A REVOLUÇÃO CUBANA
Número de mortos: 360 mil1
Posição na lista: 93
Tipo: rebelião colonial
Linha divisória ampla: Espanha versus rebeldes cubanos
Época: 1895-98
Localização: Cuba
Principal Estado participante: Espanha
Estado com participação quântica: Cuba
Vencedor: Estados Unidos
Quem geralmente leva a maior culpa: a Espanha Fator econômico: açúcar
A segunda guerra da independência
A primeira tentativa do povo cubano de derrubar o governo espanhol fracassara na Guerra dos Dez Anos (1868-78), com a perda de 200 mil vidas. A geração seguinte resolveu tentar novamente. A industrialização do processamento do açúcar concentrara a moagem em poucas mãos, causando desemprego e bancarrota em larga escala, o que, por seu turno, radicalizou a pobreza.
Exilado em Nova York, o poeta e jornalista José Martí declarou a independência de Cuba em 1895 e voltou para casa a fim de liderar a luta, mas foi emboscado e morto no fim de poucos meses. Seus seguidores continuaram avançando e conseguiram estrondoso sucesso em 1896. Os camponeses simpatizantes espionavam as forças espanholas, que os rebeldes incomodavam com sortidas e emboscadas. Os rebeldes tentavam fazer Cuba inútil para a Espanha, reprimindo a produção do açúcar. Destruíam plantações isoladas e evitavam confrontos em campo aberto com as bem-armadas tropas regulares. Para ajudar a conter a rebelião, os espanhóis dividiram a ilha com a Trocha (a “Trincheira”), uma rede de buracos, fossas, arame farpado e fortins ao meio de Cuba; isso evitava a movimentação livre entre as metades leste e oeste da ilha.
Em janeiro de 1897, o governo espanhol passou a rebelião para o general Valeriano Weyler, que estava prestes a inventar uma nova espécie de horror a ser implantada no mundo – os campos de concentração. No mês de sua chegada a Cuba, Weyler cercou quase 300 mil camponeses na zona de guerra e os confinou em campos fortificados, depois do que qualquer cubano capturado fora dali seria considerado rebelde e executado. Weyler esperava acabar com o apoio aos rebeldes. Enquanto isso, doenças, fome e negligência grassavam pelos campos, matando milhares.
Em agosto de 1897, um anarquista assassinou Canovas del Castillo, o primeiro-ministro conservador da Espanha. O general Weyler perdeu seu principal protetor e entregou sua demissão ao novo governo liberal do primeiro-ministro Praxedes Mateo Sagasta.
A guerra hispano-americana
Um dos poucos pontos de concordância entre ambos os lados era a necessidade de manter os Estados Unidos fora da guerra. Tanto a Espanha quanto os rebeldes sabiam que, uma vez provocados, os americanos iriam simplesmente descer e ocupar Cuba. Os investidores americanos dominavam a economia cubana, e os Estados Unidos vinham discutindo a anexação de Cuba desde que a expansão americana alcançara o golfo do México, uns oito anos antes. Era de importância vital não lhes dar uma desculpa para concretizar isso. O único segmento mais importante da população de Cuba que via os Estados Unidos como a salvação eram os proprietários de terras cubanos. Eles só queriam que a guerra terminasse e a estabilidade voltasse.
O povo americano simpatizava, em geral, com os rebeldes. Os jornais americanos atiçavam o ódio aos espanhóis expondo, avidamente, cada nova atrocidade nas primeiras páginas. Os Estados Unidos estavam à beira da intervenção e enviaram o USS Maine para o porto de Havana, a fim de manter um olho nos interesses americanos durante os tumultos na cidade. Então, de repente, na noite de 15 de fevereiro de 1898, uma explosão partiu em dois o navio americano, destruindo a parte da frente e matando dois terços da tripulação. A explosão provavelmente começou como um incêndio acidental no depósito de carvão do navio, mas na época ninguém duvidou de que aqueles malditos espanhóis haviam atacado o Maine. A febre da guerra ferveu, e a América deu um ultimato, exigindo que a Espanha saísse de Cuba. Os espanhóis se recusaram.
A guerra foi rápida e objetiva. Tanto nas Filipinas quanto em Cuba, os navios de guerra americanos destruíram facilmente as antiquadas e desguarnecidas frotas espanholas, de uma distância segura, mal sofrendo um arranhão. Uma força americana expedicionária rapidamente reunida tomou Cuba em dez semanas, e o custo da guerra para os Estados Unidos foi de apenas 385 mortes em combate.
Os americanos haviam feito tamanho escarcéu sobre a independência cubana que não podiam anexar sua nova conquista imediatamente. Eles tiveram de dar à Cuba a aparência de soberania, mas estabeleceram cláusulas nos tratados que garantiam o controle americano no governo de Cuba por muitos anos futuros.2