A espiritualidade deve agradecer de coração a Charles Darwin, mesmo que ele se surpreendesse ao ouvir isso. Quando as pessoas acordam no mundo inteiro com as mesmas aspirações – “Quero melhorar, quero crescer, quero realizar o meu potencial” –, elas estão se beneficiando pessoalmente da grande descoberta de Darwin, a evolução. Ele não pretendia que as pessoas pensassem na evolução pessoal, muito menos na espiritual. Desiludido estudante de teologia que nutria uma amarga desconfiança quanto ao Deus vitoriano – benigno, piedoso e pai amoroso da humanidade –, Darwin desferiu o golpe decisivo contra Ele. A teoria da evolução libertou a ciência da religião, derrubou o mito da perfeição da natureza e apresentou um mecanismo a toda prova de como surgiram as espécies.
Porém, grandes ideias se difundiram, muito além do controle do descobridor. O golpe de Darwin contra a perfeição foi também um golpe contra o pecado, o “estigma humano” que podia ser expiado, mas que sempre voltaria. A evolução abriu caminho para escapar da armadilha do pecado, ao oferecer a esperança de progresso em todos os aspectos da vida – embora tenha demorado muito tempo para que essa implicação humana ganhasse sentido. No início, as pessoas aderiram a outro aspecto da teoria de Darwin: a violenta batalha pela sobrevivência, que só deixava os mais aptos de pé. Os machos alfa industriais podiam abusar de seus empregados baseados no fato de que a natureza dizia aos fortes para dominar os fracos, e os tiranos podiam se justificar da mesma forma. Hoje, contudo, é do interesse da espiritualidade promover a evolução sobre o materialismo. Darwin se enganou em ver a evolução como um mecanismo sem mente. A espiritualidade pode restaurá-la, de forma a tornar a vida melhor, por meio de uma consciência mais plena. Despertar e evoluir.
É fascinante seguir o jovem naturalista de olhar brilhante zarpando para a América do Sul, em 1826, a bordo do HMS Beagle, numa viagem que levaria cinco anos. Darwin desenterrou crânios fossilizados de gigantescos mamíferos extintos e conjecturou como se relacionavam com os mamíferos atuais. Refletiu sobre a razão de as iguanas das ilhas Galápagos, entre todas as iguanas do mundo, tirarem seu alimento do mar. Passeou sobre o casco de tartarugas das Galápagos, de trezentos quilos (é fácil conduzi-las com um pequeno bastão, mas é muito difícil não escorregar e cair), e especulou sobre a razão de os cascos das tartarugas de uma ilha apresentarem diferenças sutis em relação aos das outras ilhas próximas, com um alargamento maior em baixo, uma cor levemente diferente ou uma saliência frontal em forma de capacete sobre a cabeça do animal.
Esses estranhamentos e observações se juntaram na mente de Darwin. Quando ele voltou para sua casa, na Inglaterra, seus pensamentos entraram em efervescência. Depois de acessos de escrita, quando as ideias brotavam de sua cabeça como que por vontade própria, ele afinal chegou à noção que já foi definida como a mais brilhante de todos os tempos: a árvore da evolução que liga todas as coisas vivas. No sistema de Darwin, a adaptação é a força motriz por trás da evolução. As gazelas se adaptaram para escapar dos leões. O peixe-palhaço se adaptou para se esconder em segurança no meio dos venenosos tentáculos das anêmonas-do-mar. Os seres humanos se adaptaram para usar polegares opostos, de forma a construir melhores ferramentas (e armas). As espécies mudam. Uma simples árvore evolutiva gera milhares e milhares de galhos; alguns morrem, outros brotam e florescem.
A evolução foi invocada pelos ateus, ansiosos por transformar em pó qualquer coisa implícita na palavra “Deus”. Mas os ateus estão lutando batalhas do passado. Hoje a evolução aproxima as pessoas de Deus. Dar win divisou um perfeito mecanismo físico que só se aplica às formas de vida que nos precederam. Enquanto os gorilas-das-montanhas lutarem por comida e pelo direito ao acasalamento, alguns serão mais bem-sucedidos que os outros. Os machos dominantes podem transmitir seus genes, enquanto os submissos continuam invejosos e emburrados. As árvores mais altas vão chegar à luz solar, enquanto as mais baixas fenecem à sombra. Mas o Homo sapiens evoluiu para além da mera sobrevivência do mais apto. Nós plantamos alimentos uns para os outros. Cuidamos das pessoas debilitadas, dando a seus genes a oportunidade de se transmitir, assim como os genes dos mais fortes. O mecanismo universal de Darwin deixou de se aplicar a nós no momento em que nossa espécie aprendeu a proteger seus genes, mesmo os recessivos, das forças da natureza. Gazelas e peixes-palhaço não colam lembretes no espelho dizendo “Observação: Não se esqueça de evoluir hoje”. Para eles, a evolução é automática. Isso não é mais verdade para nós.
