Pequena Antologia da Jangada

– nos dicionários.

– na poesia.

Jangada. F. Armação feita com madeira de um navio, para recolher náufragos e quaisquer objetos, em ocasião de naufrágio. Leve construção, em forma de grade, que serve para transporte por mar ou rio. Caranguejola. Bras. Árvore silvestre, de peso insignificante, e que por isso convém para a construção de jangadas. (Do mal. changadam.)

CÂNDIDO DE FIGUEIREDO

Jangada. Malaim – xangada. Reunião de madeiros ligados entre si, formando sobre a água uma espécie de plataforma, que pode, em caso de necessidade, servir de embarcação: nos naufrágios muita gente se salva sobre jangadas.

JAIME DE SEGUIER

Jangada. (De jangá.) S. f. Construção em forma de grade de madeira, que é uma espécie de barco de transporte, sobre que muitas vezes se assenta tabuado e se levanta um mastro com sua vela.

ENCICLOPÉDIA E DICIONÁRIO INTERNACIONAL

Jangada. S. f. Grade de paus mui leves bem unidos, talvez com tabuado por cima; sobre elas se navega à vela. Paus dispostos como jangadas; i. é, unidos longitudinalmente, talvez em duas camadas, e deste modo se conduz a madeira desbastada pelos rios, ou por mar; aliás balsas.

ANTÔNIO DE MORAIS SILVA

Jangada. S. f. Malaio – changadam. Espécie de barco de transporte, tendo o mastro com vela. Armação de madeira de um navio, na qual se recolhe gente em ocasião de naufrágio. Embarcações pequenas e chatas ligadas umas às outras. Comboio de madeira, que desce o rio boiando. Tema – Jangad.

J. MESQUITA DE CARVALHO

Jangada. F. Embarcação típica do litoral nordestino brasileiro. É geral­mente construída de cinco troncos de piúva (ipê) ou da jangadeira (Apeiba), conhecida também por Pau­-de­-Jangada. Este conjunto, denominado lastro, cujas dimensões comuns são de 7 metros de comprimento por 2 metros de largura, é ligado por outras 5 peças transversais da mesma madeira. Perto da proa vai o mastro, com a vela feita de várias faixas de algodão­zinho. A tripulação consta geralmente de três homens, que trajam roupas simples mas apropriadas para resistir à água salgada. Quando na praia, a embarcação repousa sobre rolete de coqueiro. Paquete é uma jangada pequena sem vela e impulsionada a remo. Armação de madeira, usada para recolher pessoas ou salvados de um naufrágio. Comboio de troncos de árvores que são lançados a um rio, para que a correnteza dele o transporte. Conjunto de objetos em desordem.

DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO BRASILEIRO

Direção de Alvaro de Magalhães

Jangada. S. f. Armação feita com as madeiras de um navio para salvamento de náu­fragos; conjunto de pequenas embarcações ligadas umas às outras; caranguejola; ligeira construção em forma de grade para transpor­tes sobre água; (Bras.) embarcação chata usada pelos pescadores nordestinos, formada de cinco paus roliços (o do centro chamado mimbura, os dois extremos, bordos, e os outros dois, meios), munida de mastro (boré).

PEQUENO DICIONÁRIO BRASILEIRO DA LÍNGUA PORTUGUESA

Organizado por Hildebrando Lima e Gustavo Barroso

Jangada. S. f. (De Janga.) Grade de paus leves e bem unidos, algumas com tabuado por cima, em que se navega. Dá­-se também o nome de jangadas aos paus unidos e atra­vessados em grade, e que assim se transportam pelo rio até grandes distâncias, ou por mar. Madeira em jangada.

DR. FR. DOMINGOS VIEIRA

Jangada. Reunião de madeiros ligados entre si, e que formam sobre a água uma espécie de plataforma que pode, em caso de necessidade, servir de embarcação; nos naufrágios, muito gente se salva sobre jangadas. Reunião de pequenas embarcações chatas, ligadas umas às outras. Comboio de madeiras que desce os rios, boiando. Caran­guejola. Bras. Espécie de balsa, feita de paus ligados entre si por meio de cavilhas de madeira e que se utiliza para a pesca, no norte do Brasil. Árvore silvestre empregada na construção de jangadas, em virtude do seu insignificante peso. Bras. Gir. Pé grande. S. m. O mesmo que langás. Loc. ad.

