6 de Fevereiro – 9 de Março de 1919

Comitês

6 de fevereiro, quinta-feira

Pela manhã, examino as reivindicações romenas e tchecas com Charles Seymour e o geógrafo americano major Johnson. Nossas opiniões são exatamente as mesmas. Castoldi, da delegação italiana, no almoço. Foi membro da comissão de delimitação que esteve com Doughty Wylie no sul da Albânia em 1913. Portanto, tem grande conhecimento da área. É um sujeito simpático, muito arguto. À tarde vou com Crowe ver Sir Robert Borden a fim de assessorá-lo sobre as pretensões gregas. É de fácil trato e inteligente, e será um bom representante.

 

7 de fevereiro, sexta-feira

Passo a maior parte do dia traçando fronteiras romenas e tchecas com Charles Seymour, da delegação americana. Um grande trabalho e realmente bem-feito. Divergimos apenas em poucos pontos. Nosso Comitê Grego devia começar os trabalhos hoje, mas foi adiado para segunda-feira e agora ouço dizer que até quinta-feira. Borden está furioso e disposto a armar uma briga. Penso que os italianos estão por trás do adiamento e que ainda confiam em um acordo em separado com os gregos a respeito da Albânia.

 

8 de fevereiro, sábado

Novamente trabalhando o dia inteiro com os americanos. Praticamente cobrimos todos os meus assuntos. A Comissão Romena (Crowe e Allen Leeper) faz sua primeira reunião. O trabalho de fundamento que realizamos em conjunto com os americanos foi realmente valioso. À noite, vou à recepção oferecida por Boni de Castellane.

 

9 de fevereiro, domingo

Triste e deprimido. Caminho até o Crillon e examino as reivindicações gregas com os americanos. Os italianos estão realmente decididos a fazer um acordo em separado com os gregos, pelo qual os distritos gregos ao sul da Albânia ficariam sob seu protetorado albanês, portanto, abrangendo o canal de Corfu. Os americanos estão determinados a não aceitar esse acordo, que os faz lembrar o Congresso de Viena. Com relação à Trácia, permanecem a favor dos búlgaros. Jantar com Titulescu no Café de Paris; Helène Vacarescu presente; um grupo brilhante.

 

10 de fevereiro, segunda-feira

Trabalho o dia inteiro. Três vezes ao telefone com Londres. Jantar no Jockey Club com Brodrick. Muitos franceses por lá. O sentimento contra Wilson e os americanos está crescendo. Execram a Liga das Nações e dizem que a insistência de Wilson em dar prioridade à implantação da Liga está atrasando a paz. Isso não faz sentido, pois ela só é discutida no Comitê após o jantar até meia-noite, e o restante do dia está inteiramente disponível para o Conselho dos Dez tratar de outras coisas.

Ll.G. partiu para Londres a fim de tratar com a Situação de Greve.

 

11 de fevereiro, terça-feira

O Conselho Supremo está ficando alarmado com a atitude do Congresso de Weimar e a reconstituída nação alemã. Decide, quando renovar o armistício, impor certas condições que, aceitas, constituam base confiável de uma paz “preliminar,” ou melhor, militar. Poderão, então, fazer a desmobilização na velocidade que desejarem. Os franceses estão sempre imprecando contra Lloyd George por desmobilizar muito depressa, enquanto nossos próprios estudos o acusam de não estar sendo suficientemente rápido na desmobilização. Entrementes, o poder militar da Aliança se derrete. Há rumores de grande agitação no seio das tropas francesas e inglesas.

Ontem, um terrível ataque a Wilson no Figaro. Ouço falar que está furioso e ameaça transferir a conferência para Genebra. Seria uma boa coisa, se o fizesse.

 

12 de fevereiro, quarta-feira

Almoço no Maturin com Venizelos e Talbot. O primeiro muito ansioso por ouvir a respeito do Comitê Grego (e não “Comissão” – Crowe, sendo um homem de absoluta precisão verbal, não me permite chamar de “Comissão.” “Meu caro Nicolson, uma comissão é um órgão enviado a algum determinado lugar; um órgão situado na origem do trabalho é um comitê”). Seja como for, nosso Comitê se reúne na Grande Salle à Manger do Quai d’Orsay às quatro da tarde, Jules Cambon preside. Outros membros, Laroche, de Martino, Castoldi, Day, Charles Seymour, Borden, Crowe – e eu, como “delegado técnico.” Discutimos o Épiro setentrional. Ninguém quer mostrar suas cartas, e Cambon nos diz para irmos embora e voltarmos com alguma coisa a ser mostrada num mapa.

O Conselho Supremo tem uma reunião acalorada sobre a renovação do Armistício.

 

13 de fevereiro, quinta-feira

Um sintoma de gripe, ou, no mínimo, um forte resfriado. Martino e Castoldi no almoço. Gasto a maior parte da tarde meditando em cima dos mapas do Épiro setentrional. Também fui designado para o Comitê Tcheco. Meu chefe é Sir Joseph Cook, primeiro-ministro de Nova Gales do Sul.