A espiritualidade pode ser vista como uma forma elevada de evolução, mais bem-definida como “metabiológica” – além da biologia. Já estamos nesse caminho há pelo menos 200 mil anos. Nossos ancestrais, como o homem de Neandertal e o Homo erectus, preparavam o caminho 1,8 milhão de anos atrás. Quando construíram machados de sílex, nossos ancestrais sabiam o que estavam fazendo. Quando você acorda com vontade de realizar alguma coisa além de comer ou beber, já começa a escolher entre X e Y. As decisões conscientes nos levam a transformar o futuro numa série de escolhas. Os neandertalenses eram avançados o bastante para depositar seus mortos em tumbas nas cavernas, e algumas evidências sugerem que os defuntos eram enfeitados com ornamentos. Parece que a beleza também tinha se tornado uma escolha, além da reverência e talvez até de um sentido de sagrado.
Mas o darwinismo moderno age como se os seres humanos ainda estivessem no estado primal da natureza. Não que o primal já tenha sido simples. A sobrevivência é uma coisa complexa – uma tapeçaria intrincada – mesmo entre as criaturas inferiores. Os pinguins têm nadadeiras em vez de asas há mais de 36 milhões de anos. A capacidade de mergulhar atrás dos peixes foi um sucesso espetacular em termos evolutivos, embora o pinguim original tivesse penas marrons ou cinzentas (isso foi descoberto com o exame de células de pigmentos fossilizadas). Por que essa mudança para o preto e branco na roupagem do pinguim, que hoje nos faz sorrir? O darwinismo só tem uma resposta: vantagem competitiva. O pinguim original tinha um 1,50m de altura e pesava duas vezes mais que o pinguim imperador atual. Por que ficaram menores? Isso também deve ter contribuído para a sobrevivência. O darwinismo é obrigado a explicar qualquer mudança da mesma forma, porque não consegue ultrapassar o foco único na batalha por comida e acasalamento.
Mas as espécies não competem só pela sobrevivência, elas também cooperam, numa relação chamada mutualismo. O bizarro verme tubícula, que habita as proximidades de fontes hidrotermais, no fundo do mar, sobrevive sem vísceras, graças a bactérias que providenciam uma função digestiva em troca do sulfito de hidrogênio ou metano fornecido pelo verme. O peixe-palhaço que já mencionei desenvolveu um muco adaptativo para se proteger do veneno dos tentáculos da anêmona-do-mar. Usando esses tentáculos para se abrigar dos predadores, o peixe-palhaço retribui o favor protegendo a anêmona-do-mar dos peixes para quem elas servem de alimento. Diante desses fatos, dizer que só a competição orienta a evolução é um nítido equívoco.
O mesmo vale para o chamado gene egoísta. A teoria genética ainda precisa descobrir por que a evolução às vezes favorece a morte em detrimento da vida. A sobrevivência nem sempre é a motivação única de uma criatura. As abelhas são equipadas com um ferrão para proteger a colmeia, mas, quando o usam, o ferrão é expelido, ferindo de morte a abelha. Não se pode dizer que esse sacrifício contribui para a sobrevivência, pois o animal morre. Por isso os evolucionistas tiveram de dar um passo atrás. É o gene da abelha que está lutando pela sobrevivência, não o inseto individual. Especificamente, os genes da abelha rainha é que devem sobreviver, e as abelhas situadas na parte inferior da hierarquia sacrificam suas vidas se a colmeia como um todo se beneficiar disso. O mesmo argumento se aplica às aranhas fêmeas, que arrancam a cabeça do macho durante o acasalamento; ou, por extensão, aos milhões de ovas de peixe que navegam pelo mar, fornecendo alimentos para outros peixes sem jamais ter tido uma chance de eclodir. Se cem ovas sobrevivem enquanto milhões perecem, o acervo de genes se perpetua.
Como explicação viável, a noção de gene egoísta beira o absurdo que não nos leva à essência da mudança evolutiva, a célula inteligente. O DNA não pode controlar o modo como um gene responde ao ambiente, por exemplo, porque, em si, o DNA é surdo, cego e mudo. Ele se está passivo no núcleo de uma célula, só se replica quando o RNA produz as enzimas e proteínas necessárias ao crescimento celular. Em nenhum lugar dessa cadeia de eventos químicos há possibilidade de o gene olhar para o mundo e decidir ser egoísta ou altruísta. Só se pode explicar o sacrifício próprio incluindo o único elemento que os materialistas abominam: a consciência.
