Capítulo 4

A LINGUAGEM FIGURADA –
AS FIGURAS DE LINGUAGEM

Em nosso dia a dia, usamos com frequência a denominada linguagem intelectiva para que nos comuniquemos. A linguagem intelectiva é aquela em que os termos geralmente vêm dispostos na sequência “sujeito + predicado + complementos + adjuntos” e trabalha o sentido real, denotativo dos vocábulos, das palavras.

Não basta, porém, que a linguagem seja puramente racional para que o homem se comunique. Em muitas situações comunicativas, lançamos mão de recursos para que a linguagem se torne mais atraente, mais simpática, contribuindo para formar a convicção do leitor ou do ouvinte – é a denominada “linguagem afetiva”. O resultado desse uso é uma linguagem mais sensível, mais comparativa, mais emocional, menos racional. Para obter esse efeito, o comunicador lança mão das chamadas figuras de estilo, conhecidas também como figuras de linguagem.

Figuras são os modos de dizer, alguns dos quais alteram a forma regular das palavras ou das orações, e outros modificam ou omitem o sentido próprio da expressão.

4.1 CLASSIFICAÇÃO DAS FIGURAS DE LINGUAGEM

As figuras de estilo ou de linguagem se classificam em:

a) Figuras de palavras ou tropos;

b) Figuras de pensamento;

c) Figuras de construção ou de sintaxe.

4.1.1 FIGURAS DE PALAVRAS OU TROPOS

São figuras que se caracterizam por alterar o sentido próprio de uma palavra. São elas: metáfora, metonímia, catacrese, perífrase, sinestesia e comparação.

4.1.1.1 Metáfora

A metáfora (de um vocábulo grego que significa “transportar”) é a translação do sentido próprio de uma palavra para outro, por analogia ou por semelhança, ou seja, consiste em usar uma palavra pela outra por força de uma comparação mental. É uma comparação – pelo fato de existirem características pertencentes a um objeto ou ser que se adapta a outro – sem a presença explícita de conectivo comparativo.

Ela é um anjo de doçura, e ele é um cavalo de grosseria.

É uma borboleta o coração daquela donzela.

Muitos jovens perdem a razão quando vivem o fogo de uma paixão.

O vício toma muitas vezes a máscara da virtude.

“O Senhor é o meu Pastor e nada me faltará”. (Sl. 23)

“Coração bobo, coração bola, coração balão

A gente se ilude dizendo

Já não há mais coração” (Alceu Valença)

“O mar é lago sereno

O céu – um manto azulado

O mundo – um sonho dourado

A vida – um hino d’amor.” (Casimiro de Abreu)

“A vida é o dia de hoje

A vida é ai que mal soa

A vida é sombra que foge

A vida é nuvem que voa.” (João de Deus)

Observação:

Com a metáfora, buscam-se semelhanças, analogias, características comuns entre os seres postos numa relação comparativa.

4.1.1.2 Metonímia

A metonímia é a substituição do sentido de um vocábulo pelo de outro com o qual está intimamente relacionado. Com a metonímia, o operador da língua troca um vocábulo por outro pelo fato de ambos apresentarem uma contiguidade de sentido, uma coexistência semântica. Quando se diz, por exemplo, que se leu Camões, percebe-se nitidamente a relação entre “Camões” e “obra escrita”. Na realidade, leu-se a “obra” que pertence ao escritor Camões. Observe outro exemplo abaixo:

Durante a Idade Média, alguns defendiam o trono, outros, o altar.

Observação:

Perceba que os vocábulos “trono” e “altar” foram empregados em substituição aos vocábulos “realeza” e “religião”, respectivamente.

Várias são as formas de substituição propostas pela metonímia. Vejamos algumas:

a) O autor pela obra:

20896.png

b) A causa pelo efeito, ou vice-versa:

20930.png

c) O abstrato pelo concreto e vice-versa:

20962.png

d) O continente pelo conteúdo:

20998.png

e) A marca pelo produto:

21030.png

f) A parte pelo todo e vice-versa:

21063.png

g) O singular pelo plural:

21097.png

h) O objeto ou sinal pela coisa significada:

21131.png

i) O possuidor pela coisa possuída:

211641.png

j) A matéria pelo objeto:

21198.png

Observação:

a) Não se preocupe tanto em decorar essas formas de substituição. Procure, sim, entender o que é uma metonímia. As bancas raramente (mas raramente mesmo) cobram as relações acima. Elas querem saber tão somente se o estudante sabe identificar o que é um processo metonímico.

b) Muitos autores classificam alguns casos de metonímia como sinédoque. Esta, segundo eles, caracteriza-se por substituir “o todo pela parte” ou “a parte pelo todo”, isto é, teremos uma relação do tipo “continente e conteúdo” ou “gênero e espécie”. Achamos a discussão menor, e preferimos englobar todos os casos sob a denominação genérica de metonímia, porquanto tem sido a figura predominante nos certames hoje.

4.1.1.3 Catacrese

A catacrese é o desvio do significado natural de um vocábulo. Consiste em se empregar um vocábulo já existente e com significação própria em outro sentido, por falta de vocábulo adequado. Em verdade, a catacrese é uma metáfora desgastada, porque busca semelhanças entre seres, objetos, coisas e passa a usar um vocábulo com uma extensão semântica maior do que ele possui – “é o esquecimento ou substituição definitiva do significado de uma palavra por outra”, preconiza o ilustre mestre Cândido de Figueiredo.

