Segredos Da Descolonização De Angola
- Authors
- MARQUES, ALEXANDRA
- Publisher
- Dom Quixote
- Tags
- history
- ISBN
- 9789722052344
- Date
- 2013-05-07T00:00:00+00:00
- Size
- 1.78 MB
- Lang
- pt
Que segredos poderão ser revelados sobre a descolonização de Angola? O que terá sido discutido na ilha do Sal (em Setembro de 1974) entre Spínola e Mobutu sobre as condições de transferência do Poder para a FNLA? Que facilidades concedeu o Almirante Rosa Coutinho aos Movimentos de Libertação ainda antes do Acordo do Alvor? Porque insiste Almeida Santos que as reuniões de Argel (em Novembro de 1974) entre Melo Antunes e Agostinho Neto resultaram no guião da Penina? Porque quiseram os negociadores nacionais manter secreto o protocolo-anexo ao Acordo que nunca foi divulgado? E que posição assumiram em relação aos bens imóveis dos portugueses residentes no território? Qual o papel de Mário Soares enquanto Ministro dos Negócios Estrangeiros? Qual a razão do conflito entre a Coordenadora do Programa do MFA para Angola e o Alto-comissário Silva Cardoso?
De que forma Rosa Coutinho ajudou o MPLA (a partir de 11 de Março de 1975) e como se articulou com o apoio logístico soviético e cubano recebido por este Movimento? O que levou Lisboa a ordenar às autoridades militares em Luanda a permissão ao desembarque na costa angolana de material bélico para o MPLA e quis que a tropa portuguesa impedisse a reentrada da FNLA em Luanda depois de expulsa da capital pelo MPLA em finais de Julho? Porque tardou a evacuação dos portugueses e que interesse tinham os EUA no retorno em massa para ajudar o Grupo dos Nove a impedir que Portugal ficasse, como Angola, sob influência soviética?
«… Embora a expressão “descolonização” seja recorrente para descrever as transições para as independências, o termo é inapropriado para definir o que foi uma mera transferência de poderes para os Movimentos armados, num processo que (como refere Pedro Pezarat Correia) não envolveu “exclusivamente nem sequer predominantemente o país colonizador”. Justifica quem coordenou o MFA em Angola até Janeiro de 1975 (participante na maioria das rondas negociais) que a “imperativa necessidade de negociar previamente um cessar-fogo” implicou “imediatas cedências politicas” num drama em vários actos, em que o Estado português não foi “o único actor, nem sequer o protagonista”. Acabou, desta forma, por ser “fortemente condicionado” pelos angolanos e pela comunidade internacional, confrontando-se no final com um desfecho que escapou “totalmente ao seu controlo”. A documentação consultada corrobora esta análise, mas demonstra também a responsabilidade de cada um dos decisores individualmente e dos colectivos envolvidos.»