Outro grupo de trematódeos nascendo de dicranocercárias e outro caso de espécie com cecos abrindo para fora*
Como se pode concluir de um trabalho de Luehe, várias cercárias de cauda forquilhada já foram observadas e descritas por helmintologistas europeus no século passado. Na sua enumeração de cercárias usa esse autor a expressão “Furcocercariae,” que substituí pelo nome mais correto e apropriado de Dicranocercariae.
Permanecendo desconhecidos os adultos, os autores pouco a pouco perderam interesse nessa fase de evolução até que se descobriu no Japão e no Egito que os esquistossomos nasciam de dicranocercárias. Em seguida várias cercárias de cauda forquilhada foram descritas de muitos países.
Depois eu mostrei que uma parte destas cercárias pertencia às Strigeidas, o que chamou o interesse geral sobre esse grupo de trematódeos, que antes, erroneamente, se supunha ter uma evolução mais direta.
Depois que se aprendeu a distinguir as cercárias de esquistossomos e Strigeidas permaneceu entre as numerosas dicranocercárias recentemente descritas um número considerável de espécies, que não se filiavam naturalmente a esses dois grupos. Era natural supor que havia ainda outros trematódeos, que nasciam de dicra-nocercárias típicas (consideramos atípicas e fáceis de reconhecer os grupos de Cercaria mirabilis e os de Bucephalus). Num estudo sobre espécies brasileiras de dicranocercárias, citei os gêneros Clinostomum e Rhopalias, que podiam ter cercárias de cauda forquilhada. Agora já tive ocasião de estabelecer que o Clinostomum heluans é derivado da minha Dicranocercaria ocellifera.
Esta já foi descrita e figurada em um trabalho anterior. Ela nasce em rédias com um longo canal intestinal e tem um corpo muito opaco, com duas manchas oculares pretas com margens claras perto da linha transversal média. A estrutura não é bem nítida. Reconhece-se uma crista dorsal de pouca altura que se prolonga até a cauda. Esta tem o tronco comprido e a bifurcação curta como nos esquistossomos, mas os ramos não são destacados e terminam numa ponta em forma de papila. A cercária mostra grande inclinação a curvar-se sobre a face ventral. Ela pode também ser encontrada nas horas matutinas e não precisa de sol para sair.
Até agora achei essa espécie em Maracay (Venezuela), no Norte do Brasil e nos arredores do Rio de Janeiro. Ela forma-se nas espécies maiores de Planorbis, incluindo o centimetralis; é, porém, bastante escassa. Caramujos infeccionados dão numerosas cercárias, mas morrem logo em conseqüência da infecção.
Desde meu último trabalho, tive outra vez um Planorbis infeccionado à minha disposição; viveu cerca de três semanas numa cuba de laboratório. Ele provinha de uma vala comprida, próxima ao Instituto, e era o único exemplar infeccionado entre um grande número de Planorbis aí colecionados. Na mesma vala viviam também numerosos peixinhos, dos quais muitos podiam, já em vida, ser reconhecidos facilmente como sendo infeccionados com Clinostomum. A espécie mais comum era a Poecilia vivipara, que serviu principalmente para estudos experimentais.
Tornei a fazer então numerosas experiências. Girinos e Poecilia de lugares não infeccionados deixaram-se infeccionar facilmente. Como já foi descrito, acharam-se nos dias seguintes, agora sem cauda, larvas com um corpo mais cilíndrico, que se reconhecem facilmente, apesar de seu tamanho diminuto, pelos seus movimentos e pelas suas manchas oculares, que são pretas. Estavam muitas vezes num grande espaço vazio, revestidas de uma membrana. Mais cedo ou mais tarde elas formavam ainda um quisto interior, também muito fino e transparente, no qual ficavam mais ou menos enroladas. A parede é tão frágil que, quando não se tem muito cuidado, encontram-se, ao examiná-los, muitas larvas livres. No quisto vê-se uma metamorfose semelhante à que se observa nas Strigeidas. O conteúdo do corpo liquefaz-se mais ou menos, como se reconhece pela deslocação das manchas oculares que, às vezes, chegam a ficar uma atrás da outra.
As larvas fortemente granuladas tornam-se, na luz refletida, completamente escuras, e na luz incidente, de cor branco-cretácea. Parece que nunca se perde a mobilidade. O estado quisto dura várias semanas. No exame depois de três semanas, podia-se reconhecer claramente nas larvas um acetábulo. A ventosa cefálica é visível do mesmo modo, porém é muito pequena. Vê-se também um órgão lembrando uma faringe. A não ser isso, pouco se reconhece da estrutura. Atrás do acetábulo está uma massa escura, que parece corresponder a uma vesícula excretória. Estados mais adiantados não foram observados nos girinos de Bufo; porém, achei há anos duas larvas bem desenvolvidas de Clinostomo numa Hylida. Podia-se esperar agora que os quistos necessitassem ser transportados para um outro hospedador, para continuar seu desenvolvimento, porém as condições observadas não falam a favor disso.
