A Garota Do Tambor

Em A Garota do Tambor, John le Carré nos oferece uma galeria de novos tipos destinados a figurar de maneira indelével na memória dos admiradores do autor inglês. O que há de mais próximo do velho e experimentado agente dos serviços de espionagem britânicos George Smiley, agora é Kurtz, um dos chefes da contra-espionagem israelense. Dos bastidores, Kurtz comanda a ação que seu melhor agente Joseph, desenvolve na caça a Khalil, um implacável comandante do terrorismo palestino, que jamais dorme duas noites seguidas no mesmo lugar e que é o cérebro por trás de uma série de atentados contra judeus na Europa. A nenhum dos três personagens masculinos de A Garota do Tambor cabem as honras de figura central do livro. Estas são reservadas a Charlie, uma jovem atriz inglesa de vagas tendências esquerdistas, em quem Kurtz adivinha uma rebelde em busca de um papel na vida real, e então resolve recrutar para servir de "isca" destinada a trazer à superfície o invisível Khalil. Charlie, após uma impiedosa lavagem cerebral por parte de seus recrutadores israelenses, é levada a um jogo de sedução em que tanto seus atributos de mulher bonita como sua antiga bagagem de viagens de causas esquerdistas lhe valerão de recursos para forçar a porta da fortaleza palestina. Le Carré, como escritor hábil e talentoso, não meramente interessado numa trama de espionagem, transforma a trajetória de Charlie, paralelamente a suas aventuras político-militares, numa intensa busca pessoal e existencial, rumo à descoberta do amor, da violência e de si mesma. - Revista Veja