O pé da cadeira está quebrado.

Observação:

Busca-se a semelhança entre o “pé humano” (sentido denotativo) e o objeto de madeira que sustenta a cadeira, pé da cadeira (sentido conotativo).

Observe agora outros exemplos:

Já na terça-feira, todos tiveram de responder à sabatina feita pelo professor.

Furou a cabeça do dedo com um alfinete.

Todos embarcaram no avião precisamente às 16 horas.

O boxeador levou um soco na boca do estômago.

Ficamos passeando bem no coração da cidade.

Colocaram vários dentes de alho na buchada que eles prepararam.

A asa do avião ficou danificada por causa da colisão com um pássaro.

4.1.1.4 Perífrase ou antonomásia

É um tipo especial de metonímia que se caracteriza por substituir um ser ou um objeto por uma expressão que facilmente o identifica. Geralmente essa substituição é feita com uma característica marcante do ser ou do objeto. Observe:

21254.png

Veja outras perífrases:

o rei do baião por Luís Gonzaga

a cidade luz por Paris

a Suíça pernambucana por Garanhuns

o poeta dos escravos por Castro Alves

o país do sol nascente por Japão

o grande poeta mineiro por Drummond

o grande orador grego por Demosthenes

o grande poeta grego por Homero

o águia de Haia por Rui Barbosa

o rei da selva por leão

4.1.1.5 Sinestesia

Consiste na mistura de sensações perceptíveis por órgãos do sentido diferentes. Busca-se, com isso, oferecer maior expressividade à sensação primitiva, mais forte. Quando se diz, por exemplo, “beijo doce”, atribuiu-se à sensação tátil “beijo” uma sensação gustativa “doce” para indicar que a ação primitiva “beijo” é intensificada por uma sensação gustativa “doce”. Observe outros exemplos:

Ela usava um vestido de cores berrantes.

Na reunião, ele usou ásperas palavras.

O locutor do aeroporto possui uma voz doce e aveludada.

O vinho apresentava um gosto quente, áspero.

“Ó sonora audição colorida do aroma!” (Alphonsus de Guimaraens)

4.1.1.6 Comparação

É a analogia efetuada entre dois seres ou objetos por meio de conectivos comparativos explícitos a fim de ressaltar a(s) semelhança(s) entre eles. Geralmente são usados os conectivos subordinativos comparativos “como, tal qual, assim como, tão... quanto, tanto... quanto, mais... (do) que, menos... (do) que etc.”.

“Seria meia-noite quando o navio começou a mover-se lentamente, e uma hora depois a cidade, as praias, e as montanhas sumiam-se na distância, como se o mar as fosse engolindo com a voracidade de um monstro.” (Adolfo Caminha)

“E o escândalo, como um líquido derramado, ia escorrendo pelas ruas, pelos becos, penetrando por aqui e por ali, invadindo as repartições públicas, os escritórios comerciais, as redações das folhas e as casa particulares.” (Aluísio Azevedo)

4.1.2 FIGURAS DE PENSAMENTO

São figuras que se processam no âmbito do pensamente, da ideia que se quer transmitir. São processos de expressão do pensamento, os quais introduzem ideia diferente da que realmente a palavra exprime. São elas:

4.1.2.1 Antítese

É a figura que consiste no emprego de termos ou pensamentos em oposição, de forma que faça sobressair um pelo outro. É um poderoso recurso estilístico, pois ressalta relações de contraste, de oposição entre os termos, entre as ideias. Veja alguns exemplos:

“Estes edificam, aqueles destroem; estes sobem pelos degraus da honra, aqueles outros descem.” (M. Bernardes)

“Última flor do Lácio, inculta e bela,

és, a um tempo, esplendor e sepultura.” (Olavo Bilac)

“Vejo um túmulo, entremos:

Quem sempre a morte achou no lar da vida

Deve a vida encontrar no lar da morte.” (Laurindo Rabelo)

“Ontem plena liberdade

A vontade por poder

Hoje... cum’lo de maldade

Nem são livres... pra morrer.” (Castro Alves)

“Era o porvir – em frente do passado,

A liberdade – em face à escravidão.” (Castro Alves)

4.1.2.2 Paradoxo ou oximoro

É uma espécie de antítese mais radical, pois trabalha com termos em oposição colocados lado a lado. O contrassenso se dá dentro do mesmo termo, do mesmo verso. Veja:

“O doutor falava bobagens conspícuas.” (Manoel de Barros apud Domingos P. Cegalla)

“Amor é fogo que arde sem se ver,

É ferida que dói, e não se sente;

É um contentamento descontente

É dor que desatina sem doer.” (Camões)

“Menino do rio,

calor que provoca arrepio.” (Caetano Veloso)

“Enfim, transpondo o Inferno e o Purgatório, Dante

Chegara à extrema luz pela mão de Beatriz:

Triste no sumo bem, triste no excelso instante,

O poeta compreendera o mal de ser feliz.” (Olavo Bilac)

4.1.2.3 Ironia

Conhecida também como “antífrase”, é a alteração do sentido próprio de uma palavra ou de uma expressão para o sentido oposto, isto é, a ironia ocorre quando a palavra ou a sentença exprime normalmente o contrário daquilo que queremos dar a entender com ela. O emprego da ironia, em muitas situações, pode revelar sarcasmo, zombaria, chacota, escárnio. Observe:

Bela coisa você fez, meu filho – conseguiu tirar nota baixa em todos os exames!

