A misteriosa relação entre essas duas palavras é o que possibilitou este livro ser escrito. Se classe fosse apenas uma questão de enriquecer, não haveria motivo para escrever (ou ler) qualquer coisa sobre o assunto que não lidasse com investimentos. Se ficar rico fosse o segredo para se tornar inesquecível, a melhor forma de passar seu tempo seria estudando administração de empresas.
A verdade é que o dinheiro pode ser tanto uma porta de entrada para a classe como um obstáculo. Essa é a natureza do dinheiro, que é “líquido”. Ele assume a forma do ambiente em que está. Como pessoa de classe, você deveria ter expectativas maiores do que comprar um carro novo ou uma casa luxuosa. Não há problema em possuir essas coisas, mas “isso é tudo?” Bem, não. Há muito mais o que se fazer com dinheiro, e é isso que vamos estudar neste capítulo.
Algumas pessoas acreditam que dinheiro é tudo, enquanto outras insistem que dinheiro é nada – e estão todas certas. Dinheiro é tudo no sentido que pode se transformar em virtualmente qualquer coisa através de uma simples compra. Ele pode se tornar em pão, em um carro de luxo ou em cirurgia que salva uma vida. Mas o dinheiro também é nada. É só papel. Dinheiro não possui um valor inerente; só tem valor como símbolo daquilo que pode comprar.
Metais preciosos foram a base do valor do dinheiro por milhares de anos, mas isso mudou quando os bancos centrais dos principais países abandonaram o padrão-ouro. O valor do papel-moeda está em constante mudança. Ou melhor, está mergulhando de cabeça. O valor de um dólar, hoje, é menos de cinco por cento do que era quando o Sistema da Reserva Federal foi criado nos EUA em 1913.
A natureza confusa do dinheiro é o motivo de nossos sentimentos confusos a seu respeito. Nós devemos ser racionais quanto ao dinheiro, e a ciência econômica parece lógica. Ainda assim, ela se baseia em suposições totalmente irracionais. O valor do dinheiro, por exemplo, era tradicionalmente baseado no valor do ouro ou da prata. Mas por que ouro e prata são valiosos? Não há uma razão lógica. A base de todo sistema é simplesmente um acordo tácito e arbitrário que algumas coisas são valiosas e outras não. Dinheiro tem uma característica psicológica ou até espiritual que é mais básica do que suas relações com a razão e a lógica.
Interessante, não? Mas vamos falar sério. Estudar a história do dinheiro não vai pagar a fatura de seu cartão de crédito ou a escola das crianças. E, com certeza, não vai preservar sua conta bancária em caso de mudanças muito negativas na economia – que é exatamente o que este livro vai ajudá-lo a fazer.
As questões relativas ao dinheiro estão sempre mudando. Um ciclo sem fim de alta e queda ocorre em todas as áreas, do preço do ouro ao preço do leite. Às vezes, as mudanças no ciclo são repentinas e dramáticas. Bolhas crescem e inevitavelmente estouram. Mas como um estouro pode ser mais danoso do que uma bolha é benéfica, é de vital importância não deixar que suas finanças pessoais entrem em colapso durante as crises econômicas.
Proteja seu emprego. A garantia de seu futuro financeiro começa com a proteção de seu emprego atual – e proteger seu emprego começa com a vontade de protegê-lo. Nem todo mundo tem a felicidade de trabalhar naquilo que gosta. Nem todo mundo trabalha em algo que possa considerar agradável. Mas se você não suporta seu emprego, e se tudo o que consegue fazer é aparecer lá todos os dias, não será muito eficiente ao protegê-lo porque – admita ou não – você não quer realmente fazer isso. Você nem mesmo quer estar lá, para começar.
Lembre-se que você provavelmente não terá esse emprego para sempre. Mas garanta que o terá pelo tempo que quiser. Que esse emprego seja o mais agradável possível.
Pergunte a si mesmo se está ali só por medo de não ter para onde ir. Se for esse o caso, encontre um lugar para ir. Descubra onde de fato gostaria de estar e vá para lá.