 

14 de fevereiro, sexta-feira

Passo a manhã assessorando Sir Joseph Cook em suas funções...Terceira reunião plenária da Conferência. Wilson apresenta sua minuta de Covenant (a Convenção da Liga). Em seguida, deixa Paris rumo a Washington, para estar presente ao início do recesso do Congresso. Chove torrencialmente.

 

15 de fevereiro, sábado

O Comitê Grego adiado por de Martino estar doente. Borden fica indignado e escreve dura carta a Jules Cambon. Mais tarde Crowe encontra de Martino no almoço. Tudo bem italiano. Tenho uma longa e desagradável entrevista com o velho Bouchier, do Times. Ele lamenta muito a derrota da Bulgária; está velho, surdo e confuso. Jantar com Lutyens no Meurice e de volta ao Majestic, onde acontece um baile. O Príncipe de Gales presente, ainda acanhado e tristonho.

 

16 de fevereiro, domingo

Renovado o Armistício. Caminho até o Dufayel Club para almoçar. Quando passo pela Champs Elysées, vejo caminhando em minha direção um sargento inglês com ar muito estranho. Vejo que está aos prantos, grossas lágrimas correndo pelas faces. Reconheço então Walter Wilson, auxiliar, secretário e companheiro de Mark Sykes. Aproxima-se de mim. Está soluçando muito. Diz-me que Mark está morrendo e que vai telefonar para Londres ou para Sledmere, a fim de avisar seu procurador e a família. Lady Sykes está aqui.

 

17 de fevereiro, segunda-feira

Mark Sykes morreu na noite passada no Hotel Lotti. Sinto profundamente. É uma grande perda. A seu incansável esforço e perseverança, a seu entusiasmo e fé se deve o fato de o nacionalismo árabe e o sionismo terem sido duas das mais vitoriosas de nossas causas na guerra. Para assegurar o reconhecimento daquilo em que acreditava, teve de lutar contra a ignorância do Foreign Office, a desconfiança do India Office, a avareza do Tesouro, os obstáculos do Ministério da Guerra e a idiotice do Almirantado. Mas venceu tudo por um dinamismo inconfundível. Cometeu erros, claro, tal como o Tratado Sykes-Picot, mas foi fiel a suas ideias com a força de seu espírito. Vou sentir sua falta – impetuoso, espirituoso, desleixado, gorducho, gentil, nervoso – rindo de suas próprias piadas e dos desenhos que rabiscava (aquela caneta marrom esboçando figuras, e Mark dando risadas enquanto as desenhava). Estou caído e triste. Ele tinha posição na Câmara dos Comuns e poderia fazer muita coisa boa atualmente, quando a assembleia parece guiada por histeria e neurose de guerra.

Jantar com Latham, da delegação australiana. É secretário de Hughes. Pobre homem. Capaz e curioso.

 

18 de fevereiro, terça-feira

Comitê Grego pela manhã. Discutimos o Épiro setentrional. Ao sul de Voiussa nossa linha coincide com a dos americanos. Os franceses querem ceder Koritsa aos gregos. Crowe está propenso a concordar, mas rogo a ele que não revele sua decisão.

À tarde, os iugoslavos comparecem ao Conselho dos Dez. Os idiotas reivindicam Trieste. Na fase final surge uma discussão sobre as pretensões iugoslavas também serem tratadas por um comitê semelhante aos outros. Os italianos se recusam definitivamente a submeter a qualquer Comitê a questão de “fronteiras que afetem direta ou indiretamente os interesses italianos.” Tampouco deixarão que tais questões sejam tratadas pelo P.W. na condição de mediador. Por fim, decide-se que deve ser organizado um comitê iugoslavo, mas que lhe caberá somente examinar os trechos da fronteira iugoslava nos quais não há interesses italianos envolvidos. Isto caberá ao Comitê Romeno.

 

19 de fevereiro, quarta-feira

Comitê Grego às dez horas. Lá ficamos, esperando por Jules Cambon, que não aparece. É quando enfia a cabeça pela fresta da porta e diz que Clemenceau foi assassinado. Pede a Borden para continuar enquanto ele vai à Rue Franklin, onde mora o velho Clemenceau, a fim de saber a verdade. Começamos uma conversa um tanto sem sentido sobre o Épiro setentrional, quando finalmente Jules Cambon retorna. Diz que o velho não morreu, mas que está com uma bala no pulmão; e prossegue: “Le médecin lui a défendu de parler, mais le vieux gaillard cause tout le temps.” Manifestações de simpatia. Crowe, na excitação do momento, diz que seu cunhado tem uma bala no pulmão desde a guerra de 1870. “Ah,” diz Cambon, “aussi un boulet boche.” Crowe sorriu em silêncio. Então voltamos ao Épiro setentrional. No caminho de volta ao Majestic, Crowe diz que a bala que permanece no pulmão de seu cunhado na verdade era francesa, pois ele é alemão. Falamos de coragem moral. Se Crowe deveria naquele momento ter contradito Cambon dizendo: “Não, era uma bala francesa!” Crowe diz que realmente deveria e que se sentia um verme por não ter procedido assim. Replico que não deveria, que teria demonstrado falta de senso de oportunidade. “Está enganado,” diz Crowe. Dear Crowe!