Nos peixes espontaneamente infectados da mesma região, acharam-se larvas de clinostomos em todos os estados de desenvolvimento, que se podem distinguir pela forma do canal intestinal. Primeiro consiste de dois tubos paralelos, muito dilatados pelo conteúdo; mais tarde também aparecem grandes haustras, e finalmente numerosas ramificações finais nos vermes adultos. O conteúdo, que a princípio é turvo e fortemente granulado, torna-se mais escuro e no fim, completamente preto.
As extremidades dos cegos são mais simples e convergem para a parte posterior do corpo, sem, contudo, formar uma anastomose.
Vê-se ocasionalmente, atrás da extremidade aparente de ambos os lados, uma ampola redonda cujo conteúdo preto lembra um olho pigmentado. Quando se tem sorte, pode-se ver como a ampola se esvazia para o exterior, se bem que no estado não se possam perceber os poros. Muitas vezes vê-se que um dos cegos esvaziou seu conteúdo na parte posterior e por isso parece mais curto do que outro. Às vezes, a totalidade de um cego parece vazia. Durante a transformação do canal intestinal os primórdios genitais tornam-se mais distintos, de modo que se podem reconhecer sem dificuldade as glândulas germinais.
Os testículos estão bem ramificados. As larvas precisam agora ser transportadas para uma garça, ou um socó, o que é fácil de fazer introduzindo diretamente o material na sua garganta. Já no dia seguinte acha-se um número considerável de clinostomos fixados no rego formado pela metade inferior do bico de ambos os lados da língua, na base desta ou no paladar. As larvas, que provavelmente já voltam do papo, são, conforme o material ingerido, já mais ou menos perfeitas, mas não contêm ainda ovos. A continuação do desenvolvimento ocorre rapidamente e já pode ser completada dentro de quatro a cinco dias.
Os trematódeos estão bem fixados com a parte cefálica; podem, porém, ser despregados facilmente. Garças noturnas ou diurnas, apanhadas novas ou mortas há pouco tempo, principalmente as espécies menores, mostram em uma grande proporção clinostomos adultos no lugar descrito. Outras localizações devem, pelo menos para Clinostomum heluans, ser atribuídas a uma migração depois a morte da ave. As experiências dão resultados certos e são muito instrutivas; também os hospedadores finais não precisam ser sacrificados e podem ainda servir para experiências futuras.
Abstenho-me de fazer uma descrição dos trematódeos adultos, cuja estrutura resulta em parte da literatura, e em parte pode ser vista nas fotografias que acompanham. Não se percebe vesícula excretória maior, porém existe um sistema de capilares em forma de rede, cheia de granulações finas. (Nisto os clinostomos lembram as Strigeidas.) Por isso, os vermes tornam-se muito opacos, como os estados anteriores, e são difíceis de estudar em preparação inteira. Percebem-se também, às vezes, vasos excretórios longitudinais como existem também em outros trematódeos.
O grande acetábulo com abertura muitas vezes triangular, os cegos ramificados e os grandes ovos em parte superficiais, são facilmente reconhecidos.
Os vitelários, que se desenvolvem relativamente tarde, são muito extensos.
Ovos:
Nos Clinostomum heluans adultos encontram-se numerosos ovos maduros numa cavidade larga e cilíndrica (teca do útero), num canal aferente e num canal deferente, dos quais o último representa a vagina.
São tão grandes ou ligeiramente maiores do que os de Fasciola hepatica. Segundo uma medição do dr. Emmanuel Dias, seu comprimento é de 0,133-0,140 mm e a largura de 60-70 μm.
A casca é transparente e quase incolor, de forma ovóide bastante regular; numa extremidade há uma tampinha pouco aparente. O desenvolvimento dos embriões não começou ainda; estão cheios de células vitelárias, entre as quais é difícil reconhecer a célula do ovo. Alguns ovos podem bem ser eliminados durante a sua estadia no bico, a maior parte, porém, provavelmente só ficará livre pela passagem do verme solto à água.
A evolução é muito lenta.
Em culturas apropriadas, já com 10 dias se podem observar miracídios que forçam a sua passagem pelo orifício estreito do ovo e em seguida nadam com os movimentos característicos de outros miracídios. Contra a expectativa também não se observam neles ocelos e não conseguimos reconhecer funis vibráteis.
