O táxi rugiu ao longo da rua escura e parou em seguida.
– Chegamos – disse o motorista, puxando o freio de mão. – Único albergue de Nyang. A dois minutos de caminhada até as ondas.
A placa que sinalizava o Nyang Palace apoiava-se em uma cadeira de plástico. A pintura descascada e rachada da parede externa e a luz fluorescente que cintilava acima da porta atraíam uma nuvem de mosquitos. Mia esperava que Noah estivesse naquele lugar. Pagou a corrida, saiu para a calçada e puxou a mochila para um dos ombros.
O mormaço do dia agarrado às paredes altas dos prédios circundantes deixava o ar pesado e abafado. Exalou um aroma de especiarias e de alguma coisa doce, talvez mel queimado. Soaram passos atrás dela que a fizeram girar o corpo. Um idoso puxava um carrinho com bijuterias e diversos itens decorados com conchas. Ele percebeu o interesse dela e parou.
Ela se aproximou do carrinho, atraída por um colar de conchas brancas com uma única pérola. Pegou o colar. Era leve e delicado nas mãos.
– Foi o senhor que fez?
– Sim.
– É muito bonito.
Ele abriu um sorriso cheio de dentes.
– Sim, muito bonito. Obrigado. São conchas das praias de Bali.
Ela se lembrou de quando catava conchas e vidro do mar nas praias junto com Katie nos tempos de infância. O outono era a melhor época para isso, as grandes tempestades revolviam o fundo do mar e as ondas rolavam junto com troncos e pedras polidas embranquecidas. Nas noites frias, a luz era engolida por volta das quatro horas, e elas se sentavam de pernas cruzadas em frente à lareira para fazer colares com as conchas coletadas. Toda vez que usava um desses colares, mesmo enfiado debaixo de uma echarpe e de um casaco, era como se carregasse o mar junto.
– Quanto é?
– Quinze mil rúpias. – Ele sorriu de novo e balançou a cabeça.
O preço equivalia a 1 libra.
– Adorei o colar. – Ela pôs o dobro da quantia nas palmas enrugadas das mãos do velho e disse: – Tenha uma boa noite. – Entrou no albergue balançando o colar na mão.
O balcão de recepção era uma mesa de madeira riscada em frente à entrada da sala do proprietário.
– Olá? – ela gritou.
Uma porta lateral se abriu e surgiu uma mulher com uma camisola velha.
– Desculpe pela hora. Você tem um quarto?
Mia foi conduzida até um pequeno quarto mobiliado apenas com uma cama, um mosquiteiro e uma frágil mesa de bambu.
– Um homem chamado Noah está hospedado aqui? – perguntou antes que a mulher se retirasse.
– Terraço. – A mulher apontou o dedo para o teto. – Estão fazendo uma festa no terraço. Ou na praia. Muitas fogueiras na praia para os viajantes.
Mia jogou a mochila em cima da cama. Sem espelho, passou os dedos na cabeça para desembaraçar os cabelos. Sem qualquer maquiagem, lambeu os lábios e piscou algumas vezes para umedecer os olhos, que estavam como papel seco por causa do voo.
Saiu do quarto e seguiu até o final de um corredor sem janelas, onde uma pesada porta de incêndio levava a uma escada externa. Subiu os degraus de metal que balançaram e a fizeram se agarrar com força no corrimão.
Soaram música e risos no terraço e ela fez uma pausa para ouvir. Foi difícil sintonizar a torrente de vozes, mas certamente sotaques australianos estavam entre essas vozes. Talvez Noah estivesse ali, e isso a deixou de coração acelerado. Se por um lado estava sentida pela maneira com que tinha sido deixada para trás – Mia, para ele foi muito fácil partir –, por outro esperava que ele se mostrasse feliz ao vê-la.