Mas, se para fazer seu trabalho você tem uma razão além de receber seu salário, então é importante proteger esse trabalho o melhor que puder. E não é tão difícil. Mais uma vez, a atitude positiva é importante – porque muita gente simplesmente não a tem. Assim, pode se destacar apenas colocando um sorriso no rosto. Ou, pelo menos, não fazendo cara feia.
Boa parte das empresas tem negativismo, reclamações e fofoca de sobra. Isso sempre foi assim e piora durante os períodos de retração econômica. Então, vá na direção oposta. Concentre-se no positivo. Tome a decisão consciente de evitar as pessoas negativas. Elas são muitas, mas encontre as exceções. Se não encontrá-las, seja você a exceção. Você pode ter controle total dessa possibilidade, então tire vantagem desse controle.
Mas você não pode controlar muitas coisas. Em um ambiente corporativo você não é capaz de determinar os humores de seu supervisor ou gerente. As decisões tomadas pela diretoria estão fora de sua alçada. Contudo, lembre-se que você é aquilo que pode controlar – seu trabalho, suas palavras, suas ações e suas atitudes.
O primeiro passo é determinar quais aspectos de seu trabalho você pode controlar e o que está além de sua influência. O comportamento de seu superior, o rumo que a empresa está tomando, as regras e regulamentos que a empresa impõe são coisas nas quais você não pode dar palpite. O que você pode controlar é você – seu comportamento, suas ações, sua atitude e – o mais importante – sua reação às coisas com as quais terá de conviver.
Uma vez que você se compromete a ficar em seu emprego porque quer, tenha os tópicos a seguir em mente.
Conheça sua empresa. O que você realmente sabe sobre o lugar em que trabalha? Sua resposta deve abranger muito mais que os produtos ou serviços, lucros ou perdas. Você é capaz de responder às seguintes perguntas sobre a empresa em que trabalha? Em caso negativo procure remediar essa situação o quanto antes.
Seja confiante. Seja proativo sobre como você pode dar as maiores contribuições à sua empresa. Então faça essas ideias acontecerem. Não tenha medo de cometer erros razoáveis e bem-intencionados. Um empregado que não faz nada além de ficar na defensiva não espera marcar pontos. Pode ser assustador ver cortes e dispensas acontecendo em seu ambiente de trabalho, mas isso não o afetará se se fizer indispensável.
Concentre-se no “cliente” e no “chefe”. Pense em seu chefe como seu cliente e em seu cliente como seu chefe – porque é isso que eles são. Sua responsabilidade primária é atender as necessidades de seu “cliente”. Isso não significa se tornar o capacho de seu chefe. Apenas perceba que um resultado positivo para seu supervisor significa um resultado positivo para você. A maioria dos gerentes não gosta de bajuladores. Gerentes gostam que os subalternos deem atenção às suas necessidades legítimas. Empregados que fazem isso ganham pontos. É simples assim.
Estenda as mãos. O termo networking tem sido usado demais, mas é importante formar relacionamentos positivos com o máximo possível de pessoas em seu ambiente de trabalho. Isso significa, além de seus colegas próximos, conectar-se com gente de diferentes departamentos e de todos os níveis de responsabilidade. Nunca se sabe quem vai ser promovido e ficar em posição de ajudá-lo em sua carreira. Garanta que esse indivíduo não será um estranho.
Cante as suas vitórias. Sem exagerar na dose, faça seu chefe saber de suas realizações e contribuições para a empresa. Uma linha tênue separa o exibicionismo da informação, e você vai ter que aprender a não ultrapassá-la. É uma boa ideia manter os e-mails com os quais você comunica suas realizações. Algumas pessoas vão tentar levar o crédito pelo que você fez. A melhor forma de prevenir isso é guardar as provas do que e quando você fez.
Proteger seu emprego requer atenção, mas não é tão difícil quanto você possa pensar. Apenas tenha certeza de que está em um emprego que vale a pena proteger.
REDUZIR A DÍVIDA
Dívida é um problema extremamente sério para um número crescente de pessoas. Com a estabilização de nossa economia, o crédito vem se expandindo ano após ano no Brasil. Em outras palavras, temos assistido a um endividamento crescente das famílias.
