GS10/ TEMA: COMO SABOTAR SEU TRATAMENTO.

 

Me identifiquei com o vídeo todo. Em especial com o médico que tinha uma atitude prepotente (“Mas sou um médico!”) e não queria reconhecer seu problema. Também com Beth (o elo da narrativa), que colocava a causa de sua doença em fatores externos (bebia porque seu filho era problemático etc.). Achei bem oportuna a lembrança de que os problemas de Beth DECORRIAM da bebida (e sua dependência de tranquilizantes, outro fator de identificação), e não o contrário. Não há muito mais o que dizer além do fato de que fiquei surpreso com os métodos e inter-relacionamentos no filme serem IDÊNTICOS aos de Vila Serena e nossos (meus) problemas também serem iguais. Tudo, desde a história de Mike a questões como desligamento (“A vida é sua!”) e o “desfocalizar” até a necessidade de seguir as regras, me pareceu ótimo e relevante. E ADORO dublagens tipo sessão da tarde (“Mas, uh, Mike, você não está sendo sincero, compreenda… Esta é a história de Beth…”), o que tornou a experiência divertida também.

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PS: Não acredito estar sabotando meu tratamento. Se estiver, é com meu martelar nesta questão do uso da palavra “Deus” constantemente (o que me incomoda um pouco), e isso não foi tratado no vídeo, que me lembre. Talvez racionalizando demais ou não entrando firme em contato com meus sentimentos ou não trabalhando minha autoestima corretamente. Mas acredito sinceramente que estou me esforçando, que sou honesto e que já consegui meu primeiro passo! Image

 

 

 

 

 

IDENTIFIQUE CINCO COMPORTAMENTOS AUTODESTRUTIVOS NO PASSADO. COMPARTILHE ESTES EXEMPLOS COM O GRUPO NO GT. DÊ EXEMPLOS ESPECÍFICOS. PEDIR RETORNOS DE COMO MELHORAR SUA AUTOVALORIZAÇÃO (BAIXA AUTOVALORIZAÇÃO).

 

1. Em agosto de 1990, quando estava morando no Marina Palace Hotel, no Rio de Janeiro, e alternando meu uso de álcool com heroína (os dois juntos não combinam), passei uma noite me queimando no rosto e nos braços com cigarros acesos. Fiquei com feridas bem visíveis, de até um centímetro de diâmetro, especialmente no braço esquerdo e na testa. Só senti um pouco de dor, e uma compulsão masoquista me levava a aumentar cada vez mais as feridas e queimaduras, que, por sorte, cicatrizaram sem deixar sequelas, em dois meses. Não me incomodei com o fato porque nesse período estava completamente anestesiado por minha dependência química. Me senti vazio de sentimentos e emoção, a não ser por ansiedade.

 

2. Meu uso de heroína entre agosto e outubro de 1990, tanto no hotel onde morava como em viagens para shows e apresentações ao vivo pelo país (principalmente Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro). Quando tive os primeiros sintomas de abstinência, entrei em pânico, porque é o pior pesadelo, um vazio espiritual e uma angústia terrível, acompanhados de muita dor física e desconforto. Isso durou dois dias na primeira vez (cheguei a tomar + de 100 mg de Valium para tentar dormir) e quatro dias na segunda interrupção do uso (porque voltei a usar a droga — que é minha droga de preferência — assim que entrei em contato com o fornecedor novamente). Lembro que da segunda vez tentei de tudo para minimizar a dor e o pânico, e nada adiantou. Nem Valium, ou massagens, preces, banhos quentes, ter companhia de amigos, outras drogas. Decidido a parar, por causa de meu trabalho (nessa época já não deixava nada interferir no meu desempenho em palco, só fora dele), voltei ao álcool, maconha e tranquilizantes. Vivia um estado de euforia ou depressão, medo ou sedação (e falta de contato com a realidade). No fundo achava muito romântico e até heroico estar me destruindo assim.

 

3. Até que chegou o último show da turnê (por sinal, a mais bem-sucedida até então, a do disco As quatro estações).11 Me drogava e bebia muito um dia ANTES e sempre depois da apresentação. Íamos para Volta Redonda de ônibus, e tive que ter acompanhamento psiquiátrico a viagem inteira (na pessoa do dr. Paulo Moraes), além do uso de muitos sedativos e vitaminas, para diminuir meu sofrimento. Senti muita frustração e confusão (mental e espiritual até). Fiquei o dia inteiro trancado no quarto do hotel enquanto todos se divertiam, animados e sem maiores preocupações. Me lembro que rezava para que chovesse e o show fosse cancelado, já que não queria enfrentar o público. Abrimos esta última apresentação com “A Whiter Shade of Pale”, que descrevia meu estado perfeitamente, e, já no palco, não tive maiores problemas. Deveria ter sentido a culpa de sempre, mas o alívio por não ter que subir num palco depois desse show era tão grande, que voltei a me anestesiar (com tranquilizantes e álcool) e a me fechar em mim mesmo, com risco de vida.

 

4. O período todo entre julho de 87 e maio de 88 aproximadamente foi marcado por meu uso intenso de cocaína e álcool. Um parente meu comprava a droga para mim, eu dava o dinheiro. Eu cheirava junto com meu namorado (morávamos na casa dos meus avós, antes nossa casa, na ilha do Governador, onde passei parte da infância), enquanto meu parente se picava. Passamos mal muitas e muitas vezes. Foram incontáveis as semanas de completa autodestruição: não me alimentava, ficava trancado em meu quarto lendo, ouvindo música e assistindo vídeos, e dormia de dia e ficava acordado até as 8h da manhã, sempre. Me isolei e só tinha contato com o mundo pelo telefone. Foi um período de muita compulsão sexual também, quase sempre mal resolvida, o que me trazia raiva, frustração, e me levava a exagerar cada vez mais o uso da droga. Entrei em pânico completo pelo menos uma vez, quando tive que pedir para chamarem um médico. Nem tive vergonha ou culpa, tal o meu estado. No final desse período, já tinha brigado com meu parente e com meu namorado (eles agora eram melhores amigos). Meu namorado foi morar com esse meu parente e sua família (morávamos na mesma rua), e me senti frustrado e só. Quase morri de overdose um incontáveis vezes (às vezes nem chegava a perceber meu estado), o que, além do medo, me causava um sentimento de culpa muito intenso e constante e um isolamento cada vez maior, um ressentimento em relação a todos q. me cercavam e raiva do mundo. Nessa época não queria perceber o estado em que me encontrava e senti muita dor emocional e solidão.

 

5. Após um período de abstinência devido a uma hepatite B muito séria (quase morri, novamente) e dois anos de análise, tive uma recaída e voltei ao álcool e tranquilizantes, dessa vez já consciente do meu problema: agora eu iria até o fim. Não me importava mais com nada, só tinha pensamentos e emoções extremamente negativos, minha compulsão sexual voltou (por vezes, eram cinco meninos por noite, toda noite) e eu só pensava em morrer. Foi esse período, de dois meses para cá, que foi “o meu fundo do poço”. Fingia estar bem para o mundo, mas todos sabiam dos meus problemas, até q. tudo foi parar nas páginas do Caderno B e do Segundo Caderno (JB, O Globo), até em jornais de SP (Estado, Folha). Meu analista conseguiu finalmente me convencer a uma internação e vim a achar Vila Serena. Estaria morto antes do final do ano (era esse meu objetivo), e minha autoestima era inexistente. No final só sentia raiva, autopiedade e inadequação. Foi como cheguei aqui.