Uma abelha pode servir à colmeia quando existe um propósito maior – manter o todo vivo, a despeito da morte de algumas partes. O corpo humano nitidamente preserva o todo em detrimento das partes. Os glóbulos brancos, por exemplo, morrem depois de ingerir bactérias invasoras. Cada célula do corpo tem um ciclo de vida programado, desde algumas semanas, no caso de células da pele e do estômago, até a vida inteira do próprio corpo, no caso das células cerebrais. O cauteloso princípio de que o todo é mais importante que suas partes se estende pelo planeta. O propósito da ecologia é se manter, não manter uma planta ou um animal específicos. Ainda assim, esse esquema permite que centenas de milhares de espécies prosperem, mesmo as que são inimigas mortais.
Um mecanismo sem mente nunca será o bastante para explicar como a vida evolui e prospera. Há muitos pares opostos, como competição e colaboração, egoísmo e altruísmo. As escolhas conscientes são feitas pela natureza. Não só os críticos do darwinismo encontraram furos na teoria. Hoje, cerca de onze reinterpretações ou revisões disputam a primazia entre os próprios evolucionistas (na acepção clássica de Darwin). Cada revisão tenta preencher uma falha ou corrigir um equívoco. Os darwinistas progressistas, por exemplo, tentam explicar como uma variedade infinita se desenvolve a partir de um material genético limitado. Os seres humanos têm apenas 23 mil genes, dos quais 65% são tão básicos que nós os partilhamos com a banana. Esses darwinistas progressistas estão mais atentos aos estágios de desenvolvimento do crescimento – daí o apelido que lhes deram “evo devos” (evolucionistas desenvolvimentistas) – e descobriram que sequências em aparência aleatórias em nosso DNA ajudam a ligar e desligar genes, agindo como “dedos moleculares” que manipulam um painel de controle, de forma que os embriões no útero possam se desenvolver segundo diretrizes específicas.
Outra vertente, a dos coletivistas, reconhece que a evolução exigiu cooperação e competição. Eles destacam que os enormes saltos, desde organismos unicelulares até os eucariontes, ou organismos multicelulares, resultaram de um empreendimento cooperativo com as plantas, que tinham desenvolvido a fotossíntese. Os darwinistas estritos tinham razão para resistir, pois a cooperação desafia a noção de um gene egoísta, e só depois de uma batalha de vinte anos ela foi aceita como a base da vida.
Outras áreas separam diferentes peças do quebra-cabeça, para resolvê-las. Os teóricos da complexidade estudam como um sistema pode se tornar tão intrincado a ponto de gerar espontaneamente uma complexidade ainda maior. Sem essa capacidade, um simples óvulo fertilizado não poderia se desenvolver em 50 trilhões de células – nossa melhor estimativa do número de células num ser humano adulto médio. Os chamados direcionistas lidam com a maneira como a complexidade e a cooperação jamais cessam – 2 bilhões de anos atrás, dois tipos de organismos unicelulares cooperaram para resultar, como uma bola de neve, num planeta onde todas as criaturas vivas afetam umas às outras. Sete outros campos de especialização ocupam-se em injetar bioengenharia, desígnio, Deus e metafísica no esquema, para ver se alguma coisa se encaixa. Todas as partes dessa colcha de retalhos se orientam no sentido de entender exatamente como funciona o mecanismo da evolução.
Mas que tal observarmos a figura toda de uma vez? Como há bilhões de partes envolvidas, é quase impossível divisar o todo; todavia, dá para ver que a vida evolui aqui e agora. É hora de adotar uma abordagem holística da evolução, e a melhor amostra disso é a nossa própria espécie. Os primeiros hominídeos vagando pela savana africana 4 milhões de anos atrás, como Lucy, evoluíram em seres humanos como o Homo erectus há cerca de 1,8 milhão de anos. O Homo erectus era incrivelmente parecido conosco. Tinha bem mais de 1,50m de altura (enquanto Lucy tinha menos de 1,20m). Já tinha perdido os caninos de primatas como os chimpanzés; os quadris eram mais largos; andavam sempre eretos, em vez de às vezes engatinhar ou subir em árvores; já haviam perdido quase todos os pelos do corpo; glândulas sudoríparas substituíram o ofegar pela língua como regulador de temperatura. (Um corpo capaz de reduzir a própria temperatura consegue percorrer longas distâncias atrás da presa, o que os primeiros homens precisavam fazer, pois não conseguiam lutar contra animais maiores; hoje, os selvagens do deserto de Kalahari continuam a caçar antílopes durante horas, até o animal cair de cansaço e ser morto com facilidade.) Cérebros maiores se desenvolveram fora do útero, depois do nascimento da criança. (Isso foi necessário porque um cérebro humano totalmente formado não consegue passar pela via natural de nascimento.) É difícil acreditar que todas essas adaptações tenham gotejado no acervo genético dos hominídeos como eventos aleatórios. O surgimento do Homo erectus parece holístico e fruto de uma intencionalidade.
