O Genocídio Do Negro Brasileiro · Processo De Um Racismo Mascarado
- Authors
- Nascimento, Abdias
- Publisher
- Editora Perspectiva
- Tags
- 1. negros - condições morais e sociais. 2. negros - identidade racial. 3. negros - brasil - segregação. 4. negros - brasil - condições morais e sociais. 5. negros - brasil - vida intelectual
- ISBN
- 9788527310802
- Date
- 1978-01-01T00:00:00+00:00
- Size
- 0.61 MB
- Lang
- pt
O conceito de “democracia racial” foi (e ainda é) um mantra do orgulho nacional. Daqueles que recusam a realidade. Uma das maiores referências na defesa dos direitos dos negros no Brasil, mesmo após sua morte, Abdias Nascimento sobrepõe testemunhos pessoais, reflexões, comentários e críticas, opondo o discurso oficial sobre a condição social e cultural do negro brasileiro à realidade, fazendo a desconstrução do que se convencionou chamar de “democracia racial”, cenário utópico e irreal no qual “pretos e brancos convivem harmoniosamente, desfrutando iguais oportunidades de existência, sem nenhuma interferência, nesse jogo de paridade social, das respectivas origens raciais ou étnicas.”
Ao longo do século passado, prevaleceu a visão de que os descendentes dos africanos se encontravam, no Brasil, numa condição muito mais favorável do que a vivida pelos negros no sul dos Estados Unidos ou na África do Sul do apartheid. Mais do que estabelecida, essa era uma visão oficial: o Brasil seria uma “democracia racial”, um lugar em que o grande problema do negro era a pobreza e não o preconceito de cor. Foi contra essa falácia que Abdias Nascimento se insurgiu ao apresentar, no Segundo Festival de Artes e Culturas Negras, em Lagos (Nigéria, 1977), em plena vigência da ditadura militar, um texto combativo, a começar pelo título, demonstrando que a condição dos negros no Brasil não era realmente como aquela nos EUA ou na África, era pior, vítimas que são de um racismo insidioso, de uma política que conduz a um “genocídio”, para usar o termo do autor, que, ausente das leis e dos discursos políticos, se revela cotidianamente.
Assim, a reedição de O Genocídio do Negro Brasileiro pela editora Perspectiva não é apenas uma homenagem histórica, mas a constatação de um fato: a despeito do trabalho dos ativistas e da mudança de mentalidade na academia, a situação continua inalterada. Segundo a ONU, atualmente no Brasil ocorre, a cada 23 minutos, a morte de um jovem negro. Em geral, do sexo masculino; em geral, pela ação, ou omissão, do Estado, da polícia – a instituição de escolha para se lidar com qualquer “questão social” no país. É preciso dizer mais?