“Moça linda bem tratada

Três séculos de família

burra como uma porta.” (Mário de Andrade)

“A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar das crianças.” (Monteiro Lobato)

4.1.2.4 Eufemismo

Consiste no emprego de palavras ou expressões com o objetivo de diminuir o impacto da mensagem. Em outras palavras, é o abrandamento da força de uma ideia, de uma mensagem. Empregam-se palavras ou expressões mais amenas, mais suaves, mais sutis para evitar o impacto da ideia, da mensagem. Observe:

Os funcionários da limpeza pública entraram em greve. (em vez de “garis, lixeiros”)

No depoimento, a testemunha faltou com a verdade. (em vez de “mentiu”)

Foi preso pela polícia, porque enriqueceu por meios ilícitos. (em vez de “roubou”)

Descobriram um tumor maligno no seio da mulher. (em vez de “câncer”)

Nossos amigos não foram felizes no concurso que fizeram. (em vez de “foram reprovados”)

“Alma minha gentil que te partiste

Tão cedo desta vida descontente.” (Camões)

“Os amigos que me restam são de data recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos campos santos.” (Machado de Assis apud Rocha Lima)

4.1.2.5 Hipérbole

Consiste no emprego de expressões ou palavras com o sentido exagerado, extrapolado. É um outro poderoso recurso expressivo, pois se baseia no exagero da mensagem. Observe:

Naquele momento, todos nós já estávamos mortos de fome.

Mulher, não te vejo há séculos.

“Abram mais janelas do que todas as janelas que há no mundo.” (Fernando Pessoa)

“Queria gritar setecentas mil vezes...” (Cazuza)

“Rios te correrão dos olhos, se chorares.” (Olavo Bilac)

4.1.2.6 Gradação

Consiste no emprego de palavras ou ideias em progressão ascendente ou descendente a fim de obter um efeito estilístico. Quando apresenta ideias em gradação ascendente, chama-se “clímax”; quando apresenta ideias em gradação descendente, chama-se “anticlímax”. Veja alguns exemplos:

“Que verbo mais eloquente, que eloquência mais sublime, que sublimidade mais angélica do que a sua”? (Alves Mendes apud Jorge Miguel)

“Oh, não aguardes que a madura idade

Te converta essa flor, essa beleza,

Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.” (Gregório de Matos)

“Parece-me que só neste país ainda não se observa nem se permite esse costume tão natural, tão próprio, tão eficaz mesmo, das senhoras pobres empregarem-se no comércio a retalho.” (Adolfo Caminha)

“E o escândalo, como um líquido derramado, ia escorrendo pelas ruas, pelos becos, penetrando por aqui e por ali, invadindo as repartições públicas, os escritórios comerciais, as redações das folhas e as casa particulares.” (Aluísio Azevedo)

“Não já lutando, mas rendido, enfermo, prostrado, desfalecido, morrendo, morto.” (Pe. Antônio Vieira)

4.1.2.7 Prosopopeia, personificação ou animismo

Consiste em se atribuírem qualidades humanas a seres inanimados, personificando-os. É uma figura bastante comum nas histórias, nos contos infantis. Observe:

“As estrelas foram chamadas e disseram: – Aqui estamos.” (Pe. Antonio Vieira)

“Debaixo do arco admirável da Ponte das Bandeiras o rio murmurava num banzeiro de água pesada e oleosa.” (Mário de Andrade)

“Dona Cômoda tem três gavetas. E um ar confortável de senhora rica. Nas gavetas guarda coisas de outros tempos, só para si. Foi sempre assim, dona Cômoda: gorda, fechada e egoísta.” (Mário Quintana)

“As rãs do charco clamavam:

– Dai-nos sol! Dai-nos sol!

Os ralos e a cigarra acompanhavam:

– Solzinho! Solzinho! Solzinho!” (Aquilino Ribeiro apud Jorge Miguel)

4.1.2.8 Apóstrofe ou invocação

Consiste num chamamento, numa invocação, numa interpelação que se faz a alguém. Em outros termos, é uma interrupção que faz o orador ou escritor para dirigir-se, em tom de chamamento, em tom forte, a uma pessoa ou coisa. Representa a figura do vocativo em sintaxe. Veja alguns exemplos:

Lua lua lua

por um momento

meu canto contigo compactua.” (Caetano Veloso)

Deus!, ó Deus! onde estás que não respondes?” (Castro Alves)

“Até quando, ó povo insensato, haveis de manquejar na Fé, divididos e discordes de vós mesmos em duas partes.” (Pe. Antonio Vieira)

4.1.2.9 Reticência

Consiste na supressão da ideia, do pensamento, deixando à outra pessoa a complementação dessa ideia ou desse pensamento. É também um poderoso recurso de estilo, representado pelos três pontos em sequência (...). Vejamos alguns exemplos:

“Bem sabes que te não contrario... desejo este casamento, desejo... mas... em primeiro lugar, convém saber se ele é do teu gosto... Vamos..., fala!” (Aluísio Azevedo)

“Estava ainda com a carta aberta nas mãos, quando viu aparecer o doutor, que vinha por notícias do enfermo; o agente do correio dissera-lhe haver chegado uma carta. Era aquela?

