Madre, madre querida, tengo miedo
Tengo miedo de la vida, mamá.
Cántame esa dulce canción que cantabas
Cuando iba corriendo loco a tu regazo
Con miedo a los fantasmas en el techo.
Acuna mi sueño lleno de inquietud
Sacudiéndome despacito del brazo
Que tengo mucho miedo, mamá.
Lleva la luz amiga de tus ojos
Hasta mis ojos sin luz y sin reposo
Dile al dolor que me espera eternamente
Que se vaya. Echa a esta angustia inmensa
De mi ser que no quiere y que no puede
Dame un beso en la frente dolorida
Que estoy ardiendo de fiebre, mamá.
Acúname en tus brazos como antes
Dime bajito así: –Hijo, no temas
Duerme tranquilo, que tu madre no duerme.
Duerme. Los que hace mucho te esperaban
Cansados ya se fueron muy, muy lejos.
Cerca de ti se queda tu mamita
Tu hermano, que estudiaba y se durmió
Y tus hermanas, caminando en puntitas
De pie, para no despertarte.
Duerme, hijo, duerme en mi pecho
Sueña feliz. Yo te cuido.
Madre, madre querida, tengo miedo
Me da pavor la renuncia. Que me quede
Dile a esta pena, madre, dile que me vaya.
Ahuyenta a este espacio que me tiene
Ahuyenta al infinito que me llama
Que tengo mucho miedo, mamá.
Minha mãe
Minha mãe, minha mãe, eu tenho medo
Tenho medo da vida, minha mãe.
Canta a doce cantiga que cantavas
Quando eu corria doido ao teu regaço
Com medo dos fantasmas do telhado.
Nina o meu sono cheio de inquietude
Batendo de levinho no meu braço
Que estou com muito medo, minha mãe.
Repousa a luz amiga dos teus olhos
Nos meus olhos sem luz e sem repouso
Dize à dor que me espera eternamente
Para ir embora. Expulsa a angústia imensa
Do meu ser que não quer e que não pode
Dá-me um beijo na fronte dolorida
Que ela arde de febre, minha mãe.
Aninha-me em teu colo como outrora
Dize-me bem baixo assim: – Filho, não temas
Dorme em sossego, que tua mãe não dorme.
Dorme. Os que de há muito te esperavam
Cansados já se foram para longe.
Perto de ti está tua mãezinha
Teu irmão, que o estudo adormeceu
Tuas irmãs pisando de levinho
Para não despertar o sono teu.
Dorme, meu filho, dorme no meu peito
Sonha a felicidade. Velo eu.
Minha mãe, minha mãe, eu tenho medo
Me apavora a renúncia. Dize que eu fique
Dize que eu parta, ó mãe, para a saudade.
Afugenta este espaço que me prende
Afugenta o infinito que me chama
Que eu estou com muito medo, minha mãe.