Recapitulando, podemos dizer que a larva assume primeiro uma forma vermicular, depois uma forma ovóide, em seguida uma aparência de pêra ou de girino, depois a forma de língua e, finalmente, o adulto tem a aparência de folha de largura e grossura médias. Nas primeiras fases existe uma vesícula excretória, que mais tarde é substituída por grandes alvéolos, os quais ocupam todo o espaço livre intervisceral e estão cheios de grânulos. Estes mais tarde se contraem formando uma rede vascular e alguns vasos longitudinais, enquanto a vesícula desaparece e os cegos formam ramificações.
Os ocelos se conservam muito tempo e se percebem ainda nas formas piriformes, as glândulas genitais já são bem visíveis, mas os vitelários se desenvolvem bastante tarde, alargando a metade posterior do corpo. Todas essas formas são enquistadas, com exceção dos vermículos recém-formados.
O desenvolvimento, que acabamos de descrever, foi constatado da mesma forma no material abundante de peixes espontaneamente infeccionados e nos exemplares indenes de Poecilia vivipara infeccionados por experiências.
As observações seguintes, que marcam o tempo das diferentes fases de desenvolvimento, foram obtidas no laboratório em animais indenes, anteriormente confrontados com as cercárias.
As primeiras fases do desenvolvimento realizam-se com a mesma ou maior facilidade nos girinos de Bufo crucifer, porém o desenvolvimento não se completa nos girinos. No 16° e também no 22° dia da experiência, as larvas eram ainda muito pequenas, porém tinham já a forma ovóide. Mostravam bastante afastada da extremidade a formação escura que podemos somente considerar como vesícula excretória. Adiante desta e pouco antes da linha central transversal, estão duas manchas ocelares pretas; além disso, reconhece-se a ventosa cefálica. No mais, a larva é ainda completamente sem estrutura e fortemente granulada. Também depois de 37-44 dias encontra-se ainda no mesmo estado. Depois de 44 dias estão claramente enquistadas e extremamente escuras. Podem, porém, ser facilmente libertadas dos quistos e mostram, então, grande mobilidade. Têm agora mais a forma de pêra ou de clava; a parte anterior é larga e ainda completamente opaca por causa dos alvéolos cheios de grânulos. Na parte delgada posterior e mais flexível, vêem-se perfeitamente os cegos já formados e muito largos, que ainda são completamente cilíndricos. O acetábulo é muito grande e acha-se no animal enrolado sempre do lado exterior. A larva livre mostra certa aproximação à posição ocupada no quisto.
A porção cefálica não mostra somente a ventosa, mas também a superfície discoidal, que a cerca e serve para aumentar o poder adesivo. Os ocelos são ainda reconhecíveis, mas não se vêem outros órgãos a não ser um bulbo contrátil, que se assemelha a uma faringe e que marca o começo dos cegos. Quando uma parte do intestino está excessivamente dilatada como acontece às vezes, podem aparecer nela haustras que geralmente não são reconhecíveis. No conteúdo intestinal expelido, que está ainda finamente granulado, não se vêem hemácias, mas, em raros casos, bolas de gordura bastante grandes e ocasionalmente pequenas bolhas de ar.
O conteúdo intestinal que, em contato com reagentes como glicerina e potassa cáustica diluída é expelido em forma de nuvens, pode também coagular-se e tornar o verme pouco visível. Este também é sensível à água; vive, porém, bastante tempo numa solução fisiológica.
As vesículas excretórias e o seu conteúdo não aparecem mais. Em seguida, a parte anterior torna-se pouco a pouco mais clara e parece mais estreita.
Depois de 47 dias, os peixinhos de observação mostram claramente na superfície cutânea as larvas brancas enquistadas, sobre cuja natureza não podia haver mais dúvida. Estas se pareciam absolutamente com as larvas facilmente reconhecíveis nos peixinhos espontaneamente infeccionados; não tinham, porém, o tamanho definitivo.
No desenvolvimento progressivo, passa a larva da forma da clava para uma lingüeta na qual a parte posterior se alarga mais. Com 55 dias uma Poecilia mostrou na carne seis larvas, em parte visíveis por fora. A forma da clava existia ainda, mas menos pronunciada. O corpo anterior tornou-se mais transparente. Estendido e sob pressão fraca o verme alcança o comprimento de 4 mm. O intestino é claramente visível e cheio de uma massa escura que pode ser esvaziada para cima e para baixo. Os vitelários parecem completamente desenvolvidos. Glândulas germinais já indicadas. Os movimentos são livres e fortes. O acetábulo é muito grande.