Enquanto isso, no Comitê vamos em frente com o Épiro setentrional. Os italianos apresentam um almirante ridículo que explica demoradamente quanto o canal de Corfu é fundamental para o futuro da Itália. Em seguida, Martino religa o velho Castoldi, para que nos explique tudo sobre a comissão de limites de 1913. Felizmente trouxe comigo o procès verbaux dessa comissão. Castoldi diz que tinham decidido por unanimidade que o distrito de Argyrocastro, creio, devia ficar com a Albânia. Rapidamente dei uma olhada no ponto mencionado. Constava que o delegado italiano, ou seja, o próprio Castoldi, tinha apresentado sua opinião, mas que todos seus colegas tinham discordado. Crowe o leu para todos. Castoldi ficou vermelho. Tentou tumultuar. “Lascia stare,” resmungou Martino para ele. Tudo muito constrangedor. Mas Castoldi, que é um bom sujeito, recebeu bem: “Vous êtes un terrible diable,” disse-me depois. Decidimos não ir adiante até termos ouvido os representantes dos povos em tela.

Depois, para A.J.B. Explico a questão albanesa. Em seguida, trabalho pesado na questão tchecoslovaca.

 

20 de fevereiro, quinta-feira

Comitê Grego pela manhã. Tratamos da Trácia. Concordamos que a pretensão grega em princípio deve ser acatada, e que as três delegações, isto é, nós, os franceses e os ianques, devemos traçar uma linha de fronteira. Como sempre, os italianos são obstrutivos e mal-humorados.

Volta o velho James Bourchier. Quer a Macedônia autônoma incluindo Salônica e Uscub, mas excluindo qualquer território búlgaro. Acho que está um pouco perturbado. É patético e horrível ver esse velho amigo dos tempos de Sofia e de minha infância em circunstâncias tão penosas.

Lady Muriel Paget no jantar. Está em curso de uma missão de ajuda em Praga. Sua energia é atemorizante. Faz correr primeiros-ministros.

 

21 de fevereiro, sexta-feira

Comitê Grego. Ásia Menor. Os americanos expõem sua posição contrária às reivindicações gregas. Apresentamos a nossa, a favor. Os italianos, quando solicitados, dizem inicialmente que a questão não se enquadra em nossos termos de referência e em seguida, vencidos nesse ponto, dizem não ter orientação a respeito e não poderem saber quando a receberão. Os franceses apresentam uma linha mais ou menos como a nossa. Decidimos esperar até que os italianos recebam suas “instruções” (lá o que possam pressagiar; enquanto isso, nos voltamos de novo para a Europa).

Não consigo entender a atitude italiana. Estão se comportando como crianças, aliás crianças rabugentas. Criam obstáculos, atrasam tudo e obviamente pensam que se tornando antipáticos em todos os assuntos obrigarão a Conferência a lhes facilitar as coisas a fim de aquietá-los.

Almoço com Také Ionescu para conhecer Vaida, o líder da Transilvânia. Homem digno e sensato. Queria que todos fossem como ele.

Correndo para o Conselho dos Dez. Os albaneses foram convocados. Estão representados por Turkhan Pasha, que era o embaixador turco em Petrogrado quando meu pai lá estava. Muito, muito velho e abatido. Está acompanhado por Mehemed Bey Konitza, que é moço, alegre e espirituoso.

Jantar com Norman. Grande reboliço com a iminente bancarrota da Áustria. Fico ocupado com isso até uma da manhã.

 

22 de fevereiro, sábado

Sem Comitê pela manhã. Trabalho na dívida austríaca e na fronteira da Trácia. Crowe, muito ocupado com outros comitês, se adapta a confiar em mim na preparação de nossos documentos e nossas linhas; Borden confia em Crowe; geralmente o Comitê aceita as opiniões de nossa delegação. Portanto, a responsabilidade é grande. Passo a maior parte da tarde na antessala do Quai d’Orsay, onde o Conselho dos Dez deveria estar tratando da Albânia. Mas estancam na discussão de um futuro procedimento, e a questão albanesa não é abordada. Perda de tempo precioso. Recebemos ordem para que todos os relatórios de todos os Comitês sejam enviados no máximo até 8 de março.

 

23 de fevereiro, domingo

Folga. Com Allen Leeper e Rhys Carpenter à Forêt de St. Germain. Um toque de primavera nos ramos enegrecidos.

