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Apesar de os contratos terem caducado, quase ninguém tentou retornar à Coreia. Tal era o destino de quem não possuía terra nenhuma. Quer fosse por não terem o dinheiro para a viagem, quer porque tivessem se casado com mulheres maias, um a um eles se assentaram no Yucatán.
Jo Jangyun fundou sua escola militar em Mérida e deu-lhe o nome de Escola Sungmu (“reverenciando os militares”). Os soldados de Pyongyang do império coreano desempenharam papéis fundamentais na escola. A maioria se convertera à Igreja Batista; todos haviam tatuado os pulsos. Conseguiram verbas para a escola com uma empresa de financiamento e crédito. No dia 17 de novembro de 1909, quatro anos depois do tratado que colocava a Coreia sob o domínio do Japão, eles realizaram uma demonstração de artes marciais tradicionais durante a qual Jo Jangyun declarou nulo e inválido o Tratado de Eulsa.
No dia seguinte, os cento e dez alunos da Escola Sungmu, organizados em dois batalhões, todos fardados com chapéu branco, camisa branca e calças pretas, enrolaram o corpo em faixas pretas e vermelhas e desfilaram pelas ruas. Ao comando de Jo Jangyun, os porta-estandartes que levavam as bandeiras coreana e mexicana assumiram a liderança do desfile, seguidos por corneteiros e uma banda militar. Depois vinham os jovens em fileiras organizadas e, por último, os velhos e doentes. Quando o desfile passou na frente do prédio da prefeitura, o governador do Yucatán saiu e acenou para eles. Eles não podiam ter sentido mais alegria com a sua libertação. Foi com o peito cheio de orgulho que, vestidos com roupas limpas, eles marcharam pelas ruas do centro de Mérida, ruas com as quais eles até então apenas haviam sonhado.
Depois disso, foi encenada uma peça de teatro. Trabalhadores das fazendas vestidos de soldados coreanos e soldados japoneses encenaram uma batalha imaginária, uma esquete de guerra na qual imitaram até as trombetas e os canhonaços. Os soldados coreanos capturaram todos os soldados japoneses com vida, obrigaram-nos a assinarem um tratado de paz e depois receberam uma indenização pelas perdas de guerra. Então comemoraram aos gritos: “Vencemos! Vencemos!”. Os homens que tinham ficado momentaneamente chateados por fazerem papel de soldados japoneses resolveram não ficar para trás e gritaram ainda mais alto “Longa vida à Coreia! Longa vida à Coreia!”, comemorando a sua própria derrota roteirizada.