Mas onde se origina esse desígnio? Parece que a inteligência orienta a estrutura. Alguns antropólogos especulam se o Homo erectus deu um grande salto em algo além de suas características físicas. Como primitivo construtor de ferramentas, ele aprendeu a julgar que sílex dava boas lâminas e qual não servia. Isso implica capacidade de raciocínio. Para afastar os predadores durante a noite, o Homo erectus pode ter dominado o fogo duas vezes antes que os 750 mil anos hoje estabelecidos. Estudos do formato do cérebro indicam que os primeiros seres humanos podem ter tido os mesmos centros de linguagem que nós: então, eles falavam? Como uma especulação suscita outra, parece provável que múltiplos traços surgiram mais ou menos ao mesmo tempo, mas não como traços individuais aleatórios. Cada mudança fornecia um catalisador para outras. A posição ereta permitiu que eles percorressem distâncias mais longas, propiciando mais alimento e desenvolvendo um cérebro maior (o órgão mais faminto de calorias do corpo), o que abriu caminho para o elaborado raciocínio necessário para descobrir o fogo e cuidar dos indefesos bebês enquanto seus cérebros amadureciam.
Além do darwinismo, há uma maneira melhor de observar a vida no nosso planeta: os círculos de retroalimentação. A vida cria uma nova característica, melhora com isso e se observa enquanto melhora. Esse círculo de retroalimentação não é aleatório: tem um propósito, tem desejo e intenção. Por exemplo, qualquer pessoa é dotada de sentido de equilíbrio. Isso é inato, um dom sobre o qual nem pensamos. Você pode aperfeiçoá-lo, como as pessoas que aprendem a esquiar, andar de skate ou caminhar na corda bamba. Quando se observa com atenção o que acontece quando um iniciante está aprendendo a esquiar, para todos os efeitos, há muitas quedas e erros. Mas esse comportamento caótico não é o que parece. Cada erro contribui para um círculo de retroalimentação dentro do cérebro, que está aprendendo, passo a passo, a dominar a nova habilidade. O comportamento parece aleatório, mas na verdade serve a um propósito, mesmo que ele não seja percebido apenas pela observação de eventos aleatórios.
Se continuar tentando esquiar, você estará treinando ainda mais seu senso de equilíbrio. Em uma palavra, está fazendo com que ele evolua. O corpo inteiro participa do empreendimento. Seus músculos longos se ajustam nas torções para um lado e para o outro. Os tornozelos se adaptam às rígidas botas de esqui; sua respiração muda com o esforço de concentração. Os olhos passam informações ao cérebro sobre a encosta em que você desliza. Nenhuma dessas atividades é isolada, tudo conflui para a intenção concentrada de seu corpo. Embora esquiar seja uma atividade nova, você tem potencial para aprendê-la desde o nascimento.
O que se aplica ao uso de uma retroalimentação inteligente numa rampa de esqui pode se estender para toda a natureza. O darwinismo fica restrito se insistir em que cada característica surgiu como resultado de melhorias progressivas na busca de comida e acasalamento. As criaturas ganham uma identidade que descobre a si mesma por círculos de retroalimentação. Cavalos aprendem a ser cavalos melhores, cobras, a ser cobras melhores. Cada um é um conjunto único de qualidades que se mesclam lindamente. O erro que cometemos é humanizar essa inteligência. A evolução não precisa de um cérebro complexo, Os círculos de retroalimentação são universais. Animais unicelulares também os utilizam, pois mesmo as criaturas mais primitivas organizam alimentação, respiração, divisão celular e movimentos.
A espiritualidade restaura o desígnio e a direção em seus devidos lugares, no cerne da evolução. Como seres humanos, sabemos para aonde queremos ir (ao menos esperamos que sim); nossas intenções nos levaram a um mundo onde bombas atômicas coexistem com conferências de paz, automóveis com pedestres, madeireiras com conservacionistas. Estamos emaranhados numa teia de desejos, alguns tendendo a uma vida melhor, outros, à autodestruição. Se quisermos evoluir para além dos nossos piores impulsos, a única maneira será buscar um propósito mais elevado que beneficie a todos. A religião tentou fornecer esse desígnio mais elevado com a figura de Deus, mas, como vimos nas guerras sagradas, a violência sectária, o terrorismo e Deus também podem servir à destruição. É por isso que a espiritualidade, a raiz mestra da religião, é a nossa última esperança, por manter a possibilidade da evolução da consciência.
O darwinismo (ao contrário do próprio Darwin) apresenta um enorme obstáculo à nossa salvação, o que é profundamente irônico, embora inegável. A teoria da evolução é usada para apoiar as seguintes falsas premissas:
• A vida é completamente física.
• A evolução acontece por mutações acidentais.
• A mente e os propósitos mais elevados são ilusões.
• A sobrevivência é o único objetivo de todas as coisas vivas.
• A competição é a força motriz da natureza.