 

24 de fevereiro, segunda-feira

Comitê Grego pela manhã. Venizelos fora convocado para apresentar provas diante do Comitê. Chegamos e o encontramos já acomodado na grande Salle à Manger, onde fazemos nossas reuniões. Sentado sozinho em uma pequena cadeira dourada, com seu gorro preto. Finalmente chega Jules Cambon, e Venizelos sai enquanto discutimos entre nós as perguntas que vamos lhe fazer. Nós próprios não propusemos perguntas. Os italianos sugeriram várias. Devem ter estudado a declaração de Venizelos dirigida aos Dez e selecionado os pontos mais embaraçosos. Algumas dessas perguntas foram desautorizadas por Cambon, considerando que se destinavam unicamente a pôr Venizelos em situação desconfortável. Após essa escaramuça preliminar, Venizelos foi trazido da sala vizinha. Cheguei a esperar que começasse dizendo, “Animal, vegetal ou mineral?” Mas não o fez. É extraordinariamente franco, amável e sutil. Seu encanto ilumina o salão. Como sempre, conta com o brilho de sua personalidade, porém o gelo não chegou a ser quebrado. Estas “audiências,” mesmo perante um assim chamado grupo de especialistas, são uma farsa. Almoço com Osusky e Muriel Paget. O primeiro é o agente tcheco em Londres com um belo sotaque de Chicago. Aparenta grande moderação.

Em seguida, de volta ao Quai d’Orsay. O Conselho dos Dez põe o velho Turkhan Pasha diante da questão albanesa, ou melhor, ao contrário. Turkhan tem um volume de páginas datilografadas diante de si e alisa monotonamente sua barba tingida. Os Dez batem papo e riem enquanto ele prossegue. Um tanto deprimente. Por fim, toda a questão albanesa é encaminhada a nosso Comitê Grego, o que significa ainda mais trabalho.

Volto a pé com Day para o Crillon, e estudamos possíveis limites da Trácia. Tarefa desanimadora. Como podemos cometer erros! Um mapa, um lápis, papel transparente. Mas minha coragem desaparece quando penso nas pessoas que nossas linhas incertas incluem ou excluem, na felicidade de muitos milhares de pessoas. Como é difícil combinar rapidez com exatidão! Não há mais nada a aprender em livros, estatísticas, mapas, entrevistas. Ainda assim, existe um elemento humano decisivo e indefinido em algum lugar, por trás de tudo, e também por trás de todas essas mentiras intermináveis. Em menos de cinco anos, é impossível descobrir qual é a maioria e o que ela realmente deseja. Nossas opiniões e decisões não podem deixar de ser empíricas, orientadas apenas por uma verdadeira honestidade de propósitos.

Day me diz que os franceses estão tentando conseguir que Wilson os deixe ficar com o Reno. Sie sollen ihn nicht haben...

 

25 de fevereiro, terça-feira

Dia “livre.” De manhã, vou ver Venizelos no Mercedes e falamos sobre as fronteiras da Trácia. Trabalho pesado o dia inteiro.

 

 

delegação inglesa

paris

25 de fevereiro, 1919

meu querido pai

Lady Muriel Paget conversou comigo ontem esperando contar com sua concordância em emprestar seu nome ao Fundo de Ajuda à Tchecoslováquia, que está sendo criado mais ou menos sob direção de Sir Samuel Hoare. Espero que você autorize, não apenas porque integro a Comissão Tchecoslovaca aqui, mas também porque sinto que é nosso dever fazer todo o possível para atenuar as consequências do bloqueio sobre os povos dominados que assumiram riscos e atuaram a nosso favor.

A situação na Boêmia é simplesmente pavorosa, há uma absoluta carência de leite e alimentos básicos, de modo que algo em torno de 20% dos bebês nascem mortos e cerca de 40% morrem ao longo do primeiro mês de vida. Sinceramente desejo que você integre o Comitê do fundo e use sua influência junto ao Foreign Office para que se faça alguma coisa, pois esta é a única forma de podermos aliviar a responsabilidade moral gerada por nosso bloqueio.

Quanto à Conferência em geral – está prosseguindo de forma um tanto irresponsável e intermitente. Desperdiçaram seis semanas até instituírem as indispensáveis Comissões e agora disseram a essas infelizes Comissões que seus relatórios têm de ser enviados até 8 de março! Isto quer dizer, claro, que grande parte de minucioso trabalho terá que ser feita às pressas. Embora reconhecendo a importância de haver um limite de prazo, creio que estão pressionando um tanto exageradamente, visando seus próprios objetivos políticos. As Comissões, em particular, compostas apenas por oito membros, são eficientes e valiosas e, obviamente, todo o verdadeiro trabalho da Conferência é realizado por elas. O Conselho dos Dez também devia ser de importância capital e poderoso, mas, como sempre acontece com assembleias imponentes como esta, seus membros desconhecem de tal forma os pontos realmente fundamentais que gastam seu tempo e energia em considerações absolutamente secundárias.

