Soneto de fidelidad

De todo, es a mi amor que estaré atento

Antes, y con tal celo, y siempre, y tanto

Que incluso ante el mayor de los encantos

Con él se encante más mi pensamiento.

Quiero vivir cada fugaz momento

Lanzando en honor suyo lo que canto

Derramar mis sonrisas y mis llantos

Para su alivio o para su lamento.

Y así, que cuando el día se apresure

Hacia la muerte, horror del que está vivo

O hacia la soledad, fin del que ama

Me deje decir de él (ya se habrá ido):

Que no sea inmortal, puesto que es llama

Pero que sea infinito mientras dure.

Estoril, octubre, 1939

Soneto de fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa lhe dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.