GUERRA NA INDOCHINA FRANCESA
Número de mortos: 393 mil
Posição na lista: 88
Tipo: rebelião colonial
Linha divisória ampla: França versus Viet Minh
Época: 1945-54
Localização: Indochina francesa
Principal Estado participante: França
Principais quase Estados participantes: Camboja, Laos, Vietnã Principal não Estado participante: Viet Minh
Quem geralmente leva a maior culpa: a França
Nguyen Sinh Cung nasceu em 1890, filho de um professor vietnamita, e passou a juventude perambulando pelos principais centros do pensamento comunista, como a Universidade de Paris, Moscou depois da revolução e Xangai, antes que a cidade fosse conquistada por Chiang Kai-shek. Em 1919, ele tentou convencer os Aliados vitoriosos na conferência de paz de Versalhes a libertar seu povo do jugo francês. Sem ter êxito, voltou à terra natal para organizar o movimento de independência. Antes que pudesse fazer qualquer coisa, o Sudeste da Ásia foi lançado num tumulto pela ocupação japonesa das colônias ocidentais, mas, sem ligar para quem controlava a situação, Nguyen estava pronto para desencadear uma resistência nacionalista; ele simplesmente dirigiu o esforço contra o Japão, em vez de fazê-lo contra a França. Organizou uma força rebelde chamada de Viet Minh, de que tirou seu pseudônimo, Ho Chi Minh.
A derrota do Japão em 1945 deixou o Vietnã no limbo. Sem qualquer tropa dos Aliados a enfrentar, as guarnições japonesas começaram a cooperar com o Viet Minh na administração local, e, depois de estabelecer-se na capital colonial de Hanói, Ho Chi Minh declarou a independência do Vietnã. Em setembro, as Forças Nacionalistas Chinesas, os Aliados mais próximos, chegaram para assumir o controle, mas elas se dedicaram principalmente a saquear Hanói, deixando abandonado o restante da colônia. A Indochina mergulhou no caos, com soldados desmobilizados, prisioneiros libertados, desertores e chefões do crime se agitando para agarrar o que pudessem, antes que alguém fosse impedi-los. Em algumas regiões, as forças francesas acossadas, inferiorizadas em número e recentemente libertadas das prisões japonesas, chegaram a um acordo com os rebeldes de Ho Chi Minh visando à restauração da ordem. De volta a Paris, o general Charles de Gaulle, chefe do governo provisório, anunciou que a França não iria abandonar nenhuma de suas colônias. Até onde lhe dizia respeito, a independência não iria acontecer nunca.1
Ao ouvir isso, Ho Chi Minh tornou-se menos cooperativo sobre a presença de tropas e funcionários franceses no Vietnã. Com um cessar-fogo em vigor, as negociações se arrastaram e as tensões aumentaram. Em novembro de 1946, os franceses exigiram o controle total da cidade portuária de Haiphong, mas o Viet Minh recusou evacuar suas forças de lá. Os navios de guerra franceses bombardearam os arredores ocupados pelo Viet Minh, e mataram 6 mil civis. Os tanques e aviões franceses atacaram as posições rebeldes na cidade. Combates de porta em porta finalmente eliminaram os Viet Minh da cidade.2
Com mais tropas chegando da Europa, a França assumiu um controle firme de todas as cidades da Indochina. O Viet Minh, contudo, dominava as regiões remotas do interior e emboscava as tropas francesas que se aventuravam em seu território.
Os franceses tentaram esvaziar o movimento de independência reorganizando sua colônia e promovendo seus habitantes a vassalos autônomos e cooperativos. Colocaram monarcas locais em cada parte da colônia, e lhes deram independência nominal, sob uma organização guarda-chuva chamada de União Francesa.
Em 1949, a vitória dos comunistas na China alcançou finalmente as fronteiras do Vietnã, dando aos rebeldes acesso a um importante fornecedor de armamentos. A guerra agora se mudou para aquelas regiões fronteiriças, com o Viet Minh tentando manter contato com os Chineses Vermelhos e a França tentando interromper esse contato. Em dezembro de 1953, paraquedistas franceses cercaram e se apossaram da fortaleza Den Bien Phu, atualmente no território do Laos, uma linha importante de suprimentos dos rebeldes, esperando atraí-los para um combate em campo aberto, o que favorecia os franceses. Em vez de fazer isso, o general vietnamita Vo Nguyen Giap colocou o bastião sob sítio. Em março de 1954, as tropas de combate rebeldes, com um efetivo de 70 mil homens, mais 100 mil no apoio, isolaram 15 mil franceses entrincheirados, e o ataque começou. Depois que 56 dias de incansáveis incursões, fogo de franco-atiradores e bombardeio desgastaram os franceses e os encurralaram em um enclave cada vez menor, Dien Bien Phu se rendeu.
A derrota convenceu o governo francês de que continuar lutando era inútil. As negociações de paz começaram logo em seguida e garantiram a independência à Indochina francesa sob a forma de quatro países: Laos, Camboja e um Vietnã dividido em duas partes, uma para os comunistas e a outra para os não comunistas.
Isso não iria durar muito.
Número de mortos
O lado francês teve cerca de 93 mil soldados mortos, mas o povo francês perdeu apenas 20.700. O restante era constituído de 18.700 aliados indochineses, 26.700 soldados colonais indochineses, 15.200 soldados colonais africanos e 11.600 homens da Legião Estrangeira. É óbvio que uma das vantagens de se ter um império é poder usar as tropas coloniais para constituir o grosso do efetivo numa guerra.
As estimativas de baixas entre os vietnamitas são imprecisas. Provavelmente 175 mil homens do Viet Minh morreram lutando contra os franceses, enquanto 125 mil civis tiveram o mesmo destino.3