Darwin em si não pode ser culpado por essas noções: seu objetivo era apenas mostrar como uma espécie dá origem a outra. Ele não inventou a expressão “sobrevivência do mais apto”, muito menos a sombria visão vitoriana de uma “natureza sangrenta, com garras e dentes”. Mas, com Darwin, foram plantadas as sementes de aversão a Deus e o foco no mecanicismo. Seus seguidores e descendentes desenvolveram esses germes numa teoria em que a aleatoriedade e a falta de sentido prevalecem. Enquanto essa teia de ideias macular nosso ponto de vista, não haverá razão para acreditar que a consciência possa evoluir. Porém, quando descartamos essas falsas suposições, torna-se claro que a consciência tem evoluído desde o início, e não vai parar jamais.
Deepak defende apaixonadamente a necessidade de os homens se desenvolverem para além de seus piores impulsos, argumentando que isso pode ser realizado por meio de um propósito superior que beneficie a todos. Está certo ao dizer que a religião tem fracassado em oferecer esse propósito, propiciando, em vez disso, motivações para conflitos e destruição. Acredito que ele também está certo ao afirmar que podemos ir além de nossos mecanismos mais básicos de “sobrevivência do mais apto”, por conta dos comportamentos sociais e altruístas que nos diferenciam de outros animais, também produtos da evolução, e por isso parte da nossa natureza, como examinarei mais adiante. São esses comportamentos que podem nos permitir encontrar a salvação dos muitos perigos que enfrentamos agora. A abordagem espiritual de Deepak serve para essa finalidade também, sobretudo quando nos estimula a expressar nosso altruísmo inato, ou a nutrir nosso altruísmo baseado na cultura. Mas precisamos estar atentos, no sentido de evitar que ideias sobre o que devemos fazer para melhorar a vida humana influenciem nossa crença sobre o que é a vida humana.
Deepak nos diz que a espiritualidade deve muito a Charles Darwin, mas a imagem que ele pinta sobre as ideias darwinianas atuais são o retrato de uma teoria assolada pelo caos e pela confusão. “Como explicação viável, a noção de gene egoísta beira o absurdo”, escreve ele. E: “Não só os críticos do darwinismo encontraram furos na teoria. Hoje, cerca de onze reinterpretações ou revisões disputam a primazia entre os próprios evolucionistas (na acepção clássica de Darwin). Cada revisão tenta preencher uma falha ou corrigir um equívoco.”
Será que Darwin deu errado? Será que os cientistas estão na verdade subindo uns em cima dos outros para tapar furos no casco de um navio afundado ou para chegar até um bote salva-vidas?
A resposta é absolutamente não. Com exceção de meia dúzia de criacionistas motivados por suas convicções religiosas, nenhum cientista duvida da ideia básica da evolução darwiniana, nem de que a seleção natural seja seu motor. É por esse motivo que cientistas profissionais não se rotulam como “evolucionistas” ou “darwinistas”. Esses são termos comuns entre criacionistas (dos quais Deepak tem razão em querer se distanciar), mas o uso desses termos gera a impressão errônea de que, entre os biólogos, há os que acreditam e os que não acreditam na evolução. Chamar um biólogo de “evolucionista” ou de “darwinistas” é o mesmo que chamar um físico de “adepto da Terra redonda” ou de “fernão de magalhanista”. A ideia original de uma “Terra redonda”, datada dos antigos gregos, afirmava que nosso planeta era perfeitamente esférico. A teoria da Terra plana ressurgia de tempos em tempos, até Fernão de Magalhães realizar sua famosa viagem, fornecendo provas drásticas para a teoria da Terra redonda. Mesmo assim, durante anos, havia aqueles que faziam “revisões” – pessoas como Isaac Newton – e percebiam que o planeta não era uma esfera perfeita. Elas “reinterpretaram” a teoria da Terra redonda, prevendo e medindo a forma levemente achatada e estudando seus detalhes, causas e implicações. Cabe dizer que a necessidade de revisões e reinterpretações significa que devemos voltar à teoria da Terra plana? Claro que não. Mas o preenchimento desses “equívocos” ou “falhas” na teoria não elimina a verdade de que a Terra é redonda, e os físicos atuais dariam pulos se encontrassem alguém preocupado em cair do planeta. Da mesma forma, há debates quanto às contribuições relativas à seleção natural pelos genes, por indivíduos ou grupos de indivíduos, e é verdade que a compreensão dos padrões detalhados da evolução em diferentes espécies é complicada. Mas a ideia básica de uma seleção natural não está em questão, e tampouco o papel fundamental do aleatório nesse processo.