Depois de 58 e 61 dias não houve modificação maior. O intestino é ainda cilíndrico e muito dilatado. Os vitelários ao lado não estão bem claramente reconhecíveis. Depois de 68 dias as larvas estavam ainda enquistadas, mas, depois de arrebentar o quisto, extremamente móveis. Eram talvez um pouco maiores; algumas mostravam, com pressão moderada, um comprimento de 5 mm. Todo o intestino está cheio de uma massa escura, muito dilatado e sempre ainda cilíndrico. As larvas muito móveis tiradas dos quistos foram colocadas diretamente para a cavidade bucal da garça, porém não se fixavam aí e perderam-se. Dessas observações pode-se concluir que um desenvolvimento maior, como é muitas vezes encontrado nas larvas menores na cavidade bucal das garças, exige ainda muito tempo. Mesmo depois de 70 e 77 dias não se efetuou a transmissão.
As larvas mais maduras encontradas em peixinhos atingiram em compressão moderada mesmo um centímetro e o intestino mostrava haustras arredondadas ou já ramificadas. Larvas nesse estado se conservaram vivas durante mais de 20 horas em solução de vermelho neutro e mostravam o conteúdo intestinal completamente corado e vermelho, sendo, porém, facilmente evacuado pelas larvas comprimidas. A rede excretória aparecia então cheia de massas escuras que o tornavam muito distinto.
Depois de noventa dias foi examinada a última Poecilia, que era muito pequena e atrofiada, continha cinco larvas de tamanho regular que tinham a forma de lingüetas.
Quatro foram dadas ao socó, e a última, maior, serviu para exame. Tinha os cegos cheios de haustras com exceção da última parte, que era cilíndrica e tinha um prolongamento digitiforme dirigido para trás e para dentro. Por regurgitação evacuou-se a maior parte do conteúdo intestinal, ficando apenas a porção terminal.
No dia seguinte foi encontrado apenas num Clinostomum novo, que já continha um pouco de sangue. Posteriormente foi destacado e examinado. O intestino já era coberto de ramificações e continha sangue fluido que sob pressão era facilmente evacuado. Havia um pequeno número de ovos em formação, mas a teca do útero era completamente vazia. O comprimento do verme comprimido não excedia a 7 mm. Mais tarde foi ainda descoberto um segundo Clinostomum que se mostrava completamente adulto depois de 5 dias e na água expeliu numerosos ovos.
As outras larvas não se fixaram, provavelmente por serem menos desenvolvidas. Pode-se concluir que, em condições mais favoráveis, noventa dias bastam para concluir o desenvolvimento nos peixinhos, mas temos de calcular mais uns dois meses para a formação dos ovos, eliminação destes, formação do miracídio e penetração no Planorbis, formação de esporocistos seguida de desenvolvimento, de modo que o ciclo de cercária a cercária não pode ser muito menos que seis meses.
Quando este trabalho já estava concluído nos seus traços principais, a minha atenção foi chamada sobre a publicação anterior do sr. Sewell H. Hopkins, que se refere ao desenvolvimento do Clinostomum marginatum. As nossas observações estão de acordo em muitos pontos, principalmente na persistência das manchas oculares e no desenvolvimento do intestino. O autor não conhecia nada sobre a evolução no molusco e a penetração e os primeiros estados no peixinho. A sua hipótese, de que a cercária deve ter ocelos distintos, está correta pelo menos para Clinostomum heluans, o acetábulo não é sempre tão grande nem tão distinto como ele supõe. Não reconheceu o fato de que os cegos se podem abrir para o exterior, o que deve ser um caráter geral em todos os clinostomos. A espécie considerada é maior do que o Clinostomum heluans, mas pelo resto parece bastante afim. As menores formas vistas por Hopkins já tinham 2 mm de comprimento, quer dizer, já estavam muito crescidas em comparação com o corpo das cercárias. O autor dá também alguns dados sobre a ocorrência de larvas de Clinostomum marginatum em rãs, fato observado várias vezes nos Estados Unidos. As larvas de Clinostomum heluans até um certo ponto se desenvolvem com toda a facilidade nos girinos de bufo, mas não chegam geralmente a uma diferenciação maior. Apenas uma vez, e isso já há muitos anos, observei duas larvas já bem diferenciadas numa Hyla.
Podia-se supor que as formas de bufo podiam continuar o seu desenvolvimento depois de transportados em peixinhos, mas essa experiência não foi feita ainda. Ao contrário dos Agamodistomos, não mostram glândulas que ajudem a penetração.