– É esta, mas...

– Tem alguma comunicação reservada...?” (Machado de Assis)

“Na comédia o rei veste como rei, e fala como rei; o lacaio veste como lacaio, e fala como lacaio; o rústico veste como rústico, e fala como rústico; mas um pregador, vestir como religioso e falar como... não o quero dizer, por reverência do lugar.” (Pe. Antonio Vieira)

4.1.3 FIGURAS DE CONSTRUÇÃO OU DE SINTAXE

São denominadas de figuras de construção porque alteram de alguma forma a construção regular da frase, da oração, do período, do verso. Buscam, com essa alteração, conferir maior expressividade, maior elegância à construção textual. São elas:

4.1.3.1 Elipse

É uma das figuras mais usuais na construção textual. Consiste na omissão de um vocábulo, de um verbo ou de uma oração inteira, os quais podem ser facilmente subentendidos no contexto.

Dependendo do termo elipsado, a elipse pode ser: nominal (de uma palavra), verbal (de um verbo) ou frástica (de uma oração, de uma frase). Vejamos alguns exemplos:

Na terra tanta guerra, tanto engano,

Tanta necessidade aborrecida!” (Camões)

Nos versos de Camões, temos a elipse do verbo “haver” = “Na terra há tanta guerra, há tanto engano”.

“Em Dina matou a formosura a Sichem; em Dallila matou a Sansão; em Judith matou a Holophernes; em Helena, a toda a Troia; em Lucrecia, a toda a Roma; em Florença, a toda a Espanha.” (Pe. Antonio Vieira)

No excerto de Vieira, é latente a elipse (nominal, diga-se de passagem) do sujeito “a formosura” nas orações subsequentes: “...em Dallila, a formosura matou a Sansão; em Judith, a formosura matou a Holophernes;...”

“É por estas e outras que aborreço os políticos, os políticos sim, não a política.” (Rui Barbosa)

Observe a elipse do verbo “aborrecer” na última oração: “..., os políticos sim, não aborreço a política”.

“Enfim, ele pensava, como eu, que tudo que existe é bom.” (Machado de Assis)

Elipse do verbo da oração comparativa: “..., como eu pensava,...”.

4.1.3.2 Zeugma

É uma espécie de elipse. É uma figura pela qual uma palavra já exprimida numa oração se subentende na outra, que lhe é análoga ou ligada, isto é, é a ocultação que um termo anteriormente expresso – o termo aparece em uma oração e é ocultado na(s) outra(s). Observe:

Cada criança escolheu um brinquedo; os meninos pegaram carrinhos, as meninas, bonecas.

Perceba a zeugma do verbo “pegar” na última oração.

A um é dada a palavra de sabedoria, a outro, o dom de curar moléstias.

Veja a zeugma da locução de passiva “é dado”.

“A aurora é o riso do céu, a alegria dos campos, a respiração das flores, a harmonia das aves, a vida e o alento do mundo.” (Pe. Antonio Vieira)

Observe a zeugma tanto do sujeito “aurora” quanto do verbo ser “é”.

“Nossos bosques têm mais vida

Nossa vida mais amores.” (Gonçalves Dias)

Temos no último verso a zeugma do verbo “ter”: “... Nossas vidas têm mais amores”.

4.1.3.3 Polissíndeto

É a figura que consiste na repetição intencional de conectivos, geralmente, coordenativos a fim de conferir maior expressividade entre os elementos unidos pelos conectivos. Vejamos:

Deus criou o sol e a lua e as estrelas. E fez o homem e deu-lhe inteligência e fê-lo chefe da natureza.

“Uma procissão de rendas e sedas e leques e véus e diamantes e olhos de todas as cores e linguagens.” (Machado de Assis)

“Chego, pego-lhe do braço e o recolho e o enxugo e o aqueço e o agasalho no meu colo.” (A. R. dos Santos apud Ernesto C. Ribeiro)

4.1.3.4 Assíndeto

É a figura oposta ao polissíndeto. Consiste na supressão dos conectivos entre os termos e orações a fim de tornar a mensagem mais concisa, mais enxuta. Vejamos alguns exemplos:

Entram todos os fiéis. Louvam, cantam, batem palmas, choram, riem. Tudo em nome de Deus.

“Range, ri, treme, devasta, insulta e vence.” (Eça de Queiroz)

“Luciana, inquieta, subia à janela da cozinha, sondava os arredores, bradava com desespero...” (Graciliano Ramos apud Rocha Lima)

4.1.3.5 Hipérbato

Consiste na alteração da ordem direta dos termos em uma oração. Em português, a oração geralmente segue a ordem “sujeito + verbo + complementos + adjuntos”. O hipérbato quebra a ligação imediata que as palavras têm umas com as outras, a fim de conferir maior ênfase, maior destaque a determinadas partes da oração. Observe:

“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas

De um povo heroico o brado retumbante.” (Hino Nacional Brasileiro)

Na ordem direta, teríamos: “As margens plácidas do Ipiranga ouviram um brado retumbante de um povo heroico.”

