XVIII
ANNABETH
NAQUELA NOITE ANNABETH DORMIU E não teve pesadelos, o que a deixou preocupada ao acordar — como se fosse a calmaria antes da tempestade.
Leo ancorou o navio em um píer no Porto de Charleston, bem perto do quebra-mar. Ao longo da costa havia um bairro histórico com mansões altas, palmeiras e cercas de ferro forjado. Canhões que eram verdadeiras antiguidades apontavam para a água.
Quando Annabeth chegou ao convés, Jason, Frank e Leo já haviam partido para o museu. Segundo o treinador Hedge, eles haviam prometido voltar antes do pôr do sol. Piper e Hazel estavam prontas para ir, mas primeiro Annabeth voltou-se para Percy, debruçado na amurada de boreste, olhando a baía.
Annabeth pegou a mão dele.
— O que vai fazer enquanto estivermos fora?
— Mergulhar no porto — respondeu ele casualmente, como outro garoto diria: Vou fazer um lanche. — Quero tentar me comunicar com as nereidas locais. Talvez elas possam me dar algum conselho sobre como libertar aqueles cativos em Atlanta. Além disso, acho que o mar vai me fazer bem. Estar naquele aquário fez com que eu me sentisse... sujo.
Seu cabelo estava escuro e embaraçado como sempre, mas Annabeth pensou na mecha grisalha que ele costumava ter em um dos lados. Quando os dois tinham quatorze anos, haviam se revezado (involuntariamente) para sustentar o peso do céu. O esforço deixara alguns fios brancos em seus cabelos. No último ano, durante o sumiço de Percy, as mechas grisalhas haviam finalmente desaparecido, o que deixou Annabeth triste e um pouco preocupada. Tinha a sensação de ter perdido um elo simbólico com ele.
Annabeth o beijou.
— Boa sorte, Cabeça de Alga. Volte para mim, o.k.?
— Vou voltar — prometeu ele. — Você também.
Annabeth tentou reprimir sua crescente inquietação.
Ela voltou-se para Piper e Hazel.
— Muito bem, garotas. Vamos encontrar o fantasma do parque Battery.
* * *
Mais tarde, Annabeth desejou ter pulado nas águas do porto com Percy. Ela teria preferido até mesmo um museu cheio de fantasmas.
Não que se importasse de andar com Hazel e Piper. De início, elas se divertiram percorrendo a área. Segundo as placas, o parque litorâneo se chamava White Point Gardens. A brisa do mar afastava o calor abafado da tarde de verão, e estava agradavelmente fresco à sombra das palmeiras. Ladeando o caminho viam-se velhos canhões da Guerra de Secessão e estátuas de bronze de figuras históricas, o que fez Annabeth estremecer. Ela pensou nas estátuas na cidade de Nova York durante a Guerra dos Titãs, que tinham ganhado vida graças à sequência de comando Dédalo vinte e três. Annabeth se perguntou quantas outras estátuas pelo país seriam autômatos, à espera de alguém que as acionasse.
O Porto de Charleston reluzia ao sol. De ambos os lados, faixas de terra estendiam-se como braços cercando a baía, e, situada na boca do porto, a cerca de um quilômetro e meio da margem, havia um forte de pedra em uma ilha. Annabeth lembrava-se vagamente de aquele forte ter sido importante na Guerra Civil, mas não pensou muito no assunto.
Passou a maior parte do tempo sentindo o cheiro da maresia e pensando em Percy. Que os deuses não permitissem que ela um dia tivesse que terminar com ele. Jamais poderia ver o mar de novo sem lembrar-se de seu coração partido. Ficou aliviada quando se afastaram do quebra-mar e começaram a explorar o restante dos jardins.
O parque não estava cheio. Annabeth imaginou que a maior parte dos habitantes da cidade havia viajado de férias ou estava em casa fazendo a sesta. Elas perambularam ao longo da South Battery Street, com suas mansões coloniais de quatro andares, paredes de pedra cobertas por hera e fachadas com altas colunas brancas, como templos romanos. Nos jardins brotavam muitas roseiras, madressilvas e buganvílias carregadas de flores. Parecia que várias décadas antes Deméter havia ajustado o timer para que todas aquelas plantas crescessem e então se esquecera de voltar para conferir.
— Lembra um pouco Nova Roma — observou Hazel. — Todas essas mansões e os jardins. As colunas e os arcos.