As pessoas endividadas enfrentam um pesadelo de saldos elevados e taxas de juros injustas, além de terem dificuldades cada vez maiores para economizar. Além disso, dívidas podem afetar sua saúde física e emocional.
A redução do endividamento pode ser uma das mudanças mais recompensadoras e positivas que você faz em sua vida. Uma dívida menor melhora sua saúde, reduzindo o estresse, a pressão sanguínea e dores de cabeça. A dívida sob controle também ajuda a melhorar a situação de seu crédito, no caso de você ter absoluta necessidade de tomar um novo empréstimo. Menos dívida também lhe dá mais liberdade, que você pode usar para viajar, estudar ou até mudar de carreira.
Centenas de milhares de pessoas deste país estão soterradas por uma montanha de dívidas. Mas a redução é possível quando enfrentada de forma sistemática. Veja as orientações a seguir.
Primeiro, encare os fatos. Não é incomum que pessoas endividadas estejam totalmente alienadas da realidade de sua situação financeira. Elas vivem em um estado de negação que pode complicar ainda mais sua vida, a menos que façam algo a respeito. O primeiro passo é a conscientização do problema. Encare-o de frente.
Depois, faça uma lista de todas as empresas para as quais você deve dinheiro (banco, cartão de crédito, financiamento do carro, crédito estudantil, crediário etc.). Some tudo e veja o total. Você pode se surpreender com o resultado. Pode até ficar horrorizado. Mas pelo menos está consciente do tamanho do buraco, e esse é o primeiro passo na direção da liberdade financeira e da paz de espírito.
Livre-se dos cartões de crédito não essenciais. Quanto menos car-tões tiver, menor será a tentação de gastar. Corte os cartões em pedacinhos, depois telefone para as empresas e informe-lhes que não quer mais os cartões. Não solicite nem aceite novos cartões.
Mantenha um cartão, que deve ser o que tiver a menor taxa de juros e a tarifa de manutenção mais baixa. Esse cartão é para situações de emergência e viagens. Ao escolher qual cartão manter, preste atenção nas promoções, como primeira anuidade grátis, brindes, milhagem etc. Analise se vale a pena manter o cartão quando a promoção acabar. Note também que quando liga para uma administradora de cartões de crédito para pedir cancelamento elas costumam lhe oferecer descontos e até isenção de anuidades. Priorize seus pagamentos. As dívidas com as maiores taxas de juros e alienação fiduciária devem ser pagas primeiro. Isso em geral inclui o limite de crédito de conta corrente (cheque especial), financiamento do carro ou da casa própria. Ao fazer isso, reduz a dívida mais rapidamente e economiza dinheiro evitando juros mais altos.
O cheque especial e os cartões de crédito têm juros altíssimos. Pode valer a pena fazer um empréstimo pessoal com taxas menores para pagar essas dívidas. Só não vale fazer a nova dívida e entrar, de novo, no cheque especial e no rotativo do cartão de crédito. Tudo isso pode parecer um incômodo, mas se você conseguir reduzir as taxas de juros de sua dívida, nem que seja em alguns pontos, conseguirá economizar uma quantia surpreendente de dinheiro.
Conforme seus esforços para redução da dívida começam a funcionar, use o dinheiro economizado para quitar outras de suas obrigações. Estar totalmente livre de dívidas é o objetivo final. Essa é uma missão de alta prioridade cujo maior beneficiário é você mesmo. Você tem de estar disposto a grandes esforços para se livrar da dívida o mais depressa possível. E que seja de forma permanente.
AVALIE E CORTE
Quando as coisas vão bem na economia é fácil pensar que a situação continuará assim para sempre. Quando a situação muda, também é normal acreditar que a economia nunca irá se recuperar. Ninguém sabe o que o futuro financeiro nos reserva, e em certo sentido isso não interessa. A verdadeira questão é, aconteça o que acontecer, você terá a força e as informações necessárias para atuar da melhor forma possível?
As pessoas reagem diferentemente aos problemas financeiros. Muitas entram em um tipo de negação, recusando-se a aceitar que precisam se adaptar – ou, de modo mais específico, que precisam cortar gastos.