No conjunto, concluo que os americanos ajudam muito, pois estão bem informados e são de mente aberta e extremamente autênticos. Os franceses estão se comportando muito melhor do que eu imaginava e são suficientemente inteligentes para ver que o único caminho a seguir é o da sinceridade e da razão. A grande dificuldade vem do lado dos italianos, e Sonnino é o gênio do mal da peça. Parece ter transmitido à sua delegação uma mot d’ordre para que seja adotada uma tática de retardamento e obstrução, resultando que uma unanimidade de ação fica tolhida em todos os pontos pelos obstáculos premeditadamente colocados pelos italianos. Tudo caminha para uma confusão geral, e estou profundamente preocupado que os italianos prefiram sabotar todo o processo a ter de ceder. A obstinação e malevolência de Sonnino são quase realmente inacreditáveis.

Com relação à nossa própria delegação, Crowe, como se podia prever, está no centro de tudo. Devo dizer que o primeiro-ministro tem sido extremamente justo com o Foreign Office e que a condução de todas as questões essencialmente não políticas e econômicas fica inteiramente em nossas mãos. Em consequência, as numerosas delegações militar e naval aqui presentes estão ficando indignadas e algumas delas já se foram, descontentes.

O trabalho é tão apaixonadamente interessante que não há tempo para se sentir cansado, mas creio que mais um mês ou um pouco mais vai exaurir todos nós. Pondo de lado a tensão do presente trabalho ininterrupto, existe a exaustão moral da constatação de nossa própria falibilidade e de impossibilidade de extrair das mentiras que nos cercam qualquer percepção real do que os vários países e nacionalidades realmente desejam. Dentro do tempo que nos é concedido, só podemos chegar a decisões mais ou menos empíricas, e a única justificativa para tais decisões é a honestidade de propósitos que orienta sua formulação. Sejam quais forem os resultados a que chegarmos, seremos atacados pelos paladinos das causas perdidas, mas devo dizer que sou completamente indiferente a isto.

Não imagina o prestígio que Venizelos desfruta aqui! Ele e Lênin são os dois únicos homens realmente grandes na Europa.

 

26 de fevereiro, quarta-feira

Comitê Grego pela manhã. Continuamos interrogando Venizelos. Formulamos perguntas superficiais sobre a proteção de minorias muçulmanas e como a Grécia pretende tratar a dívida pública otomana. Almoço com Castoldi no Edouard VII. Em seguida, ao escritório de Day. Travo com ele uma batalha a respeito da Trácia. Ele quer afastar os gregos do Mar Negro e pouco se importa com Medea e Symplegades. Mas aceita minha linha em Arda. Os últimos quinze dias têm sido terrivelmente cansativos, e prevejo outros quinze igualmente difíceis. A tensão é assustadora.

À noite, Tyrrell junta-se a mim para oferecermos um jantar no Majestic. Venizelos, Také Ionescu. Contam-nos histórias sobre os Bálcãs. Falam do velho Bourchier com simpatia e respeito, embora ele esteja manipulando os cordéis em favor de seu inimigo. Em seguida, vou com Venizelos a uma reunião social de Boni de Castellane, em sua pequena casa na Rue de Lille. O local está todo iluminado a vela. O próprio Congresso de Viena. Os franceses ouviram dizer que alguns anarquistas gregos estão sequiosos pelo sangue de Venizelos. Somos vigiados por policiais e motociclistas o tempo todo. Desde o atentado a Clemenceau se veem policiais por toda parte em Paris. A festa de Boni é curiosa. Sazonoff, Giers, Boris Savinkoff, Berthelot e o Arcebispo de Spalato. Converso com ele sobre o contrassenso das reivindicações croatas e eslovenas sobre Gorizia e Trieste. Ele respira fundo. “A qui le dites-vous?” – suspira.

 

27 de fevereiro, quinta-feira

Primeira reunião do Comitê Tcheco. Compareço com Sir Joseph Cook. Sua postura é de enfado benevolente, de vez em quando dá um sorriso de desprezo indicando que embora possa desconhecer geografia, assim como o idioma francês, representa um país jovem e progressista, enquanto os outros estão “gastos.” Mas trata-se de um homem agradável e sensível, um anjo de obediência. Discutimos a fronteira tcheca na Boêmia e na Morávia. Concordância. Em seguida, a Silésia. Saliento que não podemos continuar sem saber o que o Comitê Polonês decide. Em consequência, a reunião é suspensa. À tarde, Comitê Grego. Ouvimos as “provas” – Turkhan Pasha, Mehemed Bey Konitza e Tourtoulis pela Albânia; Karapanos e Adamidis pelo Épiro setentrional. Espetáculo nem animador, nem agradável. É triste ver pessoas que vieram de longe, de Dedeagatch ou Adrianople, disporem de apenas dez minutos naquela sala quente, diante de oito pessoas entediadas. Turkhan, em especial, foi digno de pena. Jantar com Benes e Kramarsh e, em seguida, discussão sobre a fronteira tcheca. Benes tem um monte de esboços de mapas desenhados para uso infantil, ou para o “Conseil des Dix.” Kramarsh fala sobre o corredor para ligar a Tchecoslováquia à Iugoslávia. Estou me sentindo exausto e nervoso. Perco a paciência. “Je vous en prie,” tenho uma explosão, “n’en parlez pas. C’est une bêtise.” Ele fica totalmente surpreso, e Lady Muriel Paget, que está presente, olha para mim com seus olhos azuis em reprovação. Volto à realidade. É demais para mim.

