História Policial
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- Authors
- Kertész, Imre
- Publisher
- Tordesilhas
- ISBN
- 9788564406889
- Date
- 1977-01-01T00:00:00+00:00
- Size
- 1.52 MB
- Lang
- pt
Ainda adolescente, o escritor húngaro Imre Kertész sentiu na pele o horror imposto pelos regimes totalitários. Preso pelos nazistas por causa de sua origem judaica, ele foi deportado para o campo de concentração de Auschwitz e depois para o de Buchenwald. Libertado pelo exército soviético, tornou-se comunista e, mais tarde, um dissidente do regime. Não é de espantar, portanto, que toda a sua obra seja dedicada a explorar a experiência dolorosa de viver sob a opressão e a arbitrariedade. História policial foi publicado em 1977, quando na Hungria havia apenas editoras estatais. Para driblar os censores, Kertész localizou sua história num país sul-americano fictício e sem nome. Antonio Martens, policial a serviço da repressão, está preso após a queda do regime ao qual servia, presumivelmente por crimes contra os direitos humanos. Na cadeia, pede permissão para escrever suas memórias, e de seu relato emerge a história de Federico e Enrique Salinas, pai e filho, ricos comerciantes locais, presos e torturados pela equipe de Martens. A narrativa é complementada por uma segunda voz, a do próprio Enrique, por meio de trechos do diário que escreveu e que está agora em poder de Martens. Enrique é um jovem idealista,inconformado com a ditadura que se instalara no país. Apesar da vida abastada e protegida, decide que não pode ser complacente com o que acontece à sua volta e que precisa agir – para o desespero de seu pai. Já Martens é um desajustado – era um policial comum até ser transferido para o órgão de repressão à resistência – que sofre com dores de cabeça periódicas que parecem relacionadas às suas dúvidas morais.Depois da morte da velha ideologia, Martens vive dominado pelo medo, enquanto espera a sua provável execução. Referindo-se o tempo todo à “logica” dos eventos, que para ele é uma espécie de destino, remete-nos à tese da filosofa Hannah Arendt segundo a qual os maiores crimes da história não foram cometidos por monstros, mas por pessoas comuns enredadas numa ordem burocrática.