito. Geralmente os escritores mais modernos o usam quando há desvio da norma culta no trecho transcrito.
Nessa altura, entrava em detalhes secretos da vida feminina e aduzia: “foi uma grande tristeza em saber que o doutor R. S. sabe de teus particulares moral” (sic). (Lima Barreto)
Observação:
Como se pode perceber pelas orientações acima, os parênteses também substituem a vírgula e o travessão, embora não seja comum na língua pátria essa substituição.
Os colchetes apresentam emprego semelhante ao dos parênteses. Aliás, os colchetes são considerados como “parênteses em forma angular” ou “parênteses quadrados”. O emprego mais largo deste sinal ocorre na matemática, quando os colchetes precedem os parênteses numa equação.
É o sinal de pontuação representado por um traço de certa extensão, um pouco mais longo que o hífen, que geralmente simboliza pausas dentro da estrutura oracional. Logo, emprega-se para:
a) Substituir a vírgula e até mesmo os parênteses, indicando uma pausa mais extensa, mais profunda, mais enfática.
“Todo aquele dia lhe aparecia como enevoado, sem contornos, à maneira de um sonho antigo – onde destacava a cara balofa e amarelada do padre, e a figura medonha de uma velha, que estendia a mão adunca, com uma sofreguidão colérica, empurrando, rogando pragas, quando, à porta da igreja, Jorge comovido distribuía patacos.” (Eça de Queiroz)
“Entre quarenta e oito liberais de um lado, que sustentam o projeto, e quarenta e um conservadores do outro, que o combatem, vós – os nove – preferis fundir-vos na minoria inimiga do vosso partido, para com essa aliança constituir maioria hostil ao gabinete.” (Rui Barbosa)
“Boas, ou más, justas, ou falsas, liberais, ou revolucionárias, dêem-lhes lá os qualificativos que quiserem (depois os discutiremos), – a verdade é que o que, precisamente, se não podia esperar do redator-chefe desta folha, eram outras opiniões, outras conclusões, outras atitudes, que não as mantidas por ele nestas colunas.” (Rui Barbosa – Obras seletas)
Observação:
Perceba que o emprego de um sinal de pontuação não elide o emprego de um outro. Prova disso é o último exemplo extraído de um discurso do mestre Rui Barbosa, cujos termos foram publicados em 2 de abril de 1889, em um diário de notícias daquele tempo.
Quando ele chegou às 9h45min – ele sempre chegava atrasado –, o diretor já fizera os comentários iniciais.
b) Para indicar a mudança de interlocutor nos discursos narrativos.
“Na varanda achei prima Justina, passeando de um lado para outro. Veio ao patamar e perguntou-me onde estivera.
— Estive aqui ao pé, conversando com D. Fortunata, e distraí-me. É tarde, não é? Mamãe perguntou por mim?
— Perguntou, mas eu disse que você já tinha vindo.” (Machado de Assis)
1. (Juiz de Direito – TJ/SP) Assinale a alternativa correta quanto à pontuação.
a) É certo que um acordo, embora, às vezes, possa haver condições não almejadas pelas partes, torna-se mais vantajoso, após anos de litigância, do que a expectativa de uma decisão desfavorável.
b) É certo, que um acordo, embora às vezes possa haver condições, não almejadas, pelas partes, torna-se mais vantajoso após anos de litigância, do que a expectativa de uma decisão, desfavorável.
c) É certo, que um acordo, embora, às vezes, possa haver, condições não almejadas pelas partes, torna-se, mais vantajoso, após anos de litigância, do que a expectativa de uma decisão desfavorável.
d) É certo que um acordo, embora, às vezes, possa haver, condições não almejadas, pelas partes, torna-se mais vantajoso após anos de litigância do que a expectativa de uma decisão desfavorável.
2. (UFRS) Assinale o texto de pontuação correta.
a) Eu, posto que creia no bem não sou daqueles que negam o mal.
b) Eu, posto que creia, no bem, não sou daqueles, que negam, o mal.
c) Eu, posto que creia, no bem, não sou daqueles, que negam o mal.
d) Eu, posto que creia no bem, não sou daqueles que negam o mal.
e) Eu, posto que creia no bem, não sou daqueles, que negam o mal.
3. (Fuvest-SP) Assinale a alternativa em que o texto esteja corretamente pontuado.
a) Enquanto eu fazia comigo mesmo aquela reflexão, entrou na loja um sujeito baixo sem chapéu trazendo pela mão, uma menina de quatro anos.
b) Enquanto eu fazia comigo mesmo aquela reflexão, entrou na loja, um sujeito baixo, sem chapéu, trazendo pela mão, uma menina de quatro anos.
c) Enquanto eu fazia comigo mesmo aquela reflexão, entrou na loja um sujeito baixo, sem chapéu, trazendo pela mão uma menina de quatro anos.
d) Enquanto eu, fazia comigo mesmo, aquela reflexão, entrou na loja um sujeito baixo sem chapéu, trazendo pela mão uma menina de quatro anos.
e) Enquanto eu fazia comigo mesmo, aquela reflexão, entrou na loja, um sujeito baixo, sem chapéu trazendo, pela mão, uma menina de quatro anos.
