Casa De Alvenaria

Casa De Alvenaria

Em 1961, Carolina lança o livro Casa de alvenaria: diário de uma ex-favelada. São Paulo: Livraria Francisco Alves (Editora Paulo de Azevedo Ltda), nos oferecendo novas páginas de seu novo diário onde conta sua saída dos quartos de despejo e alcançando a tão sonhada casa de alvenaria, uma visita as salas de jantar. No livro a autora trata dos seus projetos, seus percalços, estigmas sofridos por ser uma mulher de favela em ascensão social após sucesso alcançado com o lançamento do seu primeiro livro. Reflete sua nova condição, como foi solicitada e rejeitada ao sair da favela ingressando nas casas tijolo, suas conversas com políticos e intelectuais, na sua transgressão de classe social. Estes diários não foram bem recebidos pelo público em geral, não alcançando o nível de vendas do anterior, poucos exemplares foram disponibilizados e ainda hoje está sem reedição.

~

Em Casa de Alvenaria, notam-se mais explicitamente as contradições da autora quanto ao que deseja para si mesma e para sua família. Também ficam patentes suas hesitações com relação aos anseios por reconhecimento público ou ao repúdio pelos mecanismos sociais que dificultam o trajeto profissional como escritora. A figura da ex-favelada não desperta interesse, porque ela e sua obra são objeto de atenção apenas enquanto revelam a face negativa do desenvolvimentismo; já as oscilações ideológicas da mulher que, famosa, busca a atenção da imprensa e do público não trazem à época elementos que se julguem significativos.