A GRANDE GUERRA DO NORTE

Número de mortos: 370 mil1

Posição na lista: 90

Tipo: guerra hegemônica

Linha divisória ampla: todos contra a Suécia

Época: 1700-21

Localização: Europa setentrional

Principais Estados participantes: Suécia versus Rússia, Polônia, Dinamarca, Saxônia

Estados participantes secundários: Turquia, Brandemburgo, Hanover

Quem geralmente leva a maior culpa: Pedro e seus amigos

Outra praga: a guerra pelo poder europeu com o uso de mosquetes

Quando um adolescente imaturo tornou-se o novo rei da Suécia, os embaixadores da Dinamarca e da Saxônia foram a Pedro, o Grande, com um plano para quebrar, de uma vez por todas, a hegemonia da Suécia no Báltico. Eles achavam que seria muito fácil derrotar aquela criança, se todas as nações setentrionais da Europa se envolvessem. Estavam enganados. Aos 16 anos, o rei Carlos XII da Suécia provou que a arte de guerra lhe era inerente e conseguiu esticar o conflito por 21 anos.

Depois de apresentar uma desculpa conveniente e emitir todas as declarações apropriadas de guerra, cada aliado atacou a parte mais próxima do território sueco. O rei Carlos da Suécia foi diretamente contra o exército russo que invadira a Estônia. Em Narva, em novembro, Carlos atacou 40 mil russos com 8 mil suecos durante uma repentina nevasca que ocultou a sua aproximação e o efetivo menor. Os russos se dispersaram e fugiram em pânico, deixando 8 mil mortos no campo. Nesse meio-tempo, 15 mil suecos ocuparam a capital da Dinamarca e tiraram os dinamarqueses da guerra.

Pedro começou imediatamente a recompor o abalado exército russo segundo normas ocidentais, para não ser derrotado tão facilmente. Com característica tenacidade, também voltou ao território sueco no Báltico e começou a construir a nova capital, São Petersburgo.

Como o rei Augusto da Saxônia era também rei da Polônia, os suecos em seguida invadiram a Polônia. Depois de derrotar algumas tropas que cruzaram o seu caminho, Carlos pôs seu próprio fantoche no trono de Varsóvia. Em agosto de 1706, ele voltou-se contra a própria Saxônia e ocupou a capital, Dresden. Depois forçou Augusto a renunciar ao trono da Polônia como condição para a paz.

Em 1708, Carlos deslocou seu exército de 40 mil homens da Polônia em direção ao coração da Rússia, mas as grandes distâncias provaram ser desorientadoras. Inicialmente, planejara se juntar aos 16 mil suecos sob as ordens do general Lowenhaupt, que estavam saindo da região báltica com suprimentos indispensáveis; em vez disso, porém, mudou abruptamente de rumo, seguindo em direção ao sul para se unir aos cossacos rebelados nos campos de trigo da Ucrânia. Isso deixou as forças de Lowenhaupt empacadas no meio do nada, sendo liquidadas por Pedro em Lesnaya, em setembro de 1708.

Apanhado pelo severo inverno russo, o exército sueco de Carlos ficou reduzido a 18 mil homens. Em junho de 1709, Pedro e 80 mil soldados foram ao seu encalço, quando os suecos atacavam o forte de Poltava, na Ucrânia central. Carlos se voltou e enfrentou o novo exército, quase o derrotando, mas Pedro tinha reservas descansadas, ao contrário dele. Aceitando a derrota, Carlos abandonou seu exército abatido e escapou para a Turquia.

Poltava é habitualmente citada como outro exemplo clássico pelo qual não se deve invadir a Rússia (ver também “Guerras napoleônicas” e “Segunda Guerra Mundial”), mas a guerra não terminou imediatamente. Como todas as rotas diretas de volta para a Suécia estavam bloqueadas pelos seus inimigos, Carlos só voltou para casa depois de cinco anos. Como os turcos queriam que a guerra se arrastasse tanto quanto possível, prenderam Carlos e recusaram o pedido de extradição da Rússia. Quando os russos enviaram uma força militar para trazer Carlos de volta, os turcos prenderam o embaixador russo e declararam guerra, mas sua contraofensiva à Rússia se mostrou inócua. Eles acabaram por desistir, e finalmente soltaram Carlos, que se dirigiu para casa cruzando os pequenos e amigáveis Estados alemães.

Nesse meio-tempo, os inimigos de Carlos haviam destroçado seu império sem leme. Pedro começou uma guerra contra a Finlândia, que nessa época era parte integral da Suécia. Para impedir que Carlos usasse os recursos finlandeses, os russos devastaram os campos. Os finlandeses lembram disso como a Grande Vingança, quando os russos saquearam as colheitas e as criações das fazendas e queimaram o que não podiam carregar. Enquanto a fome grassava, a população da Finlândia caiu de 400 mil para 330 mil.2

Quando Carlos chegou em casa, nada restava do império sueco, exceto a própria Suécia. Ele formou um novo exército e atacou a Noruega (na época, um território dinamarquês), mas foi morto em batalha no ano de 1719. Com Carlos fora do caminho, a paz se tornou possível. O novo rei sueco estava disposto a governar uma potência de segunda classe. Nos dois anos seguintes, diplomatas acertaram tratados de paz nos quais todos os territórios aliados se expandiram e a Suécia diminuiu.3