Capítulo Nove
– O MUNDO enlouqueceu ou eu perdi o juízo! – Eve pôs as mãos no rosto. – Confesse que você está brincando comigo.
– Não é brincadeira, Eve – murmurou Nick calmamente. – Quando você escreveu para me contar sobre a morte de Sir Benjamin, eu soube que Shawcross iria para Makerham. Quando seu bilhete chegou às minhas mãos, eu estava fraco para sair da cama ou juro que teria encontrado algum modo de ir até você. Em vez disso, tive de enviar Richard para protegê-la. – Com um movimento súbito e impulsivo, Nick deslizou do sofá para o chão, onde se ajoelhou diante dela, pegando-lhe as mãos e fitando-a com expressão séria no rosto. – Nunca pretendi lhe causar tanta dor, Evelina. Nós nos conhecíamos a menos de um mês, estávamos casados há somente uma noite… não achei que você pudesse se importar tanto comigo.
– Bem, você estava errado – replicou ela, recolhendo as mãos. Levantando-se, andou ao redor da sala, tentando analisar tudo que ele lhe dissera.
Nick recostou-se no sofá, observando-a. Finalmente, disse:
– Você parece muito pálida, querida. Está com fome? Quando comeu pela última vez?
Eve parou de andar, franzindo o cenho, como se não entendesse as palavras dele.
– No café da manhã.
– Então precisamos jantar. – Ele se levantou. – Mas antes, minha pequena briguenta, temos de chamar sua criada.
Martha foi rapidamente chamada e entrou no quarto, fazendo uma leve reverência para Nick.
– Estou muito contente em vê-lo tão bem, capitão Wylder.
– Obrigado, Martha – respondeu ele alegremente. – Você seria gentil o bastante para nos trazer copos limpos? Nós tivemos um… pequeno acidente com os outros. E lembre, nenhuma palavra para ninguém que eu estou aqui.
Ela assentiu solenemente.
– Não, Sir, manterei a boca fechada, prometo.
Nick lhe sorriu e Eve notou, com uma ponta de irritação, como o rosto geralmente sério de sua criada se suavizava diante da força do charme dele.
– E também trarei uma vassoura para limpar os cacos de vidro, capitão.
Depois que ela saiu, Nick removeu seu casaco e jogou-o de lado.
– Espero que você não se importe que jante de camisa, querida, mas este casaco é um traje muito rústico de trabalho, não é adequado para jantar com uma lady.
Nick não estava usando colete, e a camisa de linho lhe realçava os ombros poderosos. Eve observou o contraste entre e a camurça escura da calça que abraçava os quadris estreitos e coxas grossas. As memórias daquele corpo forte e atlético pressionado contra o seu a fizeram tremer, e resolutamente as reprimiu. Enquanto Nick se aproximava da mesa, percebeu que ele não estava andando com sua graça usual.
– Seu ferimento – disse ela. – Dói muito?
– Apenas se me movo muito rapidamente – Os cantos da boca dele se curvaram num sorriso. – Ou se eu tenho de me defender de uma lady feroz.
Ela ignorou aquilo.
– Posso ver o ferimento?
– Não há muito para ver – replicou ele, tirando a camisa de dentro da calça. – Está quase cicatrizado.
– Então por que ainda está coberto com curativo?
– Proteção – disse ele. – O ferimento ainda sangra ocasionalmente. – Nick levantou a camisa, e Eve olhou para a faixa branca ao redor do corpo forte. – Quer que eu remova a bandagem, de modo que você veja que estou falando a verdade?
Eve corou.
– Acredito em você. – Ela gesticulou a mão no ar. – Por favor, ponha sua camisa para dentro da calça.