4. (Cefet-PR) Assinale o item em que o texto está corretamente pontuado.
a) Não nego, que ao avistar a cidade natal tive uma sensação nova.
b) Não nego que ao avistar, a cidade natal, tive uma sensação nova.
c) Não nego que, ao avistar, a cidade natal, tive uma sensação nova.
d) Não nego que ao avistar a cidade natal tive uma sensação nova.
e) Não nego que, ao avistar a cidade natal, tive uma sensação nova.
5. (FCC – Soldado PM/BA) Está inteiramente correta a pontuação da seguinte frase:
a) Ao longo do tempo, verificou-se que o homem é capaz de se valer de suas experiências, sobretudo as mais marcantes, para se prevenir contra tudo o que possa vir a representar uma ameaça para ele.
b) Ao longo do tempo verificou-se, que o homem, é capaz de se valer de suas experiências, sobretudo as mais marcantes para se prevenir contra tudo, o que possa vir a representar uma ameaça para ele.
c) Ao longo do tempo, verificou-se que o homem é capaz, de se valer de suas experiências, sobretudo, as mais marcantes, para se prevenir, contra tudo o que possa vir a representar, uma ameaça para ele.
d) Ao longo do tempo verificou-se que, o homem, é capaz de se valer, de suas experiências, sobretudo as mais marcantes para se prevenir contra tudo o que o que possa vir a representar: uma ameaça para ele.
e) Ao longo do tempo, verificou-se, que o homem é capaz de se valer de suas experiências, sobretudo as mais marcantes para se prevenir contra tudo o que possa vir a representar: uma ameaça para ele.
6. (FMU-SP) Em: “A menina, conforme as ordens recebidas, estudou”:
a) há erro na colocação das vírgulas.
b) a primeira vírgula deve ser omitida.
c) a segunda vírgula deve ser omitida.
d) a forma de colocação das vírgulas está correta.
e) n.d.a.
7. (UM-SP) Os trechos a seguir tiveram sinais de pontuação suprimidos e alterados. Aponte aquele cuja pontuação permaneceu gramaticalmente correta.
a) A ideia do ministro extraordinário dos Esportes, Édson Arantes do Nascimento, o Pelé de colocar na cadeia “os meninos” que participam de brigas entre torcidas organizadas é para ficar no jargão esportivo, uma “bola fora”.
b) Parece que, o Pelé do milésimo gol, que pedia escola para “esses meninos”, também era bem mais sábio do que o que hoje lhes propõe “cadeia”.
c) Os otimistas olham e dizem: Ah, está meio cheio. Mas os pessimistas, vêem o mesmo copo, a mesma quantidade de água e acham que está meio vazio.
d) A pesquisa, descrita na edição de hoje da revista científica britânica “Nature”, é mais um dado na busca pelos cientistas de compreender os mecanismos moleculares da embriogênese, ou seja, a formação e o desenvolvimento dos seres vivos.
e) Como os bens públicos não podem ser penhorados os precatórios entram em ordem cronológica no orçamento do governo.
8. (FCC – Analista Judiciário – TRF 3.ª Região) É preciso suprimir uma ou mais vírgulas na seguinte frase:
a) É possível que, em vista da quantidade e de seu poder de sedução, as ficções de nossas telas influenciem nossa conduta de forma determinante.
b) Independentemente do mérito dos professores, as escolas devem, com denodo, estimular os sonhos dos alunos.
c) É uma pena que, hoje em dia, tantos e tantos jovens substituam os sonhos pela preocupação, compreensível, diga-se, de se inserir no mercado de trabalho.
d) O fato de serem, os adolescentes de hoje, tão “razoáveis”, faz com que a decantada rebeldia da juventude dê lugar ao conformismo e à resignação.
e) Se cada época tem os adolescentes que merece, conforme opina o autor, há também os adolescentes que não merecem os adultos de sua época.
9. (Fesb-SP) Assinale a alternativa correspondente ao período de pontuação correta.
a) Na espessura do bosque, estava o leito da irara ausente.
b) Na espessura, do bosque; estava o leito, da irara ausente.
c) Na espessura do bosque; estava o leito, da irara, ausente.
d) Na espessura, do bosque estava o leito da irara ausente.
e) Na espessura, do bosque estava, o leito da irara ausente.
10. (Fuvest-SP) Assinale a alternativa em que o texto está pontuado corretamente.
a) Matias, cônego honorário e, pregador efetivo estava compondo um sermão quando começou o idílio psíquico.
b) Matias, cônego honorário e pregador efetivo, estava compondo um sermão, quando começou o idílio psíquico.
c) Matias cônego honorário e pregador efetivo estava compondo um sermão quando começou o idílio psíquico.
d) Matias cônego honorário e pregador efetivo, estava compondo um sermão quando começou o idílio psíquico.
e) Matias, cônego honorário e, pregador efetivo, estava compondo um sermão quando começou o idílio psíquico.
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