Como devemos entender, então, todos esses biólogos estudando diferentes aspectos da evolução? Deepak os define como áreas, e observa que as ideias científicas sobre a evolução são por si mesmas competitivas na “acepção clássica de Darwin”. O comentário parece condenatório, como se houvesse uma guerra que pudesse tirar Darwin de seu lugar de honra no panteão científico. Mas isso é apenas o debate científico habitual que cerca qualquer teoria. Aliás, o debate esclarece uma importante diferença entre a ciência e a metafísica. Na metafísica, podemos nos dar ao luxo de acolher qualquer ideia atraente. Na ciência, novas ideias podem ser incorporadas em teorias – como aconteceu no exemplo da Terra redonda –, porém, as únicas ideias novas que sobrevivem são as que têm sua validade comprovada por evidências experimentais. Uma coisa é dizer que, “como explicação viável, a noção de um gene egoísta beira o absurdo”, mas provar essa afirmação é bem diferente.
O que é necessário para “provar” alguma coisa em ciência? Claro que alguém vai querer verificar as previsões óbvias da teoria e reunir evidências de que ela explica o que pretende explicar. Mas isso é só o começo. Na verdade, mais importante que reunir provas de que uma teoria está certa – o mais estimulante para um cientista – é tentar encontrar situações em que as previsões da teoria possam estar erradas. Cientistas são como advogados do diabo – ou como seu irmãozinho chato: eles questionam tudo, sempre prontos a tramar uma situação excepcional que demonstre um equívoco. Não se trata de um furo na característica fundamental da ciência: ao contrário, é o modo como a ciência progride. Por isso, quando os cientistas falam que encontraram provas em apoio a uma teoria, em geral querem dizer que buscaram novas formas de confrontar a teoria, e ela passou pelo desafio. Isso acontece até com teorias bem-estabelecidas, a exemplo da evolução, mas não deve ser interpretado como um sinal de que ela tem problemas.
Vamos tomar a lei da gravidade de Newton, por exemplo, que descreve com precisão a força de atração gravitacional entre os objetos nas condições da vida cotidiana. Os físicos experimentais ainda estão testando essa lei, embora, nos mais de trezentos anos desde que Newton a propôs, ninguém jamais tenha encontrado um desvio, a não ser em circunstâncias extraordinárias, como as descritas do Capítulo 2. Então, por que os cientistas ainda estão procurando furos? Porque em todos esses séculos desde Newton eles conseguiram verificar que a lei newtoniana da gravidade descreve corretamente a atração de objetos a distâncias que variam de milionésimos de centímetro a um ano-luz. Contudo, agora, novos métodos experimentais permitem que os cientistas verifiquem o que acontece em distâncias ainda mais curtas. Seria uma descoberta de implicações arrebatadoras se a lei não pudesse ser aplicada a todas as distâncias. Isso é ciência válida, mas não se trata de uma indicação de que os físicos estão abandonando a teoria newtoniana.
E se uma teoria não passar por um teste experimental? Isso significa que ela deve ser alterada, mas não necessariamente que seus princípios básicos estejam errados. A teoria da Terra redonda é um exemplo simples – a Terra não é perfeitamente “redonda”, mas, ainda que os detalhes da teoria tenham mudado ao entendermos mais sobre o formato do planeta, a ideia principal de que ele não é plano sobreviveu. A genética, como vimos, também evoluiu desde os primeiros modelos simples, surgidos quando a estrutura do DNA foi revelada, até a complexa realidade que os cientistas têm descoberto nas décadas decorrentes desde então. Ainda que uma teo ria possa ser resumida de forma sucinta, o cabeçalho que telegrafa seu significado em geral desvirtua uma considerável complexidade, tanto no conceito quanto em sua aplicação às situações no mundo real. Boa parte do trabalho dos cientistas está relacionada aos detalhes dessa complexidade, e, ao ajustar e elaborar mais sobre a teoria, nós continuamos a aprender, como aconteceu nas teorias que acabei de mencionar.
Ao criticar Darwin, Deepak concentrou-se numa faceta da teoria da evolução relevante para seu objetivo humanitário, e há algo que ele acredita não ser explicável pela teoria darwiniana: a cooperação entre indivíduos, que parece contradizer a ideia de seleção por competição. Concordo que esse é um desafio importante para a evolução, uma das falhas críticas que precisamos superar. O próprio Darwin escreveu que é “de longe a mais séria dificuldade específica que minha teoria já encontrou”. Ele acreditava que a resposta estava nos benefícios comunitários, que a seleção natural, nesse caso, estaria funcionando no plano do grupo, e não do indivíduo. Como veremos, há muito mais que isso, mas existe uma resposta, e o trabalho de superar essa falha não está nem além nem aquém de superações análogas, nas teorias eletromagnética ou quântica, responsáveis pela maior parte da tecnologia moderna.
Deepak escreveu que a evolução darwiniana deve estar errada porque, se estivesse certa, “competição e cooperação, egoísmo e altruísmo” não poderiam coexistir. É verdade que os cabeçalhos da teoria da evolução – seleção natural por meio de competição e sobrevivência do mais apto – parecem excluir a cooperação. Mas, como acontece muitas vezes na ciência, se você ler a história toda vai chegar a uma imagem mais detalhada, e nesse caso maravilhosa – o tipo de imagem que até Deepak receberia bem.
