A GUERRA ÍTALO-ETÍOPE

Número de mortos: 750 mil1

Posição na lista: 59

Tipo: conquista colonial

Linha divisória ampla e principais Estados participantes: Itália versus Etiópia

Época: 1935-41

Localização: Etiópia, às vezes chamada de Abissínia na época

Quem geralmente leva a maior culpa: Mussolini

Conforme a borda dominante da civilização ocidental mudava para a Europa setentrional, a Itália se sentiu atrasada um passo em relação à maioria das tendências modernas. O país nem mesmo se tornara uma nação unificada senão na metade do século XIX, e quase perdeu a oportunidade de abocanhar uma fatia quando os europeus dividiram a África entre si. Como retardatária, a Itália recebeu apenas uns poucos trechos costeiros de deserto que ninguém queria. Quando os italianos tentaram aumentar seu domínio conquistando a Etiópia em 1896, seu exército foi fragorosamente derrotado, tornando aquele país africano o único Estado nativo do continente a sobreviver à ambição europeia, e também fazendo dos italianos motivo de troça dos imperialistas, por toda parte.

Quando assumiu o poder na Itália, Benito Mussolini tentou de novo, agora levando à zona de combate o moderno poder de fogo. Em 1935, duas colunas avançaram sobre a Etiópia a partir de colônias italianas situadas de cada lado do país, Somália, ao sul, e Eritreia, a leste. A aviação italiana bombardeou e metralhou tropas, vilarejos e cidades etíopes. Os soldados africanos foram chacinados por metralhadoras e sufocados por gás de mostarda. Embora não fosse o caso de lanceiros nus avançando sobre tanques, como a imaginação ocidental fez com que parecesse, o exército etíope foi completamente sobrepujado e derrotado, perdendo quase vinte de seus próprios soldados em comparação com cada italiano que conseguiam matar. Mesmo assim, os etíopes continuaram na ofensiva durante dezembro e janeiro.

Como o imperialismo ostensivo ficara fora de moda desde o século XIX, o mundo condenou Mussolini. O imperador etíope, Haile Selassie, lançou um emocionante apelo em Genebra à Liga das Nações, para que o Ocidente socorresse sua antiga terra, de modo que a Liga impôs sanções econômicas contra a Itália. Uma das primeiras vezes que essa tática foi usada, as medidas constituíram um exemplo precoce do fracasso total desse tipo de sanções. Muitos estadistas e estrategistas sugeriram que estender o embargo ao petróleo ou fechar o Canal de Suez à navegação italiana daria mais força às sanções, mas as medidas foram descartadas como impraticáveis ou inutilmente provocativas. Ninguém realmente queria enfurecer os italianos.

Em maio de 1936, os italianos conquistaram a capital, Adis Abeba, e a Etiópia permaneceu calma por algum tempo, enquanto os remanescentes dos exércitos nativos organizavam uma resistência clandestina. Em fevereiro de 1937, guerrilheiros tentaram matar o general Rodolfo Graziani, e os italianos lançaram um massacre de retaliação de três dias na capital, no qual milhares de residentes foram mortos. Em maio, os italianos destruíram o monastério shawan de Dabra Libanos e executaram diversas centenas de monges residentes. A guerrilha continuou, e também as represálias italianas.

Finalmente, a Segunda Guerra Mundial trouxe a Etiópia para a luta maior entre a Itália e a Grã-Bretanha, o que tornou as colônias italianas uma presa fácil para a ofensiva Aliada. Os britânicos levaram Haile Selassie de avião para o Sudão, enquanto as tropas britânicas expulsavam os italianos da África oriental em 1941. Quando tudo estava seguro, o imperador recebeu licença de reivindicar seu trono novamente.2