Momento 

Novembro de 1925

 

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Ninguém ignora a inquietação do clima paulistano...

Pois tivemos hoje uma arraiada fresca de neblina.

 

Depois do calorão duma noite maldita, sem sono,

Uma neblina leviana desprendeu das nuvens lisas

E pousou um momentinho sobre o corpo da cidade.

Ôh como era boa, e o carinho que teve pousando!

Não espantou, não bateu asa, não fez nenhuma bulha,

Veio, que nem beijo de minha mãe se estou enfezado

Vem mansinho, sem medo de mim, e pousa em minha testa.

Assim neblina fez, e o sopro dela acalmou as penas

Desta cidade histórica, desta cidade completa,

Cheia de passado e presente, berço nobre onde nasci.

Os beijos de minha mãe são tal-e-qual a neblina madruga...

Meu pensamento é tal-e-qual São Paulo, é histórico e completo,

É presente e passado e dele nasce meu ser verdadeiro...

Vem, neblina, vem! Beija-me, sossega-me o meu pensamento!