A arte de sobreviver aos tempos difíceis reside na capacidade de avaliar sua real situação e eliminar despesas sem incorrer em uma mentalidade de escassez e privação.
Comece examinando sua relação com o dinheiro. O que você espera que o dinheiro lhe traga? O que você teme perder se o dinheiro não for tão abundante quanto no passado? Então, seja mais específico. O que você sabe dos custos essenciais à manutenção de seu estilo de vida? As contas da casa? O financiamento do carro? O aluguel ou o financiamento da casa? Muita gente tem uma ideia surpreendentemente vaga de quais são suas verdadeiras responsabilidades financeiras. Durante os tempos difíceis da economia, contudo, ninguém, nem os mais ricos, podem se permitir ser vagos quanto às suas finanças. As coisas mudam rápido demais para isso, e pelo menos a curto prazo não vão mudar para melhor.
Quando você tiver a noção exata do que é essencial, poderá passar das responsabilidades financeiras que você não pode mudar para aquelas que pode controlar. Simplificando, essas são as áreas que você pode cortar – o que não será tão doloroso quanto você possa pensar. Há uma boa chance de que você se sentirá mais liberado que oprimido. Acrescentamos os luxos à nossa vida e logo eles nos parecem essenciais. Mas isso é porque caímos na armadilha de acreditar que esses luxos são direitos nossos.
Essa nova consciência é mais do que uma medida necessária à economia de dinheiro. É uma oportunidade para assumir o controle, o que irá lhe ajudar a combater a sensação de impotência e vitimização que uma crise econômica pode trazer. Além de uma análise franca e realista de seus gastos, você também vai precisar de força de vontade e compromisso com a mudança. As condições de mercado dos imóveis, ações e outros investimentos podem trazer complicações, então se prepare para enfrentá-las em vez de se esconder delas. Os maiores requisitos são bom senso, conscientização e a decisão de tomar atitudes positivas.
Para atravessar uma crise com o mínimo de desconforto possível, uma família de classe média precisará reduzir seus gastos, às vezes de forma dramática. A primeira oportunidade de redução está nas coisas que não são essenciais. Férias no exterior, carro novo, eventos esportivos e shows são opções para os bons momentos, não obrigações sempre. É muito mais fácil cortar nessas áreas do que em saúde ou educação.
Veja algumas formas de reduzir gastos. Mas existem muito mais possibilidades. Discuta com seus amigos e familiares e conseguirá mais ideias.
Internet, TV a cabo e serviços telefônicos. Se você analisar com cuidado as contas desses serviços vai descobrir que provavelmente está pagando por mais serviços do que usa. Pare de pagar por coisas que não usa.
Internet em alta velocidade tornou-se uma necessidade no mundo atual. É um serviço tão essencial quanto os de eletricidade ou água. Mas existem variações expressivas no preço de um provedor para outro, e você pode não precisar de todos os adicionais que algumas empresas tentam lhe vender. Se você consegue navegar na internet e acessar seu e-mail, provavelmente já tem tudo o que necessita.
Se você tiver algum problema com o serviço prestado – e a maioria das pessoas tem, cedo ou tarde – não hesite em levá-lo ao conhecimento de seu provedor. Você pode conseguir desconto pelos dias em que ficou sem serviço.
Se você usa muito seu telefone celular, pode ser uma boa ideia cancelar o fixo. Lembre-se, também, que o serviço de telefone por internet Skype pode ser gratuito ou muito barato.
Alimentação. Em tempos de bonança os consumidores costu-mam comprar produtos de marcas tradicionais, de grandes fabricantes, que vendem em cadeias varejistas em todo o país. A marca, hoje, já não é sinônimo de qualidade. Ou melhor, a falta de uma marca famosa não significa baixa qualidade. Os produtos com a marca do supermercado têm a mesma qualidade dos produtos famosos – e, na verdade, todos podem vir do mesmo produtor – e custam bem menos. Aproveite também as promoções e compre as frutas e verduras da época. A economia pode ser significativa, principalmente se comprar em atacadistas e armazenar ou congelar.
Combustível. Não há razão para usar qualquer outro combustível que não o comum – a menos que você tenha uma Ferrari. E se tiver, essa pode ser uma boa hora para vender!