“... aí se não ouvem essas alegres sinfonias.” (Carneiro Ribeiro)

“A quem o nascimento fez em Portugal, grande, o valor no Oriente.” (J. Freire apud Carneiro Ribeiro)

Observação:

Quando o hipérbato altera tão profundamente a ordem dos termos na oração que chega a provocar certa confusão entre as partes desta, passa a ser chamado de “sínquise”. Veja:

“Por ver em que montanhas se dos mares

Livrou, anda vagando, e em que lugares.” (F. Barreto)

“Enquanto manda as ninfas amorosas

Grinaldas na cabeça pôr de rosas.” (Camões)

4.1.3.6 Pleonasmo enfático ou estilístico

É uma figura pela qual se empregam palavras que, se bem não sejam necessárias para a perfeita expressão do pensamento, dão-lhe, todavia, mais força, mais energia. Consiste, literalmente, na repetição de uma ideia já contida em termos e expressões anteriores a fim de aumentar a força da mensagem. Observe:

“Este crucifixo, vi-o eu com os meus olhos, e está hoje em dia naquele mosteiro.” (H. Pinto)

“Louvamos em Deus uma excelência, que é mais excelente de todas.” (Pe. Antônio Vieira)

“E rir meu riso

E derramar meu pranto.” (Vinícius de Moraes)

“Tantos outros assombros da natureza e prodígios inauditos, vistos com os próprios olhos, palpados com as mãos e pisados com os pés.” (Pe. Antônio Vieira)

Observações:

a) Em algumas situações, o pleonasmo é representado pela repetição, em forma de pronome oblíquo tônico, dos complementos verbais: objeto direto e objeto indireto. Observe:

“Vi os teus companheiros, mas não te vi a ti.” (M. Said Ali)

“Ele perseguia as aves e alimárias inocentes: eu perseguia-o a ele.” (A. Herculano)

“E que me importa a mim isso? Virão um dia a esta nobre terra de Espanha gerações que compreendam as palavras do presbítero.” (A. Herculano)

b) Não confunda este tipo de pleonasmo com o pleonasmo vicioso. Este, como o próprio nome já diz, torna a frase deselegante, pobre. Por isso, expressões do tipo “morreu uma morte; vi com os olhos; fui com os meus pés; pescou um peixe” são terríveis pleonasmos. Entretanto, se lhes acrescentarmos uma expressão explicativa, uma circunstância ou um modificativo, desfaremos o pleonasmo. Logo, em “morreu uma morte terrível, sofrida e solitária” não há mais pleonasmo, senão uma forma bastante expressiva de se enunciar um pensamento.

4.1.3.7 Anástrofe

Consiste numa inversão mais simples que o hipérbato – geralmente se inverte apenas sujeito e predicado. Em outras palavras, é uma inversão na sucessão analítica do pensamento, sem quebrar a ligação imediata que as palavras têm umas com as outras.

“A Dário venceu Alexandre.” (Carneiro Ribeiro)

“Com papas e bolos se enganam os tolos.” (Provérbio)

“Clara era naquele tempo a fama de Dom Duarte de Menezes.” (J. Freire)

“Aberta em parte estava a porta.” (A. Garrett)

4.1.3.8 Silepse ou concordância ideológica

Como o próprio nome já denuncia, é uma concordância efetuada não com o termo, mas com a ideia transmitida pelo termo. É preciso ter em mente que, em português, a concordância padrão se dá com o núcleo do sujeito expresso ou implícito. Na silepse, essa concordância é efetuada com o “espírito”, com a ideia do termo. Há três tipos de silepse: de gênero, de número e de pessoa. Vamos a elas:

a) Silepse de gênero: a concordância é feita com o gênero do termo a que se refere e não com o termo em si. Observe:

Vossa Excelência é muito justo e generoso.

Observação:

Perceba como os adjetivos não concordam com o pronome de tratamento “Vossa Excelência”, mas sim com a ideia de que o pronome de tratamento se refere a um ser masculino.

De longe, viu o seu amor, vestida de véu e grinalda. (amor = mulher, esposa)

A criança voltou às aulas, mas a professora não podia com ele.

A testemunha prestou depoimento e estava preocupado com a possibilidade de haver uma acareação entre ele e o réu do processo.

b) Silepse de número: a concordância é feita com o número (singular ou plural) que é transmitido pela ideia do termo, e não com o número (singular ou plural) real do termo.

“Das ovelhas a maior parte ao desamparo dos pegureiros se perderam.” (Lobo apud Carneiro Ribeiro)

“Estavam pegados com ele uma infinidade de homens.” (Fr. Luís de Souza)

“Logo outro dia ao romper da alva se abalou o exército, ao som de muitos instrumentos bélicos, e chegando aos muros, começaram em torno da fortaleza a arvorar escadas.” (J. Freire)

Povoavam os degraus muita sorte de gente.” (Mário Barreto)

Observação:

Haverá também silepse de número quando os pronomes “nós” e “vós” forem empregados por “eu” e “tu”, isto é, quando se emprega o plural de modéstia. Nesse caso, o predicativo poderá concordar no singular com a ideia do singular. Veja:

“Antes sejamos breve que prolixo.” (J. de Barros)

“Apesar da benevolência com que fomos acolhido, disseram-nos que...” (J. de Castilho)

Chegado, porém, à conclusão deste livro, por-lhe-emos remate com uma reflexão.” (A. Herculano apud Eduardo C. Pereira)

c) Silepse de pessoa: a concordância é feita com a pessoa que se tem em mente, e não com a pessoa (1.ª, 2.ª ou 3.ª) na qual o termo efetivamente se encontra.