 

28 de fevereiro, sexta-feira

Tchecos a manhã toda. O Conselho ouve Weizmann, o sionista. Almoço com Madame de Jouvenel. Boris Savinkoff presente. Foi ele que atirou em Plehve e explodiu o Grão-Duque Serge. Apresenta-se como sendo capaz de reformar a Rússia e diz que pode fazer a jogada com 150 mil homens em seis semanas. Evidentemente esse homem tem muito de especial.

À tarde, novamente os tchecos. O general Lerond presente. Homem admirável. Soldados inteligentes são as pessoas mais eficientes do grupo. Discutimos a fronteira eslovaca e concordamos com relação ao corredor da Rutênia ligando tchecos e romenos. Organizamos um subcomitê para traçar a efetiva linha de fronteira. Consulto um médico que me receita um tônico forte. Jantar com o velho Jules Cambon no Union. É tranquilizante estar na companhia desse senhor – idoso, mordaz, desiludido, mas honrado. Conta-me que o velho Clemenceau, contrariando as recomendações dos médicos, apareceu hoje no Quai d’Orsay.

 

1º de março, sábado

Tchecos a manhã inteira. Comitê Grego, toda a tarde. Novamente Ásia Menor. Americanos contrários às pretensões gregas. Nós e os franceses apoiamos de forma condicionada. É quando os italianos irrompem, dizendo que devem se recusar a discutir no âmbito do Comitê qualquer assunto objeto dos Tratados Secretos de 1915 e 1917. Os ianques, Deus os abençoe, então declaram solenemente que não foram partícipes de tais tratados secretos e não podem reconhecer sua validade. Os italianos ameaçam se retirar. Acontece uma cena. Entrego a Borden um papel para que o leia para todos, a fim de mostrar que é impossível pôr os gregos sob um mandato europeu. É um bom lance diversionário e amaina o tumulto. Saio rumo ao meu Comitê Tcheco, que está se arrastando na sala ao lado. Nenhum progresso palpável na questão das fronteiras. Um tanto desanimado e perdido. Ninguém que não tenha experimentado o efetivo trabalho de um comitê pode imaginar a dificuldade de se persuadir um francês, um italiano, um americano e um inglês a concordarem em alguma coisa. É fácil uma decisão por maioria, mas concordância unânime é uma impossibilidade. Ou, se for possível, só o é na forma de algum meio-termo paralisante.

 

2 de março, domingo

Trabalho toda a manhã. Almoço com Allen Dulles e o major Johnson no Crillon. À tarde, redijo um relatório sobre o trabalho realizado pelo Comitê Crego para ser apresentado ao Conselho Supremo. Vou examiná-lo à luz das restrições apresentadas e das observações das minorias. Sou auxiliado pelo relator francês, Krajewsky. Bom sujeito. Às cinco horas vou para o Quai d’Orsay, para o subcomitê das fronteiras eslovacas. Temos Lerond para ser ouvido, o que é muito útil. Começamos com Pressburg e conseguimos um acordo. Em seguida, tratamos do Grosse Schütt. Os franceses querem entregá-lo aos tchecos. Os Estados Unidos preferem cedê-lo aos magiares. Eu não exponho minha opinião, dizendo que depende de a Hungria germânica ser cedida à Áustria. Depois examinamos a fronteira de Komorn a Jung. Aí é o diabo! Os ianques querem que prevaleça a linha de separação étnica na direção norte. Portanto, cortando todas as ferrovias. Queremos ir para o sul, mantendo as ligações laterais Kassa-Komorn, apesar de implicar em cerca de 80 mil magiares sob governo tcheco. Finalmente, uma solução. Os ianques cedem no pertinente a Eipel, e nós, em relação a Miscolcz. No restante, resolvemos esperar para ouvir Benes. Jantar com a Princesa Soutzo no Ritz – noite ótima. Painlevé, Klotz e Bratianu presentes. Também Marcel Proust e Abel Bonnard. Proust é claro, a barba por fazer, desmazelado, fisionomia indefinida. Veste seu casaco de pele e senta-se encolhido, com luvas brancas de pelica. Toma duas xícaras de café preto com bastante açúcar. Mas não se percebe afetação em sua fala. Dirige-me algumas perguntas. Poderia lhe fazer o favor de narrar como os comitês trabalham? Respondo: “Bem, geralmente nos reunimos às dez, há secretárias para apoiar...” “Mais non, mais non, vous allez trop vite. Recommencez. Vous prenez la voiture de la Délégation. Vous descendez au Quai d’Orsay. Vous montez l’escalier. Vous entrez dans la salle. Et allors? Précisez, mon cher, précisez.”. Então, conto-lhe tudo: a fingida cordialidade, os apertos de mão, os mapas, o ruído do manuseio de documentos, o chá na sala ao lado, os biscoitos. Ele escuta fascinado, interrompendo de vez em quando: “Mais précisez, mon cher monsieur, n’allez pas trop vite.”