Embora tivesse apagado a imagem de Finn dos pensamentos, a cena em que ele a esperava no aeroporto surgiu-lhe à mente. Ela o ouvira quando ele a chamou pelo nome, e se virou e o viu de pé, acenando com uma das mãos erguida. Claro que devia ter dito alguma coisa ou pelo menos tentado explicar, mas tudo o que sentia estava amarrado de tal maneira que acabou cravando e prendendo as palavras na garganta. Ela então preferiu sorrir de lábios apertados e com os olhos ardendo de lágrimas. Ao longo dos anos já tinham aberto milhares de sorrisos – de alegria, de cumplicidade, de incentivo, de alívio – um para o outro, e ela sabia que ele tinha entendido o significado daquele sorriso: era um pedido de desculpas para o que estava prestes a fazer.
Claro que Mia percebera quando os músculos do rosto de Finn afrouxaram e despencaram em descrença, e mesmo assim girou o corpo e saiu andando. Se olhasse para trás, mesmo que por um segundo, nunca o abandonaria.
E agora ela respirava profundamente enquanto subia os últimos degraus que a levariam à entrada de um terraço apertado. O ar cheirava a óleo de coco e maconha. Um velho aparelho de som que se equilibrava sobre uma caixa virada para cima tocava Bob Marley pela noite adentro. Um grupo se amontoava em volta de uma mesa baixinha, com garrafas de cerveja, um baralho de cartas aberto, velas e um cinzeiro abarrotado. Pranchas apoiadas em grades de metal e, nas ruas ao longe, faróis de carros. Se ela girasse o corpo, o mar estaria escuro e vigilante lá atrás.
– Eles estão apertando o cerco. Kiwi pegou três meses; sem brincadeira, por porte de maconha – disse um cara com cabelo rastafári.
Em frente, uma garota com a barriga de fora arqueou para trás e riu de alguma coisa que tinha sido dita ao seu lado. Só quando se empertigou é que Mia viu que era Zani.
Uma voz chamou a atenção de Mia para a beira do terraço:
– Olhe só quem chegou aqui. – Jez estava encostado à grade, com os tornozelos cruzados um sobre o outro. Segurava uma garrafa de cerveja à altura do pescoço. – Veio se encontrar com seu namoradinho? – perguntou, e deu um passo à frente, chamando a atenção de todos para Mia.
Um rubor subiu pelo pescoço dela, e isso a forçou a olhar nos olhos dele para perguntar:
– Noah está aqui?
Ele olhou ao redor do terraço.
– Não o vejo.
O rubor se espalhou e deixou o rosto dela com um tom vermelho profundo, o que talvez pudesse ser mascarado pela escuridão.
– Ele está hospedado aqui?
– Que tal se levá-la até o quarto dele? – disse Jez, atravessando o terraço em direção a ela. Entreolharam-se enquanto ele se aproximava e, por um segundo, ela se desarmou porque se deu conta de que ele tinha olhos escuros parecidos com os de Noah. Ainda tentava ler a expressão dele – ressentimento? raiva? – quando ele passou ao lado e continuou andando.
Ela relutou por um segundo em acompanhá-lo, mas a ideia de se encontrar com Noah falou mais alto.
Jez arrastou a garrafa de cerveja ao longo do corrimão enquanto descia os degraus da escada. Lá embaixo, se deteve e se virou para Mia. Dali eles não recebiam a luz do terraço e não havia espaço para ultrapassá-lo.
– Diz pra mim, Mia. – Ele prolongou as últimas letras do nome, como se beijando com a palavra. – Por que você está aqui?
– Para ver Noah.
Ele tomou um gole de cerveja.
– Está aqui por quê? Tipo, apaixonada por ele?
– Isso não é de sua conta. – A música no terraço terminou e o silêncio se propagou ao redor.
– Vou lhe dar um conselho porque gosto de você. – Ele se aproximou do ouvido dela com um bafo de cerveja. – Cai fora.
– É o que quero fazer se você sair do meio do caminho.
Ele soltou uma risada.
Soou uma nova canção no terraço, fazendo a noite pulsar.
– Se você não fizer isso, Noah fará. Talvez não agora e não por alguns meses, mas cedo ou tarde ele vai cair fora. Ele é bom quando se trata de abandonos.