Os brasileiros3.ª pessoa em geral somos1.ª pessoa pessoas cordiais.

“Dizem que os cariocas somos pouco dados aos jardins públicos.” (Machado de Assis)

“E os dois, ali no quarto, picamos em mil pedaços as trezentas páginas do livro.” (Paulo Setúball apud Jorge Miguel)

“Senhor, os que somos de terra deixamos repouxar os navegantes.” (Fr. Luís de Souza apud Artur de A. Torres)

4.1.3.9 Anáfora

Do ponto de vista da retórica, a anáfora consiste na repetição de uma mesma palavra, de um mesmo vocábulo no início de cada oração, de cada período ou de cada verso de uma composição.

“Quem, senão ela, há de expulsar do templo o renegado, o blasfemo, o profanador, o simoníaco? Quem, senão ela, exterminar da ciência o apedeuta, o plagiário, o charlatão? Quem, senão ela, banir da sociedade o imoral, o corruptor, o libertino? Quem, senão ela, ... .” (Rui Barbosa)

“Com o tempo o prado verde reverdece,

Com o tempo cai a folha ao bosque umbroso.

Com o tempo pára o rio caudaloso,

Com o tempo o campo pobre se enriquece.” (Camões)

“Vi os navios irem e voltarem.

Vi os infelizes irem e voltarem.

Vi os homens obesos dentro do fogo.

Vi ziguezagues na escuridão.” (Jorge de Lima apud Roberto M. Mesquita)

4.1.3.10 Anacoluto

Gramaticalmente falando, o anacoluto nada mais é do que “uma frase quebrada”, isto é, uma construção interrompida e depois retomada com outra estrutura. Com esta quebra, um dos termos da estrutura oracional geralmente acaba sem função sintática.

Convém aqui reproduzir a definição de um dos nossos maiores mestres, o professor Augusto Epifânio da Silva Dias: “A anacolutia consiste em uma ou mais palavras do princípio de uma oração não se ligarem ao que vem depois, segundo as regras da sintaxe.”

O tipo mais frequente de anacoluto é aquele em que um elemento parece que vai ser sujeito da oração e acaba sem função sintática.

Vamos aos exemplos (grifamos os termos que ficaram sem função sintática no período, o que reflete o anacoluto).

O João Paulo, parece que as coisas não lhe correm bem.

As outras, que as asas do anjo Azrael se estendam sobre os seus cadáveres.” (A. Herculano)

Tua mãe, não há idade nem desgraça que lhe amolde a índole rancorosa.” (Camilo C. Branco)

A velha hipocrisia, recordo-me dela com vergonha.” (Camilo C. Branco)

A terra em que tu morreres, nessa morrerei.” (Pe. Antônio Pereira apud Eduardo C. Pereira)

Os três reis orientais, que vieram adorar o Filho de Deus recém-nascido em Belém, é tradição da igreja que um era preto.” (Pe. Antônio Vieira apud Eduardo C. Pereira)

Observação final sobre o anacoluto:

Observe como os termos grifados encontram-se soltos dentro da estrutura oracional – nenhum deles se liga sintaticamente a outro. É justamente esse fenômeno, essa quebra que recebe o nome de anacoluto. Para o ilustre Gramático Carlos Góis, “o anacoluto é uma das belezas mais ornamentais da língua. De geração espontânea na linguagem do povo, como o provam os adágios e rifões, os escritores e poetas mais autorizados acharam-lhe tal graça, tal efusão, que o transportaram, de flor popular e anônima, a flor de gala e louçania”.

4.1.3.11 Aliteração

Consiste na repetição intencional do mesmo som consonantal no início de dois ou mais vocábulos em imediata sucessão para imitar a realidade sonora de certos fenômenos ou para simplesmente conferir ênfase à estrutura. Observe:

Em nossa viagem, passamos por uma terra feia, fria, mas farta.

Fumo e fogo resfolga a férrea máquina.

“Pedro pedreiro penseiro esperando o trem.” (Chico Buarque)

4.1.3.12 Repetição

Consiste na repetição das mesmas palavras ou locuções. Esta figura revela que o espírito do escritor se encontra repleto da ideia que o absorve e fortemente o empolga.

“Abri, abri estas entranhas, vede, vede este coração.” (Pe. Antônio Vieira)

“Fora, fora com essas velhices.” (Fr. Luís de Souza)

4.2 VÍCIOS DE LINGUAGEM

Em contraposição às figuras de linguagem, que dão à fala e à escrita graça e elegância, encontramos os vícios de linguagem, os quais são deturpações que a língua sofre em sua pronúncia ou em sua escrita por desconhecimento ou descuido de quem fala.

Quem fala deve sempre prezar por uma linguagem pura, correta e clara. A pureza consiste no emprego de palavras e expressões autorizadas pela história da língua e pelo uso dos que melhor falam. Já a correção significa a elaboração de construções oracionais e frásticas em conformidade com as regras da sintaxe. E finalmente a clareza consiste em empregar palavras e construir frases, cujo sentido facilmente se compreende. Aquele que desrespeita essas virtudes textuais incorre, portanto, nos vícios da linguagem.

