CRONOLOGIA:

VIDA E OBRA DE ALEXANDRE DUMAS

1802 | 24 jul: Nascimento em Villers-Cotterêts, a cerca de duzentos quilômetros de Paris, de Alexandre Dumas, filho do general de divisão Alexandre Dumas-Davy de la Pailleterie e de Marie-Louise Elisabeth Labouret. “Minhas raízes estão em Villers-Cotterêts, cidadezinha do departamento de Aisne, situada na estrada entre Paris e Laon … a dez quilômetros de La Ferté-Milon, onde nasceu Racine, e a trinta quilômetros de Château-Thierry, onde nasceu La Fontaine.”

1806: Morte do general Dumas. Marie Labouret passa por dificuldades financeiras e permanece junto a seus pais em Villers-Cotterêts.

1815: Durante os Cem Dias de Napoleão, Alexandre Dumas entrevê o imperador no albergue de sua cidade natal.

1816: A sra. Dumas obtém a concessão de uma tabacaria. Dumas conclui sua formação numa escola católica particular e trabalha como contínuo num cartório da cidade.

1818: Torna-se amante de Adèle Tellier. Paixão pelo teatro. Conhece Leuven, futuro autor dramático e diretor do Opéra-Comique. Escrevem juntos dois vaudevilles e um drama.

1823: Vai para Paris e, por intermédio de ex-colegas do general Dumas, é nomeado secretário do duque de Orléans. Sua amante na época é a vizinha Marie-Catherine-Laure Labay, que não demora a engravidar.

1823 | 27 jul: Nascimento de seu filho Alexandre Dumas, reconhecido por ele em 17 de março de 1831. Lê Walter Scott, Byron, Fenimore Cooper. Sua mãe instala-se em Paris, onde passam a morar juntos.

1825: Escreve, em colaboração com Leuven e Pierre-Joseph Rousseau, um vaudeville, que assina como “Davy”, encenado sem maiores repercussões no Ambigu.

1826: Publica Novelas contemporâneas, que consiste em três narrativas e alguns poemas.

1827: Assiste entusiasmado à turnê parisiense de uma companhia inglesa que representa Shakespeare (muito pouco conhecido na França até essa época). Torna-se amante de Mélanie Waldor, jovem que sonha ser escritora.

1828: Escreve Christine em Fontainebleau, tragédia recusada pela Comédie-Française, e o drama histórico Henrique III e sua corte, aceito. Conhece o célebre escritor Charles Nodier, em cuja casa é apresentado aos escritores Victor Hugo, Lamartine, Vigny, Musset e ao pintor Louis Boulanger.

1829: Triunfo de Henrique III e sua corte. Dumas aloja sua mãe doente na rua Madame, instala Catherine Labay e seu filho em Passy e aluga para seu uso um apartamento na rua de l’Université. É nomeado bibliotecário-adjunto do duque de Orléans.

1830: Estreia de Christine no Odéon. A atriz Belle Krelsamer torna-se sua amante. Participa da Revolução de Julho, da qual faz um amplo relato em suas Memórias e correspondência (a Mélanie Waldor, com a habitual imodéstia: “Tive a felicidade de desempenhar um papel digno de ser notado por La Fayette e pelo duque de Orléans … tendo me apoderado de um paiol de pólvora. Provavelmente o duque será o rei …”).

1831: Pede demissão do cargo de bibliotecário. 5 mar: Belle Krelsamer dá à luz uma filha, Marie-Alexandrine, que Dumas reconhece em 7 de março. Consegue na Justiça a guarda do filho, que, depois de uma briga com Belle Krelsamer, passará por diversos internatos. 3 mai: Estreia de Antony, no teatro da Porte Saint-Martin, sucesso extraordinário. 20 out: Estreia, no Odéon, de Carlos VII, sucesso popular. 10 dez: Estreia, na Porte Saint-Martin, de Richard Darlington.

1832: Grande sucesso de Teresa. A atriz Ida Ferrier torna-se sua amante. 29 mai: Triunfo de A torre de Nesle, escrita por Frédéric Gaillardet e retrabalhada por Dumas. 5-6 jun: Depois de se envolver nos levantes republicanos, viaja para a Suíça.

1834: Publica os tomos I e II de suas Impressões de viagem à Suíça. Viaja com os pintores Godefroy Jadin e Amaury Duval para o sul da França.

1835: Viaja à Itália com Ida Ferrier e o pintor Jadin. Publica novelas e poemas.

