Minha Razão De Viver · Autobiografia
- Authors
- Wainer, Samuel
- Publisher
- Planeta do Brasil
- Tags
- 1910-1980 - jornalista 2. autobiografia , 1. samuel wainer
- Date
- 2015-10-19T00:00:00+00:00
- Size
- 0.43 MB
- Lang
- pt
Samuel Wainer (Bessarábia, 19 de dezembro de 1910 — São Paulo, 2 de Setembro de 1980), jornalista. Veio para o Brasil com 2 anos de idade. Foi fundador, editor-chefe e diretor do jornal Última Hora. Foi casado, entre outras, com a modelo e jornalista Danuza Leão.
Radicado na capital paulista, Wainer teve um importante papel político no segundo governo de Getúlio Vargas. Originariamente um jornalista da esquerda não-comunista, ligado ao grupo de intelectuais congregados em torno da revista Diretrizes, fundada por ele, Wainer era um repórter dos Diários Associados de Assis Chateaubriand quando veio a entrevistar Getúlio Vargas, durante a campanha eleitoral de 1950, formando com ele uma amizade política, movida à base de interesses mútuos, que viria a resultar na criação do Última Hora.
O Última Hora, jornal de causas populares desde sua origem, colocou-se abertamente como órgão pró-Vargas e oficioso: na sua primeira edição, o jornal estampava uma carta de felicitações assinada pelo próprio Getúlio Vargas. Foi um jornal que introduziu uma série de técnicas bem sucedidas que o tornavam mais atrativo às classes populares: a seção de cartas dos leitores, o uso de uma editoria específica para tratar de problemas locais dos bairros do Rio de Janeiro. Era, ao mesmo tempo, um jornal conhecido pelo seu corpo de articulistas: Nelson Rodrigues e seus folhetins, a coluna de análise política de Paulo Francis e até mesmo uma coluna do futuro animador de televisão Chacrinha.
A oposição a Vargas, comandada por Carlos Lacerda, não podendo impugnar a legalidade do empréstimo favorecido que viabilizara o jornal (como lembraria o próprio Wainer em suas memórias, toda a imprensa brasileira beneficiava-se de tais créditos irregulares) procurou impugnar o próprio Wainer.
Coube a Carlos Lacerda a tarefa de procurar negar a Wainer o direito de dirigir um jornal, alegando que o jornalista teria nascido na Bessarábia (a atual Moldávia, na época um território disputado entre a Roménia e a URSS), em 1910 e que haveria recebido uma certidão de nascimento falsa em território brasileiro, que o daria como nascido em 1912.. A campanha contra Wainer — que combinava direitismo antigetulista e um toque de anti-semitismo — levou a uma longa batalha judicial que prolongou-se para além do suicídio de Vargas, em 1954, e terminou com a absolvição de Wainer da acusação de falsidade ideológica. Somente 25 anos após sua morte, na edição completa de seu livro auto-biográfico "Minha Razão de Viver", Wainer reconhece que nascera realmente fora do Brasil.
Foi o único jornalista brasileiro a cobrir o Julgamento de Nuremberg. Foi também um mundano consumado, cuja reputação de dândi foi muito beneficiada pelo seu casamento com Danuza Leão, então uma jovem modelo, figura cara à alta burguesia do Rio de Janeiro e musa boêmia da época.
Até o Golpe Militar de 1964, Samuel Wainer havia conseguido estruturar um verdadeiro império jornalístico, com várias edições regionais do seu jornal. Após 1964 - apesar de um exílio dourado em Paris, entre 1964 e 1968 - teve seu património dilapidado pelas perseguições da ditadura e acabou por vender a edição nacional do Última Hora, em 1972.