Nick desabotoou o cós da calça, e ela não foi capaz de resistir à tentação de olhar para a pele exposta do estômago e abdômen retos, uma pele firme e suave com uma sombra de pelos pretos cacheados, uma sombra que continuava descendo em direção a… Eve desviou os olhos. Não deveria pensar nesse tipo de coisa, porque tais pensamentos lhe causavam uma excitação interior e deixavam seus joelhos fracos. Sentou-se abruptamente à mesa, unindo as mãos no colo enquanto ele terminava de arrumar as roupas no corpo. Nick Wylder era um patife. Não deveria pensar nele de nenhuma outra forma. Martha entrou de novo no quarto e, enquanto se ocupava varrendo os cacos de vidro, Eve tentou se concentrar na história de Nick, e não no corpo dele. O mero pensamento de jantar na companhia dele fez sua boca secar; a mesa era tão pequena que os joelhos deles quase se tocariam por baixo. Ela o observou seguir Martha até a porta, e trancá-la depois que sua criada saiu. Eve não tinha certeza se isso a fazia se sentir mais ou menos segura. Era quase como ser trancada com um tigre, pensou quando ele se virou e começou a se aproximar.
– Não consigo acreditar que Bernard está envolvido em contrabando. – Nervos tornaram a voz de Eve mais aguda do que ela pretendia. – Ele é um tolo detestável, mas eu não posso pensar tão mal dele.
Nick serviu vinho na taça dela.
– Não pode? Este é um mercado muito lucrativo.
Eve ficou silenciosa. Após um momento, disse devagar:
– Acho que contei a você certa vez que Bernard estava sempre visitando vovô, pedindo-lhe dinheiro, indo para Makerham a fim de se esconder dos credores.
– Mas não recentemente?
– Não. Você o viu no casamento; um casaco novo moderno e uma carruagem própria. – Ela pausou enquanto cortava uma fatia de presunto e colocava-a no prato. – Ele questionou o sr. Didcot sobre Monkhurst. Achou que a propriedade fizesse parte dos bens de vovô. – Eve uniu as mãos, seus dedos se apertando uns contra os outros, até que suas articulações ficassem brancas. – Bernard começou a… a insinuar que eu devia me casar com ele, agora que você estava… que eu estava…
– Agora que você estava viúva.
– Sim. – Ela não o olhou. – Foi por isso que eu saí de Makerham. Tive medo que ele pudesse… tentar me forçar.
– Apenas por isso, eu o espancaria – murmurou Nick com raiva.
Ela deu um pequeno sorriso.
– Obrigada. Mas não pode culpá-lo; Bernard acredita que você está morto. Não é isso que você queria, pegar os vilões desprevenidos?
– Sim, mas não era somente isso. Achei que a mentira protegeria você. Uma vez que Chelston soubesse que eu estava atrás dele, temi que tentasse me atingir através de você. Fazer Chelston pensar que eu estava fora do caminho removia tal ameaça. Todavia, quando Sir Benjamin morreu, eu sabia que seu primo não perderia tempo em reivindicar sua herança, e se suspeitasse das notícias de minha morte, então você correria um perigo ainda maior. Foi por isso que pedi a Richard para levá-la até a minha família no norte. Eu poderia ter certeza de que você estaria segura lá. – Os olhos azuis se suavizaram. – Não sabia na ocasião que a mulher com quem me casei era tão teimosa.
– Se o sr. Granby tivesse me contado a verdade…
– Pobre Richard, estava meramente cumprindo as minhas ordens. – Nick hesitou. – Eu não sabia… eu não sabia se podia confiar em você.
Eve tremeu, a tristeza inundando seu coração. Era como pensara.
– E agora? – Ela olhou para cima. Os olhos azuis estavam escuros na luz de velas. Inescrutáveis.
– Agora eu não tenho escolha. – Nick estendeu o braço sobre a mesa para lhe pegar a mão. – Não posso lamentar que você sabe a verdade, Eve, mas este é um jogo perigoso. Aconselho que deixe Granby escoltá-la até Yorkshire, para a proteção da minha família. Eu a encontrarei lá quando terminar meu trabalho aqui.
– Você ainda pode ser morto.
Ele riu.
– Acredite, querida, enfrentei perigos maiores que Chelston e sua gangue!
Nick estava segurando a mão dela, o toque quente e confortável, e sorria daquele jeito impulsivo que a convidava a participar da aventura. Eve engoliu em seco.