De jangada, de enfiada, em confusão. Encicl. As jangadas de árvores constroem­-se na água: se forem construídas em terra, tenderão a desunir­-se no momento da imersão, procurando cada tronco ou peça tomar a sua posição de equilíbrio. Devem ser mais compridas do que largas, juntando os troncos topo a topo, se eles forem muito curtos; no meio têm de ficar os mais longos. Ligam­-se os troncos de árvores, colocados alternativamente, com a parte mais delgada voltada a montante e a jusante, por meio de vergas, cordas, ca­vilhas, etc. e, perpendicularmente aos primeiros, dispõem­-se outros, ligados também por igual maneira. Muitas vezes, para se dar mais estabilidade ao conjunto, dispõem­-se as primeiras peças sobre pipas ou barris vazios, hermeticamente fechados. É deste modo que se expedem pelos grandes rios as madeiras de construção e as lenhas. Uma cabana rústica abriga o piloto ou pilotos (jangadas dos índios sul­-americanos); por vezes até, iça­-se uma vela num mastro, para ativar o andamento do comboio. As jangadas de salvação, cons­truídas à pressa, utilizam os objetos mais diversos, suscetíveis de flutuar. As construídas pelos exércitos em campanha são mais ou menos regulares: umas vezes feitas com troncos de árvores ligados por travessas, quando são utilizadas pelos pontoneiros, e outras com barris vazios ligados e recobertos com tábuas.

LELLO

Jangada. Espécie de balsa, para transporte, e particularmente, pescaria fluvial e marítima, feita de paus roliços de uma certa madeira muito leve, e, convenientemente unidos por cavilhas de madeira rija, formando assim um lastro, que varia em largura e comprimento e sobre o qual assenta um banco, de cujo centro parte o mastro da vela, de forma triangular. “A principal pescaria deste Estado, diz um escritor de fins do século XVI, é feita por negros em jangadas, que saem fora ao mar alto”. A jangada é somente conhecida na zona litorânea do Maranhão à Bahia e tem merecido a atenção de notáveis escritores e viajantes estrangeiros. Henry Koster, ao vê­-las vogando em todos os sentidos ao entrar no porto do Recife em 1810 (a data certa é 1809), confessa, que nada do que vira nesse dia lhe causara tanta admiração; e descrevem­-nas particularmente, L. F. Tollenare, em 1816; Mrs. Maria Graham, em 1827; e L. Agassiz, em 1865.

“A atrevida jangada de Pernambuco, escreve o nosso historiador F. A. de Varnhagem, ainda hoje acomete nossos mares, com pasmo do viajante europeu, que mal concebe como haja quem arrisque a vida sobre uns toros ligeiríssimos, mal unidos, que vão quase debaixo dágua, navegando dias e dias, longe da vista da terra.” Fale­-me em Pau­-de­-Jangada, que é pau que boia. Mostra de quantos paus se faz uma jangada. (Ditados populares.) Dá­-se igualmente o nome de Jangada, Pau­-de­-Jangada ou Jangadeira, à tiliácea, também conhe­cida por Embira Branca, que fornece a madeira para a construção da embarcação, e que originariamente conhecida entre nós pelo nome vulgar de Peíba, com a variante de Piúba, no Ceará, como assim chamavam os indígenas, vem daí a sua classificação ou denominação científica de Apeiba cimbalanea, dada por Arruda Câmara. Vegeta somente nas matas de alguns Estados do norte, cujo tronco, sem ramificações senão no topo, erecto é elevado, e tão leve, que um índio, como escreve um cronista “transportava do mato às costas três paus destes de 25 palmos de comprimento e da grossura da sua coxa para fazer deles uma jangada para pescar no mar a linha”. A denominação, porém, de Pau­-de­-Jangada, já vem de longe, uma que assim a regista o autor dos Diálogos das Grandezas do Brasil: “Também há um outro pau que chamam de jangadam porque se fazem as tais dele para andarem pelo mar. “Descrevendo Almeida Pinto a Jangadeira ou Embira Branca consigna: “A madeira desta árvore é de uma textura tão frouxa, que sustenta­-se sobre as águas, comportando grande peso sobre si. Por esta razão, faz­-se com ela a singular embarcação, de que os pescadores se servem em Pernambuco para pescaria, e que se chama Jangada, com a qual eles transpõem o oceano a distâncias bem longínquas”. Esta espécie particular de Jangada, com armação e utensílios próprios para a pesca, de par com a respectiva munição de boca, uma vez que perde terra de vista, consumindo mesmo alguns dias no serviço, e conservando em salga, o peixe que matam os jangadeiros, tem o nome particular de Jangada do Alto, de cujo modo de construção, disposições, mastreação, velame e utensílios, com a sua particular nomenclatura, quase que composta de termos indígenas ou chulos, fazem menção Paulino Nogueira, A. Câmara e Beaurepaire Rohan. “Dentro da barcaça só o que caía eram as escumas dos mares que ela atravessava como jangadinha do alto.” (Franklin Távora) Derivado: Jangadeiro, domo, mestre, tripulante de jangada. “Joaquim José de Sant’Ana, cabra, jangadeiro do Rio Doce. Seis meses de calceta por ordem de 23 de janeiro de 1818.” (Assentos da Casa de Detenção.) “Um jangadeiro, que falou com gente do vapor, me veio, a toda pressa, dar a notícia.” (O Azorrague, no 41 de 1845.) Estudando Rohan a etimologia do vocábulo Jangada, diz que “é termo usual em Portugal”, o que nós acrescentaremos, na Europa, e mesmo na Ásia, desde a mais remota antiguidade, bem que a “Jangada de lá não tenha a aplicação que lhe dão no Brasil. Parece que este vocábulo é relativamente moderno na língua portuguesa. É certo que, em 1587, já dele se serve Gabriel Soares; mas anteriormente, em 1500, Vaz de Caminha, descrevendo a Jangada que vira em Porto Seguro, tripulada pelos índios, na carta que dirigiu a el rei D. Manoel, lhe dá o nome de Almadia de três traves atadas juntas. Em tupi tem a Jangada o nome de Igarapeba, que se traduz em Canoa chata. Não se compadece, portanto, a etimologia que dá Paulino Nogueira, de ñan ig ára; yan ig ára; e jan ig ára, e por fim jangada, a significar literalmente aquilo que corre nágua, uma vez que os nossos indianólogos nada dizem a respeito, nomeadamente Teodoro Sampaio, um dos mais competentes, que não regista o termo no seu Vocabulário. É o mesmo caso de Mecejana e Jurumenha, nomes de conhecidas localidades portuguesas, dados como de origem tupi”.