Os principais vícios de linguagem são: barbarismo, solecismo, ambiguidade, cacofonia, estrangeirismo, colisão, eco, arcaísmo e hiato.

4.2.1 BARBARISMO

Barbarismo (também chamado de “peregrinismo”) é o emprego de termos estranhos à língua, quer na forma, quer na sua ideia. Em outras palavras, ocorre barbarismo quando se escrevem ou se pronunciam, de forma incorreta, certos vocábulos, ou ainda quando se empregam vocábulos num sentido diverso do que realmente ele representa.

Vejamos alguns exemplos de barbarismos:

advinhar por “adivinhar”

mendingo por “mendigo”

mantêga por “manteiga”

adevogado por “advogado”

sastifeito por “satisfeito”

abandonado por “dissoluto”

seje por “seja”

preguntar por “perguntar”

fácio por “fácil”

rúbrica por “rubrica”

bizarro por “esquisito”

brusco por “precipitado”

4.2.2 SOLECISMO

Genericamente falando, solecismo é qualquer erro de sintaxe. Tal erro pode ser de concordância, de regência ou de colocação pronominal. Vejamos alguns solecismos comuns:

Eu lhe vi ontem no shopping. em vez de: “Eu o vi ontem no shopping.”

Vamos todos assistir o jogo agora. em vez de: “Vamos todos assistir ao jogo agora.”

Não fazei mal aos animais. em vez de: “Não façais mal aos animais.”

Houveram muitos problemas no processo. em vez de: “Houve muitos problemas no processo”.

Incendiou-se a casa que eu morei nela. em vez de: “Incendiou-se a casa em que eu morei.”

Me disseram que ela não virá hoje. em vez de: “Disseram-me que ela não virá hoje.”

Fomos na cidade hoje pela manhã. em vez de: “Fomos à cidade hoje pela manhã.”

4.2.3 AMBIGUIDADE (ANFIBOLOGIA OU PLEONASMO VICIOSO)

Ocorre quando uma frase apresenta sentido duplo ou duvidoso, ou seja, quando não se consegue chegar ao sentido exato da frase por apresentar mais de uma interpretação, mais de um sentido. Vejamos alguns exemplos:

Mãe procura filho sequestrado pela internet. (Não se sabe se a mãe o procura pela internet ou se o filho foi sequestrado pela internet)

Regressou a Brasília depois de uma cirurgia, com cerimonial de Chefe de Estado. (Não se sabe se o cerimonial foi para a cirurgia ou para o regresso)

O policial prendeu o ladrão em sua casa. (Não se sabe se foi na casa do ladrão ou na casa do policial)

O amor de minha mãe me fortalece. (Não se sabe se a mãe é amada ou se ela ama, ou seja, não se sabe se ela é agente ou paciente do amor)

O bom rei ama o povo. (Não se sabe quem é o sujeito da oração: “o bom rei” ou “o povo”)

4.2.4 CACOFONIA OU CACÓFATO

Consiste no encontro de palavras que formem outra de sentido torpe, ridículo ou desagradável. Em algumas situações, a cacofonia é resultante da junção da sílaba terminal de um vocábulo com a palavra ou parte da palavra imediata.

Convém aqui citar o mestre M. Said Ali, para quem “a cacofonia é o encontro de sílabas em que a malícia descobre um novo termo com sentido torpe ou ridículo”.

Vejamos alguns exemplos:

“Alma minha gentil que te partiste”. (Camões)

Por ser tão tarde, vou-me já.

A boca dela está suja.

Distribuiremos um por cada visitante.

Meu coração por ti gela.

Ele só possui uma mão.

Ele nunca agiu como elas.

4.2.5 ESTRANGEIRISMO

Consiste no emprego abusivo de palavras estrangeiras quando há, no idioma pátrio, vocábulo próprio para a situação. Como os estrangeirismos provêm de línguas diversas, alguns autores preferem as denominações “galicismos (provenientes do francês), anglicismos (provenientes do inglês) e germanismos (provenientes do alemão)”. Observe alguns:

delivery por “entrega”

meeting por “encontro”

pic-nic por “piquenique”

buquet por “buquê”

sale por “promoção”

feed back por “retorno”

chofer por “motorista”

performance por “desempenho”

4.2.6 COLISÃO

Consiste no emprego desagradável de um som consonantal idêntico.

Vimos um jardim com rosas secas, serenas e sem sementes.

Não sabemos se serão servidas frutas secas nas cerimônias.

O silêncio da noite era interrompido pelo pio do pinto agourento.

4.2.7 ECO

É a repetição desagradável de fonemas vocálicos no final das palavras, fazendo-as rimar. Observe:

Neste momento, eu tive um aumento no meu vencimento.

O instrumento de casamento do sargento ficou no convento no largo de São Bento.

É sempre válida a disposição para a criação de uma fundação que tenha por função a proteção do cidadão.

4.2.8 ARCAÍSMO

Consiste no emprego de vocábulos ou expressões que são antiquados ou que já caíram em desuso.

vosmecê em vez de “você”

cachete em vez de “comprimido”

cristaleira em vez de “estante”

velida em vez de “bela”

coita em vez de “dor, aflição”

bofé em vez de “boa-fé”

4.2.9 HIATO

Consiste na dissonância produzida pelo encontro de vogais idênticas e sucessivas, especialmente quando se trata de vogais abertas.