Annabeth assentiu com a cabeça. Lembrou-se de ter lido como o Sul dos Estados Unidos antes da Guerra Civil muitas vezes se comparava a Roma. Antigamente a alta sociedade local tinha grande interesse em arquitetura grandiosa, honra e códigos de cavalheiros. E, pelo lado negativo, também apoiara a escravidão. Roma tinha escravos, alguns sulistas haviam argumentado, então por que nós não podemos?
Ela estremeceu. Adorava aquela arquitetura. As casas e jardins eram muito bonitos, muito romanos, mas ela se perguntou por que coisas bonitas tinham que ser maculadas por fatos históricos terríveis. Ou seria o contrário? Talvez a história terrível tornasse necessário construir coisas bonitas, para mascarar os aspectos mais sombrios.
Annabeth balançou a cabeça. Percy detestava quando ficava tão filosófica. Se tentasse falar com ele sobre essas coisas, o namorado acabava com os olhos vidrados.
As outras garotas não estavam muito falantes.
Piper ficava o tempo todo olhando em volta, como se esperasse uma emboscada. Dissera que tinha visto o parque na lâmina de sua adaga, mas não dera muitos detalhes. Annabeth achava que ela estava com medo. Afinal, da última vez que Piper tentara interpretar uma de suas visões, Percy e Jason haviam quase se matado no Kansas.
Hazel também parecia preocupada. Talvez estivesse examinando os arredores ou talvez estivesse preocupada com o irmão. Se não o encontrassem e libertassem em menos de quatro dias, Nico estaria morto.
Annabeth também sentia o peso daquele prazo. Sempre tivera sentimentos conflitantes em relação a Nico di Angelo. Suspeitava que ele nutria uma paixonite por ela desde que haviam resgatado sua irmã mais velha, Bianca, e ele naquela academia militar no Maine; mas Annabeth nunca sentira o mesmo por Nico. Ele era jovem e mal-humorado demais. Havia uma melancolia nele que a perturbava.
No entanto, ela sentia-se responsável por ele. No passado, quando se conheceram, nenhum dos dois sabia da existência da meio-irmã dele, Hazel. Naquela época, Bianca era o único parente vivo de Nico e, quando ela morreu, Nico se tornou um órfão sem-teto, vagando pelo mundo sozinho. Annabeth sabia o que era isso.
Ela estava tão mergulhada em seus pensamentos que poderia ter continuado andando pelo parque para sempre, mas Piper agarrou seu braço.
— Ali.
Ela apontou para o outro lado do porto. A uns cem metros da margem, uma figura branca tremeluzente flutuava sobre a água. A princípio, Annabeth pensou que pudesse ser uma boia ou um barquinho refletindo a luz do sol, mas aquilo estava decididamente reluzindo e se movendo de maneira mais suave que um barco, dirigindo-se em linha reta na direção delas. À medida que se aproximava, Annabeth pôde ver que era a figura de uma mulher.
— O fantasma — disse ela.
— Aquilo não é um fantasma — falou Hazel. — Nenhum tipo de espírito brilha tanto assim.
Annabeth decidiu acreditar nela. Não conseguia imaginar como era a vida para Hazel, tendo morrido tão jovem e voltado do Mundo Inferior, sabendo mais dos mortos que dos vivos.
Como se estivesse em um transe, Piper atravessou a rua na direção do quebra-mar, evitando por pouco um cavalo que puxava uma carruagem.
— Piper! — chamou Annabeth.
— É melhor a seguirmos — disse Hazel.
Quando Annabeth e Hazel a alcançaram, a aparição fantasmagórica estava a poucos metros.
Piper a olhava, furiosa, como se a visão a ofendesse.
— É ela — grunhiu.
Annabeth olhou para o fantasma, estreitando os olhos, mas a figura cintilava tanto que não dava para distinguir os detalhes. Então ela flutuou, atravessando o quebra-mar, e parou diante das garotas. Seu brilho enfraqueceu.
Annabeth ficou de boca aberta. A mulher tinha uma beleza de tirar o fôlego e era estranhamente familiar. Era difícil descrever seu rosto; as feições pareciam mudar das de uma glamorosa estrela de cinema para outra. Os olhos brilhavam alegremente — às vezes verde, azul ou âmbar. Os cabelos passavam de louro, liso e comprido a cacheado e castanho-avermelhado.