PEREIRA DA COSTA

Vocabulário Pernambucano

Jangada. S. f. Espécie de balsa de 7 a 8 metros de comprimento sobre 2,60 de largura, feita de 6 paus de uma certa madeira mui leve, ligados entre si por meio de cavilhas de madeira rija. A jangada é principalmente destinada à pesca, desde o norte da Bahia até o Ceará. Também a empregam como meio de transporte de passageiros e, neste caso, são guarnecidas de um toldo e dão­-lhe o nome de paquete. Os 2 paus do centro são os meios; os 2 imediatos, os bordos; e os 2 últimos, as membiras.

Segundo Juvenal Galeno, de proa à popa, as suas partes acessórias são:

1º) Banco de vela, que serve para sustentar o mastro.

2º) Carlinga, tabuleta com furos embaixo do Banco de vela e em que se prende o pé do mastro, mudando­-o de um furo para outro, conforme a conveniência da ocasião.

3º) Bolina, tábua que, entre os dois meios e junto ao Banco de vela, serve para cortar as águas e evitar que a Jangada descaia para sotavento.

4º) Vela, uma grande e única vela cosida em uma corda junto ao mastro, o que se chama palombar a vela.

5º) Ligeira corda presa à ponta do mastro e nos espeques para segurar aquela.

6º) Retranca, vara que abre a vela.

7º) Escota, corda amarrada na ponta da retranca e nos caçadores. Para encher a vela de vento, puxa­-se a escota.

8º) Caçadores, 2 tornos pequenos na proa.

9º) Espeques, 2 tornos de 0,22 com uma travessa e no meio uma forquilha. Na forquilha cada pescador amarra uma corda e, quando é preciso, nela segura­-se derreando o corpo para o mar e assim “aguentando a queda da jangada”. Nos espeques e forquilha coloca­-se o barril d’água, o tauaçu, a quimanga, a cuia de vela, a tapinambaba, o samburá e a bicheira.

10º) Tauaçu, pedra furada, presa a uma corda e serve de âncora.

11º) Quimanga, cabaça que guarda comida.

12º) Cuia de vela, concha de pau com que se molha a vela.

13º) Tapinambaba, maçame de linhas com anzóis.

14º) Samburá, cesto de boca apertada em que guarda o peixe.

15º) Bicheira, grande anzol preso a um cacete, com que se puxa o peixe pesado para cima da jangada, a fim de não quebrar a linha.

16º) Banco do governo, banco à popa em que se assenta o mestre.

17º) enfim, Macho e Fêmea, 2 calços à popa, onde se mete o remo, servindo este de leme.

Etim. É termo usual em Portugal, bem que a jangada de lá não tenha a aplicação que lhe dão no Brasil. Parece que este vocábulo é relativamente moderno na língua portuguesa. É certo que em 1587 já dele se serve Gabriel Soares; mas anteriormente, em 1500, Vaz de Caminha, descrevendo a jangada que vira em Porto Seguro, dá­-lhe nome de Almadia. Em tupi tem a jangada o nome de Igapeba, que se traduz em Canoas chata.