– Deixe-me ficar. – Ela ouviu as palavras saindo da própria boca. – Deixe-me ficar e participar disso. – Subitamente, ela se sentia impulsiva, não mais com medo da vida. Ergueu o queixo. – Se você vai arriscar a vida, quero estar por perto para saber de tudo!
Nick a estudou com intensidade.
– Tem certeza, Evelina?
Encontrou-lhe o olhar com firmeza. As semanas desde que fora embora de Makerham tinham sido as mais terríveis de sua vida. Seu avô estava em paz, não havia mais nada a ser feito por ele, mas a ideia de estar a mais de trezentos quilômetros de Nick não lhe agradava. Não se importava com ele agora, é claro, mas Nick era seu marido, e Eve conhecia seu dever.
– Sim, tenho certeza – respondeu ela finalmente. – Irei morar em Monkhurst e ser seus olhos e ouvidos lá.
Afastando a cadeira, Nick se levantou, rodeou a mesa e colocou-a de pé e no círculo de seus braços. Ela abriu as mãos sobre o peito largo, tentando impedir o contato mais íntimo, mas durante o tempo todo seu coração estava batendo descompassado contra as costelas, deixando-a ofegante. Ele a fitou, a boca tentadoramente perto.
– Isso pode ser perigoso – murmurou Nick.
– Ser sua esposa é perigoso, Nick Wylder!
Com uma risada, ele se inclinou para beijá-la, e Eve precisou de toda sua força de vontade para virar a cabeça para o outro lado.
– Não – sussurrou ela, fechando os olhos quando os lábios dele traçaram beijos leves ao longo de seu pescoço, causando tremores de deleite em seu corpo traidor.
– Você não pode negar que me quer – murmurou ele. A respiração quente na pele de Eve a fez tremer de novo, enfraquecendo sua resolução.
– Não, mas.. não… confio… em você.
Os beijos leves como borboletas pararam. Nick levantou a cabeça.
– Ah.
– Sinto muito – sussurrou ela.
– Você não tem nada pelo que se desculpar, querida. A culpa é minha. – Ele lhe segurou o queixo e inclinou-lhe o rosto na direção do seu. – E também sou culpado por estes círculos escuros sob seus olhos – acrescentou, roçando o polegar gentilmente no rosto dela. – Que vilão eu sou de envolvê-la nisso.
Zangada, ela bateu na mão dele para afastá-la.
– Sim, você é, e nunca o perdoarei.
– Nunca é um longo tempo, querida. – Ele lhe sorriu. – Eu devo tentar fazer você mudar de ideia.
Eve deu de ombros e virou-se de costas, afastando-se.
– Isso não irá adiantar. Estou mais sábia para cair nos seus charmes agora, capitão Wylder.
Ele riu suavemente.
– Veremos. Por enquanto, nós precisamos alimentá-la.
– Não acho que poderia comer alguma coisa.
Nick empurrou-a gentilmente de volta para a cadeira.
– Oh, acho que você pode. – Ele pegou um pequeno pedaço de frango com os dedos e lhe estendeu. – Experimente isto. As partes mais suculentas estão perto do osso.
Pacientemente, ele a persuadiu a comer, oferecendo-lhe fatias de queijo saboroso, e as partes mais suculentas da carne, até que Eve levantou ambas as mãos, protestando que estava satisfeita. Somente então Nick cuidou de suas próprias necessidades. Enquanto jantava, Eve recostou-se na cadeira e deu pequenos goles de seu vinho.
– Nick? Por que você veio para Mermaid?
– Vim encontrar um capitão de um navio, um com mais informações sobre o veleiro preto.
– Você o encontrou? E ele o ajudou?
– Sim e sim. Ele conhece o veleiro, que se chama Merle e navega fora de Boulogne.
– Isso não é onde você disse que Chelston tem seu depósito?
– Sim, é. Tudo que precisamos agora é de uma prova sobre onde o smouch está sendo feito, então poderemos agir. – Ele a fitou. – Mais algumas semanas, meu amor, e tudo isto estará acabado.