Sim, ela pensou. Sei disso.
Jez abriu a porta que levava ao corredor e de novo eles se viram iluminados e terminaram a conversa. Ela imaginou Noah e Jez ainda meninos, jogando futebol na praia e atirando pedras deslizantes na crista das ondas. Um simples jogo de futebol ou um arremesso de pedrinha poderia despertar tanta raiva?
Ela não entendia o relacionamento entre eles. Aparentemente, não queriam viajar juntos, mesmo que estivessem ligados por alguma coisa.
– Acho que ele não sabe que você veio – disse Jez por cima do ombro.
– Não sabe, não.
– Que merda ter de voltar se ele não gostar da surpresa.
– Ele vai gostar – ela retrucou, aparentando uma convicção que não tinha.
– Você vai descobrir isso agora mesmo. – Ele se deteve diante de uma porta e tamborilou firme com as juntas dos dedos. – Entrega especial.
Afastou-se e sussurrou:
– Eu te avisei, Mia.
Mia já tinha se esquecido do impacto que a presença física de Noah lhe causava. Era mais alto do que ela se lembrava e a estrutura corporal dele ocupou quase toda a extensão da porta. O rosto incrivelmente bronzeado contrastava com a camiseta branca puída na gola. Se dependesse dela, mergulhava de boca naquele pescoço e saboreava aquela pele.
– Mia? – Ele levou a mão ao queixo e a tatuagem negra alongou-se nas veias da parte interna do antebraço. – O que está fazendo aqui?
– Eu estava em Bali e pensei em procurá-lo. – Ela sorriu casualmente, mas o estômago dançava de tanto nervosismo.
– Onde está o Finn?
Ela se agitou no corredor.
– Vim por conta própria.
Ele mexeu o pomo de adão enquanto se dava conta do tamanho do ato que ela assumia: estava ali por causa dele.
Afastou-se para que ela entrasse e se esquivou para não tocá-la. Ela sentiu o calor do corpo dele enquanto passava.
Um pequeno abajur iluminava o quarto e um ventilador de teto girava com ar quente. Ela reconheceu os pertences dele: um velho saco verde desbotado ao pé da cama, um par de shorts pretos secando no trilho da cortina e uma prancha de surfe com uma correia amarrada em torno das barbatanas encostada ao canto. E também a marca do corpo dele nos vincos da cama, e um livro sobre o travesseiro. Ela curvou a cabeça para ler o título: O velho e o mar. Ele estava lendo.
Sem nenhum lugar para sentar, a não ser a cama, ela se dirigiu à janela e olhou para o beco escuro lá embaixo. Ouviu o clique da porta fechando e depois o baque surdo das costas dele contra a porta.
– Isto é um erro – ele disse baixinho.
Ela se virou.
– Não diga isso.
– Finn sabe. É por isso que ele não está com você, não é?
Lágrimas picaram no fundo da garganta de Mia. Era insuportável pensar no que deixara para trás, já que só conseguia se concentrar naquilo que a levara até aquele lugar. Ela ergueu o queixo.
– Você me enviou um e-mail, Noah.
– E não devia ter enviado.
– Você acha mesmo que é certo simplesmente desaparecer numa bela manhã, sem sequer dizer adeus para a garota com quem vem fazendo amor nas últimas dez semanas?
– Nós ficamos juntos. Dormimos juntos. Não éramos um casal.
– Foi mais que isso.
– Não para mim.
– Não se fixe nas palavras de maneira tão casual. Você é melhor que isso.
Ele mostrou um olhar sombrio.
– Sou mesmo?
– Sim, é. – Ela deu um passo em direção a ele. – Por que me enviou aquele e-mail?
Ele balançou a cabeça.
– Eu não devia ter enviado.
– Mas enviou. – Ela deu mais alguns passos e ficou frente a frente com ele, o bastante para tocá-lo e pôr os dedos no rosto dele. O ventilador agitou o cabelo dela e espalhou as mechas pelos ombros. – Por que me enviou aquele e-mail?
