La ciudad cambió. Partió hacia el futuro
Entre tanques semoventes de andar abstracto
Cañones que atraviesan el inmarcesible muro
De la mañana en el ala de los DC-4.
Se comió las colinas, los templos, el mar
Se volvió contratista de palomares
De donde se ve partir y se ve regresar
A las palomas paraestatales.
Ensanchó las caderas en la gravidez urbana
Sintió necesidades profundas
Vio poblarse sus latifundios en Copacabana
Primero de casas, poco después de tumbas.
Y sonrió, pese a la arquitectura teutona
Del bélico Ministerio
Como quien dice: Yo soy el hermeneuta
De los códigos del misterio...
Y con una indignación quizás prematura
Hizo elevar del piso
Los ritmos de la superestructura
De Leão, Niemeyer y Lúcio.
Y extendió al sol sus largas pantorrillas
Entorpecidas de color
Viendo al viento erizar la piel sencilla
De Isla del Gobernador.
¿No creció? ¡Creció mucho! En grandeza y miseria
En gracia y disentería
Le dio franco excepcional a la enfermedad venérea
Y a toda chuchería.
Se volvió grande, sórdida, ¡oh ciudad
De mi mayor amor!
¡Déjame amarte así, en la claridad
Vibrante de calor!
A cidade em progresso
A cidade mudou. Partiu para o futuro
Entre semoventes abstratos
Transpondo na manhã o imarcescível muro
Da manhã na asa dos DC-4s.
Comeu colinas, comeu templos, comeu mar
Fez-se empreiteira de pombais
De onde se vêem partir e para onde se vêem voltar
Pombas paraestatais.
Alargou os quadris na gravidez urbana
Teve desejos de cúmulos
Viu se povoarem seus latifúndios em Copacabana
De casa, e logo além, de túmulos.
E sorriu, apesar da arquitetura teuta
Do bélico Ministério
Como quem diz: Eu só sou a hermeneuta
Dos códices do mistério...
E com uma indignação quem sabe prematura
Fez erigir do chão
Os ritmos da superestrutura
De Lúcio, Niemeyer e Leão.
E estendeu ao sol as longas panturrilhas
De entontecente cor
Vendo o vento eriçar a epiderme das ilhas
Filhas do Governador.
Não cresceu? Cresceu muito! Em grandeza e miséria
Em graça e disenteria
Deu franquia especial à doença venérea
E à alta quinquilharia.
Tornou-se grande, sórdida, ó cidade
Do meu amor maior!
Deixa-me amar-te assim, na claridade
Vibrante de calor!