Annabeth sentiu inveja no mesmo instante. Sempre quis ter cabelos escuros. Tinha a sensação de que ninguém a levava a sério porque era loura. Precisava se esforçar duas vezes mais para ter reconhecimento como estrategista, arquiteta, conselheira sênior — qualquer coisa relacionada ao intelecto.
A mulher estava vestida como uma beldade sulista, exatamente como Jason descrevera. O vestido tinha um corpete decotado de seda cor-de-rosa e uma saia de três camadas com renda branca e anáguas. Ela usava luvas longas de seda branca e segurava junto ao peito um leque de penas cor-de-rosa e brancas.
Tudo nela parecia calculado para fazer Annabeth sentir-se inferior: a graça natural com que o vestido lhe caía, a maquiagem discreta e perfeita, a maneira como irradiava um charme feminino a que nenhum homem poderia resistir.
Annabeth percebeu que sua inveja era irracional. A mulher estava fazendo com que ela se sentisse assim de propósito. Ela já tivera uma experiência assim antes. Annabeth reconheceu a mulher, embora seu rosto mudasse a cada segundo, tornando-se cada vez mais lindo.
— Afrodite — falou ela.
— Vênus? — perguntou Hazel, perplexa.
— Mãe — disse Piper sem nenhum entusiasmo.
— Meninas!
A deusa abriu os braços como se quisesse dar um abraço nas três. As semideusas não aquiesceram. Hazel recuou até bater em uma palmeira.
— Que bom que vocês vieram — disse Afrodite. — A guerra está se aproximando. O derramamento de sangue é inevitável. Portanto, só resta uma coisa a fazer.
— Hã... e isso seria? — arriscou Annabeth.
— Ora, tomar um chá e bater um papo, obviamente. Venham comigo!
* * *
Afrodite sabia como oferecer um chá.
Ela levou as meninas até o pavilhão central nos jardins: um gazebo de colunas brancas, onde havia uma mesa posta com talheres de prata, xícaras de porcelana e, naturalmente, uma chaleira fumegante, cujo aroma mudava com a mesma frequência que a aparência da deusa — canela, jasmim ou hortelã. Havia travessas de biscoitos, bolos e muffins, manteiga fresca e geleia — tudo, Annabeth calculou, incrivelmente calórico; a menos, é claro, que você fosse a deusa imortal do amor.
Afrodite sentou-se — ou melhor, as recebeu — em uma cadeira rainha de vime com espaldar alto. Ela serviu chá e bolos sem deixar cair uma só migalha na roupa, com a postura sempre perfeita e o sorriso deslumbrante.
Quanto mais ficavam ali sentadas, mais Annabeth a odiava.
— Ah, minhas doces meninas — falou a deusa. — Amo Charleston! Os casamentos a que assisti neste gazebo... me trazem lágrimas aos olhos. E os bailes elegantes nos tempos do Antigo Sul. Ah, eram uma graça. Muitas dessas mansões ainda têm estátuas minhas nos jardins, embora aqui me chamem de Vênus.
— Quem é você? — perguntou Annabeth. — Vênus ou Afrodite?
A deusa bebericou o chá. Seus olhos cintilavam cheios de malícia.
— Annabeth Chase, você se tornou uma moça muito bonita, mas devia fazer alguma coisa com seu cabelo. E, Hazel Levesque, essas roupas...
— Minhas roupas?
Hazel baixou os olhos para o jeans amarrotado, não constrangida, mas perplexa, como se não conseguisse imaginar o que havia de errado com ele.
— Mãe! — repreendeu Piper. — Você está me envergonhando.
— Ora, não vejo por quê — disse a deusa. — Só porque você não dá importância a minhas dicas de moda, Piper, não significa que as outras não vão gostar. Eu poderia fazer uma rápida transformação em Annabeth e Hazel, quem sabe usamos vestidos de baile como o meu...
— Mãe!
— Está bem. — Afrodite suspirou. — Respondendo à sua pergunta, Annabeth, eu sou ambas: Afrodite e Vênus. Ao contrário de muitos dos meus colegas olimpianos, mudei muito pouco de uma era para a outra. Na verdade, gosto de pensar que o tempo não passou nadinha para mim! — Seus dedos tocaram o próprio rosto com orgulho. — Afinal, o amor é o amor, seja você grego ou romano. Essa guerra civil não vai me afetar tanto quanto aos outros.