– Por favor – ele disse, com um fiapo de voz. – É melhor você sair.
Eles estavam separados por alguns poucos centímetros.
– Por que me enviou aquele e-mail?
Noah olhou fixamente para ela. E disse claramente:
– Porque esperava que você viesse.
Mia sabia disso desde o momento em que tinha lido o e-mail. Havia algo mais entre eles, uma conexão que sentia desde a primeira noite em Maui e que sabia que ele também sentia.
Lentamente, levou a palma da mão até o rosto dele, até a sua barba áspera. Sentiu uma pulsação na ponta dos dedos onde as duas peles se tocaram. E também sentiu a tristeza que ele sempre sentia e que até então não entendia. Depois, pousou os lábios nos lábios dele e o beijou. Irradiou uma onda de desejo tão intensa que ela engasgou.
Ele a tomou nos braços, como se jamais quisesse soltá-la.
O desejo que brotava em algum lugar dentro de Mia irrompeu à superfície. O suor que brilhava nas costas deles deslizou até as coxas de ambos. A respiração dele acelerou. Os dentes dela grudaram no ombro dele. Ela estremeceu.
Ele soltou um gemido longo e baixo e afundou nela, enterrando o rosto nos cabelos dela.
Ela se deitou, ouvindo a respiração dele e o zumbido do ventilador de teto. Sentiu as batidas do coração dele no próprio peito. Valeu a pena por alguma coisa, ela pensou, mesmo que só por isso.
Noah apoiou-se em um cotovelo e a olhou com tanta intensidade que a fez se sentir como se estivesse procurando o próprio rosto perdido. E com o polegar alisou uma das mechas úmidas do cabelo dela e afastou-a da testa.
– Sinto muito, Mia, pela maneira como parti.
Ele calou-se por um tempo, mas ela esperou porque sentiu que ele queria continuar.
– A previsão parecia boa. Jez conseguiu algumas passagens de avião e partimos. Eu devia ter procurado você. Contado pra você. Mas não sabia o que dizer. – Ele desviou os olhos. – E eu também não sabia o que queria.
Ela engoliu em seco.
– E agora você sabe?
Ele rolou de costas e se esticou de barriga achatada. Fez um travesseiro com os braços e disse:
– O que há entre nós... É muito pra mim.
Ela entendeu. No voo para Bali folheara o diário, relendo algumas letras de canções do pai. Muitas canções se remetiam à impotência de se estar apaixonado, e ela se viu arrebatada pelas letras, como se tivessem aberto uma porta em sua mente, mostrando exatamente o que ela sentia. Não eram baladas bobas e românticas, eram canções impregnadas de imagens de ternura e de clausura emocional. Ficavam gravadas na mente e a fizeram ver que eles tinham vidas que corriam como trilhos paralelos.
– É muito pra mim também – ela disse. Apesar de tudo, lá estavam eles. Nos momentos de silêncio, ela imaginava timidamente um futuro junto com Noah: viajariam juntos pela Indonésia, caminhariam de dedos entrelaçados por praias vazias e, mais tarde, viajariam até a Inglaterra e ela lhe mostraria o mar da Cornualha.
– Tudo que sei – ele disse – é que estou feliz por você estar aqui.
Ela sorriu e guardou o comentário à parte, já que era o suficiente por ora.
Girou o corpo na cama e deitou-se com a nuca sobre a barriga dele. E enquanto observava o giro das hélices do ventilador, ouviu para além do redemoinho de ar o ruído de um gerador e a batida de um baixo que ecoava do terraço.
– Fale-me então de Bali – disse.
Ele respirou fundo, e o movimento da barriga fez a cabeça dela se levantar.
– A água é incrível, clara e vítrea, e as ondas se erguem direto do oceano Índico. E agora estão muito agitadas. As principais arrebentações estão superlotadas e com uma grande carga de manobras.
– Já esteve aqui antes?
– Morei aqui durante um ano.
– Quando?
– Aos 16.
– Com sua família?
– Não. Sozinho.