Consta que Einstein disse que todas as coisas devem ser feitas da forma mais simples possível, mas não da forma mais simples. Por isso, ao abordar essa questão, vou tentar caminhar por essa linha tênue. Será que competição e cooperação, egoísmo e altruísmo podem coexistir? Richard Dawkins, que cunhou o termo “gene egoísta” 35 anos atrás, em seu livro de mesmo nome, diz agora que tem outras opiniões sobre a expressão, que pode ser enganosa. Realmente existe um problema no fato de o título dessa obra ser agora amplamente citado até por pessoas que nem chegaram a ler, segundo as palavras de Dawkins, “as grandes notas de rodapé do livro”. Um bom título alternativo, ele propõe, teria sido “O gene cooperativo”. Parece estranho que um gene possa ser definido como cooperativo e egoísta. Vamos ver por que ele diz isso.
Consideremos o exemplo das abelhas camicases de Deepak. Elas pertencem a uma ordem de insetos chamados Hymenoptera, que também inclui formigas e vespas, organismos sociais que descrevi anteriormente. Esses insetos são famosos pelo aparente altruísmo e o comportamento cooperativo. Para eles, a sociedade como um todo é semelhante a um organismo. A maioria dos indivíduos é formada por operárias estéreis. Algumas formigas cuidam do ninho, outras lutam, outras buscam alimento. Entre as abelhas, intrusos são reconhecidos e atacados, e os indivíduos desempenham o papel das células do nosso sistema imunológico; o metabolismo das abelhas individuais regula a temperatura da colmeia quase tão bem quanto o corpo humano regula sua própria temperatura – embora as abelhas não tenham “sangue quente”. Em cada colônia de Hymenopteras há também uma minoria de indivíduos (em geral um de cada sexo) que se reproduz – as rainhas fêmeas e os zangões machos –, e é por meio desses insetos que flui a linha genética. Nas sociedades avançadas, as rainhas e os zangões não fazem nada além de reproduzir, enquanto as tarefas de buscar alimento, se defender e de babá são totalmente realizadas pelas operárias. Todas as fêmeas da ordem Hymenoptera são portadoras de genes para se tornar qualquer tipo de operária ou até uma rainha. Mas, como vimos no capítulo anterior, o tipo de gene a ser ligado depende do ambiente, e, nesses casos, o ambiente – em especial o alimento disponível – determina se uma fêmea se desenvolve como um tipo específico de operária ou rainha.
Em vista dessa estrutura social, o comportamento camicase das abelhas operárias que morrem depois da ferroada faz perfeito sentido em termos evolutivos, pois não diminui a sobrevivência de seus genes – as abelhas operárias nunca põem ovos –, na verdade, aumenta a sobrevivência da colmeia, e portanto das abelhas que podem se reproduzir. Como escreve Darwin: “A morte de uma abelha operaria estéril não é mais grave para seus genes que a queda de uma folha no outono para os genes da árvore.”
Mas ainda resta uma importante questão: por que a capacidade reprodutiva das operárias definha, como um apêndice não utilizado? Será que, de alguma forma, é mesmo mais eficiente as abelhas passarem seus genes ajudando na reprodução da rainha – a mãe delas – do que ter suas próprias crias? A resposta é espantosa. Na maioria dos animais (exceto no caso de gêmeos idênticos), uma fêmea está mais próxima – em termos genéticos – de suas descendentes que de suas irmãs. Mas, ao examinar o processo reprodutivo das Hymenoptera, os cientistas encontraram uma coisa bem estranha. Por causa de particularidades na reprodução das abelhas, uma fêmea está mais próxima geneticamente das irmãs que de seus descendentes de ambos os sexos. Um gene que estimule o sacrifício para o bem da colmeia, que ajude na criação de abelhas irmãs, é favorecido pela evolução em detrimento de um gene para gerar descendentes diretos; por isso, a fertilidade das abelhas operárias tornou-se geneticamente irrelevante e desapareceu. As abelhas camicases parecem altruístas, mas seu comportamento atende aos melhores interesses de seus genes!
Há muitos outros detalhes na história, como sempre. Um deles é que, apesar de se relacionar mais de perto com as irmãs, as fêmeas Hymenoptera não são tão próximas dos machos. Por isso, se o sistema que descrevi funciona, deveríamos esperar que houvesse muito mais fêmeas que machos. É até possível prever uma proporção otimizada entre os sexos, e acontece que essa previsão está bem próxima do que observamos. Outro detalhe é que há espécies de insetos sociais em que a rainha se acasala com vários machos, resultando em meias-irmãs – ou seja, não tão próximas em relacionamento –, mas essas sociedades mostram o mesmo comportamento altruístico. Esse mistério foi afinal explicado por um esclarecedor estudo de 2008, no qual uma sofisticada análise do DNA mostrou que, quando a atual estrutura social dos insetos evoluiu, milhões de anos atrás, as rainhas de todas as linhagens eram monógamas, e todas as irmãs se relacionavam muito de perto. A cooperação entre os insetos sociais, um desafio que a evolução tinha de responder, acabou não representando um furo na teoria. Ela forneceu um convincente apoio à sua exatidão.
