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São frases ainda populares: Mente por todos os dentes da boca; se caísse um dente em cada mentira, já estava desdentado.
Qual será a relação dos dentes com a mentira? Arrancá-los era o castigo aos mentirosos.
No ano de 974 o Conde de Castela expediu uma carta de foral aos moradores de Castro Xariz. Num dos artigos, justamente aplicado ao mentiroso quando processado em juízo, encontra-se a pena que a imaginação popular, ainda contemporânea, julga indispensável como punição ao réu. Diz o foral: “Se entre nós e ele ocorreu caso de multa (calúnia) proceda-se a inquérito legal da nossa e da sua parte, e se alguém der testemunho falso, provando-se-lhe, arranque-lhe o Concelho a quinta parte dos dentes”.
Nesse 1964, estamos com 990 anos de distância, da legislação que apenas confirmava direito consuetudinário vigente, secularmente anterior.
Na voz do povo é outra contemporaneidade do milênio.