TEN. GAL. VISC. DE BEAUREPAIRE ROHAN

Dicionário de Vocábulos Brasileiros (1889)

Jangada. Do malaiala Changadãm, balsa, dois barcos ligados para passagem de rios. O voc. já é citado no 1º sec., no “Periplus Maris Erythraei”, com a forma helenizada “Zaggara” (G. Viana, apost. II, 34).

ANTENOR NASCENTES

Dicionário Etimológico etc.

Jangada. Sólido estrado flutuante, construído por cinco pranchas de madeira leve, geralmente “pita”, cavilhadas sobre si mesmas, a meio, em mastro de “matá­-matá” para a vela; na popa, um banco para apoio do jangadeiro; governada por meio de uma tranca de madeira que serve de leme; no prolongamento do mastro, e para dentro do mar passando por uma clara no estrado, o “toassu” ou prancha da madeira móvel, para os efeitos de qui­lha; por ante­-a­-vante do banco da popa, um pequeno mastro, para apoio nas mano­bras da vela e também para suporte dos apetrechos úteis, tais como “samburá”, para a isca e pescado; “barrilete” de madeira, para água; “quinanga”, para guardar os alimentos dos janga­deiros em alto­-mar. (V. “meios”, “papuo”, “mimburas”. – Embarcação muito usada pelos pesca­dores de alto­-mar, na costa NE do Brasil.)

ALMIRANTE AMPHILOQUIO REIS

Dicionário Técnico de Marinha

Jangada. S. f. 1º) Armação feita de madeira e tábuas de um navio para recolher a gente e o mais que se pode salvar em ocasião de naufrágio.

2º) Construção em forma de grade de madeira, que é uma espécie de barco de transporte, sobre que muitas vezes se assenta um tabuado e se levanta um mastro com vela.

3º) Árvore silvestre, muito leve, preferida para jangadas, e também chamada jangadeira.

4º) Pequenas embarcações chatas ligadas umas às outras.

5º) Conjunto de coisas em desordem; caranguejola.

6º) Comboio de madeiras, que desce os rios boiando.

Jangada do Alto. S. f. Jangada própria para navegar no alto­-mar.

GRANDE E NOVÍSSIMO DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA

Organizado por Laudelino Freire, com a colaboração técnica do Professor J. L. de Campos

Jangada. Armação feita de madeira e tábuas de um navio para recolher a gente e o mais que se pode salvar por ocasião de naufrágio.

– Construção em forma de grades de madeira que é uma espécie de barco de transporte sobre que muitas vezes se assenta tabuado e se levante um mastro com sua vela.

– Pequenas embarcações chatas ligadas umas às outras. “Jangadas de 20 Paraus, que vinham encadeadas.” (Góis)

– Embarcação dos pescadores do Norte do Brasil.

– Árvore brasileira do Estado de Alagoas, da família das Liciaceias de cuja madeira se constrói jangadas de pescar e da casca se extrai uma fibra muito resistente de que se fazem cordas.

ENCICLOPÉDIA E DICIONÁRIO INTERNACIONAL

Jackson

Jangada. Ch. Bras. Por esse nome e os de Paraopeba e dos Bois, falavam os antigos sertanistas no Rio que pela posição e direção do seu curso, deve ser o Paratininga.

– Serra do Estado das Alagoas, no município de Murici.

– Ilha do Estado do Amazonas, no Rio Japurá, entre as ilhas de Jurupari e Curumatá.

– Lago do Estado do Maranhão, no município de Miritiba.

– Jangada (de Jangá). Subs. Fem. Armação feita de madeira de tábuas de um navio, para recolher a gente e o mais que se pode salvar por ocasião de um naufrágio. Construção em forma de grade de madeira que é uma espécie de barco de transporte sobre que muitas vezes se assenta tabuado e se levanta um mastro com sua vela.

– Pequenas embarcações chatas ligadas umas às outras. (Jangadas de 20 Paraus, que vinham encadeadas – Góis.)

­– Norte do Brasil. Embarcação dos Pescadores do Norte do Brasil; com pequeninas jangadas nos maceiós encalhadas... (J. Galeno)

– Árvore brasileira (Apeiba), Cimbalânia (do Estado de Alagoas) da família das Liciáceas, de cuja madeira se constrói jangadas de pescar e de cuja casca se extrai um fibra muito resistente de que se fazem cordas.

ENCICLOPÉDIA E DICIONÁRIO INTERNACIONAL

Organizado e redigido com a colaboração dos distintos homens de ciências e letras