 

3 de março, segunda-feira

Krajewsky vem cedo, e nos lançamos à redação de nosso relatório. Os italianos enviaram uma relação detalhada cobrindo cada um dos assuntos. Proponho relegá-lo à condição de apêndice. Causará alvoroço. Laroche no almoço. Quase me convence de que os gregos devem ficar com Koritsa por causa da vital estrada de ligação com a Tessália. Explica que a colocação da Itália na única linha de comunicação entre Monastir e Santi Quaranta será uma cunha permanente entre a Sérvia e a Grécia. É uma tremenda infelicidade para a Albânia, que já tem a Itália como Potência Mandatária e está vendo suas fronteiras encurtadas, apenas porque nenhum de nós confia na presença da Itália nos Bálcãs. Comitê tcheco à tarde. Cansativo e incerto.

 

4 de março, terça-feira

Novamente Krajewsky para os últimos retoques em nosso relatório. SubComitê Tcheco. Convocamos Benes e lhe fazemos incontáveis perguntas. Jamais conheci alguém tão fluente. Às quatro temos nossa penúltima reunião do Comitê Grego. (1) Fronteira com a Albânia. Acatamos o desejo dos franceses sobre Koritsa. Os americanos insistem em modificar a linha ao sul de Voiussa. Os italianos querem a fronteira de 1913. (2) Com a Bulgária e a Turquia. Concordamos em dar a Venizelos o que pede, i.e. ambas as Trácias, oriental e ocidental. O Conselho dos Dez, contudo, pode cortá-lo do Mar Negro, empurrando a linha Enos-Midia para o norte. (3) Ásia Menor. Aceitamos a linha francesa, com restrições em relação ao Vale do Meander. Os ianques rejeitam terminantemente. Os italianos se recusam a sequer discutir o assunto. (4) Ilhas. Todos de acordo.

Sinto um peso no coração sobre Koritsa. Estou convencido de que devia pertencer à Albânia, italianos ou não italianos.

 

5 de março, terça-feira

Trabalho árduo toda a manhã. Mapas, planos, partições, divisores de águas, canalização, todos esses intrincados processos mentais que se tornaram rotina em minha cabeça. A pressão moral e mental é grande. Até as poças d’água na calçada assumem a forma de fronteiras, salientes, corredores, canais neutralizados, zonas desmilitarizadas, ilhas, becs de canard.

Às quatro e meia, o Comitê Tcheco cheio. Decidimos pela linha que defendo como ideal na Silésia, i.e. Teschen, Karvin e a ferrovia de Oderburg (não a cidade) para os tchecos; o resto para os poloneses. Será toda ajustada em meu subcomitê na sexta-feira. À noite, ainda envolvido com o relatório do Comitê Grego.

 

6 de março, terça-feira

Ll.G. está de volta. Vai se opor ao serviço militar obrigatório. Tanto melhor.

Nervosismo a manhã inteira para conseguir mapas apropriados para o relatório grego. Nossa seção de geografia é magnífica. Poucas vezes tenho visto tão perfeita combinação de competência e eficiência. Almoço sozinho com Venizelos. Desconfio que, se a Albânia fosse realmente independente, ele não cogitaria de reivindicar o Épiro setentrional e que a única razão para querê-lo é evitar que a Itália se instale ao longo da estrada de Santi Quaranta. Esta é a principal razão e é irrefutável, uma vez que a paz estará mais bem servida com a preservação das relações grego-sérvias do que satisfazendo os korziotas. Mas, na verdade, está tudo errado. Venizelos compreende minha angústia. “Mais, mon zer, voyez-vous, mon zer?...”

Está preocupado com a oposição americana às suas pretensões sobre Smyrna. Disse-lhe que a melhor coisa a fazer é esperar pacientemente até que o Presidente Wilson regresse para, então, abordá-lo diretamente. Comentou que enquanto nós e os franceses o apoiarmos não se sentirá realmente preocupado. Lê para mim telegramas de Janina revelando que os italianos estão se empenhando para conseguir uma “manifestação” no Épiro setentrional, para acontecer se e quando o distrito for atribuído à Grécia.