Remédios. Pergunte a seu médico ou farmacêutico se existem genéricos para os remédios receitados. Não há diferença na qualidade, mas a diferença no preço é significativa.
Condicionador de ar. Tem certeza de que não dá para passar sem? O condicionador de ar tem um impacto grande na conta de energia elétrica, e se for impossível dormir ou trabalhar com ele desligado, experimente deixar a temperatura um ou dois graus mais alta, para economizar.
Assinaturas. Se você consegue ler com conforto em seu computador, pense em cancelar as assinaturas de revistas e jornais. Mas pode ser que você nem tenha opção. Muitas publicações estão simplesmente parando de imprimir e tornando-se eletrônicas.
Em vez de ficar preocupado com a perspectiva de seu dinheiro acabar, faça algo a respeito. No lugar de se permitir certos luxos, economize, reduza e poupe. A despeito de quanto conseguir efetivamente economizar, seus esforços vão lhe ajudar a superar o sentimento de impotência e vitimização que as crises provocam.
PERMANEÇA CALMO E OTIMISTA
Durante períodos de problemas financeiros, as pessoas costumam se sentir oprimidas e acuadas. É uma reação compreensível, mas infelizmente isso só pode piorar as coisas. Até que a situação externa melhore, a melhor forma de atravessar a tempestade é permanecer calmo e otimista. E se você estiver pensando: “É mais fácil falar do que fazer”, vamos ver como fazer.
Quando estiver pensando no melhor modo de manter a calma, é útil pensar em termos de vida interna e externa. O primeiro tipo lida com o que se passa em sua cabeça, seus pensamentos, suas emoções e atitudes. A vida externa diz respeito àquilo que você efetivamente faz: suas ações, reações e outros comportamentos.
VIDA INTERNA
Comece sendo bom consigo mesmo. Ninguém é perfeito. Pare de exigir perfeição de si mesmo e de todo mundo que conhece. O melhor que você pode fazer é o suficiente. Se baixar suas expectativas e tentar aceitar ou mesmo comemorar a imperfeição, você sentirá menos tensão e poderá viver e trabalhar com mais tranquilidade.
Deixe de lado a lente de aumento. Fazer tempestade em copo d’água só traz dor de cabeça. Veja as coisas com a perspectiva adequada. Quando confrontado com um dilema ou uma situação difícil, pergunte-se: “Isto é realmente importante?” Não dificulte as coisas.
Procrastinação mata. Todos nós temos a tendência de deixar as coisas para o último minuto. Isso acontece principalmente com pessoas que levam vidas ocupadas e ativas. Mas a quantidade de estresse e tensão provocada pela procrastinação é imensa. Fará muita diferença em sua vida se você aprender a gerenciar seu tempo e trabalhar em incrementos.
VIDA EXTERNA
Respire fundo. Muitas pessoas não respiram direito. Elas respiram de forma curta ou até, de forma inconsciente, prendem a respiração por períodos de tempo. E isso colabora para aumentar a tensão e prejudicar a saúde. Preste atenção à sua respiração. Algumas vezes por dia pare o que estiver fazendo e inspire profundamente. Encha os pulmões e segure por um instante. Depois expire pelo nariz. O efeito é calmante e deve ajudá-lo a trabalhar melhor.
Relacione-se bem com os outros. Para muita gente, a parte mais irritante da vida é interagir com outros seres humanos. A prática de “viva e deixe viver” é altamente recomendada. A compreensão de que pouco se pode fazer, a curto prazo, para mudar qualquer pessoa é um dos segre-dos à coexistência pacífica. O melhor que você pode fazer é aceitar seus colegas e comunicar-se com eles o mais claro possível, sempre se lembrando de que ninguém consegue ler pensamentos.
Exercite-se. É espantosa a forma como exercício físico pode contribuir para lhe acalmar. Você provavelmente já ouviu falar das endorfinas, as substâncias liberadas pelo cérebro durante o exercício e que promovem o sentimento de bem-estar. As endorfinas real-mente existem, e também é verdade que nossa autoestima aumenta quando cuidamos de nós mesmos. Não precisamos correr maratonas nem nos matar na academia. Uma simples caminhada pelo bairro pode ajudá-lo a se livrar do estresse e da raiva contida.