1836: Publica compilações das Crônicas de Froissart e uma tradução em versos do Inferno, de Dante. Estreia na Porte Saint-Martin de Don Juan de Marana e, no Variétés, de Kean, grande sucesso.

1837: É nomeado cavaleiro da Legião de Honra. Estreia, no Opéra-Comique, de Piquillo, ópera-cômica escrita em colaboração com Gérard de Nerval. Estreia, na Comédie-Française, de Calígula, um fracasso.

1838: Publica dois romances: O capitão Paul e O mestre de armas. 10 ago: Morte da mãe. Viagem com Nerval à Alemanha. Escreve Léo Burckart, que Nerval retrabalhou mais tarde e foi encenada em abril de 1839. Dez: Por intermédio do próprio Nerval, conhece aquele que será o seu maior colaborador literário, Auguste Maquet, então com vinte e cinco anos.

1839: Publica Novas impressões de viagem: quinze dias no Sinai (nunca estivera lá, escrevendo a obra de acordo com as recordações e desenhos de Adrien Dauzats). Publica Acteu, romance histórico sobre o reinado de Nero. Estreia na Comédie-Française de Mademoiselle de Belle-Isle, encenada mais de quatrocentas vezes entre 1880 e 1884. Instala-se na rua de Rivoli.

1840: Publica cinco romances. Casa-se com Ida Ferrier em fevereiro, partindo para Florença, onde o casal ficará até setembro.

1841: Publica Novas impressões de viagem: o Speronare. Jun: Em companhia do príncipe Napoleão (filho de Jerônimo Bonaparte), visita a ilha de Elba, a Córsega e, durante uma expedição de barco, vislumbra a ilha de Monte Cristo, um rochedo perdido no mar. Breve passagem pela França, onde comparece ao enterro do duque de Orléans.

1843: Publica quatro romances e Impressões de viagem: o Corricolo. Passa a morar num palacete da rua de Richelieu. Aluga, em Saint-Germain, a villa Médicis, onde residirá até 1846.

1844: Escreve Os três mosqueteiros e o início de O conde de Monte Cristo, que será publicado em 1844-45. Separa-se amigavelmente de Ida Ferrier. Compra em Marly um terreno onde irá construir o castelo de Monte Cristo.

1845: Publica A rainha Margot e Vinte anos depois. Estreia no Ambigu o drama A juventude dos três mosqueteiros, baseado no romance.

1846: Publica quatro romances: O cavaleiro da Casa Vermelha, A dama de Monsoreau, As duas Dianas, O bastardo de Mauléon. Início da publicação de José Bálsamo (primeiro romance da série Memórias de um médico). Funda o Théâtre Historique, que ergue num terreno por ele adquirido no bulevar du Temple. Parte para a Argélia em missão de relações públicas para o governo francês, em companhia do filho, de Maquet e Boulanger, viagem que foi alvo de intensas críticas por parte da oposição.

1847: Retorna a Paris. Inauguração do Théâtre Historique. Tem um caso com a atriz Béatrix Parson. Estreia de A rainha Margot. Conhece Dickens. Instala-se no castelo de Monte Cristo. Publica a continuação de José Bálsamo e o final de As duas Dianas.

1848: Publica o final de José Bálsamo e Os quarenta e cinco; início da publicação de O visconde de Bragelonne e de Impressões de viagem: De Paris ao Tânger. Tem um caso com a atriz Celeste Scrivaneck. Participa de diversas manifestações republicanas. Estreia, no Théâtre Historique, de Monte Cristo. Venda do castelo de Monte Cristo. Publicação do primeiro número de Mois, revista dedicada à história e à política inteiramente redigida por Dumas. Fracasso de sua candidatura nas eleições para a Assembleia Constituinte. Graves dificuldades financeiras, com o Théâtre Historique cheio de dívidas. Estreia de Catilina.

1849: Continuação do Visconde de Bragelonne, relatos de viagem, O colar da rainha. No teatro, montagens de A juventude dos mosqueteiros, O cavaleiro de Harmental, A guerra das mulheres, O testamento de César, O conde Hermann, entre outras.

1850: Publica A tulipa negra, A boca do inferno e os finais do Visconde de Bragelonne e do Colar da rainha. No teatro: Urbain Grandier, O vinte e quatro de fevereiro, Paulina. Out: Falência do Théâtre Historique. Caso com a sra. Anna Bauër, com quem tem um filho não reconhecido.