Se perguntarmos agora quais são as relações de parentesco dos clinostomos com os Schistosomidas e Strigeidas, achamo-los bastante afastados dos dois grupos. Não têm relação íntima com os Schistosomidas, que são bissexuais e vivem em vasos de sangue. Das strigeidas, de que se aproximam mais pela metamorfose e pelo sistema excretório, se distinguem pelas rédias e pela falta de um órgão de fixação entre as ventosas. Todavia, o disco cefálico com o seu colar marginal lembra um pouco o modo de fixação das Strigeidas. A distinção radical de ambos os grupos é dada pelas rédias dos clinostomos, cuja existência pode ser considerada um caráter importante de família, posto que em geral os esporicistos substituam as rédias na evolução dos trematódeos.
O gênero Clinostomum ocupa um lugar especial e é também bastante afastado dos Harmostomidae, como o mostram claramente os ovos e o desenvolvimento. Posto que exista até agora só um gênero, pode-se bem estabelecer uma família de Clinostomidas.
Bibliografia
A extensa literatura sobre Clinostomum e as suas espécies até o ano de 1908 acha-se na seguinte obra: Index Catalogue of Medical and Veterinary Zoology, Stiles and Hassals. Washington (DC): Gov. Print. Office. Relevamos apenas as citações seguintes:
1) Leidy, J. A. Synopsis of Entozoa. (Proc. Ac. N. sc. Philadelphia, T. VIII, p.42-58), 1856.
2) Wright, R. Contrib. To American helminth. n.1. (Proc. Canad. Inst. V.I, Toronto, p.3, pl. I, fig. 1), 1879.
3) Braun, M. - Ueber Clinostomum Leidy. Zool. Anzeiger, XXII, 1899.
4) Mac Allum, W. G. On the species Clisnostomum heterostomum. Am. Journal Morph., XV, p.697-710, 1899.
Mais tarde apareceu:
5) M. Luehe. Trematoden, Heft 17 “Die Suesswasserfauna Deutschlands”. Herausgegeben von A. Brauer. Jena, Veriag Gustav Fischer, 1909.
6) Osborn, H. L. On the Distribution and Mode of Occurence in the United States and Canada of Clinostomum marginatum a Trematode parasite in Fish, Frogs and Birds. (Biol. Bull., 20, p.350-66) 1 p., 1911.
7) Dubois, G. Deux Nouvelles Espèces de Clinostomide, Extrit du Bulletin de la Soc. Neuchteloise des Sciences Naturelles, 1930.
8) Hopkins Sewell, H. Note on the Life History of Clinostomum marginatum (Trematoda) in Transactions of the American Microsc. Society (v.LIII n.2, p.147-8), 1933.
Quanto aos trematódeos, cujos cegos comunicam com o exterior pela vesícula excretória ou por dois orifícios separados, citamos:
9) Odhner, Th. Ueber Distomen, welche den Excretionsporus als Anus verwenden koennen. Zool. Anzeiger, 35, p.432-3. Com uma lista de literatura, 1910.
10) La Rue George, R. A Trematode with two ani. Journ. of Parasitology, v.XII, p.207-9, 1926.
Explicação das Estampas 8-11
Estampa 8
Fig. 1 - Rédia de Clinostomum heluans.
Fig. 2 - Cercária do mesmo - Dicranocercaria ocellifera Lutz.
Fig. 3 e 3 a. - Larvas do mesmo, em forma alongada e ovóide. 16 dias.
Fig.4 - Quisto de girino com desenvolvimento parado, 48 dias. Outros quistos já eram degenerados.
Fig.5 - Larvas com cegos cilíndricos, 36 dias.
Fig. 6 - Adulto mostrando os vitelários.
Estampa 9
Fig. 1 - Larvas piriformes de Poecilia experimentalmente infectada depois de 64 dias.
Fig. 2 - Corte de larvas piriformes enquistadas (feitos pelo dr. Emmanuel Dias).
Estampa 10
Fig. 1 - Callichthys callichthys. Infecção espontânea. As manchas brancas correspondem a larvas enquistadas.
Figs. 2-5 - Clinostomos de bico de socó. Infecção espontânea. Figs. 2, 3 e 4 em forma de lingüeta, 5 completamente adulto em forma de folha.
Estampa 11
Fig. 1 - Ovos maduros, recentemente postos de Clinostomum heluans.
Fig. 2 - Os mesmos com miracídios em formação. Cerca de 160 a 190 vezes.
Os desenhos das estampas 8 e 9 foram feitos por A. Pugas.
As fotografias das estampas 10 e 11 e as reproduções dos desenhos foram feitas por J. J. Pinto, e o corte da estampa 9, fig. 2, foi feito por E. Dias.