Durma bem. Boas noites de sono também são importantes na manutenção da calma. Isto parece óbvio, mas a importância do sono é frequentemente ignorada por pessoas sob estresse. Mas nada é melhor para garantir clareza de pensamento e restauro das energias como uma boa noite de sono. E nada é mais prejudicial para a saúde ou para o desempenho no trabalho do que a falta de sono. Álcool e cafeína não devem ser consumidos próximos à hora de dormir. A leitura de um livro relaxante ou um banho quente ajudam a relaxar nesta hora. Além disso, adquirir o hábito de dormir bem à noite normalmente elimina a necessidade de cochilos durante o dia, e esse tempo pode ser dedicado ao trabalho.
Assim como a manutenção da calma, a questão de se manter otimista pode ser dividida em vida interna e externa.
VIDA INTERNA
Ajuste sua percepção. Muitos pensamentos negativos se baseiam na percepção incorreta da situação. As pessoas tendem a imaginar a pior das hipóteses e acreditar nela. Por isso é importante examinar clara e racionalmente os fatos de sua situação. Quando se retira a emoção da análise, a situação em geral fica mais realista e otimista.
A pior das hipóteses. Você pode usar isto a seu favor. Permita-se imaginar o pior resultado possível para qualquer situação que esteja enfrentando. Visualize o desastre. Sinta o medo. Imagine como você se sentiria. Quando voltar à realidade, você estará sentindo que enfrentou o pior e sobreviveu. Essa experiência tornará muito mais fácil lidar com qualquer situação que você esteja enfrentando.
Pinte quadros positivos. Assim como você usou sua imaginação para evocar imagens da pior das hipóteses, faça o mesmo para conseguir o oposto. Pense em algo que está para acontecer. Imagine como as coisas seriam idealmente. Enxergue-se nessa visão. Veja tudo acontecendo com perfeição. Acrescente todos os detalhes que puder na situação. Torne-a o mais realista possível. Faça isso sempre que quiser. Um bom momento para esse exercício é pouco antes de dormir.
VIDA EXTERNA
Cuidado com o que você fala. Seu cérebro ouve e acredita nas men-sagens que você envia. Tudo aquilo que você fala ou pensa, não importa quão irreal ou ridículo, pode ser tomado como verdade pelo seu sub-consciente. Portanto é uma boa ideia prestar atenção a seus pensamentos e palavras, e quando perceber mensagens negativas, mude-as para positivas. Isso requer prática, mas você pode mudar sua forma de pensar, o que tem impacto em toda sua vida.
Não ignore seus sentimentos. Quando você tem sentimentos negativos e os abafa ou ignora, eles continuam a viver dentro de você, apodrecendo e crescendo. Esses sentimentos continuam a ter peso emocional, e você tem que levá-los consigo, como uma bagagem. A melhor forma de processar esses sentimentos é conversar com alguém a respeito – alguém em quem você confie; um amigo, colega ou parente. Ou um terapeuta. Livre-se desse fardo. Manter sentimentos negativos não lhe faz nenhum bem. Com certeza isso não vai lhe trazer dinheiro.
INVISTA EM SI MESMO
Se existe uma coisa com a qual concordam pessoas ricas e bem-sucedidas, é que o aprendizado não para depois da faculdade. Elas sabem que chegaram onde estão porque continuaram comprometidas com a melhoria e o aprofundamento de seu conhecimento.
Estudar é sempre importante para o progresso da carreira, principalmente em época de retração econômica. Empresas estão reduzindo pessoal, empregos são perdidos e empregadores analisam com cuidado seus empregados para ver se estes merecem continuar na folha de pagamento.
Esta é uma época de risco, de competição aguçada, quando seu valor para a empresa tem que ser o maior possível. A melhor maneira de acabar com o risco e aumentar seu valor é investir em si mesmo. Isso significa aprender novas habilidades, desenvolver melhores contatos e expandir seu conhecimento. Para realizar isso você precisa ser proativo. Não espere que a oportunidade o encontre. Você tem que encontrar a oportunidade.