Perdeu-o o homem que estava à beira da morte.

Só vou à aula amanhã de manhã.

Imperfeição como esta não a há nos clássicos.

Observação:

Cumpre dizer que “colisão”, “eco” e “hiato” deixam de constituir vícios de linguagem quando intencionalmente empregados para efeito estilístico.

4.3 QUESTÕES DE CONCURSOS PÚBLICOS

1. (CESGRANRIO) “A política é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada.”

As figuras de estilo identificáveis nesse contexto são:

a) hipérbole e anacoluto.

b) metáfora e anacoluto.

c) metonímia e zeugma.

d) metonímia e hipérbole.

e) metáfora e zeugma.

2. (UNITAU) Na frase “... consumo das significações no SEIO da comunicação social...”, a palavra em destaque é, no plano semântico e estilístico,

a) denotação e paradoxo.

b) conotação e sinédoque.

c) denotação e pleonasmo.

d) conotação e catacrese.

e) conotação e antítese.

3. (CESGRANRIO) Observe os períodos abaixo:

1 – “Vontade de beijar os olhos de minha pátria

De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos”.

2 – “Pátria, eu semente que nasci do vento

Eu que não vou e não venho, eu que permaneço”.

A partir dos exemplos 1 e 2, indique as respectivas figuras de linguagem:

a) prosopopeia – aliteração.

b) metáfora – gradação.

c) hipérbole – antítese.

d) aliteração – personificação.

e) metonímia – assíndeto.

4. (FAAP) “De repente do riso fez-se o pranto”.

Observe que as palavras RISO e PRANTO, nesse soneto, ultrapassam a simples representação mental correspondente a cada um dos signos; convertem-se na significação mesma da alegria ou da felicidade e da tristeza ou da situação infeliz. Trata-se de uma figura de linguagem que consiste na ampliação da área de significação de uma palavra usada em lugar de outra, com apoio numa relação de coexistência ou contiguidade, ou seja:

a) silepse

b) pleonasmo

c) anacoluto

d) metonímia

e) prosopopeia

5. (FAAP) “Silencioso e branco como a bruma”.

À repetição das mesmas consoantes em BRANCO e BRUMA em busca da sonoridade, dá-se o nome:

a) assonância

b) aliteração

c) eco

d) trocadilho

e) pleonasmo

6. (FATEC) “Seus óculos eram imperiosos.”

Assinale a alternativa onde aparece a mesma figura de linguagem que há na frase acima:

a) “As cidades vinham surgindo na ponte dos nomes.”

b) “Nasci na sala do terceiro ano.”

c) “O bonde passa cheio de pernas.”

d) “O meu amor, paralisado, pula.”

e) “Não serei o poeta de um mundo caduco.”

7. (FEI) Assinalar a alternativa correta, correspondente às figuras de linguagem, presentes nos fragmentos a seguir:

I. “Não te esqueças daquele amor ardente que já nos olhos meus tão puro viste.”

II. “A moral legisla para o homem; o direito, para o cidadão.”

III. “A maioria concordava nos pontos essenciais; nos pormenores porém, discordavam.”

IV. “Isaac a vinte passos, divisando a vulto de um, pára, ergue a mão em viseira, firma os olhos.”

a) anacoluto, hipérbato, hipálage, pleonasmo

b) hipérbato, zeugma, silepse, assíndeto

c) anáfora, polissíndeto, elipse, hipérbato

d) pleonasmo, anacoluto, catacrese, eufemismo

e) hipálage, silepse, polissíndeto, zeugma

8. (FEI) Assinalar a alternativa que contém as figuras de linguagem correspondentes aos períodos a seguir:

I. “Está provado, quem espera nunca alcança”.

II. “Onde queres o lobo sou o irmão”.

III. Ele foi discriminado por sofrer de uma doença contagiosa muito falada atualmente.

IV. Ela quase morreu de tanto estudar para o vestibular.

a) ironia – antítese – eufemismo – hipérbole

b) eufemismo – ironia – hipérbole – antítese

c) antítese – hipérbole – ironia – eufemismo

d) hipérbole – eufemismo – antítese – ironia

e) ironia – hipérbole – eufemismo – antítese

9. (FEI) Assinalar a alternativa que apresenta o vício de linguagem conhecido como solecismo:

a) Não podemos adiar a viagem para depois.

b) Ele entrou de sócio no clube.

c) Fazem dois anos que trabalho aqui.

d) É louvável a fé de teu time.

e) Ele assistiu ao incêndio do prédio.

10. (FUVEST) A prosopopeia, figura que se observa no verso “Sinto o canto da noite na boca do vento”, ocorre em:

a) “A vida é uma ópera e uma grande ópera.”

b) “Ao cabo tão bem chamado, por Camões, de Tormentório, os portugueses apelidaram-no de Boa Esperança.”

c) “Uma talhada de melancia, com seus alegres caroços.”

d) “Oh! eu quero viver, beber perfumes,

Na flor silvestre, que embalsama os ares.”

e) “A felicidade é como a pluma...”

GABARITO

1 – E

2 – D

3 – A

4 – D

5 – B

6 – C

7 – B

8 – A

9 – C

10 – C