Que maravilha, pensou Annabeth. A sua mãe, a olimpiana mais equilibrada, estava transformada em uma maluca delirante e vingativa em uma estação do metrô. E, de todos os deuses que poderiam ajudá-los, os únicos não afetados pela divisão greco-romana pareciam ser Afrodite, Nêmesis e Dioniso. Amor, vingança, vinho. Muito útil.
Hazel mordiscou um biscoito coberto de açúcar.
— Ainda não estamos em guerra, minha senhora.
— Ah, querida Hazel. — Afrodite fechou o leque. — Tanto otimismo... No entanto você tem dias angustiantes à frente. É claro que a guerra se aproxima. Amor e guerra sempre caminham juntos. São os pontos altos da emoção humana! O mal e o bem, a beleza e a feiura.
Ela sorriu para Annabeth, como se soubesse que a garota estivera pensando sobre o Antigo Sul.
Hazel deixou de lado o biscoito doce. Havia algumas migalhas em seu queixo, e Annabeth gostava do fato de Hazel não perceber ou não se importar com isso.
— O que você quer dizer — perguntou Hazel — com “dias angustiantes”?
A deusa riu, como se Hazel fosse um cachorrinho fofo.
— Bem, Annabeth pode lhe dar algumas pistas. Uma vez prometi a ela que ia tornar a vida amorosa dela interessante. E não foi o que fiz?
Annabeth quase quebrou a alça da xícara. Durante anos, tivera o coração partido. Primeiro, Luke Castellan, sua primeira paixão, que a via apenas como uma irmã; então ele passara para o lado do mal e decidira que gostava dela — pouco antes de morrer. Em seguida veio Percy, que era irritante, porém doce, mas que parecera estar interessado em uma garota chamada Rachel durante uma época, e ele também quase morrera várias vezes. Por fim, Annabeth conseguira ficar com Percy, só para vê-lo desaparecer por seis meses depois de perder a memória.
— Interessante é um eufemismo — observou Annabeth.
— Bem, não posso levar o crédito por todos os seus problemas — disse a deusa. — Mas, sim, adoro reviravoltas em uma história de amor. Ah, todas vocês são excelentes histórias... quer dizer, garotas. Vocês me enchem de orgulho!
— Mãe — cortou Piper —, existe alguma razão para você estar aqui?
— Hein? Ah, você quer dizer além do chá? Eu sempre venho aqui. Adoro a vista, a comida, a atmosfera... simplesmente dá para sentir o cheiro de romance e corações partidos no ar, não é? Séculos disso.
Ela apontou para uma mansão próxima.
— Estão vendo aquela sacada na cobertura? Fizemos uma festa ali na noite em que a Guerra de Secessão começou. A batalha de Forte Sumter.
— É isso — lembrou Annabeth. — A ilha no porto. Foi onde aconteceu a primeira batalha da Guerra de Secessão. Os confederados bombardearam as tropas da União e tomaram o forte.
— Ah, que festa! — falou Afrodite. — Um quarteto de cordas, e todos os homens em seus elegantes uniformes de oficiais novos em folha. Os vestidos... vocês deviam ter visto! Dancei com Ares... ou era Marte? Acho que eu estava um pouco tonta. E as lindas explosões de luz do outro lado do porto, o rugido dos canhões dando aos homens uma desculpa para abraçar as namoradas assustadas!
O chá de Annabeth estava frio. Ela não comera nada, mas tinha a sensação de que ia vomitar.
— Você está falando do começo da guerra mais sangrenta da história dos Estados Unidos. Mais de seiscentas mil pessoas morreram... mais americanos que na Primeira e na Segunda Guerras Mundiais juntas.
— E as bebidas! — continuou Afrodite. — Ah, eram divinas. O general Beauregard em pessoa compareceu. Ele era um canalha. Estava no segundo casamento, mas vocês deviam ter visto a maneira como olhava para Lisbeth Cooper...
— Mãe! — gritou Piper, atirando seu bolo para os pombos.
— Sim, desculpe — disse a deusa. — Para resumir, estou aqui para ajudá-las, garotas. Duvido que venham a encontrar Hera com frequência. Sua pequena missão não a tornou muito bem-vinda na sala do trono. E os outros deuses estão bastante indispostos, como vocês sabem, divididos entre seus lados romano e grego. Alguns mais do que outros. — Afrodite olhou para Annabeth. — Suponho que você tenha contado a seus amigos sobre a briga com sua mãe...
