A REBELIÃO PANTHAY
Número de mortos: 1 milhão1
Posição na lista: 46
Tipo: revolta religiosa
Linha divisória ampla: hans (confucianos) versus huis (muçulmanos)
Época: 1855-73
Localização: província de Yunnan
Principal Estado participante: China Qing
Principal quase Estado participante: Nanping Guo
Quem geralmente leva a maior culpa: desconhecida demais para isso
Outra praga: a revolta campesina chinesa
Fator econômico: a prata
As minas de prata da província de Yunnan, no interior do sudoeste, estavam gradualmente se esgotando. No inverno de 1855, vários mineiros han abandonaram sua mina exaurida e tentaram arranjar trabalho na ainda ativa mina de uns chineses convertidos ao islamismo, chamados hui. Apesar de não haver diferença entre huis e hans, tirando a religião, essa diferença é suficiente para ter criado gerações de ressentimento. Quando os mineiros han foram rejeitados no trabalho, centenas de habitantes locais han se rebelaram contra a comunidade muçulmana e tentaram apoderar-se das minas. Umas setecentas famílias hui foram assaltadas, tendo seus animais roubados, suas casas incendiadas e seus membros mortos. O governo Qing não se mexeu, até os huis retaliarem com ataques contra os hans. Então o governo ordenou severas represálias para punir os huis. A milícia han, sob as ordens do magistrado local, perseguiu e assassinou de 2 mil a 3 mil muçulmanos de todas as idades e gêneros.
A comunidade hui se reuniu sob a liderança de Du Wenxiu, que proclamou a independência do Reino do Sul Pacificado (Nanping Guo). Governando como sultão Suleyman, Du estabeleceu sua capital em Dali (Xiaguan). Quando os exércitos hui se tornaram maiores e mais organizados, a rebelião se expandiu, e os huis invadiram a importante cidade de Kunming em 1863.
Sinais agourentos passaram a ser notados na zona de guerra. Os ratos de Kunming começaram a aparecer à luz do dia, correndo alucinadamente por todo lado e caindo mortos. Aparentemente, no caos da rebelião, os ratos de Yunnam haviam feito contato com os ratos da parte superior de Burma, perto das nascentes do rio Salween, que fora um dos maiores centros da peste bubônica. Em 1871, as pessoas começaram a morrer em Kunming, e os exércitos e os refugiados logo espalharam a praga por toda a província de Yunnan.
Em 1894, a epidemia chegou aos portos do golfo de Tonkin e se espalhou rapidamente pelo mundo por meio de navios e estradas de ferro. Esse foi o começo da terceira pandemia da peste bubônica, que matou 13 milhões de pessoas em poucas décadas, principalmente na Ásia. A terceira pandemia passou de leve pelo Ocidente, a maior parte nos portos marítimos; entretanto, pulgas infectadas facilmente pegavam carona nas viagens para o interior, e a peste estabeleceu novos focos no mundo inteiro entre as populações de roedores anteriormente não contaminadas, tais como os esquilos do Oeste americano, onde ainda esperam uma nova oportunidade para se expandirem.2
Por um longo tempo, os governantes manchus da China ficaram muito ocupados combatendo a Rebelião Taiping para se preocuparem com a pequena traição de hui, mas depois que os taipings estavam todos mortos, Pequim foi capaz de lidar com a Rebelião Panthay. Os governantes escolheram o experiente e implacável Cen Yuying como governador-geral da amotinada Yunnan. Ele foi reduzindo sistematicamente o Reino do Sul Pacificado e massacrando os traidores. Quando os exércitos imperiais chegaram às proximidades da capital, o sultão Du Wenxiu tentou se suicidar com uma forte dose de ópio, mas a tentativa falhou e ele caiu nas mãos de Yang Yuke, o general de campo da dinastia Qing. Du implorou aos seus captores misericórdia para o seu povo, e eles concordaram.
Mas então mudaram de ideia. Os massacres começaram em Dali três dias depois. Du foi executado. Finalmente, Cen e Yang enviaram 10 mil pares de orelhas para Pequim, como prova da sua vitória.3