Eve não respondeu, mas observou-o enquanto terminava a refeição. A luz das velas e do fogo lançava um brilho dourado no rosto dele, realçando-lhe as maçãs do rosto e a linha forte do maxilar, fazendo os cabelos negros brilharem toda vez que mexia a cabeça. Uma onda de desejo a percorreu, e Eve mordeu o lábio inferior para reprimir um sussurro. Deveria ser cuidadosa ou seu corpo rebelde a trairia. Finalmente, Nick empurrou o prato para mais longe e deu um suspiro de satisfação.
– Nosso anfitrião sabe como agradar os hóspedes. Comida excelente acompanhada pelos mais finos vinhos franceses. – Ele completou as taças.
– E os impostos do vinho foram pagos?
Nick sorriu-lhe.
– Duvido, mas não irei perguntar. Agora, mais uma coisa para terminar a nossa refeição. – Ele pegou uma laranja.
– Não, realmente, já comi demais…
– Nós dividiremos então, mas você comerá um pedaço; a fruta lhe fará bem. – Ele removeu a casca da laranja com dedos hábeis, então cortou-a em gomos. Inclinando-se para a frente, estendeu um pedaço para Eve. – Coma – disse. – Não, não toque; o suco irá sujar suas mãos.
De forma obediente, Eve se inclinou para a frente e permitiu que ele pusesse um gomo da laranja em sua boca. Então assentiu com a cabeça, sorrindo.
– Isto é bom.
Nick estendeu outro pedaço, e desta vez seus dedos lhe tocaram os lábios. Eve queria colocá-los na boca, lamber o suco doce da pele dele. Necessitou de toda sua força de vontade para se afastar. Os olhos de Nick estavam no seu rosto, lendo seus pensamentos, penetrando sua alma. Em tumulto, Eve tentou desesperadamente pensar em alguma coisa para falar. Qualquer coisa, para quebrar a atmosfera perigosa que se instalara entre eles.
– Deveríamos construir uma estufa em Monkhurst. As frutas dariam muito bem lá. Os jardins estão tristemente negligenciados; pedi que Nathanial e Sam limpassem o solo…
– Eve.
– Precisaremos contratar um jardineiro, mas talvez Silas conheça alguém…
Nick levantou-se.
– Meu amor, você pode contratar quantos jardineiros quiser, mas nós não falaremos sobre isso agora. – Ele ajudou-a a se levantar e passou os braços ao seu redor. Eve manteve a cabeça baixa e se preparou. Seu instinto era ceder, inclinar-se contra ele e render-se ao abraço, mas não faria isso. Não poderia, porque sabia muito bem que Nick partiria seu coração. Ele lhe segurou o queixo com a mão e forçou-a a encará-lo. Quando viu os olhos azuis escurecerem com desejo, sentiu o corpo másculo excitado contra o seu, entrou em pânico.
– É claro que, como meu marido, você tem direito de tomar seu prazer comigo, mas peço que faça isso rapidamente. Estou exausta da viagem.
As sobrancelhas de Nick se uniram.
– Do que está falando? Acha que eu sou um monstro, que a tomaria à força?
Nick afrouxou o aperto e Eve deu um passo atrás, então lhe deu as costas, distanciando-se enquanto reunia suas defesas, enquanto reunia toda a raiva e ressentimento que experimentava para se proteger da atração que sentia por ele.
– Você não é um monstro, Sir, mas deve entender que sofri um grande choque. Saí esta manhã pensando em mim mesma como uma viúva, apenas para descobrir que fui enganada.
– E eu lhe expliquei por que isso foi necessário.
Eve virou-se.
– Oh, então isso é o bastante para fazer com que tudo fique bem novamente! Acha que você tem apenas de sorrir e dizer que sente muito, e será perdoado.
– Não, é claro que não…
Eve começou a catalogar as ofensas de Nick, contando-as nos dedos da mão.
