Uma Fábrica de Loucos: Psiquiatria X Espiritismo no Brasil (1900-1950)
- Authors
- Angélica A. Silva de Almeida.
- Publisher
- Editora Dialética.
- Tags
- 1. psiquiatria. 2. espiritismo. 3. estudo da mente.
- ISBN
- 9786525202433
- Date
- 2021-07-12T21:34:11+00:00
- Size
- 4.31 MB
- Lang
- pt
As histórias do Espiritismo e da Psiquiatria apresentam vários pontos de contato, mas este tem sido um tema pouco explorado pelos historiadores. No Brasil, particularmente, houve um acirrado, mas pouco investigado, confronto entre psiquiatras e espíritas na primeira metade do século XX em torno da "loucura espírita".O objetivo deste estudo foi investigar o processo de construção da representação da mediunidade enquanto loucura, aqui definida como "loucura espírita", ou seja, como as experiências mediúnicas espíritas passaram a ser interpretadas pelos psiquiatras como causa e/ou manifestação de doenças mentais. Este estudo se concentrou no local e período onde este conflito foi mais intenso, ou seja, no sudeste brasileiro, entre 1900 e 1950. No Brasil da primeira metade do século XX, tanto a Psiquiatria como o Espiritismo estavam em busca de legitimação, de seu espaço cultural, científico e institucional dentro da sociedade brasileira. Estes dois atores sociais estavam ligados às classes urbanas intelectualizadas e defendiam diferentes visões e abordagens terapêuticas relacionadas à questão da mente e da loucura. Ambos disputavam um mesmo espaço no campo científico, cultural, social e institucional, buscando a afirmação da própria legitimidade. Este conflito se manifestou através de constantes embates entre psiquiatras e espíritas. Além da publicação de livros, artigos científicos, este embate atingiu também a imprensa leiga, gerando um grande número de matérias sobre o tema em jornais de ampla circulação.A resolução deste conflito se relaciona com o alcance de inserção e de legitimação social pelos dois grupos, mas em campos diferentes. A Psiquiatria conquistou o seu espaço majoritariamente no meio médico-acadêmico, enquanto o Espiritismo se legitimou, basicamente, dentro do campo religioso. Esta disputa simbólica entre representações sobre a mente, a loucura e a mediunidade colaborou na constituição da Psiquiatria e do Espiritismo como os entendemos hoje no Brasil.