XXIII
De nada vale inteligência.
Tempo perdido odiar os que devia odiar.
Saudei-o muito sorrindo.
Amor cantou por minha continência...
Ele no entanto foi mesquinho.
Na Semana de Arte Moderna teve um
número de programa que quase ninguém viu:
“A REVELAÇÃO DOS TAMANDUÁS”.
Saudei-o muito sorrindo...
E nem é influência do clima.
Está quente.
Vai chover.
Nuvens danadas.
E cansaço faz calor dentro de mim.
Saudei-o muito sorrindo...
Meu Deus, perdoai-me!
Creio bem que amo os homens por amor dos homens!
Não escreveria mais Ode ao burguês
Nem muitos outros versos de Pauliceia desvairada,
Tenho todo um mapa-múndi de estados-de-alma.
Pauliceia, passagem do equador...
Fazia frio no parnasianismo...
Ara! pra que voltar nas paisagens de dantes!
Dez quilômetros...
Quatro quilômetros...
Treze quilômetros...
O trem continua rápido.
Para em cada estação.
Me penteio no espelho.
– Você mudou bastante.
– Estou mais forte.
NO ENTANTO ERA UM DESCONHECIDO.
Desço.
Mas o sargento apita.
Aviso.
Torna a apitar.
Subo de novo.
Trem em marcha...
Onde irá dar a mobilização da vida!