Vou ver Sir Robert Borden e juntos examinamos o relatório grego. Ele o aprova em princípio. Em seguida, para o Quaid’Orsay. Reunião final do Comitê Grego. Meu relatório é lido e em princípio aprovado, embora os americanos insistam em algumas mudanças importantes. Pessoalmente creio que foi um bom relatório, tanto quanto foi possível expor com clareza concepções tão conflitantes. Esta opinião não foi compartilhada por meus colegas do comitê. Na verdade, ficaram um tanto “froid.”

Volto correndo e remeto o relatório para a Imprimerie Nationale. Claro que os italianos tentarão modificá-lo quando voltarem ao Hotel Edouard VII. Quer dizer, mais confusão, preocupação, irritação e aflição para mim.

De volta ao Astoria depois do jantar. Pilhas de documentos do Foreign Office. Caixas cheias. Trabalho! Trabalho! Trabalho! Trabalho!

O Conselho Supremo está debatendo as cláusulas militares do Tratado. Ll.G. luta como um leão.

 

7 de março, sexta-feira

Allen Dulles, da delegação americana, vem cedo e trabalhamos na fronteira eslovaca. A situação é a seguinte. Estamos de acordo em tudo, menos no trecho entre Pressburg e Satoralja. Crowe e Sir Joseph Cook insistem em ceder o Grosse Schütt aos tchecos. Não consigo convencê-los do contrário. Estou convicto de que estão errados, e é doloroso ter que apoiar uma reivindicação com a qual discordo. Preocupa-me a futura composição política do estado tcheco se tiver de aguentar um compacto eleitorado inimigo, além de um Partido Irlandês na Eslováquia e um Partido Vermelho na Rutênia, sem falar em sua própria ala socialista radical. Todavia, como estou amarrado em um extremo pelo Grosse Schütt e no outro por Satoralja, as únicas concessões que posso fazer estão no setor Satoralja-Komaron. Na reunião da tarde no Quai d’Orsay eu e Lerond cedemos neste setor e aceitamos a linha americana. Volto, como tantas vezes ultimamente, desanimado, tristonho, com os nervos em frangalhos.

Jantar com Jules Cambon no Union. Os poloneses e tchecos lá estão. Oh, meu Deus!

 

8 de março, sábado

Dia tomado pelo Conselho Supremo, onde os relatórios de todos os Comitês devem ser lidos. Meu relatório grego está pronto e o entrego a Hankey, com um sentimento de orgulho paternal. Nenhum outro relatório está pronto.

Comitê Tcheco. Aprovam a linha proposta por nosso subcomitê. Excluem o corredor com a Iugoslávia. Discutem o caso da Boêmia. Por fim, entramos em acordo. Sir Joseph Cook, que até então mantivera uma postura de cautelosa observação, piscando seus olhos de australiano, se espanta quando subitamente Cambon lhe solicita que seja registrada em ata a posição oficial da delegação inglesa. “Bem,” diz ele, “tudo que posso dizer é que somos uma família feliz, não acham?” Uma expressão de profunda aflição contrai a face do intérprete. “Le premier Délégué Britannique,” traduz solenemente, “constate que nous sommes une famille très hereuse.” Faz-se um silêncio penoso. Mas o velho Cook está certo. Tem bom-senso. Outro dia, os franceses começaram uma interminável argumentação sobre as leis nacionalistas de Delbrück. Quando tudo já tinha sido traduzido para o inglês, pediram ao velho Cook para registrar suas opiniões. “Dane-se Delbrück,” foi o que disse. E como estava certo, como foi autêntico. Mas para o intérprete, Sir Joseph é um espinho.

Jantar com Jean de Gaigneron. Muito cansado, desanimado e apreensivo. Estamos promovendo uma paz justa? Estamos? Estamos? Chegou um telegrama melancólico de Plumer. Implora para que alimentemos a Alemanha. Diz que nossas tropas não podem suportar a cena de crianças morrendo de fome.

 

(Carta para meu pai, 9 de março)

delegação inglesa

paris

Domingo, 9 de março, 1919

 

“Esperava hoje já ter concluído a pior parte do trabalho e, na verdade, os relatórios das comissões grega e tchecoslovaca já estão prontos. Mas agora chegou uma ordem do Conselho dos Dez dizendo que devemos apresentar estes relatórios sob a forma de Tratados e, deste modo, vejo novamente à minha frente uma árdua semana de comitês, minutas, artigos, propostas, contrapropostas, estatísticas, limites, papel transparente, tintas coloridas e dossiers e mais dossiers para ler. Fico a ponto de morrer com tudo isto – e muito desanimado. É como se fossem quatro arquitetos e cada um projetasse uma casa completamente diferente e em seguida se reunissem em torno de uma mesa para chegar a um acordo, o que significa, claro, uma solução de meio-termo em que todos os projetos são fundidos numa mistura sem qualquer sentido ou coerência. Mesmo o pior projeto individual é melhor do que a mistura dos quatro. Mas talvez esteja deprimido sem razão.”