Annabeth sentiu o rosto esquentar. Hazel e Piper olharam para ela, curiosas.
— Briga? — perguntou Hazel.
— Uma discussão — disse Annabeth. — Não foi nada.
— Nada! — exclamou a deusa. — Bem, não sei, não. Atena era a mais grega de todas as deusas. Era a padroeira de Atenas, afinal. Quando os romanos tomaram o poder... ah, não foram muito hábeis ao adotar Atena. Ela se tornou Minerva, a deusa das artes e da sabedoria. Mas os romanos tinham outros deuses da guerra que eram mais do seu gosto, mais confiáveis para Roma, como Belona...
— A mãe de Reyna — murmurou Piper.
— Sim, de fato — concordou a deusa. — Tive uma conversa agradável com Reyna faz algum tempo, bem aqui no parque. E os romanos tinham Marte, é claro. E mais tarde, surgiu Mitra... que nem mesmo era propriamente grego ou romano, mas ainda assim os legionários ficaram loucos pelo seu culto. Pessoalmente sempre o achei grosseiro e terrivelmente nouveau dieu. De qualquer forma, os romanos quase esqueceram a pobre Atena. Tiraram quase toda sua importância militar. Os gregos nunca perdoaram os romanos por esse insulto. Assim como Atena.
Os ouvidos de Annabeth zumbiam.
— A Marca de Atena... — disse ela. — Leva a uma estátua, não é? Leva até... até a estátua.
Afrodite sorriu.
— Você é inteligente, como sua mãe. Compreenda, porém, que seus irmãos, os filhos de Atena, estão à procura dela há séculos. Ninguém conseguiu recuperar a estátua. Nesse ínterim, eles vêm mantendo viva a rixa entre gregos e romanos. Todas as guerras civis, tanto sangue derramado e corações partidos, foram orquestradas em grande parte pelos filhos de Atena.
— Isso é...
Annabeth queria dizer impossível, mas lembrou-se das palavras amargas de Atena na Grand Central Station, do ódio ardendo em seus olhos.
— Romântico? — sugeriu Afrodite. — Sim, acho que é.
— Mas... — Annabeth tentou se livrar da névoa que embotava seu cérebro. — A Marca de Atena; como funciona? Trata-se de uma série de pistas ou um rastro deixado por Atena...
— Hum. — Afrodite parecia entediada. — Não sei dizer. Não creio que Atena tenha criado a Marca conscientemente. Se soubesse onde se encontra sua estátua, ela simplesmente lhes diria onde encontrá-la. Não... Acho que a Marca é mais como uma trilha de migalhas espirituais. É uma conexão entre a estátua e os filhos da deusa. A estátua quer ser encontrada, veja bem, mas só pode ser libertada por aquele que for digno.
— E há milhares de anos ainda ninguém conseguiu — falou Annabeth.
— Espere aí — disse Piper. — De que estátua estamos falando?
A deusa riu.
— Ah, tenho certeza de que Annabeth pode esclarecer isso para vocês. De qualquer forma, a pista de que precisam está próxima: uma espécie de mapa, deixada pelos filhos de Atena em 1861... Uma lembrança que lhes indicará o caminho certo assim que chegarem a Roma. Mas, como você disse, Annabeth Chase, ninguém teve êxito em seguir a Marca de Atena até seu destino. Lá você enfrentará o seu pior medo... o medo de todos os filhos de Atena. E, mesmo que sobreviva, como usará sua recompensa? Para a guerra ou para a paz?
Annabeth ficou feliz pela toalha comprida, porque, debaixo da mesa, suas pernas tremiam.
— Esse mapa, onde está? — perguntou ela.
— Gente!
Hazel apontou para o céu. Sobrevoando a área em círculos, acima das palmeiras, havia duas grandes águias. Acima delas, descendo rapidamente, vinha uma carruagem voadora puxada por pégasos. Parecia que a distração de Leo com Buford, a mesa, não havia funcionado — pelo menos não por muito tempo.
Afrodite espalhou manteiga em um muffin, como se tivesse todo o tempo do mundo.
— Ah, o mapa está em Forte Sumter, é claro. — Ela apontou a faca cheia de manteiga na direção da ilha do outro lado do porto. — Parece que os romanos chegaram para impedi-los. Eu voltaria para o navio bem depressa se fosse vocês. Querem levar uns bolinhos para a viagem?