COMECE EM SUA PRÓPRIA EMPRESA
A empresa em que trabalha provavelmente tem um departamento de recursos humanos. Familiarize-se com suas políticas. Algumas empresas oferecem planos de desenvolvimento profissional e podem até financiá-los. Isso seria o ideal, já que os custos com estudo podem ser bem elevados.
FORMAÇÃO CONTÍNUA
Você pode fazer uma proposta com potencial ganha-ganha para seu gerente. Peça que a empresa pague seu curso. Você terá de justificar como o conhecimento que vai adquirir poderá beneficiar a empresa, mas isso não é difícil de fazer. Ajuda saber que as despesas da empresa, provavelmente, serão descontadas do imposto de renda. Mas confira isso antes de fazer a proposta.
Pode não ser necessário que você perca tempo de trabalho para trabalhar em sua formação. Muito disso pode ser feito online.
FAZER CONTATOS
Existem muitas formas de aumentar sua rede de contatos, o que beneficiará você e sua empresa.
AUTOAPERFEIÇOAMENTO
O método mais econômico de autoaperfeiçoamento é a arte perdida da leitura. Ela pode ser feita em seu tempo livre, tem baixo custo e você nem precisa ligar seu livro a uma tomada elétrica.
Então, visite uma biblioteca ou livraria e passe algum tempo pesquisando os livros. Você pode se surpreender com a quantidade de livros escritos sobre suas áreas de interesse. Assuma o compromisso de ler pelo menos um livro por mês.
O melhor investimento que você pode fazer, para garantir seu futuro, é o investimento em si mesmo. Sim, isso toma parte de seu tempo livre e de sua energia, e você precisará fazer escolhas. Mas vai conhecer gente, fazer amigos e aprender algo. É um excelente negócio.
CONSIGA AJUDA
Existem muitos recursos que podem lhe auxiliar a evitar problemas financeiros e também a lidar com eles quando ocorrerem. Amigos e familiares são a escolha óbvia, mas talvez você não queira revelar suas dificuldades financeiras para as pessoas mais próximas. O porquê disso é uma pergunta interessante, mas não precisamos respondê-la aqui. Em vez disso, vamos avaliar que outros recursos existem para lidar com questões relativas a dinheiro.
PLANEJADORES FINANCEIROS
Planejadores financeiros pessoais são profissionais que aconselham indivíduos ou casais a gerenciar seu dinheiro. Isso envolve planejamento imobiliário, fiscal e, às vezes, o gerenciamento de dívidas. De modo geral, planejadores financeiros não são gerentes de crise. Frequentemente, eles não só avaliam as condições financeiras do cliente, mas também procuram lhe vender investimentos. Não há nada de anti-ético nisso, mas pode não atender a uma parcela considerável da população. Além disso, pode ser caro consultar um planejador financeiro, e você está querendo cortar custos.
COACHING
Para muita gente, contar com um coach financeiro é uma opção atraente. Os custos de um coach costumam ser mais acessíveis, e portanto mais gente pode ter acesso a seus serviços. Além disso, eles não tentam vender investimentos. Contudo, é necessário avaliar com cuidado as qualificações de um coach, pois a profissão não é regulamentada ou regulada. A indicação de um coach por alguém satisfeito com seus serviços é uma boa opção.
As qualidades necessárias para um bom serviço de coach são diferentes daquelas de outros profissionais financeiros. A seguir apresentamos algumas dessas qualidades que você deve procurar em seu coach. Você pode e deve identificá-las antes que o tema dinheiro seja trazido à conversa.
Ouvir. No coaching, ouvir é mais importante que falar. Quando são ouvidas, as pessoas podem ser ajudadas a superar seus medos e recebem atenção total com apoio sem paralelo. Isso permite ao coach oferecer ao cliente uma visão objetiva de seus problemas, com perguntas que o fazem refletir sobre o que está ocorrendo. Você precisa sentir que seu coach é um excelente ouvinte antes de entrar em qualquer tipo de acordo. Se ele não possuir essa qualidade, não existe outra que possa compensá-la.