Associações de benefícios mútuos acontecem também entre outros animais que não os insetos. Mas há limites para o altruísmo. Considere o caso de um animal que distribuísse comida quando tivesse bastante, e outro que estivesse à beira da inanição. As chances de o animal altruísta não morrer de fome diminuiria um pouquinho, enquanto as chances do outro sobreviver poderiam aumentar. Mas, se o organismo no terminal receptor não partilhar seus genes com o doador, o doador reduzirá as probabilidades de transmitir seus genes para a próxima geração, pois eles não obterão qualquer benefício em troca. Esse animal poderia ter sempre um pouco menos para comer que o parceiro egoísta, que só recebe, mas nunca dá. Como resultado, de acordo com a seleção natural, animais portadores desse tipo de altruísmo protetor seriam eliminados – porém, se um altruísta for seletivo em relação aos animais com quem divide sua comida, as coisas mudam. Nós observamos esse tipo de altruísmo em muitas espécies.
Uma forma de ser seletivo é apresentar a sofisticada capacidade de reconhecer e lembrar quem retribui o favor e parar de dividir com os indivíduos que não fazem isso. Animais desse tipo ajudam os outros em ocasiões de necessidade, mas em troca de ajuda, quando estiverem necessitados. Isso se chama altruísmo recíproco. Todos nós temos alguma tendência a praticá-lo, e os economistas comportamentais a estudam em detalhes, criando experimentos em que voluntários cooperam e competem em troca de recompensas monetárias.
Um estilo menos egoísta de seletividade biológica é dividir só com os parentes – um tipo de altruísmo conhecido como seleção de parentesco. Quando um organismo divide com os parentes, em especial parentes mais próximos, há uma boa probabilidade de que quem recebe os favores partilhe os genes. Por conseguinte, embora um organismo possa reduzir um pouco suas próprias chances de sobrevivência, nessa divisão, ao aumentar as chances do parente, amplia também a probabilidade de sobrevivência do próprio gene. O resultado líquido dessas atitudes talvez seja a boa probabilidade de o gene altruísta ser transmitido, por isso, esse tipo de altruísmo tende a sobreviver. A seleção de parentesco tem consequências verificáveis. Por exemplo, ela pode prever que o altruísmo no mundo animal é mais provável em relação a parentes do que a animais não correlatos; e que, quanto mais próximo o relacionamento, maior o grau de altruísmo. Essas previsões foram confirmadas por trabalhos empíricos entre espécies que variam de pássaros a macacos-japoneses.
Darwin não estava errado. Mas, como diz Deepak, Darwin só nos leva até certo ponto. A maioria das pessoas, ao sair hoje na rua – mesmo que ela esteja deserta –, vai olhar para os dois lados, sem nem pensar a respeito. Nós dispomos de genes para habilidades como detectar o perigo, mas não existe nada em nossos genes que nos faça olhar antes de atravessar uma rua. Não precisamos desenvolver um mecanismo genético para isso, porque cada geração consegue resolver com facilidade esse tipo de problema de novo – e esse conhecimento é transmitido pela cultura.
Hoje a evolução da cultura talvez seja mais importante para a humanidade que a evolução genética. Os seres humanos já viveram em incontáveis civilizações, mas as poucas centenas de gerações desde a Grécia Antiga não foram suficientes para que uma evolução genética natural tivesse muito impacto sobre nós. Não que não tenhamos mudado: mudamos; contudo, o que mais nos diferencia das civilizações dos últimos mil anos não é efeito das mudança nos genes, mas de mudanças na cultura. Stephen Jay Gould observou que, em outras espécies de mamífero, a taxa de “assassinatos” é muito mais alta que nas cidades. Dessa e de outras maneiras, nossa cultura pode nos elevar acima de nossa maquiagem genética. Isso é uma chave para nossa sobrevivência porque, graças ao rápido progresso tecnológico, o ambiente em que operamos mudou drasticamente nos últimos séculos. A tecnologia atual nos traz muitas coisas boas; hoje, contudo, tanto os grupos quanto os indivíduos têm poder para provocar grandes danos, seja por más intenções (terrorismo), seja simplesmente por descuido em relação aos efeitos prejudiciais da tecnologia (poluição e aquecimento global). Nossas esperanças para um futuro melhor passam pelo desenvolvimento de valores que estimulem o cuidado de uns com os outros, fomentando o conhecimento e o aprendizado, preservando os recursos naturais e minimizando os danos ao nosso ambiente. Só esse tipo de evolução, mais cultural que biológica, na natureza, pode nos salvar.