[Romance 337] • Kitty Aos 22 · Divertimento
- Authors
- Neves, Reinaldo Santos
- Publisher
- Flor e Cultura
- ISBN
- 9788588909489
- Date
- 2013-01-02T02:00:00+00:00
- Size
- 0.24 MB
- Lang
- pt
Quem é ela? Quem c essa tal de Kitty que, aos 22 anos, já é título de um romance, o que quer dizer: já é personagem principal de um romance? O que, a rigor, não é nada de mais, pois, como diz o lembrete do próprio romance, “todo personagem tem o romance que merece”.
Bom, a Kitty do título é Kitty Leme, estudante de Comunicação Social na Puc de Mic (cidade praieira e portuária mais conhecida como Vitória, ES) e, como não se cansa de repetir o narrador da história, bonita pra caralho. Patricinha que odeia ser lembrada disso, Kitty quer, da vida, como todo mundo, tudo de bom e de melhor. Loura e bonita e gostosa já é, nasceu assim, mas inteligente, sejamos lrancos, nem tanto, afinal a prima, Penha, que faz Engenharia Mecatrônica na Federal, está aí no romance para que Kitty não esqueça de que inteligência é outra coisa, e não tem nada a ver com encarar onze copos de chope numa noite. Por outro lado, Penha, com toda a sua mecatronice, não é, como Kitty, objeto de um culto religioso conduzido por um grupo de amigos e amigas cujo templo virtual é o fotolog “Every little thing she does”, onde os fieis podem venerar-lhe a santa imagem através de fotos e traduzir essa veneração em reverentes e apaixonados comentários em blog-língua.
E de que gosta Kitty? Gosta, como tantas outras, deusas ou não, de festas, baladas, shoppings, praias (de que Mic está muito bem servida), cerveja, beijos, beijos, beijos, quantos mais, melhor. Odeia pagar mico — e quem não odeia? E deslealdade, sobretudo de amiga que lhe tenta empatar as paqueras. Já foi vidrada cm brilho, mas uma overdose não planejada (alguma e? — ou todas são, ainda que não pareçam?), de que escapou por pouco, transformou-a, da noite pro dia, em careta — pelo menos no quesito drogas.
Adora, Kitty adora, perfumes, colônias, sabonetes em barra (sobretudo aquele que tem formato de abelhinha), sorvetes, roupas e sapatos e — como viver sem? — celulares. Adora rock, e suas bandas preferidas, dentre tantas, são o Linkin Park e o bom e velho Audioslave.
Kitty aos 22 é pois a história dessa Kitty Leme, universitária, 22. Não a história de sua vida, mas da última semana — de sábado a sábado — de suas férias de julho, antes de voltar ao que menos importa: a porra da facul.
E, entre Brunos e Brenos, entre Nênis e Sérgios, entre Lus e Debs, entre Pris e Pris, entre Phils e Mummies, entre funerais e desfiles de moda, banhos de sol e de mar, Audis e Toyotas, lá vai Kitty, dia a dia, vivendo a sua rotina nesse País do Espelho, sempre em busca do bom e do melhor da vida. E sempre à espera, no fundo, da dourada oportunidade de perder um sapato para que lhe apareça o devido Príncipe Encantado e, de joelhos diante dela, lhe calce no pé a felicidade do amor eterno e do casamento perfeito.
Mas a felicidade é feita de vidro e pode, facilmente, se quebrar.
E aí, Kitty, fazer o quê com os cacos?