Antología poética

- Authors
- Rilke, Rainer Maria
- Publisher
- Edições Cosmos
- ISBN
- 9789727620302
- Date
- 1996-12-01T00:00:00+00:00
- Size
- 0.88 MB
- Lang
- es
Por ocasião do 70º aniversário da morte de Rainer Maria Rilke, realizou o Departamento de Estudos Germanísticos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa o Colóquio Interdisciplinar Rilke que contou com a participação de vários Departamentos daquela Faculdade assim como de escritores portugueses e estrangeiros e ainda de docentes de outras Universidades portuguesas (Nova de Lisboa, Católica de Lisboa, Coimbra, Aveiro, Minho, Trás-os-Montes, Viseu) e estrangeiras (Alemanha, Suíça, Áustria, Irlanda e Polónia).
Qual o atractivo desta personalidade literária que tão intensamente e em tantos lugares é fonte de inesgotável fascínio?
Rilke (1875-1926) é o escritor da transformação, da cabal realização da missão do poeta em «tempos de indigência». Na sua trajectória vai-se desprendendo de um lirismo ainda romântico para uma expressão mais depurada e despojada, mais despersonalizada, para a qual muito contribuiu o convívio com Rodin, enquanto seu secretário, em 1905-6. É depois deste encontro que Rilke publica os Novos Poemas, a partir dos quais se cunha, a eles aplicados, o género poético «poemas-objecto».
Este grande poeta, austríaco por nascimento e universal por vocação, de grandeza similar à de Hölderlin, desde cedo percorre vários países europeus – do contacto com Portugal apenas há noticia da carta que, em 1897, dirige à revista Arte, de Coimbra – chegando a visitar países do Norte de África. Dessas deslocações nascem contactos com personalidades do mundo da arte e da cultura, com os quais troca abundante correspondência. Poeta sem domicílio permanente (ainda que tenha vivido os últimos cinco anos na Torre de Muzot, no Cantão Valais, na Suíça), de espírito errante, tudo sacrificou À sua Obra e para ela viveu. A «grande solidão» que aconselha ao jovem destinatário de Cartas a um Jovem Poeta é, de facto, uma prática a que obedece, onde quer que se tenha vindo a fixar temporariamente. Na sua Obra encontramos as inquietações do seu espírito e do espírito do seu tempo, duramente abalado pela Primeira Guerra Mundial, e no qual procura novas formas de estar na arte e na vida.
Rilke considerava a Rússia a sua pátria espiritual, aí se tendo deslocado, na companhia de Lou Andreas-Salomé, em 1889 e 1900, permanecendo por vários meses. Por ocasião dessas viagens conhece pessoalmente Tolstöi e Leonid Pasternak e comove-se ao tomar contacto com a alma do povo russo.
O leitor culto, tal como o jovem investigador ou o estudante, encontram neste Guia um exec elente instrumento de pesquisa pois, mesmo que domine todas as línguas em que os diversos estudos são escritos, encontrará sempre, ou com raras execepções, uma grande variedade de perspectivas temáticas e metodológicas que revelam de modo sempre inovador a riqueza inesgotável da obra rilkeana.
Da Apresentação, Maria Teresa Dias Furtado