Ela se imaginou com 16 anos e vivendo sozinha em um país estrangeiro.
– Por quê?
– Eu queria espaço. Eu queria surfar – disse Noah.
– Isso foi corajoso.
– Nem deu pra sentir dessa maneira.
– Como se sentiu então?
– Foi há muito tempo – ele disse. Só isso.
– Bali mudou muito de lá pra cá? – Ela estava ansiosa para manter a conversa.
– Quando cheguei aqui o cenário do surfe ainda não estava completamente montado. As praias ainda eram tranquilas. Mas há uma arrebentação chamada Seven Point que é muito conhecida... Aparece em tudo quanto é filme de surfe e todo mundo quer surfar lá. Uma década atrás só se chegava lá pagando um cara da região para levá-lo na carroceria de uma camionete por uma estrada de terra batida. Você tinha que descer por uma escada de corda precária, e o cara tinha que esperar enquanto você descia com o equipamento até entrar na água. Agora, uma estrada de asfalto o leva direto ao pontal e tem até um café que vende os DVDs mais badalados de surfe e sorvete.
– Os moradores devem odiar isso.
– Alguns gostam. Ganham um dinheirinho rápido com o turismo. Mas claro que muitos se ressentem com as mudanças. É uma ilha tão bonita, mas desfigurada pelo progresso.
– Quanto tempo acha que vai ficar desta vez?
– Não tenho certeza. Depende de um monte de coisas. – Ele não entrou em detalhes sobre o que seriam essas coisas e perguntou: – E você? Tem planos?
– A essa altura já devia estar viajando para Nova Zelândia – ela respondeu, pensando se Finn tinha pegado o voo. – Finn e eu estávamos pensando em trabalhar lá durante alguns meses para juntar alguma grana. Mas agora tudo está um pouco no ar entre nós.
Ela notou que Noah respirou profundamente, como se prestes a dizer alguma coisa. Logo o ar saiu dos pulmões e não foi seguido por palavras.
Ele pôs a mão na mão dela. Ela puxou a mão dele até os lábios e beijou a parte da tatuagem no punho. Observou o traçado da onda, intrigada com os números tatuados debaixo do lábio da onda. Era uma data, isso era claro ao se traçar o dedo sobre os números.
– O que isso significa?
– É uma data de aniversário – ele disse, puxando a mão e levantando-se, obrigando-a a tirar a cabeça de cima da barriga e sentar-se. – É a data da morte do meu irmão.
– Você tinha outro irmão? – Ela manteve o mesmo tom, dissimulando a surpresa.
– Johnny.
– Quantos anos ele tinha quando morreu?
– Vinte e dois.
De acordo com a data na tatuagem, fazia onze meses que tinha morrido.
Noah pulou para fora da cama e vestiu um short desbotado pelo sol.
Voltou-se para ela com o semblante agora tenso e um músculo da mandíbula contraído.
– Noah? Está tudo bem com você?
Ele abriu os lábios com um sorriso.
– Claro.
Mas essa aparente tranquilidade só serviu para intrigá-la porque era um gesto que ela reconhecia em si mesma.
– Você está em algum quarto aqui? – ele perguntou.
– Estou.
– Talvez seja melhor voltar pra lá, agora. É muito tarde.
Ela já esperava por isso: nunca tinha passado uma noite inteira com ele e não era hora de perguntar novamente por quê.
Ela então se vestiu e se dirigiu até a porta, seguida por ele, que pegou a chave do quarto.
– Você está saindo? – ela perguntou, se virando.
– Vou tomar um pouco de ar fresco.
Noah já não estava com o brilho nos olhos, e Mia achou que isso se devia à menção ao outro irmão. Ela então hesitou no corredor à procura da coisa certa para dizer.
Ele trancou a porta e enfiou a chave no bolso.
Ela não achou nada para dizer.
– Boa-noite – ele disse.
Ela ficou observando os traços da onda negra no braço que balançava enquanto ele se afastava, com as palavras de Jez zumbindo nos ouvidos: Ele é bom em abandonos.