II Máquina-de-escrever 

 

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B D G Z, Remington.

Pra todas as cartas da gente.

Eco mecânico

De sentimentos rápidos batidos.

Pressa, muita pressa.

Duma feita surripiaram a máquina-de-escrever de meu mano.

Isso também entra na poesia

Porque ele não tinha dinheiro pra comprar outra.

 

Igualdade maquinal,

Amor ódio tristeza...

E os sorrisos da ironia

Pra todas as cartas da gente...

Os malévolos e os presidentes da República

Escrevendo com a mesma letra...

Igualdade

         Liberdade

    Fraternité, point.

    Unificação de todas as mãos...

 

Todos os amores

Começando por uns AA que se parecem...

O marido que engana a mulher,

A mulher que engana a marido,

Os amantes os filhos os namorados...

 

“Pêsames”.

 

“Situação difícil.

Querido amigo... (E os 50 milréis.)

                     Subscrevo-me

              Admor. obgo.”

E a assinatura manuscrita.

 

Trique... Estrago!

É na letra O.

Privação de espantos

Pras almas especulas diante da vida!

Todas as ânsias perturbadas!

Não poder contar meu êxtase

Diante dos teus cabelos fogaréu!

 

A interjeição saiu com o ponto fora de lugar!

Minha comoção

Se esqueceu de bater o retrocesso.

Ficou um fio

Tal e qual uma lágrima que cai

E o ponto final depois da lágrima.

 

Porém não tive lágrimas, fiz “Oh!”

Diante dos teus cabelos fogaréu.

A máquina mentiu!

Sabes que sou muito alegre

E gosto de beijar teus olhos matinais.

Até quarta, heim, ll.

 

Bato dois LL minúsculos.

E a assinatura manuscrita.