Capacidade de comunicação. Coaching é uma via de mão dupla. Embora ouvir seja essencial, também o é a capacidade de interpretar o que foi ouvido e oferecer ao cliente uma reflexão que remova barreiras, preconceitos e tendências negativas. A boa comunicação permite o estabelecimento da confiança e compreensão ampla aos dois lados.
Um coach deve ter a capacidade de comunicar sentimentos e significados. É importante que ele saiba se comunicar sem querer julgar ou influenciar, principalmente ao lidar com as ansiedades, esperanças e os sonhos das pessoas.
O bom coach usa a comunicação não para dar as respostas ao cliente, mas para ajudá-lo a encontrar as respostas por si mesmo.
Estabelecer sintonia. A habilidade de um coach em estabelecer sintonia com as pessoas é vital. Normalmente essa habilidade deriva do desejo de ajudar, que todos os coaches tendem a possuir. O estabelecimento de sintonia é facilitado no coaching, se comparado a outros serviços, porque o único interesse do coach é o cliente. Quando um coach oferece esse tipo de apoio a uma pessoa, a sintonia é estabelecida mais rapidamente.
Motivar e inspirar. Coaches motivam e inspiram as pessoas. Todos nós possuímos essa habilidade, em diferentes níveis de prontidão. Ela nasce da vontade de ajudar e apoiar. As pessoas que se sentem prontas para ajudar os outros são, normalmente, capazes de motivar e inspirar. Quando o coach dedica sua atenção e seu conhecimento ao bem-estar e desenvolvimento de uma pessoa, esta sente-se motivada e inspirada.
DOAR TUDO. OU PELO MENOS UMA PARTE
Se você aprendeu uma coisa neste capítulo, foi que o dinheiro não é um fim em si. Dinheiro só é importante pelas coisas que pode fazer, e
é você quem determina isso. O principal objetivo que algumas pessoas estabelecem para seu dinheiro é deixar um patrimônio para os filhos. “Eu não quero que eles passem pelo que eu passei”, costumam dizer. Outras pessoas preocupam-se em não deixar seu patrimônio cair nas mãos do governo, através do imposto de transmissão. Elas se preocupam menos com o que podem fazer com o dinheiro e mais com o que os outros podem fazer se tiverem a chance. Um terceiro grupo vê as coisas de modo completamente diferente. Alguns milionários não desejam que seus filhos herdem todo seu patrimônio. Isso é baseado na crença de que a natureza humana não se beneficia de riqueza não conquistada. “Você precisa ganhar dinheiro à moda antiga. Tem que fazer por merecer.”
O mais conhecido defensor dessa tese é Warren Buffett, ícone do mercado de ações e uma das pessoas mais ricas do mundo. Buffett sempre foi um advogado dos impostos baixos, com uma importante exceção. Ele apoiaria um imposto de herança de cem por cento. Dessa forma todos começariam a vida de forma mais igualitária, não importando o que pais e avós tenham realizado. Na teoria isso faria com que todo mundo se esforçasse mais, beneficiando toda a sociedade.
Existem relatos variados sobre o que Warren Buffett pretende fazer a respeito. Talvez ele não queira a completa eliminação da herança, mas com certeza deseja limitá-la. Ele já repetiu diversas vezes que pais ricos deveriam deixar para seus filhos dinheiro suficiente para fazerem o que quiserem, mas não o bastante para que não tenham que trabalhar. Ele prometeu uma doação de 31 bilhões de dólares à Fundação Bill e Melinda Gates – uma grande quantia que sairá das mãos de sua família para sempre. Como resultado, Warren Buffett abriu um debate fundamental sobre o conceito de legado financeiro. É melhor limitar o que se deixará para os filhos de modo a não “estragá-los”, ou deixar que fiquem com tudo para que façam “crescer o bolo”? Qualquer que seja sua escolha, construir um patrimônio incorpora muitas das mesmas técnicas usadas para se comprar uma segunda casa ou economizar para a formação dos filhos.
Há muito que se falar sobre planejamento de patrimônio, mas que foge ao escopo deste livro. Também há muito mais para se falar sobre dinheiro e classe. O capítulo 17 apresentará algumas técnicas para se viver com conforto como uma pessoa de classe – não só confortavelmente com seu patrimônio, mas consigo mesmo.