– Primeiro, você se casou comigo porque suspeitava que minha família estava envolvida em contrabando. No dia seguinte do nosso casamento, você desaparece, depois envia seu homem para me dizer que tinha morrido afogado. Eu lhe disse, nunca irei perdoá-lo! – Eve cobriu o rosto com as mãos, lutando contra as lágrimas que ameaçavam sufocá-la. Ansiava por sentir os braços de Nick ao seu redor, por ouvi-lo murmurar algumas palavras de conforto, mas havia apenas silêncio, e este parecia se estender infinitamente.
– Tem toda razão, Eve – disse ele finalmente. – Eu me comportei de maneira abominável com você.
Ela olhou para cima. Nick estava vestindo o casaco.
– Aonde você vai?
– Devo ir embora. Não tenho desejo de forçar minhas atenções sobre você, nem a minha companhia, se você me acha tão repulsivo. Perdoe-me, Evelina.
– Vá, então!
Não, não me deixe! As palavras ecoaram na cabeça de Eve, mas ela não podia vociferá-las. Nick abotoou o casaco de lá.
– Richard irá escoltá-la de volta para Monkhurst amanhã. Se você está feliz em permanecer lá, tê-la por perto será um conforto para mim, mas isso pode ser perigoso. Você só precisa falar a palavra a qualquer momento, e Richard a levará até meu irmão.
– Monkhurst é meu lar agora. Ficarei lá. O que você quer que eu faça?
– Observe e espere, mas tome cuidado, e diga a Martha para segurar a língua, porque ninguém mais em Monkhurst sabe que estou vivo. Envie uma mensagem por Richard, se quiser me contatar.
– Eu farei isso.
O coração de Eve disparou quando ele deu um passo na sua direção, mas Nick parou a certa distância e deu-lhe um sorriso apologético.
– Não me transforme num monstro enquanto estou longe de você, querida. Não lhe darei motivo para desconfiar de mim novamente, juro, mas preciso de tempo para lhe provar.
– Espere! – Ela o fitou. Frases como “não vá” e “fique comigo” soaram em sua cabeça, mas em vez disso, ouviu-se dizendo: – Não devo prosseguir para Hastings? Granby deve ter lhe contado que era minha intenção visitar o lugar onde você… morreu. Pode parecer suspeito, se eu não seguir viagem.
– Como você desejar. – Ele lhe sorriu, e a visão daquela covinha incrivelmente atraente fez a respiração de Eve ficar presa na garganta. – Sim, vá para Hastings. Informe ao mundo que alguém está de luto pela minha morte!
Nick beijou os próprios dedos e soprou-lhe o beijo, então se virou e desapareceu pela porta no painel de madeira. Eve observou a porta se fechar depois que seu marido saiu, sentiu o silêncio do quarto a envolvê-la novamente. Então, como se libertada de uma armadilha, atravessou o cômodo e correu os dedos sobre a madeira, tentando encontrar uma maçaneta ou uma alavanca para abrir a porta. Não havia nada. Ela pressionou a orelha no painel. Atenta aos sons, pensou ouvir as botas de Nick nos degraus de madeira, e o barulho abafado da porta se fechando. Ele se fora. Houve uma batida à porta dos criados e Eve atravessou o quarto para destrancá-la. Martha entrou.
– Devo me recolher agora, senhorita. Está ficando tarde, e não quero circular por estas passagens depois que eles apagarem as velas. – Ela olhou para trás do ombro de Eve. – Onde está o amo?
– Ele foi embora. – Eve deu um suspiro longo, mas não conseguiu impedir que as lágrimas escorressem. Martha pôs os braços ao seu redor e conduziu-a para cama.
– Pronto, pronto, srta. Eve. Sente-se aqui e conte tudo que aconteceu para Martha.
– Não… há nada a contar – soluçou Eve. – Eu… nós… tivemos um desacordo e… ele foi… embora.
Eve cedeu às lágrimas e Martha abraçou-a de maneira maternal.
– Bom Deus, srta. Eve, não me diga que ele se forçou sobre você!
– Não – exclamou Eve com uma nova torrente de lágrimas. – É claro que Nick não fez isso. Eu o mandei… embora e… e ele foi! Homem estúpido, estúpido!