1851: Montagens de O conde de Morcerf e Villefort, derivadas de O conde de Monte Cristo. Dez: Parte para Bruxelas, em consequência do golpe de Estado de Luís Napoleão. Embora as razões sejam políticas, Dumas também pretende escapar de seus credores (153 listados). Início da publicação de suas Memórias (até outubro de 1853) pelo jornal La Presse.

1852: Publica Olympe de Clèves e Os dramas do mar. Estreia de Benvenuto Cellini. É assediado pelos credores e vai com Victor Hugo para a Antuérpia.

1853: Publicação de Ângelo Pitou, A condessa de Charny e Isaac Laquedem. Instala-se definitivamente em Paris. Cria Le Mousquetaire, jornal diário que será publicado até 1857.

1854: Publica Os moicanos de Paris. Estreia de Rômulo, A juventude de Luís XIV e A consciência.

1855: Termina a publicação de Os moicanos de Paris.

1856: Estreia de Oréstia, A torre Saint-Jacques e O ferrolho da rainha. Vai a Varennes para se informar sobre a fuga de Luís XVI.

1857: Auguste Maquet move processo contra Dumas por acertos atrasados de direitos autorais e para “recuperar sua propriedade” sobre livros escritos em colaboração. Dumas faz uma curta viagem à Inglaterra com seu filho para assistir às corridas em Epsom. Criação do Monte Cristo, “semanário dedicado a romances, história, viagem e poesia” (último número em 1862), redigido por ele.

1858: Publica O capitão Richard. Processo Dumas-Maquet: o tribunal concede a Maquet 25% dos direitos autorais, mas não reconhece seu direito de propriedade sobre as obras escritas em colaboração com Dumas. Jun: Partida para a Rússia, convidado por amigos.

1859 | Mar: Retorna à França. Publica suas Impressões de viagem no Monte Cristo e no Constitutionnel. Ida Ferrier morre em Gênova. Curta visita a Victor Hugo, então exilado na ilha de Guernsey. Caso com a jovem atriz Emélie Cordier.

1860: Publica A casa de gelo, A estrada de Varennes e Conversas. Estreia de diversas peças. Faz uma viagem à Itália acompanhado por Emélie Cordier, com quem tem uma filha, não reconhecida por ele. Set: Embarca na pequena escuna que mandara construir em Marselha e participa da expedição à Sicília ao lado de Garibaldi, que o nomeia curador dos museus de Nápoles.

1861: Estreia de O prisioneiro da Bastilha.

1862: Fracasso de uma segunda peça sobre Monte Cristo.

1864: Retorna a Paris, acompanhado de sua amante, a cantora italiana Fanny Gordosa. Estreia de Os moicanos de Paris. Viagem ao sul da França.

1865: Publicação da edição definitiva das Impressões da viagem à Rússia. Encena Os forasteiros em Lyon, quando assume a direção do Grande Teatro Parisiense.

1866: Aluga no bulevar Malesherbes o apartamento que será sua última residência em Paris. Jun: Temporada em Nápoles e Florença. Jul: Viaja à Alemanha e à Áustria para preparar um romance. Relança O Mosqueteiro, que será publicado até abril de 1867.

1867: Publica Os brancos e os azuis, O terror prussiano e Os homens de ferro. Caso com a atriz norte-americana Adah Menken.

1868: Publica História de meus animais e Recordações dramáticas. Fev: Primeiro número de D’Artagnan, “jornal de Alexandre Dumas”. Estreia de Madame de Chamblay. Morte de Catherine Labay, mãe de Dumas filho.

1869: Trabalha no Grande dicionário de culinária.

1870 | Set: Já com a saúde debilitada, sofre um derrame cerebral que o deixa semiparalítico. Instala-se então na casa de campo do filho, em Puys, região balneária de Dieppe. 5 dez: Morre em Neuville-les-Pollet, lugarejo próximo, onde é provisoriamente sepultado.

1872: Sepultamento oficial em Villers-Cotterêts.

1872-73: Publicação póstuma dos dois volumes de As aventuras de Robin Hood.

1883: Inauguração na praça Malesherbes, em Paris, da estátua de Alexandre Dumas, tendo a seus pés d’Artagnan e uma constelação de leitores, de autoria de Gustave Doré.

2002 | 30 nov: No ano do bicentenário de seu nascimento, seus restos mortais são trasladados para o Panthéon, em Paris.